Reencontro

Por qual motivo ele tinha que ser tão perfeito? Ben sempre chamou a minha atenção de um modo absurdo. Continuava atenta a cada palavra que saía da sua boca, os gestos que fazia ao cruzar as pernas, o leve som da sua respiração, o cheiro que ele emanava dominava tudo à minha volta.

Em algum momento, não me recordo quando ou por quê, e o que desencadeou essa enxurrada de sentimentos e desejos que tinha em relação a ele. Quando estava com Benjamim, mais nada se fazia presente, pois ele prendia toda a minha atenção e, por puro nervosismo, quando estávamos juntos, eu não conseguia calar a boca.

— Onde estão meus presentes? — belisquei seu braço — Passou três anos viajando e não trouxe nem um chocolate da Suíça? Nada?! — Enruguei o nariz.

— Minha vida! — Ele umedeceu os lábios. — Não cheguei nem perto da Suíça — se aproximou mais de mim. — Mas trouxe outras coisas que vai amar.

— Quê? — Cerrei os punhos e os comprimi sobre as minhas pernas.

— Sua mãe levou tudo para o seu quarto! — Ben levantou e estendeu a mão em minha direção. — Venha ver, caso não goste, pode dar a quem desejar.

Segurei sua mão com firmeza, ela estava fria e levemente molhada, os anéis roçaram entre meus dedos. Subíamos a escada de maneira ligeira, ao mesmo tempo que fixei o olhar nas suas veias salientes que percorriam sua mão até o antebraço.

Ele entrou porta adentro no quarto, me puxou para sua frente, segurando em meus ombros, sentia o peso das suas mãos grandes.

— Espero que goste, Bananinha...

Ben afastou meus cabelos para o lado e beijou meu pescoço, em seguida afastou-se indo em direção à sacada do quarto, onde abriu a porta de correr, permitindo que a brisa noturna tomasse o cômodo por completo, fazendo alguns papéis que estavam soltos em cima da escrivaninha espalharem-se pelo assoalho.

Ainda admirava os presentes que cobriam quase toda a cama, não precisava abrir para saber que, mesmo não gostando, iria guardar todos. Sentei na beirada do leito e retirei as sapatilhas, jogando-as embaixo do mesmo. Na sequência, peguei a primeira caixa, onde tinha um belíssimo cashmere colorido em tons pastéis, e assim abri caixa após caixa, sentindo o cheiro do seu cigarro invadir o quarto.

Entre roupas, perfumes, maquiagens e mais de cinco animais de pelúcia, também ganhei uma linda caixinha de música entalhada à mão, com uma bailarina de porcelana, delicada, um contraste perfeito com a madeira escura e as rosas entalhadas.

Peguei tudo quase que de uma única vez e apenas coloquei sobre o sofá dentro do closet, retornei, juntei as sacolas. Ao me levantar, dei de cara com ele. Meu coração parou por milésimos de segundos, aquela era a primeira vez que estávamos sozinhos.

Mordi minha bochecha internamente e cerrei os dentes com força ao sentir o toque áspero de suas mãos em meu pescoço.

— Você é tão linda, Emma... — Ele sussurrou tão próximo ao meu rosto que seu hálito embreado em nicotina invadia minhas narinas.

— O-obrigada! — repousei minhas mãos sobre as dele.

— Gosta de mim? — Ben aproximou seu corpo mais do meu.

— Si-sim, por qual motivo não gostaria? — Minhas pernas fraquejaram.

— Como homem? — segurando firme em meu rosto, colou sua testa à minha.

— Ben; — as palavras fugiram de mim — e-eu, eu... — aqueles olhos refletiam meus temores — eu...

— Gosta do seu amigo, não é mesmo? — Ele sorriu. — Ou estou errado?

— Eu gosto do London, conheço-o a minha vida toda...

— Sabe que não é desse jeito que estou falando; vocês já dormiram juntos?

Meu corpo foi tomado por uma enorme combustão, me afastei dele, virei de costas de modo rápido, entrelacei as mãos em frente ao corpo enquanto meu peito era sufocado pelo ar escasso dos pulmões.

— Não precisa responder, Bananinha, mas eu ficaria muito triste se isso já tivesse acontecido.

Respirei fundo algumas vezes, então o olhei novamente. E afirmei.

— Eu nunca faria isso com outra pessoa que não fosse você!

Comprimi os lábios mordendo a língua. Meu peito subia e descia de modo rápido, meus olhos se inundaram com lágrimas, o interior do meu nariz e olhos ardiam. Ele então se aproximou, segurou entre meus cabelos e me puxou para perto de sua boca, apenas fechei os olhos e esperei o beijo, no entanto, ele apenas beijou minha testa de maneira demorada.

— Nunca mais diga algo assim, não manche sua inocência com pensamentos tortuosos, sei bem que não é mais uma garotinha...

Esperava que ele dissesse algo, só que em vez disso, olhava no fundo dos meus olhos, com os lábios entreabertos, hesitava em terminar a frase e iniciar o beijo, aquela foi a primeira vez que tive a certeza de que Benjamim também sentia algo por mim, não apenas um amor fraternal, eu não era mais a priminha bobinha e sem graça.

Tentei forçar um beijo, mas ele me afastou e segurou meu rosto com firmeza.

— Preciso resolver alguns problemas, não posso fazer isso com você, não assim, e não agora, mas prometo que em um futuro não muito distante a tomarei para mim e nunca mais vamos esconder o que sentimos um pelo outro.

Depois de dar um assunto por encerrado, ele apenas saiu e não me deixou retrucar, protestar ou opinar no que quer que tivesse acontecido. Ele não disse que me amava e tão pouco que não.

Algo que para mim seria um pontapé inicial apenas mergulhou minha cabeça em um completo caos de desinformação e desespero. Fui largada com o coração ameaçando sair pela boca. Meus olhos nem piscavam.

Mesmo depois de alguns minutos, permanecia imóvel no mesmo lugar, ainda desfrutando do seu cheiro em meu corpo e do calor das suas mãos em meu pescoço.

Minha pele ardia, queimava, clamava por ele, sentia minha buceta vibrar e o néctar entre minhas pernas encharcar a minha calcinha. Droga de beijo não dado, do ato evitado. Ele apenas me submeteu à luxúria da pior forma possível, permitindo que meu corpo se esvaísse em uma paixão arrebatadora.

Nem que eu mergulhasse em um lago congelado iria aquietar o fogo, o qual devastava a minha alma, não queria me tocar para apaziguar a excitação, necessitava ser sua, precisava que ele me fizesse mulher de fato, naquele momento queria apenas sentir sua pica forçar meu útero com todas as forças.

Elevei as mãos ao rosto, abafando o grito que fluía da minha garganta. Quase me joguei no chão de costas e fiquei ali no piso aquecido. Com os braços sob a cabeça, as pernas levemente cruzadas, pensando na foda não dada, no beijo nem sequer cogitado. 

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