Natsumi

Sentado em uma cadeira de ferro com uma taça de vinho na mão, admirava as luzes da torre Eiffel iluminar a escuridão das ruas feitas por pedras de Paris. O vinho deslizava pela minha garganta de maneira suave enquanto meu coração suspirava por ela.

Submerso no quanto precisava me controlar quando retornasse para casa, meu celular começou a vibrar dentro do bolso da calça jeans que vestia. Com ele em mão, observava a tela brilhar, mostrando o nome do tio Elliot.

— Quem dessa vez? — suspirei, bebendo todo o conteúdo da taça, que agora estava vazia sobre o chão.

— Relaxa, moleque, mas semana passada fui convidado para um jantar com o primeiro-ministro, mas aqui está um inferno, não consegui deixar a casa central vazia, o pilar principal foi internado ontem...

— E só me conta isso agora — levantei apressado — vou retornar hoje!

— Cala a porra dessa boca e me ouve; você precisa ir ao jantar e justificar a minha ausência, mas não diga o que aconteceu com o meu pai, apenas — o ouvir bufar — invente qualquer coisa, mas não deixe transparecer que seu avô está doente, entendeu, Benzinho?

— Sim, primeiro pilar, claro como água.

— Certo, preciso que fique aí por mais alguns meses, pois os albaneses ficaram de levar até você cinco coelhas.

— Vão voltar comigo?

— Com toda certeza, são raça pura, preciso desses coelhos aqui.

— Sim, senhor.

Ele desligou sem dizer mais nenhuma palavra, odiava ter que levar as mulheres que chamávamos de coelhos, os de raça pura designávamos para uma determinada parte da Ucrânia, coelho arlequim, eram as raras mulheres com belezas únicas ou pedidos específicos de clientes fiéis, coelhas anãs, são mulheres de estaturas baixas, brancas de lábios carnudos e os bicos dos seios rosados.

Não fui eu que fiz as regras, elas já estavam lá antes mesmo de eu nascer, apenas seguia de olhos fechados, mesmo depois do que descobri precisava manter tudo nos conformes como sempre foi. Precisava cumprir os deveres que foram incumbidos somente a mim como o próximo a herdar os negócios da família.

Após dizer aos meus homens que iríamos continuar na França até a data da entrega das coelhas, partimos para a modesta cobertura que ficava em um bairro mais afastado do centro. Deixei o hotel por volta das 21h junto com eles, para onde fosse andava com pelo menos três. Quando chegamos ao prédio, os rapazes foram obrigados a ficarem no carro, eu seguiria sozinho até a residência designada.

Ao adentrar aquele covil luxuoso, vi vários políticos que matariam para trabalhar com a minha família apenas para ter a proteção que alguns dos sortudos presentes gozavam. Como sempre, me mantive vigilante e calado todo o momento, ao mesmo tempo que ouvia bajulações intermináveis e ofertas de noivados para formar várias alianças.

Mas nada chamou mais minha atenção que aquela mulher, de lábios vermelhos, pele clara e macia como uma seda, sendo comprimida pelo vestido preto de costas nuas, não sabia quem era e se soubesse teria evitado a maior merda na minha vida.

Seus cabelos longos cobriam as tatuagens de vários peixes Koi como se nadassem em uma lenta correnteza. Os olhos puxados e negros completavam sua beleza exuberante.

— Boa noite, senhorita? — parei ao seu lado, segurando duas taças.

— Estava aqui me perguntando quando iria parar de me admirar e vir falar comigo. — Ela sorriu, escondendo com sua mão fina e delicada os lábios.

— Aceita uma bebida? — Inclinei a taça em sua direção.

— Claro, senhor Collins. — Pegando-a da minha mão, deixou seus dedos dedilhar a ponta dos meus.

— Me chame de Ben ou seu servo!

— Muito bem então, servo, não achei que viria a esses jantares enfadonhos.

— Fui obrigado, os pilares estão ocupados e eu estou de bobeira por aqui. E a senhorita, como se chama?

— Então não sabem quem eu sou? — Seu sorriso radiante iluminava aquela escuridão em meu coração.

— Perdoe-me, mas já nos vimos?

— Esqueça, me chamo Natsumi Matsubara, muito prazer em conhecê-lo, Benjamim Collins.

Ela curvou-se com sutileza, naquele momento fui tomado por uma paixão sufocante, tirando Emma, nunca tinha sentido nada por outra mulher. Passei quase todo o jantar encantado com suas palavras de como era seu país, depois de como havia se formado em arte contemporânea, mas o pai nunca a permitiu seguir carreira. Quase não falei sobre mim, mesmo porque ela parecia saber muita coisa ao meu respeito.

Nat tinha vinte e dois anos, morava em Londres e estava apenas de passagem quando foi convidada para aquele jantar, pois seu pai é dono de uma das maiores empresas de carros em Tóquio.

Nos meses seguintes, a vi todos os dias, convenci-a a ficar em Paris comigo, fazia amor com ela todas as noites, na minha cabeça Nat seria a mãe dos meus filhos e viveria naquela imersão de felicidade para sempre, com ela poderia ser eu mesmo, não precisava me conter, ela não era uma garotinha, contudo a hora de voltar para casa havia chegado e fui cego, idiota o suficiente a ponto de levá-la comigo. Pensei que Nat seria capaz de tirar Emma de uma vez por todas dos meus pensamentos, fui infantil e burro.

Não disse a ninguém que a levaria. Quando desembarcamos, pedi para os seguranças levarem-na para a residência dos meus pais enquanto entregaria as coelhas para o tio Elliot.

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Comments

Bela Black

Bela Black

Enfim um traidor, aí aí deu até desânimo Benjamim,já era de ser esperar só pelo nome

2025-04-07

1

Bela Black

Bela Black

Engraçado homem é tudo igual velho, seja psicopata, assassino ou até um nerd, não pode ver mulher bonita que o cérebro some.

2025-04-07

1

Paloma Sousa

Paloma Sousa

Até eu pensei que ia dar certo, mais parece que vai ser diferente.

2025-04-04

1

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