Em pé, ainda parado na porta da aeronave, averiguava Nat embarcar em um dos carros com dois dos meus homens mais fiéis.
Para retornar ao meu lar, precisei fretar um avião bem maior que o costume, não queria que Nat visse as meninas, as quais foram trazidas na parte traseira amarradas em seus assentos.
Retornei para o interior da nave e fui ao encontro das garotas, o restante dos seguranças ficou de pé ao me ver.
— Vamos, levem-nas para os carros, o comandante disse que teremos uma brecha de cinco minutos sem que ninguém nos veja, então corram e as algemem nas portas dos veículos.
Os rapazes rapidamente fizeram o que lhes foi ordenado. Passando por mim, ouvia alguns choros em partes das meninas, quando uma delas agarrou minha blusa e se ajoelhou diante de mim.
— Por favor, não faça isso comigo — ela falava entre soluços — Não fiz nada para merecer isso! — suas lágrimas escorriam pelo seu formoso rosto.
— De fato, — a segurei pelos braços e a levantei — mas não culpe a mim, culpe aquela prostituta que um dia chamou de mãe que a vendeu por míseros dez mil, para pagar uma dívida de jogo e beber o restante em Vodka — olhava para seus olhos que mais lembravam o oceano e acariciei seus lábios — não se preocupe, o homem que lhe comprou é bondoso, pelo menos é o que fiquei sabendo.
A soltei, fazendo um simples gesto com as mãos para que Cedric a levasse. Não conseguia olhar para essas garotas e não lembrar da minha irmã e primas, de todos os trabalhos esse era o que mais assombrava o meu maldito coração.
Ver seus rostos vermelhos de tanto chorar, as falas arrastadas e roucas quebravam a minha alma, mas como disse, não sou eu quem dita as regras. Com os olhos fixos no chão, fui despertado do meu devaneio ao toque do piloto da aeronave.
— Senhor Collins, está tudo pronto... — ele olhava para os seus sapatos pretos e engraxados.
— Certo, certo, obrigado mais uma vez — entreguei um cartão de visita contendo o meu número particular — caso precise de alguma coisa, serei eternamente grato por sua ajuda.
Senhor Gabin pegou o pequeno "papel" da minha mão e permaneceu com a cabeça baixa.
— Muitíssimo obrigado, senhor! — Ele ergueu o rosto com um sorriso de agradecimento.
— Vejo você por aí, Gabin — levantei de modo breve a mão, quase como um adeus, e saí da sua presença.
Entrei em um dos carros parados ao lado do avião e seguimos rumo à casa do pilar principal, agora que estava internado, seu filho mais velho era o responsável por tudo.
Fui todo o caminho tentando falar com Emma, mas em vão, desisti e liguei para casa dela, só assim soube que ela havia deixado o celular em casa, ouvi a sua mãe dizer que ela chegaria por volta das 17h, seria perfeito pois até lá já teria feito o que precisava fazer.
Depois de quase cinquenta minutos, chegamos à mansão principal. Entramos, estacionamos os carros em frente à propriedade, os rapazes saíram dos veículos e outros tomaram seu lugar, finalmente, depois de três anos, eles veriam seus familiares.
Logo que pisei sobre a escadaria de mármore, vi tio Elliot parado ao lado do seu fiel servo, meu pai.
— Fico feliz que tenha retornado em segurança — Elliot falava com um sorriso de orelha a orelha — e as coelhas?
— Estão nos carros.
— Excelente! — Ele desviou o olhar para o meu pai. — Sabe o que fazer, Oliver!
Meu pai desceu as escadas, passou por mim e murmurou um simples 'bem-vindo', dessa forma entrou no primeiro veículo e saiu da propriedade com todos os três carros.
— Está cansado, Benzinho? Fez uma boa viagem? — Olhando através de mim, Elliot perguntava, entornando ironia em sua voz.
— Me diz logo o que você ficou sabendo, tô cansado, estressado e não durmo há quase quatro dias, então, por favor, fale de uma vez.
— Um passarinho me contou que trouxe uma passageira com você, posso saber quem é?
— Não sabia que gostava de fofocas, tio. — Respirei fundo, observando as nuvens que pareciam algodão passarem lentamente.
— Apenas as que competem à minha família. Diga-me, pequeno Ben, quem é a tal moça?
— Minha namorada, como soube?
— Todos trabalham para mim, Ben, entenda, tenho olhos e ouvidos em todos os cantos, só que — ele desceu dois degraus, chegando mais perto — esse passarinho me contou algo muito conveniente para mim...
— O que quer dizer com isso? Para de enrolar, só fala!
— Não, esqueça, vá para casa, descanse, aproveite bem a sua mulher e amanhã ou daqui a uma semana, quando você estiver bem descansado, volte aqui e aí conversamos.
— Tio... — abaixei a cabeça, fechei os olhos e em seguida olhei por cima dos cílios — não vou discutir, quando quiser me dizer o que fiz de errado, sabe onde me encontrar.
— Não, Benjamim, quando você descobrir o que fez de errado, vai se rastejar pedindo perdão a mim — ele virou de costas e subiu a escada novamente — Vá embora, Benjamim!
Foi a última coisa que tio Elliot disse antes de retornar para dentro da casa. Naquele momento, não fiz questão de saber o que ele achava que eu tinha feito de errado, só cochichei um foda-se para mim e pedi para um dos homens dele me deixar na casa dos meus pais. Precisava dormir e apresentar a Nat para Broke.
Chegando ao apartamento localizado em um bairro de alto padrão afastado do centro da cidade, fui direto para o vigésimo andar. O elevador só permitia subir para aquele andar quem tinha as digitais escaneadas. Algo de extrema necessidade, nem mesmo os empregados da minha mãe eram autorizados a subir sem ser com o Dominic, o mordomo da casa desde que eu nasci, era ele quem liberava o acesso de todos os funcionários.
As portas de aço opacas abriram-se, revelando o hall de entrada onde havia um enorme lustre, uma sapateira de vidro, onde éramos obrigados a colocar os sapatos, pois todo o piso era coberto por tapeçaria persa.
Parei, sentei no recamier aveludado de cor branca, tirei os sapatos e os coloquei ao lado dos de Nat. Mal levantei quando ouvi Dominic falar.
— Bem-vindo de volta, senhor Benjamim. — Parado como uma estátua, suas costas arqueadas, olhava por cima da minha cabeça.
— Obrigado, Dominic, onde está minha mãe e a moça que mandei para cá?
— Sua mãe está no clube e a senhorita a deixei à sua espera na sala de visitas.
— Obrigado, Domi, caso minha mãe volte antes das quatro da tarde, me acorde, preciso muito dormir agora.
— Sim, senhor.
Dominic era um perfeito robô, sorriu balançando a cabeça ao deixá-lo para trás parado no mesmo lugar. Percorrendo o enorme corredor com vários quadros e fotos da nossa "família perfeita", cheguei na sala onde Nat estava sentada sozinha, sendo vigiada por dois seguranças.
— Vem!
Olhei para ela, que rapidamente levantou, abracei-a forte e dei um beijo em sua testa.
— Eles lhe trataram mal? — Alisava seus lindos cabelos ao mesmo tempo que era sugado por aqueles incríveis olhos negros.
— Não, Dominic foi um amor e muito educado.
— E eles dois? — Apontei para os seguranças.
— De forma alguma. — ela me apertou entre seus braços — Vamos dormir?
— Com toda certeza, vamos.
Entrelacei minha mão à dela e a levei ao meu antigo quarto, o qual continuava intacto, como se eu nunca tivesse saído de lá. Tirei toda a roupa, ficando nu, fui até o closet e peguei uma camisa para ela. Não iríamos ficar naquela casa, então seria um desperdício de tempo Nat desfazer as malas.
Depois tirei a roupa dela, beijando-a, sentindo o perfume adocicado envolvendo minha pele. Nat se afastou, vestiu a blusa e deitamos. Sob o edredom, ela deitou-se sobre meu peito. Acariciava suas costas quando o sono me pegou de jeito e dormi no mesmo instante.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Bela Black
Nessas horas a Emma nem existe, sinceramente o amor dele parece mais uma possessão.
2025-04-07
2
Paloma Sousa
e se por acaso na verdade ela souber de tudo ?
2025-04-04
1
Bela Black
Realmente não fez... só viram que vc é bonita e te desejaram por pura luxúria e falta do que fazer, infelizmente.
2025-04-07
1