Amor proibido

Tinha acabado de completar vinte e um anos quando fui ao aniversário de doze anos da Emma. Meu coração transbordava de felicidade toda vez que via aquele sorriso acompanhado por seu olhar bondoso. Na ocasião, decidi não dar a ela um urso de pelúcia como de costume. Em vez disso, dei-lhe um colar com um pingente de coração. Cheguei à festa depois que todos tinham ido embora. Encontrei Emma sentada no balanço, com um olhar triste e perdido voltado para o castelo inflável.

Aproximei-me de modo cauteloso, parei antes de alcançá-la, observando cada pequeno detalhe seu de longe. Meus pensamentos se encheram de sentimentos perturbadores que me assustaram, pois ela já não era mais uma criança, estava crescendo, e minha mente insistia em dizer o quão errado era amá-la daquela forma.

Estático enquanto era sufocado por aqueles sentimentos diabólicos, então ela olhou em minha direção e correu até mim, pulou em meus braços que a seguraram com firmeza, sentindo um conglomerado de emoções se agitar no meu interior.

— Você veio! Achei que tinha esquecido! — Ela falava de maneira eufórica.

— Nunca! Não importa onde esteja, sempre darei um jeito de vir até você — acariciei seu rosto.

— Vem! Vamos comer bolo, eu não comi esperando por você... London me chamou de chata e depois foi embora. — Quando disse isso, seu lindo sorriso surgiu.

— Não gosta do seu amigo? Por que não comeu junto com ele e os outros?

— Gosto dele, mas ele não é você, eu amo você! — Suas palavras eram tão leves.

— Também amo você, Bananinha — seus olhos brilhavam, apoiei minha mão em seus ombros e continuei — vire de costas para mim, irei colocar seu presente.

Ela prontamente atendeu o pedido, fechou suas mãos delicadas, esperando pelo que viria a seguir. Tirei a gargantilha que ela usava e a coloquei em sua mão. Depois retirei o colar de ouro-rosa da caixa e a deixei cair sobre a grama, colocando o colar em seu pescoço. Olhando para si mesmo, começou a rir descontroladamente antes de correr para dentro de casa.

Observando-a passar pelas portas da cozinha como um ratinho assustado, sentei-me no balanço, aguardando seu retorno.

No entanto, antes que ela pudesse voltar, tio Sebastian se aproximou e sentou-se ao meu lado, iniciando uma conversa que eu estava evitando nos últimos dias.

— Olá, Benjamim! Pensou no que conversamos da última vez? — Seu olhar penetrante caía sobre os meus.

— Já fiz o que me pediu, podemos seguir adiante sem nenhuma preocupação. Vai viajar até lá? — aguardava a resposta, olhando para a borda da piscina.

— Não sei, preciso arrumar uma boa desculpa, para poder ir...

Vi Emma retornando em nossa direção, carregando uma pequena caixa. Olhando para ela, meu coração saltitou rapidamente, seus cachos esvoaçando com a brisa, fazendo seu cheiro vir até mim, embrenhando-se por toda a minha alma. Então, olhei para meu tio com a respiração mais pesada e disse.

— Não precisa, irei no seu lugar, preciso me manter longe por um tempo, falo com você assim que chegar lá!

— Confio em você, sei que vai encontrar o que procuramos! — Virou-se, tocou na cabeça dela, quando passou por ele.

— Ben, há algumas semanas foi seu aniversário também, não é mesmo? — Emma tinha um gigantesco sorriso em seu rosto, parada diante de mim.

— Sim, e o que tem?

— Mamãe disse que você nunca teve uma festa de aniversário, pois sempre estava trabalhando — ela se balançava de um lado para o outro.

— De fato, eu também não ligo muito para essas coisas.

— Mas eu ligo, então pedi para nossa cozinheira fazer um mine bolo para nós dois!

— Mesmo, Bananinha?! — olhei para suas mãos, as quais seguravam uma caixa bem parecida com a do seu colar. — E essa caixa, o que é?

— Seu presente! — Ela parou de se balançar e estendeu as mãos, me entregando a caixa.

— Não precisava... — Peguei-a das suas mãos delicadas.

Toquei nas pontas dos seus dedos gelados, ela se retraiu e escondeu o sorriso ao curvar seu queixo. Emma era a única pessoa neste mundo capaz de me fazer rir, a redentora da minha alma imunda. Naquela época, me sentia o mais nojento possível por ter aqueles tipos de sentimentos e pensamentos em relação a ela.

Com a caixa em minhas mãos, a abri, então entendi o motivo pelo qual ela riu ao ver o colar que dei a ela. O meu presente era um colar muito semelhante, mas de ouro branco, com uma corrente mais grossa e um pingente em formato de coração. Coloquei-o imediatamente ao redor do meu pescoço, segurando sua mão e a beijando em seguida.

— Obrigado, você fez o meu dia extremamente feliz!

Depois disso, ela me puxou para levantar e ir junto dela para a cozinha. Teimou que eu precisava comer o bolo, não gosto de doces, era uma das coisas que não podíamos comer nos internatos e quando tive a oportunidade, achei o bolo muito doce e com uma textura repugnante, mas por ela, eu comi quase o bolo inteiro.

Enquanto comíamos, ouvi-a falar sobre como London era mau com ela às vezes, como não gostava da escola e o quanto amava seu irmão mais novo.

Ao término de todas as suas histórias, Emma me acompanhou até a porta. Olhando para seus pés, sussurrou:

— Ouvi você falar para o meu pai que vai viajar de novo!

— É preciso, vou a trabalho, mas retorno mais rápido que da última vez, e agora terei uma parte de você sempre comigo!

Abracei-a fortemente, despedi-me e fui para casa.

Dois meses após seu aniversário, viajei para a Europa com a desculpa de que precisava averiguar uma possível traição em relação aos albaneses. O alto escalão formado por todos os meus tios não acreditou muito e me fez ficar lá por mais de três anos.

Toda vez que pensava em retornar, surgia alguém para ser eliminado, alguém que precisava ser lembrado a quem servia, as regras às quais o nosso mundo era ditado não permitiam falhas, não na minha família e sabia que aquilo não passava de um teste para outra vez por a minha lealdade à prova, pois qualquer desobediência eu era visto como desleal para com os pilares.

Nesse meio tempo, passei boa parte com várias mulheres, tentando tirar Emma da minha cabeça, pois sabia que, nesse ponto, ela não era mais uma garotinha, e isso assombrava meus pensamentos vinte e quatro horas por dia.

Dormia pensando nela, sonhava com seu rosto angelical, quando acordava sua voz era a primeira que surgia na minha mente. Aquilo estava tomando proporções descabíveis ao ponto de fugir do meu controle.

Mais populares

Comments

Lucas Cardoso

Lucas Cardoso

legal a amizade deles lembra uma prima minha até o pingente que dei é igual

2025-04-03

1

Syl Gonsalves

Syl Gonsalves

sejamos sinceros: não liga porque nunca teve uma para ligar, então é mais fácil dizer que não e com o tempo realmente passa a não ligar

2025-04-03

1

Carolini Meneget

Carolini Meneget

Acho que ele só quer ficar longe dela por saber que ela ainda é criança, e ele gostar mesmo dela.

2025-04-08

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!