Uma tentação.

Levar Rafaela para o estúdio de dança era uma tentativa de aliviar um pouco o peso daquelas últimas semanas, mas também uma ideia para animar minha pequena. O sumiço de Belinda havia deixado a família em um estado de dor constante, e qualquer distração era bem-vinda. Sabia que ela amava a dança, mas quando ela entrou no espaço e seus olhos se iluminaram, percebi que talvez tivesse feito algo maior do que imaginava.

Ela sorriu. Um sorriso genuíno, cheio de algo que eu não via há dias em seu rosto: entusiasmo. Era como se naquele instante todo o sofrimento se dissipasse, nem que fosse somente por um momento. Ela não hesitou. Tirou os sapatos, alongou-se levemente e, em segundos, a música começou a tocar.

Fiquei encostado na parede, os braços cruzados, observando-a. Era apenas isso. Somente observação. Pelo menos era o que eu tentava me convencer. Mas então Rafaela começou a se mover, e foi impossível ignorar o que estava acontecendo.

A batida envolvente da música ditava o ritmo dos seus passos, e seu corpo respondia como se estivesse em perfeita sintonia com o som. Ela se movia com precisão e sensualidade, sem esforço, completamente entregue àquele momento. Os olhos dela encontraram os meus e, sem perceber, prendi a respiração. Algo estava diferente. Aquilo não era apenas dança. Era um jogo.

Meus olhos acompanharam cada curva do seu corpo, a maneira como sua pele parecia brilhar sob a luz do estúdio, como seus cabelos caíam sobre os ombros em cada movimento. Eu deveria desviar o olhar. Eu deveria sair dali. Mas não consegui. E quando percebi, ela já estava se aproximando, diminuindo a distância entre nós, como se me desafiasse silenciosamente.

— Está gostando do show, Matheu? — A voz dela era suave, carregada de algo que me atingiu como um golpe.

Um alarme soou dentro de mim. A forma como ela me olhava, a maneira como os lábios dela se curvaram em um sorriso sutil... Aquilo não era inocente. Ela sabia o que estava fazendo. Sabia exatamente o efeito que causava em mim.

Engoli seco e desfiz a postura relaxada, endireitando os ombros. Me obriguei a endurecer o olhar, a não deixar que ela percebesse o que realmente se passava dentro de mim.

— Rafaela. — Minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia.

Ela riu de leve e se afastou um pouco, rodopiando novamente antes de parar com as mãos apoiadas na mesa ao lado. Eu podia ver o brilho travesso nos olhos dela, e aquilo me deixou ainda mais alerta.

Precisei de toda a minha força de vontade para não ceder. Para não atravessar aquela maldita sala e prensá-la contra aquela mesa, para não segurar seu rosto e tomar seus lábios da maneira que eu desejava. Porque eu desejava. Deus, como desejava.

— Eu só quero um beijo, não me negue isso quando sente o mesmo que eu. — falou mordendo seus lábios.

— Senhorita, eu não sou de ferro, peço que se afaste. — Respondi quase mandando minha razão para o espaço, ela sorriu e então em um movimento a coloquei sobre uma bancada e tomei sua boca em um beijo sedento e urgente, logo o alarme dentro de mim gritou e parei me afastando.

— Terminou? — Minha voz saiu firme, mas internamente eu lutava contra cada impulso dentro de mim.

Ela me estudou por um momento, depois sorriu novamente, dessa vez de forma mais contida. Como se soubesse que tinha mexido comigo.

— Por enquanto. — respondeu, antes de pegar a garrafa de água e beber um gole.

Fechei os olhos por um segundo e inspirei fundo.

Eu estava brincando com fogo.

E pior: não sabia se queria apagar as chamas ou deixar que elas me consumissem por completo.

Continuei dirigindo em silêncio, os pensamentos pesados demais para serem compartilhados. Rafaela estava no banco de trás ainda com um brilho no olhar depois da dança. O silêncio entre eles nós era carregado, como se algo não dito pulsasse entre os dois.

O telefone dela tocou. Olhei pelo canto do retrovisor o sorriso que se formou nos lábios carnudos da dela.

— Oi! — Ela atendeu animada. — Eu sei, mas hoje não posso sair... Sim, eu adoraria encerrar esse ciclo com alguém tão especial.

Senti a porra de algo ruim, meu corpo enrijeceu. Especial? Quem diabos era esse alguém especial?

Ela desligou, ainda sorrindo, e guardou o celular na bolsa. Senti o maxilar travar, e as mãos apertarem o volante com mais força do que o necessário.

— Você tem que ter cuidado. — Soltei de repente, sem conseguir conter o tom mais duro da própria voz.

— Cuidado? — Rafaela arqueou a sobrancelha, divertida.

— Com os aproveitadores. — Rosnei parecendo bobo, sem a olhar. — Você tem pouca idade e uma beleza... diferente. Isso atrai monstros.

Ela soltou uma risada baixa.

— Eu sei me cuidar, Matheu. — A voz dela era pura provocação.

A encarei sem entender o que estava sentindo, os olhos faiscando de algo que apesar de reconhecer estava errado demais.

— Não, não sabe. — rebati. — Se soubesse, não sairia por aí sorrindo para qualquer idiota que se considera especial.

Ela me observou com um brilho malicioso nos olhos. Ela percebeu. Ela sabia que eu estava com ciúmes.

— Nossa, que preocupação repentina... — murmurou, mordendo o lábio inferior.

Acabei soltando um palavrão baixo e voltei a olhar para a estrada. Os nós dos meus dedos estavam brancos de tanto apertar o volante.

Maldita garota.

Ela estava se divertindo com aquilo.

E eu estava prestes a enlouquecer.

Eu dirigia em silêncio, os pensamentos.

Apesar de tudo a ver assim era melhor do que chorando pela prima, Rafaela era uma menina sensível e não menti quando disse que é dona de uma beleza diferente, tem um olhar penetrante, um corpo deliciosamente perfeito, uma cintura que me faria facilmente a pegar com um único braço, seus olhos perfeitos refletiam inocência e seus movimentos hipnotizavam como uma sereia que me faria seguir seus passos sem olhar para trás, mas seu sobrenome gritava mais do que tudo, era uma Mansur e impossível para mim.

Chegamos em casa e ela entrou, fiquei ali na porta ainda dentro do carro sentindo seu cheiro e lembrando daquele sorriso enquanto ela dançava em um show particular só para mim.

Ah Rafaela, quem dera um dia eu pudesse ter você toda para mim.

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Comments

Dulce Rodrigues

Dulce Rodrigues

Ah Matheu!! Ela já te pertence!! E será um amor lindo!🥰🥰 Você ainda não sabe, mas já foi arremetido no tatame da vida! 🥰🥰😂

2025-03-29

0

bete 💗

bete 💗

lindo demais
adorei ❤️❤️❤️❤️❤️
espero que eles se entreguem logo

2025-03-06

1

Andrea Freire

Andrea Freire

Torcendo por eles ❤️❤️

2025-03-10

0

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