Fazia uma semana que o tio Cesare havia viajado, mas a casa não era a mesma. A sombra do desaparecimento de Belinda pairava sobre todos, transformando a mansão em um lugar de silêncio e olhares vazios. O ar parecia mais pesado, e mesmo entre conversas e promessas de que tudo daria certo, era impossível ignorar a ausência da minha prima.
Eu estava no jardim, sentada ao lado de Aylla. Nós duas estávamos abraçadas, encontrando algum conforto na presença uma da outra. O sol já começava a se pôr, tingindo o céu de tons alaranjados, mas nem a beleza do entardecer conseguia aquecer nossos corações naquele momento. Aylla fungou baixinho, e eu a apertei mais forte nos meus braços.
— Ela tem que estar viva... — Aylla sussurrou, a voz embargada.
— Ela está. — Respondi com firmeza, mais para me convencer do que para convencer minha prima.
Ficamos assim por alguns instantes, trocando olhares cheios de dor e esperança. Foi então que ouvi passos firmes se aproximando, e ergui o olhar para encontrar Matheu. Ele parou diante de nós segurando duas garrafas de água, entregando uma para cada uma sem dizer nada.
— Obrigada. — Murmurei, segurando a garrafa com dedos trêmulos.
— Vocês precisam se manter hidratadas. — Ele respondeu, a voz grave, mas estranhamente suave naquele instante.
Aylla abriu a garrafa e tomou um gole antes de encará-lo diretamente.
— Como você consegue ficar tão calmo?
Matheu hesitou por um momento, o maxilar travado antes de responder.
— Não estou calmo. Mas preciso estar no controle. É o mínimo que posso fazer. — Ele então olhou para mim e continuou: — Eu sei que dançar sempre ajudou vocês a colocar a cabeça no lugar. Então... tem um estúdio de balé no centro. Hoje à tarde, fechei só para vocês. Assim podem dançar sem se preocupar com mais nada por algumas horas.
Pisquei, surpresa. Não era algo que Matheu costumava fazer. Ele sempre foi profissional, sempre manteve a distância... Mas aquilo? Aquilo parecia diferente. Um gesto que ia além do dever.
Senti o peito aquecer levemente, uma pontada de gratidão misturada a algo mais, algo que eu não ousava nomear naquele momento.
Aylla suspirou ao meu lado e se levantou, ajeitando os cabelos com um gesto automático.
— Vou ficar com a minha mãe e ajudar Alana com os bebês. Acho que ela precisa de apoio agora. — Disse, tentando esboçar um sorriso, mas seus olhos ainda estavam tristes.
Assenti, compreendendo sua decisão.
— Certo. Cuida dela por mim, não consigo lidar com isso agora.
Aylla sorriu fraco e me abraçou antes de se afastar. Respirei fundo, tentando dissipar um pouco da tensão em meu peito, e então me voltei para Matheu.
— Você fez isso por nós? — Perguntei baixinho, sem esconder a surpresa.
Matheu sustentou meu olhar, sério.
— Fiz isso por você.
As palavras pairaram no ar entre nós. Meu olhar ficou preso ao dele por mais tempo do que deveria, e percebi que, pela primeira vez, Matheu estava ultrapassando aquela barreira invisível entre nós.
E, por algum motivo, eu não queria que ele parasse.
— Vamos? — Perguntei.
Ele apenas assentiu e começou a caminhar ao meu lado em silêncio, nos levando até o estúdio que ele havia separado para que eu pudesse dançar. Meu coração batia um pouco mais forte, não só pela chance de me distrair, mas por ele saber que eu amava a dança, ele me conhece, não só por me conhecer desde nova, mas porque ele se importava comigo, pela primeira vez, estar sozinha com Matheu parecia diferente. E eu não sabia bem o que fazer com isso.
O trajeto foi silencioso, mas de alguma forma confortável. O carro deslizou pelas ruas iluminadas pelo entardecer até finalmente estacionar em frente ao prédio discreto e elegante.
Quando entramos, um frio percorreu minha espinha ao sentir o cheiro característico de madeira polida e resina de balé. As paredes espelhadas refletiam minha imagem enquanto eu caminhava até o centro da sala. Toquei a barra com as pontas dos dedos, absorvendo o momento.
Matheu permaneceu próximo à porta, os braços cruzados sobre o peito largo, a postura rígida e atenta, como sempre. Mas havia algo diferente em seu olhar. Algo que me fez querer testar os limites daquela tensão que nos envolvia.
Liguei o som e deixei que a melodia fluísse pelo ambiente. A batida sensual preencheu o espaço e, sem pensar, deixei meu corpo responder. Meus movimentos começaram suaves, graciosos, mas logo se tornaram mais provocantes. Cada giro, cada arquejo do meu corpo parecia uma confissão silenciosa. Eu podia sentir o peso do olhar de Matheu sobre mim, queimando minha pele.
Deslizei as mãos pelo próprio corpo, sentindo a música me envolver, e então me aproximei lentamente dele. Meus olhos encontraram os dele no espelho, e o que vi ali me fez sorrir. Ele estava visivelmente tenso, os punhos cerrados ao lado do corpo, o maxilar travado.
Continuei, rodopiando até parar diante dele. Minha respiração estava acelerada, meu peito subia e descia em um ritmo ofegante. Levantei o queixo e o encarei diretamente.
— Está gostando do show, Matheu? — Minha voz saiu baixa, mas carregada de provocação.
Ele piscou lentamente, como se estivesse tentando se controlar, e então deu um passo para trás, quebrando a conexão entre nós.
— Rafaela... — Sua voz soou rouca, carregada de advertência.
Mas eu não queria advertências.
Dei mais um passo em sua direção, encurtando novamente a distância entre nós. Ele engoliu seco, desviando o olhar por um breve segundo antes de voltar a me encarar com aquela intensidade que fazia meu coração disparar.
Eu estava brincando com fogo.
E ele sabia disso.
— Eu só quero um beijo, não me negue isso quando sente o mesmo que eu. — falei mordendo seus lábios.
— Senhorita, eu não sou de ferro, peço que se afaste. — ele falou e pedi que ele fizesse isso.
Então em um movimento Matheu me colocou sobre uma bancada e tomou minha boca em um beijo sedento e urgente que respondi sem pensar duas vezes.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Dulce Gama
por isso que todos condenam a mulher só porque Eva comeu a fruta 🍅 🍈 proibida e deu pro Adão e hoje a mulher é uma tentação KKK 👍👍👍👍👍🌹🌹🌹🌹🌹🎁🎁🎁🎁❤️❤️❤️❤️❤️🌟🌟🌟🌟🌟
2025-03-03
0
bete 💗
adorando
esses dois serão demais ❤️❤️❤️❤️❤️
2025-03-01
1
Solange Lopes
está bom demais 😃
2025-03-01
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