Satoru caminhava pela vila silenciosa, a brisa noturna soprava suavemente enquanto ele carregava Nana desacordada nos braços. Quando chegou ao ateliê de Bia, bateu na porta algumas vezes.
A porta rangeu ao se abrir.
Bia apareceu, vestindo um pijama simples, os cabelos um pouco bagunçados. Seu rosto mostrava cansaço, e ela suspirou profundamente antes de falar:
— Garoto, eu sou cega, mas até eu sei que ainda é de madrugada!
Satoru sorriu de leve.
— Eu sei... Mas terminou as roupas que eu te pedi?
Os olhos vazios de Bia brilharam por um instante. Ela ativou seus Olhos da Alma, escaneando a figura que Satoru segurava. Seu semblante, antes sonolento, se tornou surpreso.
— Caramba... Você tá segurando um monstro.
Satoru deu de ombros.
— Ela é minha agora.
Bia franziu a testa, observando as sombras de ambos.
— Espera um pouco.
Ela se virou e sumiu no ateliê. Alguns segundos depois, retornou com uma sacola de roupas e entregou a Satoru.
— Não sei quem você tá prendendo com isso, mas parece perigoso.
Satoru olhou dentro da sacola e viu o que precisava: uma camisa de força e um colar com um pingente de gatinha. Ele ergueu o colar e sorriu.
— O colar ficou bonito.
— Eu pedi pra Viviane fazer. Agora some daqui, quero dormir.
Sem esperar resposta, Bia bateu a porta.
Satoru riu baixinho. Enquanto caminhava de volta ao restaurante, olhou novamente para Nana em seus braços.
— Você não quis me servir de bom grado... Mas eu vou fazer de você minha.
Seus olhos brilharam por um instante na escuridão.
— Não posso deixar uma das vilãs mais perigosas do mundo solta.
Ao entrar no restaurante e seguir para seu quarto, encontrou Mary deitada na cama. Ela vestia um pijama confortável, abraçada a um travesseiro. Porém, assim que seus olhos pousaram sobre Nana, algo mudou.
Seus olhos dilataram.
Seus cabelos escureceram para um tom sombrio antes de ficarem completamente brancos.
Seus músculos tensionaram, e veias saltaram em seu pescoço.
Uma aura assassina inundou o quarto.
— Mary. Se acalma.
A voz de Satoru cortou o ar.
Mary piscou algumas vezes, respirando fundo. Seu corpo tremia.
— Mestre... Eu tô calma.
Mas suas mãos cerradas, suas pupilas dilatadas e sua respiração pesada diziam o contrário.
Dentro de sua mente, Mary tentava se controlar.
"O mestre só está trazendo uma pet pra casa... Só isso..."
Satoru ignorou a tensão e colocou Nana na cama. Ele girou os ombros, estalando os braços.
— Caramba, você deu trabalho.
Ele então olhou para Mary.
— Pode dar banho nela pra mim? Preciso me acalmar antes.
Mary não hesitou. Se levantou, pegou Nana como se fosse um saco de batatas e jogou sobre os ombros.
— Sim, mestre.
Sua voz era neutra... Mas seus olhos diziam que ela estava no limite.
Enquanto caminhava até o banheiro, sua mente gritava.
"Calma, Mary... O mestre confiou em você... Você tem que se controlar..."
A porta do banheiro se fechou.
Satoru suspirou, se aproximando da janela. A luz da lua iluminava o quarto, e seus olhos vermelhos, pouco a pouco, voltaram ao normal.
Ele murmurou:
— Mary é ciumenta... Mas sei que vai se controlar.
Seus pensamentos continuaram.
"Se eu desse banho na Nana agora... Alguma coisa daria errado."
"Sempre é bom se acalmar antes de tomar decisões. Fazer algo de cabeça quente nunca termina bem."
Ding!
[Notificação: Progresso de Final Ruim - 80%]
Satoru olhou a mensagem flutuando diante dele e sorriu.
— Que bom... O futuro melhorou bastante.
No banheiro, Mary respirou fundo.
Ela tirou o pijama, dobrando-o com cuidado para não se molhar. A água quente da banheira criava um leve vapor no ambiente, enquanto Nana, ainda desacordada, permanecia ali, vulnerável.
Mesmo com seus olhos carregados de raiva e instinto assassino, Mary se controlou.
"Mestre... Eu fui a primeira."
"Se essa coisa tentar roubar meu lugar... Eu me livro dela."
Ela começou a lavar Nana, ensaboando seus cabelos longos, suas caudas e suas orelhas de loba com movimentos firmes, mas sem machucar. O cheiro do sabonete preencheu o ambiente, e a espuma cobriu o corpo da demi-humana.
Enxaguando-a com paciência, Mary pegou uma toalha e envolveu Nana, tirando-a da água e a sentando na beira da piscina. Com um gesto, cravou sua Espada Demoníaca no chão, usando-a como suporte para apoiar Nana.
Então, pegou outra toalha e começou a se enxugar.
Vestiu novamente o pijama e, com um estalar de dedos, fez a Espada Demoníaca se mover sozinha, envolvendo Nana como um manto sombrio. Assim, carregou-a de volta para o quarto.
Quando chegou lá, Satoru já estava sentado na cama, visivelmente mais calmo.
Mary estalou os dedos, fazendo a espada soltar Nana suavemente nos braços de Satoru.
Ele a pegou sem hesitar e disse:
— Obrigado, Mary.
Mary fechou os olhos, incapaz de suportar a visão de Nana nos braços dele.
— Sem problemas, mestre.
Satoru olhou para Nana e pensou:
"Os demi-humanos costumam usar roupas mais frescas... Por isso pedi para Bia fazer algo mais adequado."
Pegou as roupas que havia encomendado: um short de academia preto e um top combinando. Para a roupa íntima, um sutiã com regulador resolveria o problema do conforto.
Vestiu Nana com cuidado.
Então, pegou o colar e colocou em seu pescoço.
No mesmo instante, o pingente desapareceu e, em seu lugar, surgiu uma tatuagem de um gatinho ao redor do pescoço dela.
Satoru a colocou sobre o travesseiro e suspirou.
— Eu ia usar a camisa de força... Mas acho que não preciso.
Ele então olhou para Mary, abrindo os braços.
— Vem cá.
Mary se aproximou sem hesitação e se sentou no colo dele. Seus olhos estavam ferozes.
— Mestre, eu sou a primeira.
Seu tom de voz era firme, quase possessivo.
— Quero atenção primeiro.
Seus olhos brilharam em fúria contida.
— Ou eu não sei o que faço com essa coisa na cama.
Satoru apenas sorriu. Abraçou Mary e fez um cafuné em seus cabelos.
— Não precisa ficar com ciúmes.
Ele esfregou o rosto no dela, sentindo sua temperatura elevada.
— Você é a primeira. Por isso, não tenho preocupação nenhuma.
A voz dele era tranquila, segura.
— Mas ela precisa ser dominada.
Ele olhou nos olhos dela.
— Eu sempre estarei aqui. Tudo bem?
Aos poucos, Mary voltou ao normal. Seus olhos perderam aquele brilho assassino e sua respiração desacelerou.
Baixando o olhar, ela murmurou:
— Verdade...? Não tá querendo me trocar...?
Satoru beijou sua bochecha com carinho.
— Nunca pensei nisso.
Ele sorriu.
— Você pode ser a irmã mais velha.
Mary arregalou os olhos.
— Irmã mais velha...?
Satoru suspirou, olhando para o teto.
— Eu vou atrás de outras pessoas também.
Seus olhos brilharam por um instante.
— Alterei o futuro. O efeito borboleta será destrutivo. Preciso estar preparado.
Mary respirou fundo e fechou os olhos por um momento.
— Tá, mestre... Eu serei a irmã mais velha.
Ela o abraçou suavemente.
— Só não me esqueça. Eu também gosto de carinho.
Satoru caiu para trás na cama, rindo baixo.
— Nunca vou esquecer você.
Mary sentiu o peito aquecer.
Ela se aninhou no braço dele e fechou os olhos.
O quarto ficou em silêncio.
Satoru pensou:
"Alterar o futuro pode causar minha morte..."
"Mas eu farei o que for preciso para ter um futuro melhor."
E, com esse pensamento, ele adormeceu.
A vila mergulhou no silêncio da madrugada.
Continua...
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Atualizado até capítulo 20
Comments
PS Romântico
eu sou a primeira...
2025-03-21
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