Capítulo 19 Extra...

Satoru caminhava pela vila silenciosa, a brisa noturna soprava suavemente enquanto ele carregava Nana desacordada nos braços. Quando chegou ao ateliê de Bia, bateu na porta algumas vezes.

A porta rangeu ao se abrir.

Bia apareceu, vestindo um pijama simples, os cabelos um pouco bagunçados. Seu rosto mostrava cansaço, e ela suspirou profundamente antes de falar:

— Garoto, eu sou cega, mas até eu sei que ainda é de madrugada!

Satoru sorriu de leve.

— Eu sei... Mas terminou as roupas que eu te pedi?

Os olhos vazios de Bia brilharam por um instante. Ela ativou seus Olhos da Alma, escaneando a figura que Satoru segurava. Seu semblante, antes sonolento, se tornou surpreso.

— Caramba... Você tá segurando um monstro.

Satoru deu de ombros.

— Ela é minha agora.

Bia franziu a testa, observando as sombras de ambos.

— Espera um pouco.

Ela se virou e sumiu no ateliê. Alguns segundos depois, retornou com uma sacola de roupas e entregou a Satoru.

— Não sei quem você tá prendendo com isso, mas parece perigoso.

Satoru olhou dentro da sacola e viu o que precisava: uma camisa de força e um colar com um pingente de gatinha. Ele ergueu o colar e sorriu.

— O colar ficou bonito.

— Eu pedi pra Viviane fazer. Agora some daqui, quero dormir.

Sem esperar resposta, Bia bateu a porta.

Satoru riu baixinho. Enquanto caminhava de volta ao restaurante, olhou novamente para Nana em seus braços.

— Você não quis me servir de bom grado... Mas eu vou fazer de você minha.

Seus olhos brilharam por um instante na escuridão.

— Não posso deixar uma das vilãs mais perigosas do mundo solta.

Ao entrar no restaurante e seguir para seu quarto, encontrou Mary deitada na cama. Ela vestia um pijama confortável, abraçada a um travesseiro. Porém, assim que seus olhos pousaram sobre Nana, algo mudou.

Seus olhos dilataram.

Seus cabelos escureceram para um tom sombrio antes de ficarem completamente brancos.

Seus músculos tensionaram, e veias saltaram em seu pescoço.

Uma aura assassina inundou o quarto.

— Mary. Se acalma.

A voz de Satoru cortou o ar.

Mary piscou algumas vezes, respirando fundo. Seu corpo tremia.

— Mestre... Eu tô calma.

Mas suas mãos cerradas, suas pupilas dilatadas e sua respiração pesada diziam o contrário.

Dentro de sua mente, Mary tentava se controlar.

"O mestre só está trazendo uma pet pra casa... Só isso..."

Satoru ignorou a tensão e colocou Nana na cama. Ele girou os ombros, estalando os braços.

— Caramba, você deu trabalho.

Ele então olhou para Mary.

— Pode dar banho nela pra mim? Preciso me acalmar antes.

Mary não hesitou. Se levantou, pegou Nana como se fosse um saco de batatas e jogou sobre os ombros.

— Sim, mestre.

Sua voz era neutra... Mas seus olhos diziam que ela estava no limite.

Enquanto caminhava até o banheiro, sua mente gritava.

"Calma, Mary... O mestre confiou em você... Você tem que se controlar..."

A porta do banheiro se fechou.

Satoru suspirou, se aproximando da janela. A luz da lua iluminava o quarto, e seus olhos vermelhos, pouco a pouco, voltaram ao normal.

Ele murmurou:

— Mary é ciumenta... Mas sei que vai se controlar.

Seus pensamentos continuaram.

"Se eu desse banho na Nana agora... Alguma coisa daria errado."

"Sempre é bom se acalmar antes de tomar decisões. Fazer algo de cabeça quente nunca termina bem."

Ding!

[Notificação: Progresso de Final Ruim - 80%]

Satoru olhou a mensagem flutuando diante dele e sorriu.

— Que bom... O futuro melhorou bastante.

No banheiro, Mary respirou fundo.

Ela tirou o pijama, dobrando-o com cuidado para não se molhar. A água quente da banheira criava um leve vapor no ambiente, enquanto Nana, ainda desacordada, permanecia ali, vulnerável.

Mesmo com seus olhos carregados de raiva e instinto assassino, Mary se controlou.

"Mestre... Eu fui a primeira."

"Se essa coisa tentar roubar meu lugar... Eu me livro dela."

Ela começou a lavar Nana, ensaboando seus cabelos longos, suas caudas e suas orelhas de loba com movimentos firmes, mas sem machucar. O cheiro do sabonete preencheu o ambiente, e a espuma cobriu o corpo da demi-humana.

Enxaguando-a com paciência, Mary pegou uma toalha e envolveu Nana, tirando-a da água e a sentando na beira da piscina. Com um gesto, cravou sua Espada Demoníaca no chão, usando-a como suporte para apoiar Nana.

Então, pegou outra toalha e começou a se enxugar.

Vestiu novamente o pijama e, com um estalar de dedos, fez a Espada Demoníaca se mover sozinha, envolvendo Nana como um manto sombrio. Assim, carregou-a de volta para o quarto.

Quando chegou lá, Satoru já estava sentado na cama, visivelmente mais calmo.

Mary estalou os dedos, fazendo a espada soltar Nana suavemente nos braços de Satoru.

Ele a pegou sem hesitar e disse:

— Obrigado, Mary.

Mary fechou os olhos, incapaz de suportar a visão de Nana nos braços dele.

— Sem problemas, mestre.

Satoru olhou para Nana e pensou:

"Os demi-humanos costumam usar roupas mais frescas... Por isso pedi para Bia fazer algo mais adequado."

Pegou as roupas que havia encomendado: um short de academia preto e um top combinando. Para a roupa íntima, um sutiã com regulador resolveria o problema do conforto.

Vestiu Nana com cuidado.

Então, pegou o colar e colocou em seu pescoço.

No mesmo instante, o pingente desapareceu e, em seu lugar, surgiu uma tatuagem de um gatinho ao redor do pescoço dela.

Satoru a colocou sobre o travesseiro e suspirou.

— Eu ia usar a camisa de força... Mas acho que não preciso.

Ele então olhou para Mary, abrindo os braços.

— Vem cá.

Mary se aproximou sem hesitação e se sentou no colo dele. Seus olhos estavam ferozes.

— Mestre, eu sou a primeira.

Seu tom de voz era firme, quase possessivo.

— Quero atenção primeiro.

Seus olhos brilharam em fúria contida.

— Ou eu não sei o que faço com essa coisa na cama.

Satoru apenas sorriu. Abraçou Mary e fez um cafuné em seus cabelos.

— Não precisa ficar com ciúmes.

Ele esfregou o rosto no dela, sentindo sua temperatura elevada.

— Você é a primeira. Por isso, não tenho preocupação nenhuma.

A voz dele era tranquila, segura.

— Mas ela precisa ser dominada.

Ele olhou nos olhos dela.

— Eu sempre estarei aqui. Tudo bem?

Aos poucos, Mary voltou ao normal. Seus olhos perderam aquele brilho assassino e sua respiração desacelerou.

Baixando o olhar, ela murmurou:

— Verdade...? Não tá querendo me trocar...?

Satoru beijou sua bochecha com carinho.

— Nunca pensei nisso.

Ele sorriu.

— Você pode ser a irmã mais velha.

Mary arregalou os olhos.

— Irmã mais velha...?

Satoru suspirou, olhando para o teto.

— Eu vou atrás de outras pessoas também.

Seus olhos brilharam por um instante.

— Alterei o futuro. O efeito borboleta será destrutivo. Preciso estar preparado.

Mary respirou fundo e fechou os olhos por um momento.

— Tá, mestre... Eu serei a irmã mais velha.

Ela o abraçou suavemente.

— Só não me esqueça. Eu também gosto de carinho.

Satoru caiu para trás na cama, rindo baixo.

— Nunca vou esquecer você.

Mary sentiu o peito aquecer.

Ela se aninhou no braço dele e fechou os olhos.

O quarto ficou em silêncio.

Satoru pensou:

"Alterar o futuro pode causar minha morte..."

"Mas eu farei o que for preciso para ter um futuro melhor."

E, com esse pensamento, ele adormeceu.

A vila mergulhou no silêncio da madrugada.

Continua...

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PS Romântico

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eu sou a primeira...

2025-03-21

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