Capítulo 8: Extra

Satoru pegou um papel no balcão e começou a desenhar com precisão. Seu traço era firme e detalhado, como se já tivesse feito aquilo inúmeras vezes. Quando terminou, empurrou os desenhos na direção de Bia.

— Você veio pelos desenhos? Estão aqui.

Bia pegou os papéis e passou a mão sobre eles, sentindo os traços e formas mesmo sem enxergar. Um sorriso curioso surgiu em seu rosto.

— Que roupas bonitas... Como se chamam?

Satoru apontou para cada uma enquanto explicava:

— Esse aqui se chama "top academia", ideal para mulheres que se movimentam o dia todo, seja no trabalho ou em combate. Esses são "shortinhos academia", perfeitos para usar por baixo da saia ou durante o treino. Já esses aqui são roupas íntimas, tanto femininas quanto masculinas. Para os homens, temos a "cueca box". Para as mulheres, um conjunto chamado "lingerie", que inclui sutiãs e calcinhas combinando.

Bia arqueou uma sobrancelha, impressionada.

— Você sabe muita coisa.

Satoru deu de ombros.

— Trabalhei com roupas, tanto masculinas quanto femininas. Aprendi desde o design até a fabricação na fábrica.

Bia segurou os papéis com mais firmeza e se levantou animada.

— Vou costurar agora! Estou curiosa para ver como ficam.

Satoru observou enquanto ela se afastava para o ateliê.

— Tudo bem.

Ele apoiou os cotovelos no balcão e suspirou. Seus olhos ficaram sérios enquanto sua mente voltava ao problema maior.

"A guerra na fronteira vai causar uma fome enorme... Se eu não agir agora, essa vila será engolida pelo caos."

Ele cerrou os punhos, decidido. Precisava encontrar uma solução antes que fosse tarde demais.

Satoru pegou uma garrafa de vinho e girou levemente o líquido dentro dela, observando a cor escura refletir a luz fraca do ambiente. Seus pensamentos estavam pesados.

"Uma guerra sempre leva ao mesmo destino... Territórios pequenos são exterminados. Se essa informação veio da Bia, não pode ser mentira."

Ele suspirou e apoiou a garrafa sobre a mesa.

"Demi-humanos... Criaturas com orelhas fofas e caudas... O sonho de qualquer otaku viciado em anime. Mas a realidade desse mundo é diferente. Eles odeiam os humanos com todo o seu ser. Não há paz entre as raças. Controlar um demi-humano é um risco... Eles podem tentar te matar na calada da noite. Além disso, possuem uma proteção mental absurda, tornando qualquer tipo de hipnose inútil."

Ele apertou os olhos, pensativo.

"Mas eu preciso dela... A lobinha conhecida como a Besta da Catástrofe. Os humanos vão vencer essa guerra. Muitos demi-humanos serão mortos, e os que restarem virarão escravos. Isso leva a um final ruim. Eu não posso permitir."

Antes que pudesse continuar raciocinando, um barulho o tirou de seus pensamentos.

— Glup! Glup! Glup!

Ele olhou para Mary, que havia acabado de comer e estava soluçando, tentando engolir rápido demais.

Satoru pegou a jarra de água, encheu uma caneca e entregou a ela.

— Não precisa ter pressa.

Mary pegou a caneca e bebeu com cuidado. Quando terminou, olhou para Satoru e disse baixinho:

— Obrigada...

Ele sorriu de leve e bagunçou o cabelo dela, fazendo um cafuné suave.

— Boa garota.

Mary piscou algumas vezes, surpresa com o gesto. Era algo simples, mas para alguém que nunca conheceu carinho, aquilo a pegou de surpresa. Seu rosto esquentou levemente, e ela apenas abaixou a cabeça, segurando a caneca com força.

Satoru voltou a olhar para a garrafa de vinho.

"A lobinha... Eu preciso dela o quanto antes."

Continua...

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