Vicente estava nervoso.
— Alguém mais forte que um Lorde Demônio?!
Verônica, ainda tentando se recompor, balançou a cabeça.
— Muito além disso… Ele é a própria destruição em pessoa. Um monstro entre os monstros.
Vicente passou a mão pelo rosto, sentindo o peso da situação.
— Esse problema só cresce… Ele vai tentar parar a guerra da fronteira.
Mas Verônica franziu a testa, pensativa.
— A guerra não é o verdadeiro objetivo dele. Parece que ele está procurando alguém.
Vicente ergueu uma sobrancelha.
— Procurando alguém?! Se ele é tão perigoso, por que estaria atrás de alguém?!
A bruxa respirou fundo.
— Foi por um breve momento, mas eu pude ver outras sombras ao lado dele… Humanos, demi-humanos, demônios e até seres sagrados. Ele não está reunindo aliados aleatórios. Ele está buscando pessoas específicas.
Vicente não sabia o que era pior: a guerra iminente ou a possibilidade de que aquele estranho ser estivesse formando um grupo poderoso.
— E por que ele não ter mana seria um problema?
Verônica olhou diretamente nos olhos do vampiro.
— Meu velho amigo, não faça dele seu inimigo. É provável que ele nem seja desse mundo.
Vicente arregalou os olhos.
— Você está dizendo que ele é um invasor?!
— Um invasor desconhecido e perigoso demais para arrumarmos problemas.
O Patriarca suspirou, massageando as têmporas.
— Então estou com a lâmina no pescoço… Que problema.
Ele se levantou.
— Obrigado pela adivinhação, Verônica.
Ela apenas assentiu.
— Apenas tenha cuidado, Vicente.
Sem dizer mais nada, ele desapareceu nas sombras.
Vila de Bay
Satoru observava o anel em seu dedo.
— Que achado bom… Camila me deu de presente, então vamos usá-lo para negociar.
Uma voz ecoou ao seu redor.
— Executivo Tomoe da Companhia Aranha.
Surgindo das sombras da parede, Tomoe apareceu com um sorriso cínico.
— Você sabia que eu estava na sua sombra o tempo todo?
Satoru lançou um olhar de canto, sem mudar sua expressão.
— Eu estava me segurando para não te esmagar.
Tomoe sentiu um arrepio na espinha. Ele percebeu, naquele momento, que não tinha chance alguma de vencer.
— O que você precisa de mim? — perguntou, mantendo a compostura.
— Quero arroz. Muito arroz.
Tomoe riu, descrente.
— Está se preparando para a fome? Comida vai ficar muito cara em breve.
Satoru abriu um sorriso assassino.
— Você quer vender comida para um amigo, Tomoe?
O executivo da Companhia Aranha sentiu um nó no estômago. Esse cara estava jogando um jogo muito maior do que parecia.
— Tudo bem… Eu vou arrumar o arroz.
Mas então Satoru mudou de assunto.
— Ah, e mais uma coisa… Diga para a senhorita Isadora que o noivo dela está traindo-a com sua amiga. E que ele pretende assassiná-la.
O rosto de Tomoe ficou sombrio. Ele puxou uma adaga em um instante.
— Desgraçado! Não fale da senhorita Isadora!
Satoru manteve-se impassível.
— Vai deixar a mestra da Companhia Aranha correr perigo de vida, Tomoe?
A raiva no olhar do executivo foi substituída por determinação. Ele saiu correndo como um vulto pela vila.
Satoru observou, satisfeito.
— Tomoe considera Isadora como uma irmã mais velha… Estou alterando bastante o futuro.
Ele fechou os olhos por um instante, sentindo um vazio.
— O efeito borboleta não vai ser brincadeira…
O sistema respondeu com um tom neutro:
— Você parece estar se divertindo com tudo isso… Mudando o futuro sem se importar com os destinos destruídos.
Satoru, olhando para a tela, respondeu sem hesitar:
— Não existe certo ou errado. O vencedor leva tudo. Estou fazendo o que acho necessário. Afinal, bondade ou empatia pelas pessoas não existem. Veja essa guerra… tudo por causa de ganância. Então, não me importo muito se vão morrer ou não.
O sistema processou suas palavras antes de responder:
— Eu entendo você. Tudo que você leu era um futuro… Mas ele não existe mais. Tenha cuidado. Um figurante não pode ser o protagonista da história.
Satoru suspirou.
— Eu sei muito bem quem sou… Mas não preciso ter pressa.
Com isso, ele seguiu para o calabouço onde os sobreviventes demi-humanos estavam presos. Mesmo algemados, ainda tinham olhares ferozes, cheios de ódio.
Ele observou as fêmeas no fundo da cela e pensou:
"Caramba, a Mary não tem pena… Tá todo mundo quebrado."
Logo, um guarda trouxe pão e água. Um dos prisioneiros rosnou, sua voz cheia de desprezo:
— Acha que vamos nos envenenar com essa comida, seu monstro?!
Satoru olhou para ele, impassível.
— São prisioneiros. Vão comer duas vezes ao dia, pão e água. Estamos em guerra, então não posso dar alimentação boa. E tenho certeza de que não vão morrer… Logo, a lobinha da Nana vai vir atrás de vocês.
Os demi-humanos rosnaram novamente, mas Satoru os ignorou e se dirigiu a uma cela específica. Lá dentro, sentada no canto, estava uma demi-humana de cabelos pretos e olhos verdes. Ao contrário dos outros, ela estava em silêncio.
Ele colocou o pão à sua frente e perguntou:
— Não tá com fome?
A demi-humana ergueu levemente a orelha esquerda antes de responder:
— Você quebrou meus braços. Como vou comer?
Satoru suspirou.
— Que interessante… Você quer comer?
— Quero sim. Acho que não tem veneno… E você não precisa disso, não é mesmo?
Ele se aproximou lentamente. O guarda ao lado se enrijeceu.
— Senhor, cuidado! Ela é a mais perigosa do ataque de ontem!
Satoru sorriu.
— Sem problemas.
A guerreira de elite, chamada Bela, observou ele se aproximar e pensou:
"Não consigo ganhar desse monstro… Mas ele não nos matou. Ele tá esperando a senhorita Nana… Meus braços, eu não os sinto. Achei que éramos superiores aos humanos em força, mas agora estou inútil diante dele."
Seus pensamentos foram interrompidos quando Satoru se virou para o guarda.
— Me traga leite.
O guarda hesitou, mas ao ver o olhar de Satoru, saiu correndo. Pouco depois, voltou com um balde de madeira cheio e um copo.
Bela estreitou os olhos.
— Qual o significado disso?
Satoru respondeu com um tom casual:
— Quero que seja minha.
Bela riu, desdenhosa.
— Desculpa, mas me dominar à força não resolve nada. Controle mental também não.
Mas Satoru apenas molhou o pão no leite e levou até sua boca.
— Eu sei que tentar controlar você é inútil. Mas agradeça… Eu era um otaku. Você é o sonho da molecada do meu mundo. Orelhas fofas.
Os outros demi-humanos ficaram surpresos.
Bela, ainda com a boca cheia, pensou, confusa:
"Somos… fofos? O que esse monstro tá dizendo?!"
Continua ...
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Atualizado até capítulo 20
Comments
PS Romântico
somente um otaku pra entender outro otakus...
2025-03-19
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