Capítulo 14- Extra...

O restante dos comerciantes que sonegavam impostos, ao verem o que Satoru tinha feito, tentaram correr. No entanto, Mary, que havia acabado de tomar seu café, apareceu diante deles. Seus cabelos brancos esvoaçavam enquanto segurava sua espada demoníaca.

— Não! Não, nãoooooooo! — gritaram alguns, apavorados.

— Socorro! Ahhhhh!!!

Mary, fria como gelo, não hesitou. Em poucos instantes, apenas corpos espalhados pelo chão restaram.

Satoru entregou um papel para Bia e disse:

— Quero que crie isso para mim. São roupas especiais para minha lobinha Nana, que vou domar.

Bia pegou o papel e arregalou os olhos.

— Caramba, esses traços… Você não tem pena, hein?

— Vou domar uma besta. É bom estar preparado — respondeu Satoru com naturalidade.

Sem mais perguntas, Bia foi até o ateliê para confeccionar as roupas.

Satoru avistou seu pai, Matias, e se aproximou.

— Pai, vamos conversar.

— Sem problemas — respondeu Matias.

Os dois começaram a caminhar pela vila.

— Uma guerra é a pior coisa que uma vila pequena como essa pode enfrentar. Mas não se preocupe, eu vou cuidar de tudo. Só preciso que o senhor supervisione. Afinal, nossos mantimentos serão nossa riqueza — disse Satoru com seriedade.

Matias assentiu.

— Obrigado, filho. Vou cuidar disso. Mas… meu filho… Ele morreu?

Satoru desviou o olhar por um momento antes de responder:

— Sim. Seu filho, Ananias, morreu. Desculpe… não queria esconder isso de você. Mas me chamo Satoru agora.

Matias ficou surpreso, mas logo sorriu.

— Obrigado por me contar. Eu vejo você como um filho. Não tem problema?

— Nenhum, senhor — respondeu Satoru.

— Então vamos ao trabalho. Não podemos passar fome — concluiu Matias.

Naquela manhã, toda a comida foi coletada. Grãos, carne salgada, tudo foi armazenado com segurança. Os moradores organizaram uma patrulha para proteger o armazém no centro da vila. O que ainda restava nos campos foi colhido, e os animais foram recolhidos.

Satoru então seguiu até a Companhia Raposa da Lua. Subiu para o escritório e, ao entrar, viu Camila.

— Olá de novo — disse ele.

Camila cruzou os braços e sorriu.

— Você está se preparando para a fome? Que engraçado. Até parece que sabia…

— Talvez — respondeu Satoru, mantendo a calma.

Eles se encararam por um instante antes de Camila perguntar:

— O que você quer?

— Quero arroz. E um anel junto com ele.

Camila soltou uma risada sarcástica.

— Está ficando maluco?! Sabe que está pedindo um tesouro que somente nobres de alto escalão possuem?

Satoru manteve o olhar fixo nela.

— Estamos negociando. E é para isso que a Companhia Raposa da Lua existe, não é?

Camila estreitou os olhos.

— Você está pedindo um Rin meu e ainda está rindo?!

A atmosfera ficou mais densa. Satoru deu um passo à frente, sua presença ficando ainda mais intensa.

— Você vai perder se não me ajudar agora. Eu te garanto isso.

A pressão no ambiente aumentou.

Satoru encarou Camila com um olhar frio e decidido. Ele não estava ali para pedir favores, mas sim para negociar com a Companhia Raposa da Lua. Camila, por sua vez, não gostou do tom dele e se sentiu ameaçada.

— Tá me ameaçando?! — ela rosnou.

Satoru manteve o olhar firme.

— Que maldade pensar isso. Somos amigos, mas preciso da sua ajudinha agora. Ou então… posso ser seu inimigo. E nem mesmo o vampiro que vocês idolatram vai te salvar.

Essas palavras foram a faísca que acendeu o combate. Sombras de assassinos surgiram ao redor, movendo-se em velocidades quase imperceptíveis. Camila também avançou com sua adaga. No entanto, Satoru não era um alvo fácil. Com os olhos brilhando em um tom vermelho intenso, ele esmagou um atacante à direita e, com um movimento ágil, girou no ar, derrubando o adversário que vinha de cima.

Camila aproveitou a brecha e disparou na direção dele, sua adaga cortando o ar em um golpe certeiro para o pescoço. Mas Satoru desviou com precisão, acertando uma joelhada poderosa nela.

— Por que ficou tão agitada? — ele provocou. — Eu sei que o vampiro da capital, o verdadeiro líder da Companhia Raposa da Lua, está traindo os demônios. É só questão de tempo até os lordes notarem. Vai me ajudar ou vai querer perder o seu vampiro bonzinho?

Camila caiu no chão, segurando o estômago, surpresa. Como ele sabe sobre o Patriarca? Esse era um segredo guardado apenas pelos executivos.

Satoru se virou, pronto para sair.

— Vocês só pensam em lucro. Não dão a mínima para a vida das pessoas. Mas eu quero proteger o que é meu. Se não vai me ajudar, pode ir embora.

Camila, rangendo os dentes, rastejou até sua mesa e puxou uma caixinha banhada a ouro. Com um gesto irritado, jogou-a para Satoru.

— Não compare o Patriarca com os lordes demônios. Ele é diferente.

Satoru pegou a caixinha e abriu um sorriso satisfeito.

— Agora estamos falando a mesma língua.

Ele saiu sem olhar para trás. Os assassinos derrotados se levantaram, confusos.

— Senhorita Camila… Ele não tem mana ou magia… Mas ainda assim, nós perdemos.

Camila passou a mão na testa, frustrada.

— Eu sei… Ele é um monstro fora da jaula. E o que mais me irrita… é pensar que ele sabe o futuro de tudo.

Camila sentia-se de mãos atadas pela primeira vez. Esse garoto não é Ananias… Isso é um fato. Ele é mais perigoso, e eu não consigo entendê-lo.

Ela refletia sobre tudo que havia acontecido. Ele comprou uma escrava que estava à beira da morte, e agora ela se tornou um monstro ao seu lado. Ele parece saber tudo o que vai acontecer, como se já tivesse visto o futuro. Seus olhos não vacilam, e isso é um problema. Quem tem mais informações sempre leva vantagem.

Camila olhou para a mesa, onde antes estava o anel que ela havia entregue a Satoru. Aquele anel era um presente para o príncipe da capital… O Patriarca vai ficar maluco quando souber que ele pegou.

No meio de seus pensamentos, o espelho do escritório brilhou. A imagem de um vampiro de cabelos brancos e olhos vermelhos apareceu. Sua presença emanava autoridade.

— O que aconteceu, Camila? — perguntou Vicente, o Patriarca. — Ouvi de informantes que foram atacados.

Camila suspirou antes de responder:

— Temos um problema… E um dos grandes. Alguém descobriu sua verdadeira identidade.

O semblante de Vicente ficou sério.

— Já o silenciou?

Camila apertou os punhos.

— É impossível matá-lo agora. Ele é um monstro no corpo de um humano.

Vicente franziu o cenho.

— Um monstro? Até mesmo para você, uma executiva?!

Camila assentiu.

— Sim… Eu perdi. Ele não tem mana nem magia, mas é brutal. Parece ficar mais forte à medida que fica com raiva.

Vicente cerrou os dentes, a pressão no ambiente aumentando.

— Maldito… E o anel do príncipe?

Camila hesitou antes de responder:

— Foi tomado.

A raiva de Vicente era palpável.

— Eu mesmo vou resolver isso.

Mas Camila ergueu a mão, tentando detê-lo.

— Patriarca… Acho que ele sabe o futuro. E eu sinto que ele vai parar a guerra na fronteira.

Vicente arregalou os olhos.

— Camila, essa guerra já matou milhares. O que uma única pessoa poderia fazer?

Camila suspirou.

— Ele é um monstro além da nossa compreensão. Se ele souber do futuro, o senhor pode estar em perigo. Por favor, deixe que eu resolva.

Vicente a encarou por um momento antes de ceder.

— Tudo bem…

A conexão mágica se encerrou.

No escritório da capital, Vicente olhava pela janela, preocupado.

— Um monstro apareceu… Que problema. Se até a Camila, a mais inteligente, reconhece que ele está em outro nível, então preciso de respostas.

Sem perder tempo, ele pegou sua capa e saiu pelas sombras da cidade. Ele seguiu por vielas escondidas até chegar a uma casa velha na favela da capital. Quando abriu a porta, encontrou Verônica, uma bruxa de magia negra, varrendo o chão.

Ela ergueu os olhos e sorriu.

— Já faz muito tempo que não te vejo, Vicente.

Ele retirou o capuz, revelando seu rosto pálido.

— Pois é… Já fazem vinte anos.

Verônica inclinou a cabeça.

— Um vampiro me visitando… Veio ver o futuro novamente?

Vicente cruzou os braços.

— Uma variável apareceu. Ele sabe da minha identidade secreta.

A bruxa caminhou até uma mesinha e retirou um pano negro que cobria uma bola de cristal.

— Vamos dar uma olhadinha…

Ela fechou os olhos e concentrou sua mana. A atmosfera ao redor começou a vibrar, e o ar ficou denso. Mas, de repente, seus olhos se arregalaram.

Uma sombra com olhos vermelhos apareceu na visão dela. Era como se a própria escuridão estivesse viva e a observando.

Verônica engasgou, cuspindo sangue no chão.

Assustada, segurou o peito e encarou Vicente com horror.

— Com quem diabos você mexeu?!

Vicente, alarmado, segurou seus ombros.

— O que você viu?!

A bruxa tremia.

— Eu… Eu só vi escuridão… E olhos vermelhos… A destruição desse mundo.

Vicente sentiu um arrepio na espinha. Pela primeira vez em séculos, ele estava genuinamente assustado.

Continua...

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PS Romântico

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monster

2025-03-18

1

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