Capítulo 16 Extra...

O guarda chegou com um saco cheio de medicina, bandagens e ervas medicinais. Ele se curvou ligeiramente e disse:

— Senhor, o velho Ted mandou isso.

Satoru, sem desviar o olhar de Bela, respondeu:

— Tudo bem, deixe comigo e pode ir. Afinal, ninguém consegue me ganhar aqui.

O guarda deixou o saco no chão, acenou respeitosamente e saiu para ficar de vigia do lado de fora.

Bela estreitou os olhos, desconfiada.

"O que ele tá tramando?"

Antes que pudesse pensar mais, Satoru passou a mão sobre sua cabeça, fazendo um cafuné despreocupado. Suas orelhas felinas estremeceram involuntariamente, e sua cauda se eriçou. Ela sentiu algo que nunca havia sentido na vida: um calor estranho e uma vergonha inesperada.

— N-não me humilha… Me mata logo… — disse ela, desviando o olhar.

Satoru riu.

— Tô te alimentando e agora quer morrer? Nem pense nisso. Além disso, não tô te espancando nem nada.

Bela tentava virar o rosto, mas Satoru segurou sua orelha. Seu corpo inteiro estremeceu.

— Ah…! — ela deixou escapar um som involuntário e corou imediatamente.

Os outros demi-humanos rosnaram furiosos.

— Desgraçado! Para com isso! — gritou um deles.

— Seu monstro, não brinque com a capitã! — exclamou outra.

Ignorando as reações deles, Satoru pegou outro pedaço de pão, mergulhou no leite e colocou na boca de Bela mais uma vez.

— Demi-humanos são diferentes de humanos. A regeneração de vocês é lenta, mas eficiente. Em três semanas, seus braços estariam bons novamente… Mas eu vou acelerar isso curando vocês.

Ele olhou diretamente para Bela e perguntou:

— Me diga, prefere essa minha versão gentil… ou prefere a brutal de ontem à noite?

O olhar dela tremeu.

— Eu te garanto que posso fazer vocês meus, fazendo sentir algo que nunca sentiram antes… o verdadeiro medo da morte.

Bela, com a boca cheia, sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

"Esse monstro não tá mentindo. Eu consigo sentir que, se ele quiser, pode nos levar ao inferno… Mas então por que ele tá fazendo isso? Só… carinho?"

"O que eu tô pensando?! Eu sou uma guerreira! Não devo me render ao inimigo!"

Antes que pudesse raciocinar direito, Satoru interrompeu seus pensamentos puxando suas orelhas e a puxando para si.

— E-espera! Calma! — ela protestou, tentando recuar.

Ele apenas sorriu.

— Te alimentei com pão e leite… Será que não posso fazer um carinho? Demi-humanos são ingratos.

Ele segurou seus braços quebrados com firmeza.

— Vai doer um pouquinho.

— O quê?

Crack.

Bela mordeu os lábios para não gritar quando sentiu os ossos voltando ao lugar. Seus olhos ficaram úmidos, mas ela se forçou a engolir a dor.

Satoru pegou as ervas medicinais, esmagou-as e aplicou sobre os hematomas, que começaram a sumir rapidamente. Em seguida, enfaixou seus braços com bandagens firmes.

— Pronto. Agora não vai demorar muito para sua regeneração curar o restante.

Bela olhou para seus braços tratados, surpresa. Seu olhar foi até os olhos de Satoru—vazios, mas estranhamente gentis. Quando ele virou-se para ir embora, ela sentiu um impulso e o chamou:

— Espera…

Ele parou, mas não olhou para trás.

— Se não nos trata mal… a ti serviremos.

Os outros demi-humanos ficaram indignados.

— O quê?! Capitã, isso é loucura!

— Ele é um monstro! Como pode—?!

Bela os silenciou com um único olhar.

— Calados! Fomos nós que atacamos primeiro.

Satoru olhou de canto, avaliando sua reação.

— Eu cuido do que é meu. Podem tratar os demais… Mas não saiam daqui. Estou resolvendo problemas mais importantes agora.

Bela, ainda um pouco envergonhada, abaixou a cabeça.

— Entendido…

Satoru saiu do calabouço e caminhou pela vila. Olhando ao redor, viu crianças correndo e brincando, mesmo com a fome se tornando um problema.

"Realmente, eu virei um paradoxo do tempo."

Ele parou por um momento, refletindo.

"Não sei se mereço essa paz… Mas farei o que for preciso para estar em paz com minha mente."

Base Humana – Limite da Fronteira

O cheiro de suor e pólvora impregnava o ar dentro da barraca principal. Simão Duarte, comandante do exército humano, debruçava-se sobre a mesa repleta de mapas e relatórios. O veterano de quarenta anos franziu a testa ao observar os números.

— Até quando esses demi-humanos vão resistir? — murmurou, batendo a mão sobre os papéis. — Já capturamos vários, e mesmo assim continuam lutando. Traidores… se uniram aos demônios. Isso é imperdoável.

Do outro lado da mesa, o estrategista Idra Dawn sorriu discretamente.

— Senhor, logo estaremos no topo. Essa guerra provará que estamos salvando o mundo.

Mas, por dentro, Idra pensava diferente.

"Idiota. Quanto mais sacrifícios, melhor. Humanos tolos… continuem sendo minhas peças descartáveis."

Simão olhou para seus generais e ergueu a voz:

— Homens, pelo reino de Gate! Vamos mostrar que podemos destruir esses adoradores do demônio!

Um rugido de aprovação tomou conta da barraca.

— Viva o comandante Simão Duarte!

Mas o entusiasmo morreu no instante em que um mensageiro entrou correndo, pálido e ofegante.

— S-Senhor…! Perdemos o pelotão dois…

O silêncio tomou conta do lugar. O choque e o pânico eram visíveis nos rostos dos soldados. Simão arregalou os olhos.

— Como isso é possível?! Eles eram nossos melhores paladinos! Os demi-humanos… tinham alguma carta na manga?!

O mensageiro hesitou, então engoliu em seco antes de responder:

— Não foram os demi-humanos…

— O quê?! — Simão deu um passo à frente, seus olhos queimando de incredulidade.

— F-Foi um humano… e uma empregada…

— …O quê?

— Eles estavam na vila Bay. O pelotão foi lá buscar suprimentos, mas o dono daquele lugar se recusou a fornecer. Então, resolveram tomar à força… mas foram exterminados.

O comandante sentiu o sangue sumir de seu rosto.

— Um mestre de aura? Um mestre espadachim?!

O mensageiro engoliu em seco novamente, evitando o olhar do comandante.

— Ele… não tinha mana. Nem aura.

A barraca ficou completamente silenciosa.

Idra Dawn franziu o cenho, sua raiva começando a transparecer.

"Quem ousa atrapalhar meus planos?!"

Seus olhos brilharam em fúria.

"Eu farei pagar por isso!"

Continua...

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Comments

PS Romântico

PS Romântico

Quem será?! kkkk

2025-03-19

1

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