Capítulo 2: O Preço de uma Vida

A vila era pobre, mas o povo ainda carregava sorrisos genuínos no rosto. Crianças corriam descalças pelas ruas de terra, velhos descansavam sob a sombra das árvores, e os trabalhadores trocavam cumprimentos simples, mas sinceros.

Satoru – agora Ananias – caminhava com passos firmes, sentindo os olhares curiosos dos aldeões. Um senhor de cabelos brancos, segurando um saco de grãos, parou ao vê-lo.

— Bom dia, jovem mestre.

Satoru retribuiu com um leve aceno.

— Bom dia, senhor.

Ele seguiu pela rua principal até avistar um edifício de pedra escura com uma placa entalhada: Companhia Raposa da Lua.

Era um dos poucos estabelecimentos comerciais da vila, conhecido por suas negociações duvidosas. Mercadores viajantes vendiam tudo o que pudessem lucrar – de alimentos e tecidos a escravos e informações.

Ao entrar, o cheiro de mofo e bebida barata preencheu suas narinas. O ambiente era apertado e sombrio, com prateleiras abarrotadas de mercadorias e um balcão central onde um homem gordo, de barba desgrenhada, contava moedas.

— O que deseja, jovem lorde? — perguntou o comerciante, sem erguer os olhos.

Satoru não respondeu de imediato. Seus olhos percorreram o ambiente até pararem em uma cela no canto do recinto.

Dentro dela, uma garota de cabelos castanhos desgrenhados e pele pálida estava encolhida contra a parede de madeira. Seu corpo estava coberto de hematomas, e suas roupas esfarrapadas denunciavam a miséria de sua condição.

Mary.

Ela fora vendida para um bordel quando criança, e quando ficou doente, foi descartada como mercadoria defeituosa. Ninguém queria comprá-la. Ela era apenas um fardo à beira da morte.

Seus olhos, antes cheios de vida, agora eram frios e vazios. Seu rosto carregava uma expressão mórbida, como se já tivesse aceitado seu fim.

"Ninguém se importa comigo… Eu só queria que alguém me quisesse por perto…"

Um som de passos interrompeu seus pensamentos.

Uma sombra parou diante da cela.

Mary ergueu os olhos lentamente, esperando encontrar mais um olhar de desprezo.

Mas o que viu foi algo diferente.

Um jovem de cabelos escuros e olhos afiados a encarava com uma expressão neutra.

— Vou querer ela.

Mary piscou, confusa.

"Alguém… me quer?"

Ela engoliu em seco.

"Eu?!"

O comerciante olhou para Satoru e deu um riso curto.

— Tem certeza, jovem lorde? Essa garota já está praticamente morta. Ninguém mais quer esse fardo.

Satoru jogou um pequeno saco de moedas sobre o balcão.

— O preço dela. Agora.

O homem abriu o saco e contou as trinta moedas de prata.

— Hah! Pegue. É sua.

A cela rangeu ao ser destrancada.

Mary não se moveu de imediato. Suas pernas estavam fracas, seus braços magros tremiam. Pela primeira vez em muito tempo, alguém havia dito que a queria.

Satoru deu um passo à frente e estendeu a mão.

— Pode andar?

Mary olhou para a mão estendida. Ela deveria confiar? Deveria aceitar?

Seus olhos frios vacilaram por um instante.

Então, hesitante, ela ergueu sua mão trêmula e segurou a dele.

Satoru a puxou com firmeza, sustentando seu corpo frágil.

— Vamos.

Mary deu seu primeiro passo para fora da cela.

Para um novo destino.

Continua...

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Comments

Maria Santos

Maria Santos

tá.

2025-03-21

0

PS Romântico

PS Romântico

o Pai tá off...

2025-03-18

1

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