Capítulo 17 Extra...

Três horas antes…

Satoru estava sentado atrás de uma mesa de madeira, assinando um documento após o outro. O cansaço estampava seu rosto enquanto analisava os relatórios sobre os suprimentos da vila de Bay.

— Caramba, por que trabalho existe?! — ele resmungou, esticando os braços e se espreguiçando. — Tô trabalhando igual na minha vida passada… mas sem computadores, então tenho que escrever tudo manualmente.

Ele deu uma última olhada nos papéis. Tudo estava de acordo com o plano: suprimentos estocados, arroz armazenado em seu anel dimensional, e a segurança da vila reforçada.

— Agora… hora de cavar um poço. Estamos longe do rio, e aquele poço antigo já não é suficiente.

De repente, um som de trombetas ecoou no ar.

Taretere! Taretere! Taretere!

Satoru estreitou os olhos.

"Então chegaram para pegar suprimentos, hein?"

Ele conhecia muito bem o exército humano. Durante a guerra, tropas passavam por vilas e cidades para se "abastecer", mas isso era apenas uma desculpa para saquear e destruir. Eles nunca se contentavam com pouca coisa. Se alguém resistisse, era morto. Se houvesse mulheres virgens, crianças ou idosos… as atrocidades cometidas eram indescritíveis.

— Mas dessa vez, eles não vão ganhar nada — murmurou, se levantando.

Quando começou a caminhar em direção ao portão principal, Mary surgiu ao seu lado, silenciosa como uma sombra.

— Mestre, sinto que eles não vieram em paz. A sede de sangue deles… é nojenta.

Satoru fez um cafuné na cabeça dela.

— Obrigado, Mary. Eu não tenho mana, então não posso sentir o que você percebe. Mas não sou idiota. Vamos ver o que querem. Se tentarem invadir a vila… você tem permissão para fazer carnificina.

Os olhos de Mary brilharam com um olhar frio e calculista.

"Eu sinto as coisas monstruosas que esses soldados querem fazer com as mulheres dessa vila."

"Mas como o mestre disse… monstros em forma de humanos não merecem piedade."

No Portão Principal

Os soldados do pelotão dois estavam batendo violentamente na porta da vila.

— Abram o portão! — rugiu o capitão. — Sua vila deve ajudar com suprimentos! Se recusarem, serão considerados traidores do Império!

Mas, por dentro, o capitão sorria perversamente.

"Assim que entrarmos, faremos a festa."

Os paladinos atrás dele também trocavam olhares cheios de más intenções.

Mas os guardas da vila não se moveram.

— Não vamos abrir.

— O mestre disse para não deixar ninguém entrar.

O capitão franziu o cenho e rosnou, envolveu sua espada com aura e se preparou para destruir o portão.

Foi quando Satoru apareceu.

— Bom trabalho, pessoal. Nunca abram o portão para desconhecidos.

Subindo na guarita, ele olhou para os soldados lá embaixo com olhos frios e vazios.

— O que querem, seus vermes?

O pelotão ficou furioso.

— Vermes?! — gritou o capitão. — Tá procurando a morte?! Sabe quem somos?!

Satoru sorriu com desprezo.

— Sei muito bem. Vocês são lixos que fazem maldades com inocentes… e ainda se acham os salvadores.

Ele então cruzou os braços e declarou:

— Não vou dar nada para criaturas como vocês.

Os soldados sacaram suas espadas, e o capitão bradou com fúria:

— Traidores que se recusam a ajudar o exército do reino serão executados!

O pelotão avançou, mas antes que pudessem dar um passo sequer, Mary apareceu entre eles como se tivesse apenas caminhado.

SMASH!

Sangue espirrou por todos os lados.

Corpos caíram ao chão sem vida antes mesmo de perceberem o que havia acontecido.

O capitão ficou paralisado, os olhos arregalados em choque.

— O quê?! Como isso é possível?!

Mary apareceu ao seu lado sem fazer barulho, sua voz fria como a morte:

— Quantas vidas vocês destruíram? Acharam mesmo que a morte não chegaria para vocês?

O capitão gritou em desespero e conjurou uma espada de aura brilhante.

— AHHHHHHH!

Ele desferiu um golpe mortal em Mary, o chão rachando com a força do impacto.

Mas ela bloqueou o ataque com apenas um braço.

— I-Isso não é possível…!

Antes que ele pudesse reagir, Mary se moveu. Um único golpe.

A lâmina cortou o ar.

SWOOSH!

O capitão viu o mundo girar de cabeça para baixo. Seu próprio corpo, sem a cabeça, caiu de joelhos. Então, tudo ficou escuro.

Mary não disse nada. Apenas olhou para frente.

Lá, Satoru estava em pé sobre uma pilha de corpos.

Eram paladinos que haviam tentado emboscar a vila, escondidos nas sombras.

Mas agora, todos estavam mortos.

Satoru se levantou lentamente, seu olhar sombrio e carregado de fúria.

— Humanos são piores que demônios…

O campo de batalha estava silencioso. Apenas o cheiro de sangue enchia o ar.

Satoru olhou para o céu, seus olhos vermelhos ardendo de raiva.

— Se o caos é a regra… então eu sou a contra-força.

Ele desceu da pilha de corpos, seu tom de voz carregado de determinação.

— Se para salvar inocentes eu precisar me tornar o vilão…

Ele olhou para o horizonte, sentindo o peso do que estava por vir.

— Então eu serei o vilão que este mundo precisa.

...Satoru caminhava de volta para a Vila de Bay quando seus ouvidos captaram um som peculiar: mordidas, ossos se partindo e o farfalhar de criaturas se movimentando na escuridão. Seu olhar se voltou para a origem do barulho, e ele avistou um grupo de lobos-veados, monstros carniceiros conhecidos por sua natureza covarde quando sozinhos, mas extremamente perigosos quando em bando.

Os corpos dos paladinos estavam espalhados pelo solo, despedaçados, servindo de banquete para as bestas. Mary moveu-se instintivamente para sacar sua espada e eliminá-los, mas Satoru ergueu a mão, sinalizando para que parasse.

— Deixe-os. — Sua voz soou fria e decidida.

Mary hesitou por um momento, mas logo recuou, obedecendo.

Satoru então encarou os monstros com um olhar intenso e ameaçador. Seus olhos brilharam em um tom vermelho profundo, e a aura fria ao seu redor pareceu congelar o próprio ar. Os lobos-veados estremeceram, seus olhos bestiais refletindo um instinto primitivo de medo.

— Comam esses restos podres o quanto quiserem, mas fiquem longe da minha vila. — Sua voz era baixa, mas carregada de uma autoridade inquestionável.

Os monstros, mesmo sendo irracionais, compreenderam a ameaça diante deles. Soltaram pequenos rosnados de submissão e voltaram a devorar os corpos, sem ousar se aproximar de Satoru ou de Bay.

Mary, ao lado dele, observava em silêncio. Seu mestre não possuía mana, nem aura, mas seu poder vinha de algo muito mais profundo e aterrador.

Ao chegar ao portão principal, os guardas estavam de prontidão, atentos a qualquer sinal de perigo. Quando viram Satoru se aproximando, rapidamente se puseram em posição de respeito.

Ele os olhou com um leve sorriso.

— Bom trabalho. Não deixem ninguém entrar sem minha permissão.

Os guardas apenas baixaram as cabeças em reconhecimento, enquanto Satoru seguia para o centro da vila.

A noite caiu completamente, e o impacto da guerra começou a se espalhar por todas as vilas e cidades do território humano. Sem as rotas de suprimentos funcionando normalmente, a fome começou a se instalar.

Porém, a Vila de Bay se mantinha firme.

Sob a luz suave dos postes que Satoru havia instalado, as pessoas estavam reunidas em filas organizadas, aguardando para receber a sopa de frango que o próprio Satoru havia preparado.

Bay tinha aproximadamente três mil habitantes, e apesar das dificuldades impostas pela guerra, ninguém passava fome.

Entre a multidão, um garoto se aproximou, segurando uma vasilha com as mãos pequenas e esperançosas. Ele olhou para Satoru com olhos brilhantes.

— Mestre, o senhor pode colocar um pouco a mais? Minha mãe está grávida…

Satoru olhou para o menino e então para sua mãe, uma mulher magra, mas com um ventre visivelmente grande. Seu olhar se estreitou em análise.

— Trigêmeos… talvez até mais. — Ele pensou.

A mulher, notando sua observação, baixou a cabeça, temendo ter dito algo errado.

— Desculpe, senhor! Meu filho não deveria ter pedido algo assim…

Satoru a encarou com seriedade, mas sua voz foi gentil quando respondeu:

— Está tudo bem. Você está grávida. Não deveria nem estar nesta fila.

Os olhos da mulher se arregalaram.

— Eu… eu não entendi, senhor…?

— Vou colocá-la sob observação de risco.

Ela tremeu, ainda confusa.

— Perdão, senhor… eu fiz algo errado?

— Por que está pedindo desculpas? — Ele cruzou os braços. — Você e seu filho são parte da vila. Eu cuido dos meus. Agora, siga Mary.

A mulher começou a chorar, surpresa pela bondade inesperada.

— Obrigada, senhor… obrigada!

Satoru então ergueu a voz para todos ouvirem:

— Atenção, povo de Bay! A partir de agora, mulheres grávidas e idosos acima dos 60 anos terão prioridade.

A multidão ficou surpresa, mas logo explodiu em alegria. Algumas grávidas e idosos se aproximaram e foram escoltados por Mary até o restaurante de Satoru, onde seriam acomodados.

E assim, naquela noite, nasceu a primeira maternidade e casa de repouso de Bay.

Sentado em uma mesa próxima, Matias bebia sua sopa calmamente. Ele observou a cena com um olhar orgulhoso e comentou:

— Realmente… tenho orgulho de você, meu filho.

Enquanto isso, Bia usando os olhos da alma , brincava com a colher dentro da sopa, pensativa.

— Sua sombra é impossível de prever, Satoru…

A vila jantou tranquilamente e, um por um, os habitantes foram voltando para suas casas.

Mas Satoru ainda tinha trabalho a fazer.

Pegando uma panela cheia de sopa, ele desceu até o calabouço, onde os Demi-humanos capturados estavam mantidos.

Ao entrar, sentiu os olhares ferozes das feras sobre ele.

No entanto, algo havia mudado. Antes, os olhares eram de ódio e resistência, mas agora… havia respeito.

Ele colocou a panela no chão e um guarda trouxe algumas tigelas, deixando-as próximas.

— Aqui está o jantar.

Os Demi-humanos hesitaram. Mesmo famintos, ainda desconfiavam de Satoru.

Porém, o cheiro delicioso da sopa era tentador demais.

A primeira a ceder foi Bela, a capitã de ataque. Seu nariz sensível captou todos os temperos e ingredientes, e sua boca começou a salivar.

Ela pegou uma tigela, provou uma colherada… e seus olhos se arregalaram.

— I-Isso é… muito bom!

Ao verem sua reação, os outros Demi-humanos começaram a pegar suas porções. O calabouço se encheu de sons de colheradas e murmúrios de satisfação.

Satoru sorriu.

— É claro que está bom. Eu já trabalhei em restaurante. O mínimo que um cozinheiro deve saber é como fazer uma sopa de cinco estrelas.

Ele se virou para sair.

— Vou tomar um banho e já volto.

Deixando os Demi-humanos aproveitando a refeição, Satoru seguiu para seus aposentos.

Mas naquela noite… a vila teria visitantes inesperados.

Do alto de um monte próximo, Nana e seu grupo de resgate observavam a Vila de Bay.

— Então… esta é a vila que destruiu o time de batedores? — Nana murmurou, seus olhos brilhando sob a lua.

Seus soldados de elite, todos Demi-humanos, se prepararam para atacar.

— Vamos recuperar nosso povo… e depois, destruiremos essa vila.

Seus olhos de fera brilharam na escuridão antes de desaparecerem em um salto veloz em direção a Bay.

Enquanto isso, Satoru relaxava na banheira, sem abrir os olhos.

Até que, repentinamente, sorriu.

— A lobinha chegou… que fofa.

Mary, ao seu lado, imediatamente ficou alerta.

— Quer que eu os mate, mestre?

Satoru riu, esfregando a espuma nos cabelos dela.

— Não precisa. Eu estava esperando por ela.

Mary apertou os punhos.

— Hmph…

Por dentro, seu ciúme queimava como fogo.

Continua...

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PS Romântico

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lobinha ...

2025-03-20

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