O silêncio do escritório foi quebrado pelo toque do telefone de Loki.
Nik, ainda sentado no sofá, franziu a testa.
Ele nunca viu Loki atender ligações.
Na verdade, nunca pensou nele como alguém que tivesse amigos.
Mas, para sua surpresa, Loki atendeu imediatamente.
— Fala.
Sua voz estava calma, mas com um tom diferente.
Nik observou de longe, tentando entender.
Loki ouviu por um instante e então soltou um riso baixo.
— O garoto da loja de conveniência? Você ainda está obcecado com isso?
Nik piscou, curioso.
Que garoto?
— Você ainda vai acabar comprando toda a dívida dele. — Loki continuou, se jogando na poltrona com um sorriso preguiçoso. — A última vez que vi, ele estava péssimo. Em estado de miséria.
A voz do outro lado riu.
Nik sentiu um arrepio. Quem era essa pessoa?
— O orgulho dele é alto demais. — O homem do outro lado disse, com um tom divertido. — Ofereci uma boa proposta para resolver isso, mas ele não quis.
Loki ergueu as sobrancelhas.
— E qual seria?
A resposta veio com um tom debochado:
— Ele se tornar minha prostituta até pagar cada centavo.
Nik sentiu o estômago revirar.
Mas antes que pudesse processar, Loki riu.
Não um riso forçado.
Não um riso cruel.
Mas um riso de verdade.
— E ele? — Loki perguntou, ainda sorrindo.
— Me deu um tapa na cara e disse que nem morto.
Nik arquejou baixo.
O que… ele estava ouvindo?
Loki suspirou, ainda se divertindo.
— Esse garoto realmente tem sorte que você gosta dele. Se fosse comigo, já teria dobrado esse orgulho.
O homem do outro lado riu de novo.
— Semana que vem eu volto pra casa.
Loki girou o copo de uísque nas mãos.
— E o que vai fazer com ele?
A resposta veio imediata:
— Vou colocar ele para trabalhar na minha casa.
Nik sentiu um arrepio.
Loki sorriu de canto.
— Ótima ideia.
Então, a voz do outro lado mudou um pouco.
— Aliás, vou precisar de um lugar pra ficar quando chegar.
Loki nem hesitou.
— Então venha para cá.
Nik congelou.
Seu peito apertou, uma sensação ruim se espalhando por seu corpo.
Loki ia receber alguém tão doente quanto ele?
Nik não sabia quem era esse homem.
Mas tudo nele soava perigoso.
E agora…
Ele viria para cá.
12 anos atrás…
A rua dentro do condomínio fechado era perfeita.
Casas luxuosas, portões altos, jardins imaculados. Nada parecia fora do lugar.
Mas as aparências… enganavam.
Dentro daquele pequeno universo de riqueza e status, três garotos estavam prestes a se tornar uma lenda.
E foi assim que tudo começou.
Loki tinha 12 anos quando conheceu Kix.
Naquele dia, ele estava encostado no portão da mansão onde morava, chutando pequenas pedras no chão, entediado.
Foi quando um garoto desceu de um carro preto e parou em frente à casa ao lado.
Ele usava um moletom de grife, mas o cabelo estava bagunçado e seus tênis sujos.
Não parecia um garoto rico. Parecia um encrenqueiro.
O garoto notou Loki observando e sorriu.
— O que foi? Nunca viu um novo vizinho antes?
Loki franziu as sobrancelhas.
— Nunca vi um vizinho com essa cara de delinquente.
O garoto riu.
— Que bom. Então vai ser divertido te conhecer.
Foi assim que Loki conheceu Kix.
E foi o começo do caos.
Kix era diferente de qualquer um que Loki já conheceu.
Ele não ligava para regras.
Ele não respeitava ninguém.
E, mais do que tudo… ele adorava destruir coisas.
Dentro de um mês, os dois já tinham se tornado inseparáveis.
Kix ensinou a Loki como pular os muros das casas sem serem vistos.
Loki ensinou a Kix como enganar os adultos sem levantar suspeitas.
Juntos, eles eram uma dupla perigosa.
Mas então…
Eles conheceram alguém pior.
O condomínio era grande. E dentro dele, havia uma casa ainda mais luxuosa que todas as outras.
Ela pertencia a uma das famílias mais ricas da cidade.
E dentro dela… morava um monstro.
Seu nome era Reed.
E se Kix e Loki eram problemáticos…
Reed era algo muito pior.
Kix foi quem os apresentou.
— Ele é diferente de qualquer pessoa que você já conheceu, Loki.
Loki riu.
— Sério? Ele é um riquinho mimado?
Kix sorriu de um jeito estranho.
— Ele não é como a gente.
Loki não entendeu.
Até conhecer Reed.
A primeira vez que Loki viu Reed, ele soube.
Esse garoto era perigoso.
Reed era elegante.
Mesmo sendo um adolescente, ele já exalava poder.
Mas havia algo errado nele.
Seus olhos não tinham emoção.
Seu sorriso nunca parecia verdadeiro.
E sua diversão…
Era quebrar as pessoas.
Reed nunca batia.
Ele nunca levantava a voz.
Mas destruía vidas com palavras.
Ele conseguia fazer alguém se sentir insignificante com um único olhar.
E adorava isso.
— O poder não está na força. — Ele disse a Loki certa vez.
— O poder está em fazer as pessoas te obedecerem sem perceber que estão fazendo isso.
Loki nunca esqueceu essas palavras.
Foi Reed quem os transformou nos três garotos mais temidos do condomínio.
Kix era o caos.
Loki era a estratégia.
E Reed…
Era o verdadeiro diabo.
De volta ao presente…
Loki saiu do devaneio.
O telefone ainda estava em sua mão.
A voz de Kix do outro lado ainda ecoava.
— Então, quando eu chego aí na semana que vem, me diz…
— O que acha de uma reunião dos três reis do caos?
Loki sorriu.
Mas, no fundo, sentiu algo que não sentia há anos.
Desconforto.
Porque ele sabia que Reed viria junto.
E se Reed ainda era o mesmo…
Nik estava em perigo.
O dia da chegada de Kix e Reed foi um evento silencioso, mas brutal.
Nik sentiu o peso no ar antes mesmo dos carros estacionarem na entrada da casa.
Ele não sabia quem estava vindo.
Mas sentia que algo estava prestes a mudar.
Loki não falou muito durante o dia.
Ele parecia diferente.
Tenso, mas tentando fingir que não estava.
E quando a porta da frente finalmente se abriu…
Nik congelou.
Dois homens entraram.
O primeiro era Kix.
Alto, forte, perigoso, mas sorridente.
Seus olhos tinham brilho de diversão, mas algo dizia que ele adorava o caos.
Mas o outro…
O outro era diferente.
Nik sentiu o coração parar por um segundo.
Ele conhecia aquele rosto.
O segundo homem…
Era Reed.
E Reed não era um homem qualquer.
Ele era famoso.
Ele era poderoso.
E, acima de tudo…
Ele era lindo.
Nik não acreditava no que estava vendo.
Reed Winston.
O homem que ele já tinha visto na TV, em entrevistas, em eventos importantes nos Estados Unidos.
O homem que era conhecido por sua inteligência e influência.
O homem que já tinha sido chamado de “herdeiro mais perigoso da América”.
Ele estava ali.
Na casa de Loki.
Na frente de Nik.
E Reed era ainda mais bonito pessoalmente.
Ele era alto, forte, elegante.
Vestia um terno perfeitamente ajustado, os cabelos alinhados, mas com um ar de perigo que tornava tudo nele mais intenso.
Seus olhos eram frios e calculistas, mas também tinham algo cativante.
Algo que fazia as pessoas o quererem perto.
Nik engoliu seco.
Ele nunca pensou que o veria de perto.
Muito menos que o conheceria.
E, definitivamente, nunca imaginou que ficaria encantado.
Mas ali estava ele.
Encantado.
Jantar naquela noite foi estranho.
Loki e Kix riam, conversavam sobre negócios e velhos tempos.
Mas Nik não conseguia prestar atenção em nada.
Porque Reed estava ali.
E Reed notou isso.
Seus olhos passavam de vez em quando por Nik, observando.
Analisando.
E então… ele falou.
— Você me reconhece, não é?
Nik engoliu em seco.
Sua voz quase não saiu.
— Sim.
Reed sorriu.
E aquele sorriso…
Nik sentiu um arrepio.
Ele não sabia se era medo ou fascínio.
Talvez os dois.
Loki imediatamente percebeu.
Seus olhos foram para Nik, depois para Reed.
O ambiente mudou.
Mas Reed não se importava.
Ele segurou sua taça de vinho, bebeu um gole devagar e sorriu mais.
— E o que você acha de mim, Nik?
Nik prendeu a respiração.
Ele sentiu Loki o observando.
Mas não conseguiu mentir.
— Você é incrível.
Os olhos de Reed brilharam com algo perigoso.
— Hm. Eu gosto desse garoto.
Loki não sorriu.
Não disse nada.
Ele apenas observou.
Porque, naquele momento, ele percebeu que algo novo estava acontecendo.
E ele não gostava disso.
O jantar continuou, mas o ambiente estava diferente.
Nik ainda sentia o coração acelerado. Reed estava ali.
O homem que ele admirava há anos.
O homem que ele jamais imaginaria encontrar.
E agora…
Reed estava interessado nele.
Mas não do jeito que Nik imaginava.
Ele não queria ser admirado.
Ele queria jogar.
E Nik era a peça perfeita para testar os limites de Loki.
Reed recostou-se na cadeira, bebendo mais um gole de vinho.
Seus olhos se fixaram em Nik de novo.
— Você sempre foi tão quieto, Nik?
Nik hesitou.
Ele sentia Loki observando.
Mas, antes que pudesse responder, Reed continuou.
— Ou Loki te fez assim?
O silêncio foi pesado.
Kix riu, divertido.
— Eita, Reed… você realmente gosta de brincar com fogo.
Mas Reed não desviou o olhar.
Nik sentiu o peito apertar.
Ele abriu a boca para dizer algo, mas Loki falou primeiro.
— Não vejo por que isso te interessa, Reed.
A voz de Loki era baixa.
Mas carregada de algo perigoso.
Reed sorriu.
Ele segurou o queixo de Nik com uma leveza desconcertante.
O toque era suave, mas Nik sentiu um arrepio subir sua espinha.
Loki imediatamente ficou tenso.
Mas Reed ignorou.
— Porque é divertido. — Reed murmurou, ainda segurando Nik.
O olhar dele deslizou lentamente sobre o rosto de Nik.
— E porque ele é bonito.
Nik sentiu o ar faltar.
Loki se moveu.
Rápido.
Ele agarrou o pulso de Reed e o afastou bruscamente.
— Não toque nele.
Os olhos de Reed brilharam.
Ele ria baixo.
— Oh… agora ficou interessante.
Nik não conseguia se mover.
Havia algo assustador no ar.
Loki estava feroz.
Ele nunca reagiu assim por ninguém.
Mas Reed não parou.
Ele apoiou o queixo na mão, ainda sorrindo.
— Você está com ciúmes, Loki?
O olhar de Loki estava escuro.
— Eu não gosto que toquem no que é meu.
Nik sentiu o estômago afundar.
Ele odiava quando Loki falava assim.
Mas Reed…
Reed adorava.
— Engraçado… — Reed murmurou, olhando para Nik de novo.
— Ele não parece seu.
O silêncio foi insuportável.
Loki soltou um riso curto.
Mas seus olhos estavam em chamas.
— Você sempre foi um merda provocador, Reed.
Reed sorriu mais.
Ele se levantou devagar, passando por trás de Nik.
O toque foi sutil.
Um deslizar leve demais para ser acidental.
Mas Loki viu.
E isso foi o suficiente.
Loki levantou-se da cadeira.
A sala ficou pequena demais para os dois.
Nik sentia a tensão crescendo.
Mas ninguém parava o jogo.
Reed gostava de brincar com monstros.
Mas, dessa vez…
Talvez ele tenha provocado o errado.
A sala estava carregada de tensão.
Nik sentia isso.
O olhar de Loki estava escuro, fervendo de algo que Nik não conseguia identificar direito. Ciúme. Posse. Raiva.
Mas Reed não recuava.
Ele ainda sorria com aquele maldito brilho de provocação nos olhos.
— Você não gosta de dividir, não é, Loki? — Reed murmurou, passando os dedos no próprio copo, como se nada estivesse acontecendo.
Loki cerrou o maxilar.
A veia em seu pescoço pulsava.
Nik sentia que algo ruim estava prestes a acontecer.
Então, Loki agiu.
Ele agarrou Nik pela nuca e o puxou para si.
O ar deixou os pulmões de Nik.
Antes que pudesse reagir, Loki virou sua cabeça de lado e afundou os dentes em sua pele.
A sala parou.
Nik sentiu a dor e o calor da mordida.
Era forte. Dominadora.
Mas, acima de tudo, era um aviso.
Loki o marcou.
Na frente de todos.
Nik arquejou, sentindo o sangue quente escorrer levemente pela pele.
Loki não o soltou imediatamente.
Seus dentes cravados na pele de Nik, como se quisesse deixar claro que ninguém mais poderia tê-lo.
Reed levantou uma sobrancelha.
Kix apenas riu baixo, como se aquilo fosse divertido demais.
Quando Loki finalmente se afastou, ele lambeu o sangue dos próprios lábios, sem tirar os olhos de Reed.
— Você queria testar meus limites?
A voz dele era baixa, mas ameaçadora.
Reed sorriu.
Mas dessa vez…
Era um sorriso diferente.
Um sorriso que dizia "eu ganhei", porque ele conseguiu exatamente o que queria: fazer Loki perder o controle.
Nik respirava pesado.
Seus olhos encontraram os de Reed por um breve segundo.
E então, Reed sussurrou suavemente:
— Bem, isso foi interessante.
Loki grunhiu baixo, ainda fervendo.
Mas então…
Ele sorriu de lado.
Porque ele tinha algo mais para mostrar.
Ele virou-se para um de seus guardas na porta.
— Traga ele.
O guarda assentiu e saiu rapidamente.
Nik ainda tentava recuperar o fôlego, sentindo a pele latejar da mordida, quando a porta se abriu novamente.
E então…
Um garoto entrou.
Ou melhor, foi arrastado para dentro.
Nik não o conhecia.
Mas Reed conhecia.
Os olhos dele brilharam com um novo tipo de interesse.
O garoto estava algemado, desarrumado, a camisa rasgada em um dos ombros.
Mas ainda assim, seus olhos estavam cheios de fogo.
Ele cuspiu no chão, encarando Reed com desprezo absoluto.
— Filho da puta.
Reed sorriu.
— Ah… você ainda tem esse espírito, hm?
Nik sentiu um arrepio.
O que estava acontecendo ali?
Loki cruzou os braços, ainda ardendo de ciúme e raiva.
— Se quer tanto um brinquedo novo, Reed… talvez eu possa ajudá-lo a conseguir.
O sorriso de Reed se alargou.
O garoto tremeu de ódio.
Nik segurou a respiração.
Porque, pela primeira vez, ele percebeu que talvez Reed fosse ainda pior do que Loki.
E agora, havia outra peça no jogo.
E ninguém ali sairia ileso.
CONTINUA.....
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Atualizado até capítulo 20
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