O Dono e a Propriedade

A porta se fechou atrás de Eleanor Laurent.

Nik permaneceu sentado na cama, o olhar vazio fixo nos lençóis manchados de sangue. Ele não conseguia respirar direito.

Por um momento, por um segundo estúpido, ele acreditou que sua mãe faria alguma coisa.

Mas ela não fez.

Ela sorriu para Loki. Fingiu que estava tudo bem. E saiu.

E agora… Nik estava sozinho.

Sozinho com ele.

Loki permaneceu na porta por alguns segundos, analisando Nik.

O silêncio no quarto era pesado, sufocante. Tenso.

Nik sentiu quando Loki começou a se aproximar. Seus passos eram lentos e calculados, como se estivesse escolhendo cada movimento com precisão cirúrgica.

Quando Nik finalmente ergueu os olhos, Loki já estava diante dele.

E então ele riu.

Baixo. Frio.

— Ela nunca vai te salvar, príncipe.

Nik engoliu em seco, mas não desviou o olhar.

Loki puxou uma cadeira e sentou-se diante de Nik, as pernas afastadas, os cotovelos apoiados nos joelhos.

— Ela viu você destruído. — A voz dele era baixa, hipnótica, carregada de algo sombrio e satisfeito. — E não fez nada.

Nik cerrou os punhos, o corpo inteiro tremendo de ódio.

Loki sorriu de canto.

— Isso significa que agora você é só meu.

O coração de Nik disparou.

Loki passou a mão pelo cabelo dele com um toque quase carinhoso, mas Nik sabia que aquilo era apenas uma ilusão.

— Sabe o que isso significa? — Loki sussurrou.

Nik não respondeu.

— Significa que eu posso fazer o que eu quiser com você.

O pânico começou a subir pelo corpo de Nik como fogo.

Ele tentou se afastar, mas Loki segurou seu pulso com força.

— Você me desafiou. Tentou fugir. Tentou ser esperto. — O aperto no pulso de Nik ficou mais forte. — E agora, eu vou te ensinar sua posição de novo.

Nik abriu a boca para dizer algo, mas Loki já estava em cima dele.

O impacto foi brutal.

Nik caiu de costas na cama, o peso de Loki esmagando seu corpo.

— Me solta, seu doente! — Nik tentou empurrá-lo, mas Loki segurou seus pulsos acima da cabeça.

Seus olhos estavam escuros. Possessivos. Descontrolados.

— Você me enlouquece, Nik. — Loki murmurou, o rosto perigosamente próximo.

O corpo de Nik entrou em modo de pânico absoluto.

Isso não estava acontecendo. Isso não estava acontecendo.

Ele se debateu, tentou chutar, tentou fazer qualquer coisa, mas Loki era mais forte.

— Eu avisei que haveriam consequências. — A voz dele estava rouca. Baixa. Um aviso de algo pior.

Nik sabia que, dessa vez, não havia escapatória.

E então…

Loki tirou a cueca de Nik.

— sabe o que eu vou fazer agora? Vou lhe comer, faz tempo que não coloco meu pau em você.

Loki levou as pernas de Nik e colocou a cabeça…

— Nossa você tá apertado.

Loki riu…

— não tem problema, assim fica mais interessante. É só força um pouquinho que entra.

Então Loki começou colocar. E Nik se contorcia na cama tentando não sentir aquela dor, mas era impossível pois Loki está lhe segurando na cintura.

Loki então colocou e alguma coisa escorreu em seu pau ele olhos.

— você está sagrado. Eu deveria ter te afrouxado antes. Mas agora já foi.

A luz fraca da manhã invadia o quarto, mas não trazia conforto algum.

Nik acordou imóvel, sentindo o peso da última noite em cada parte do seu corpo. A dor era constante, queimando sua pele como brasas vivas. O lençol estava amassado e ainda tinha vestígios do que havia acontecido.

Ele não queria abrir os olhos.

Porque abrir os olhos significava enfrentar a realidade.

O cheiro de Loki ainda estava impregnado no travesseiro, o ar do quarto ainda denso com a presença dele, mesmo que não estivesse ali no momento. Mas Nik sabia que ele voltaria.

Ele sempre voltava.

E dessa vez, ele tinha outros planos.

A porta se abriu com um rangido suave.

Nik não se mexeu, mas sentiu.

Loki entrou no quarto com passos calmos e controlados.

— Acorde, príncipe.

A voz dele era baixa, cortante.

Nik permaneceu em silêncio.

Mas Loki não gostava de silêncio.

Em um movimento rápido, ele puxou os lençóis, arrancando qualquer proteção que Nik ainda tinha.

— Levante-se. — A voz era uma ordem.

Nik abriu os olhos lentamente, seu olhar vazio.

Loki sorriu.

— Isso.

Ele se sentou na beira da cama, os olhos deslizando pelo corpo de Nik, observando cada marca que ele mesmo havia deixado.

— Você precisa se arrumar.

Nik piscou devagar, sentindo a cabeça latejar.

— Pra quê?

Loki inclinou a cabeça, como se a pergunta fosse absurda.

— Temos um evento esta noite. Uma festa para empresários. Um grande evento social.

Nik sentiu um aperto no peito.

A ideia de estar rodeado por pessoas, de ter que fingir que não estava completamente destruído, de ter que agir como se não fosse propriedade de um monstro…

— Eu não vou.

Foi a primeira coisa que conseguiu dizer.

Loki sorriu.

E então, segurou o queixo de Nik com força, obrigando-o a olhá-lo nos olhos.

— Você não tem escolha.

Nik cerrou os dentes, mas não disse nada.

Porque sabia que não adiantava lutar.

O salão era imenso.

Lustres de cristal pendiam do teto, as paredes eram forradas de espelhos dourados, e uma orquestra tocava uma melodia sofisticada no fundo.

A elite estava reunida ali — homens de negócios, socialites, políticos e magnatas da tecnologia.

E, no meio de tudo isso, estava Nik.

Usando um terno de grife perfeitamente ajustado, sua aparência estava impecável. Mas ele se sentia invisível.

Desde o momento em que chegaram, Loki o ignorou completamente.

Ele o segurou pelo pulso ao entrar no evento, como se estivesse guiando um animal obediente, mas, assim que passaram pela porta, o soltou.

Nik ficou sozinho.

No meio de centenas de pessoas, mas completamente isolado.

Loki circulava entre os empresários, conversando, rindo, trocando contatos, cumprimentando gente poderosa. Parecia um príncipe em seu próprio reino.

E Nik?

Era um fantasma.

Ele não conhecia ninguém ali. Não havia ninguém para quem pudesse correr, ninguém que olhasse para ele e visse algo além de um figurante sem importância.

As conversas ao redor eram um borrão de palavras vazias. Ele sentia o cheiro de champanhe misturado ao perfume caro das mulheres que deslizavam pelo salão.

E então, o pânico começou a subir.

Seus dedos começaram a tremer. Sua respiração ficou curta.

Ele precisava sair dali.

Nik se moveu pelo salão, procurando uma saída.

Mas, ao chegar próximo à varanda, uma mão segurou seu pulso.

Ele congelou.

Loki estava ali. E sorria.

— Aonde pensa que vai, príncipe?

Nik tentou puxar a mão, mas Loki apertou mais forte.

— Se eu te trouxe, é para ficar.

Os olhos de Loki eram gelados, perigosos.

— Agora seja um bom marido e me espere aqui.

E então, ele o soltou.

E voltou para o meio da festa. Sem olhar para trás.

Nik sentiu a garganta fechar.

Ele não existia para essas pessoas.

Ele era só um acessório.

E então… pela primeira vez em muito tempo…

Ele sentiu vontade de gritar.

Nik se sentia sufocado.

A festa ao redor continuava, grandiosa e luxuosa, cheia de risadas falsas, taças de champanhe tilintando e sorrisos ensaiados. Mas ele não conseguia respirar.

Cada segundo ali parecia um castigo.

Cada olhar que recebia parecia ver através dele, como se ele fosse apenas uma peça esquecida em um tabuleiro de jogo.

E Loki?

Loki se misturava perfeitamente.

Cercado de empresários, apertando mãos, rindo no momento certo, dominando cada conversa. Ele era o centro do universo daquela sala.

Nik odiava isso.

Odiava ele.

Mas… não conseguia desviar os olhos.

Ele o seguiu com o olhar, observando-o caminhar pelo salão, interagir com pessoas importantes. E então…

Ele o viu sair discretamente.

Nik sentiu um frio na espinha.

Sem pensar, foi atrás.

Os corredores eram largos e luxuosos, com paredes douradas e portas de madeira maciça que levavam a salas privadas e quartos reservados para os convidados mais importantes.

Nik caminhava devagar, os pés quase não fazendo barulho no tapete luxuoso.

E então…

Ouviu um som abafado.

Uma risada feminina.

O farfalhar de tecidos.

Ele prendeu a respiração.

O coração acelerou.

Seus passos o levaram até uma porta semiaberta. E ele viu.

Loki.

De pé no meio do quarto, beijando uma mulher.

As mãos dele estavam em sua cintura, puxando-a para mais perto. Seus corpos estavam colados.

Nik sentiu um nó no estômago.

Era um soco. Uma facada.

Seu peito se apertou, o ar ficou pesado, e seus olhos arderam de um jeito que ele não compreendia.

Por que… doía?

Por que aquilo… o destruía tanto?

Ele queria desviar o olhar. Mas não conseguia.

Loki abriu os olhos no meio do beijo.

E viu Nik.

Seus lábios ainda estavam pressionados contra os da mulher, mas seus olhos estavam fixos em Nik.

Observando.

Analisando.

Nik sentiu as pernas tremerem.

Loki terminou o beijo lentamente, sem desviar o olhar de Nik.

Depois, afastou a mulher com um toque leve.

— Dê-me um momento, querida. — Ele murmurou suavemente.

A mulher sorriu, ajeitando o vestido enquanto saía pela porta lateral.

Agora… só restavam Loki e Nik no quarto.

Nik sentia o coração martelar contra as costelas.

Ele precisava sair dali.

Ele precisava fugir.

Mas antes que pudesse dar um passo para trás, Loki falou.

— Fique.

A voz dele era baixa, perigosa.

Nik cerrou os punhos.

— Vai se foder. — Sua voz saiu trêmula.

Loki sorriu.

Um sorriso preguiçoso, provocador.

Ele se encostou na mesa atrás de si, cruzando os braços.

— Você parece abalado, príncipe.

Nik sentiu os olhos arderem, mas se recusou a piscar.

Ele não daria esse prazer a Loki.

Não mostraria o que realmente sentia.

— Por que eu ficaria? — Sua voz estava baixa. Fria.

Loki arqueou a sobrancelha.

— Boa pergunta.

Ele pegou um copo de uísque que estava sobre a mesa e tomou um gole.

Observando Nik.

Lendo Nik.

E então… ele apontou para uma poltrona no canto do quarto.

— Sente-se.

Nik sentiu os dedos tremerem.

Não.

Ele não ia obedecer. Não dessa vez.

Loki bebeu mais um gole e girou o copo em mãos.

— Se você sair desse quarto agora, eu juro… — Ele pausou, deixando o silêncio fazer o trabalho. — Que a noite vai se tornar um inferno para você.

Nik engoliu em seco.

O ar no quarto estava carregado.

Loki girou o copo em mãos novamente, esperando.

O jogo estava lançado.

Nik tinha duas opções.

Sair e pagar o preço.

Ou ficar… e se afundar ainda mais.

Ele odiava Loki.

Mas odiava mais o que sentia agora.

Lentamente, ele se moveu até a poltrona.

E sentou-se.

Loki sorriu.

O silêncio no quarto era sufocante.

Nik estava sentado na poltrona, as mãos cerradas sobre os joelhos, os olhos ardendo de uma forma que ele não conseguia controlar.

Loki o observava.

Sempre observando.

O copo de uísque girava lentamente entre seus dedos, a expressão relaxada, mas os olhos frios e analíticos.

Ele sabia.

Ele sempre soube.

E era exatamente isso que o fazia ganhar o jogo todas as vezes.

Mas, dessa vez…

Não.

Não dessa vez.

Nik sentiu algo explodir dentro de si.

Ele não aguentava mais.

— Eu gosto de você, porra! — As palavras saíram antes que ele pudesse contê-las.

Loki parou.

O copo parou de girar.

Seu corpo ficou rígido por um milésimo de segundo antes de ele sorrir.

— O que foi isso, príncipe?

Nik respirava rápido, o peito subindo e descendo.

Seus olhos ardiam de raiva e confusão.

De dor.

De ódio.

Mas, acima de tudo, de algo que ele se recusava a aceitar.

— Eu gosto de você, mas eu odeio o que você faz comigo. — Sua voz falhou no final da frase.

Loki levantou uma sobrancelha.

— Ah… então agora estamos sendo honestos?

Nik se levantou de um pulo.

— Você quer honestidade, Loki?! Então toma!

Ele tremia.

O corpo inteiro tremia.

Mas ele não podia mais segurar.

— Eu odeio a maneira como você me trata. Odeio como você me machuca e age como se nada tivesse acontecido. Odeio como você me destrói e depois me faz sentir que sou o errado por odiar isso!

Loki apenas observava.

Mas havia algo diferente nos olhos dele agora.

Nik deu um passo à frente, as mãos tremendo.

— Odeio como você controla tudo. Como você sempre me encontra. Como você sempre me puxa de volta!

Ele riu, quebrado.

— Mas a pior parte… — Nik cerrou os olhos por um segundo antes de encarar Loki de novo.

— A pior parte, Loki, é que eu gosto de você.

Loki não se moveu.

Por um instante, ele parecia congelado.

Nik riu, mas não havia felicidade no som.

— Eu gosto de você e isso me destrói. Porque eu sei que você nunca vai mudar. Eu sei que você sempre vai ser assim. Eu sei que você nunca vai me amar de um jeito que não envolva me quebrar em pedaços.

Seu peito subia e descia rápido, como se o ar não estivesse entrando direito.

Loki continuava imóvel.

Apenas o encarando.

E então…

Ele se levantou.

Calmamente.

Se aproximou.

Cada passo ecoava no quarto silencioso.

Nik sentiu o coração disparar.

Mas não recuou.

Loki parou tão perto que Nik sentiu o calor do corpo dele.

O olhar escuro e predador cravado no seu.

— Diga de novo.

A voz era baixa.

Perigosa.

Nik engoliu seco.

— Eu gosto de você.

Loki sorriu de lado.

— E?

Nik sentiu o peito apertar.

Seus olhos brilharam com lágrimas que ele se recusava a derramar.

— Mas eu odeio você.

Loki passou a língua pelos próprios lábios.

Ele ergueu uma das mãos e segurou o rosto de Nik com um toque quase carinhoso.

Mas Nik sabia.

Nada em Loki era carinhoso.

— Você é um problema, príncipe.

Nik não piscou.

— E você é um monstro.

Loki sorriu.

Um sorriso diferente.

Quase… satisfeito.

E então, ele o beijou.

Dessa vez, não foi brutal.

Não foi um castigo.

Não foi uma imposição de poder.

Foi… estranho.

Foi… perigoso.

E Nik não soube o que fazer.

Porque, no fundo, ele já estava condenado.

CONTINUA.....

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!