Os dias dentro daquela casa escura se arrastavam como uma tortura silenciosa.
Nik não falava mais.
Não xingava.
Não resistia.
Ele apenas existia, deitado naquela cama, os olhos fixos em algum ponto invisível do teto.
Loki observava aquilo com uma mistura de irritação e confusão.
Ele já bateu. Já gritou. Já humilhou. Já fez Nik passar fome e frio.
Mas agora, Nik não reagia.
Não respondia.
E isso deixava Loki desnorteado.
Naquela manhã, Loki entrou no quarto segurando uma bandeja. Havia um prato com um pão, um pedaço de carne e uma caneca com água.
— Levanta e come. — Disse seco, colocando a bandeja no chão.
Nik nem virou o rosto.
Loki cerrou os punhos.
— Eu disse pra comer.
Nada.
Loki chutou a parede, fazendo o barulho ecoar pelo quarto.
Nik nem piscou.
— Porra, Nik! — Loki gritou, se aproximando da cama. — Você vai ficar se fingindo de morto até quando? Vai me ignorar assim?
Ele agarrou Nik pela camisa e o puxou, levantando seu corpo frágil da cama.
— Fala alguma coisa! Qualquer coisa! Me xinga! Diz que me odeia!
O corpo de Nik tombou como se não tivesse mais força.
Loki o soltou, irritado, e ele caiu de volta no colchão sem emitir som algum.
— Você vai morrer se não comer ou beber! — Loki apontou para a bandeja. — Eu não vou deixar você morrer desse jeito!
Mas Nik não se mexeu.
O peito de Loki subia e descia, a raiva lutando contra a frustração.
— O que tá acontecendo com você?
Ele não sabia o que era aquilo.
Ele entendia raiva. Entendia medo. Entendia dor.
Mas aquele olhar vazio, aquela apatia esmagadora, era algo que Loki não sabia como lidar.
Ele saiu do quarto, batendo a porta com força.
Mas, do outro lado da porta, ele ficou parado.
O punho apertado contra a madeira.
Ele nunca quis matar Nik tão fácil.
Ele queria o jogo. A luta.
Mas Nik já tinha desistido.
E Loki não sabia o que fazer com isso.
Nik, deitado na cama, ouviu os passos de Loki se afastando.
Uma lágrima silenciosa escorreu por seu rosto.
Mas ele não emitiu som algum.
Porque, dentro dele, já não restava nada.
Loki caminhava pela rua deserta, as mãos no bolso da jaqueta, a mente inquieta. Desde que Nik entrou naquele estado de apatia, algo dentro de Loki o incomodava.
Não era apenas frustração por perder o jogo — era algo mais profundo. Algo que ele não sabia nomear.
A ideia surgiu do nada.
E se ele ligasse para o pai de Nik?
Só para ver a reação.
Só para ter certeza de que Nik era mesmo tão descartável quanto parecia acreditar.
Loki parou diante de um velho orelhão enferrujado no fim da rua. Tirou do bolso um pedaço de papel onde havia anotado o número — o mesmo número que ele achou no celular destruído de Nik, antes de esmagá-lo contra a parede.
Digitou lentamente.
O telefone chamou uma, duas, três vezes.
Até que uma voz fria atendeu.
— Alô?
Loki sorriu de canto, aquela sensação de poder voltando por um breve momento.
— Seu filho tá comigo. Nik Laurent. — Sua voz saiu seca, sem rodeios. — E eu vou matar ele.
Houve uma pausa. Nenhuma respiração acelerada do outro lado. Nenhuma demonstração de choque ou desespero.
A resposta veio gelada, sem emoção.
— Isso não me importa.
Loki franziu o cenho.
— Você não ouviu direito? Eu disse que vou matar seu filho.
O homem suspirou, como se estivesse sendo incomodado por uma ligação de telemarketing.
— Eu já disse. Não me importa. Eu não quero um filho viado. Se quiser matar, mate. Está me fazendo um favor.
Loki ficou mudo por alguns segundos.
Não era a resposta que ele esperava.
Mesmo ele, com toda sua crueldade e desprezo pelo garoto, sentiu o impacto daquelas palavras.
— Tsc… Que merda de pai você é. — murmurou, sem conseguir conter.
— Eu sou um homem prático. — respondeu Victor Laurent. — E meu filho é uma decepção que eu já apaguei da minha vida há muito tempo.
E, sem mais uma palavra, o pai de Nik desligou.
Loki ficou parado, o telefone ainda pressionado contra seu ouvido.
O bip constante do outro lado parecia ecoar dentro da sua cabeça.
Ele guardou o telefone de volta no gancho, os ombros rígidos, o maxilar travado.
Mesmo sendo o monstro que era…
Aquilo mexeu com ele.
Porque, no fundo, Loki sabia que o garoto de olhos mortos e corpo machucado que estava em sua cama…
Estava sozinho no mundo.
Completamente sozinho.
Loki entrou na pequena loja de conveniência no meio da madrugada, as luzes fluorescentes brancas iluminando seu rosto cansado e manchado de raiva contida. Ele passou direto pelas prateleiras de doces e bebidas, caminhando sem muita pressa até a seção de ferramentas.
Pegou uma nova faca de caça — maior e mais afiada do que a que tinha em casa — e alguns rolos de fita adesiva grossa. Se Nik voltasse a resistir, estaria preparado.
Mas, quando virou o corredor em direção ao caixa, seus olhos foram atraídos por algo inesperado.
Um lanche embalado em plástico transparente.
Era um sanduíche simples, com pão macio, queijo derretido e uma fina camada de presunto. Mas não era isso que chamou sua atenção.
Era exatamente o mesmo lanche que Nik havia postado em uma foto antiga no Instagram, a única rede social que Loki teve paciência de fuçar antes de destruir o celular do garoto.
Na legenda, Nik tinha escrito:
"Meu favorito desde criança."
Loki ficou parado ali, encarando a prateleira como se ela estivesse zombando dele.
Ele tentou ignorar, tentou seguir direto para o caixa, mas… suas mãos se moveram sozinhas.
Pegou um. Depois outro. E mais outro.
Quando percebeu, estava segurando seis.
Ele caminhou até o balcão e jogou os lanches e as ferramentas sobre o balcão. O atendente, um rapaz magro com olheiras profundas, ergueu as sobrancelhas.
— Noite da fome, hein? — o funcionário brincou, olhando a pilha de lanches idênticos.
Loki não respondeu. Apenas encarou o garoto com o olhar frio de sempre, o tipo de olhar que fazia qualquer um se calar.
O atendente engoliu seco e começou a registrar as compras, evitando contato visual.
Loki pagou em dinheiro, pegou as sacolas e saiu da loja sem dizer uma palavra.
Mas, enquanto caminhava de volta para casa, as sacolas balançando em sua mão, a confusão em sua mente só aumentava.
Por que diabos ele tinha comprado tanta comida para um garoto quebrado que ele mesmo queria destruir?
Ele não tinha a resposta.
Mas o nó em seu peito apertava um pouco mais a cada passo que ele dava em direção àquela casa e ao garoto vazio que o esperava lá dentro.
Loki entrou em casa, as sacolas pesando em suas mãos. O ar dentro da casa parecia mais pesado do que o normal, como se houvesse algo no ambiente que ele não conseguia identificar de imediato.
O silêncio era estranho.
Nik sempre estava ali, deitado como uma casca vazia, respirando quase sem fazer som, mas hoje…
Hoje tinha algo errado.
Loki subiu as escadas devagar, seu olhar atento a cada detalhe. Quando chegou na porta do quarto, parou por um momento, apertando a maçaneta com força.
Ele sentia.
Tinha algo esperando atrás da porta.
Ele abriu de uma vez só — e, no mesmo instante, um golpe fraco e desajeitado veio em sua direção.
Nik, com o rosto pálido, os lábios secos e o corpo tremendo de dor, estava atrás da porta segurando um pedaço de madeira quebrado de uma cadeira.
Ele não tinha força nenhuma.
O golpe acertou de leve o ombro de Loki e caiu no chão antes mesmo de causar qualquer dano.
Mas foi a cena em si que fez Loki rir.
Um riso alto, debochado e cheio de desprezo.
— Eu aqui, preocupado que você fosse morrer de fome feito um boneco quebrado… — Ele chutou o pedaço de madeira para o lado. — E você me recebe assim?
Ele agarrou Nik pela camisa, puxando-o com facilidade e jogando-o no chão sem nenhuma gentileza. O corpo fraco bateu contra o piso com um baque seco. Nik soltou um gemido rouco, mas não tentou reagir.
— Você é patético. — Loki cuspiu as palavras, jogando as sacolas com força no chão ao lado dele. — Eu devia ter deixado você apodrecer naquela cama, como o lixo que você é.
Ele se virou de costas, saindo do quarto com passos pesados.
E a cada passo, chutava ou batia em alguma coisa.
A parede. Uma mesa. A porta.
— Idiota. — murmurou entre dentes. — Maldito moleque ingrato.
Ele desceu as escadas, ainda batendo nas paredes conforme ia, tentando descarregar a raiva crescente que queimava seu peito.
Mas, lá no fundo, ele sabia.
O que o deixava tão furioso não era o golpe ridículo de Nik.
Era o fato de que, mesmo quebrado e morrendo por dentro, Nik ainda tinha tentado lutar.
E isso fazia Loki sentir…
Loki abriu a porta do quarto de Nik com força, o rangido ecoando pelo corredor. Nik estava deitado, os olhos fixos no teto, a mesma expressão vazia que vinha usando nos últimos dias.
Mas Loki já estava cansado daquela apatia.
Ele entrou com uma sacola plástica nas mãos e jogou no colo de Nik.
— Levanta. Agora.
Nik não reagiu.
Loki se aproximou, segurou o tornozelo preso pela corrente e puxou com força, arrastando Nik pela cama até ele cair no chão.
O impacto foi seco, e mesmo com a dor na perna machucada, Nik não emitiu som. Apenas ficou ali, jogado no chão como uma marionete sem cordas.
Loki revirou os olhos.
— Se você vai viver aqui, vai ter que ser útil pra alguma coisa. Não vou sustentar um parasita sem retorno.
Ele arrancou a sacola das mãos de Nik e tirou a roupa de dentro.
Era um vestido curto e simples de faxineira, completo com um avental branco e uma tiarinha preta.
Loki riu.
— Essa deve servir.
Ele puxou Nik para sentá-lo no colchão e forçou a roupa nele, movendo o corpo flácido de Nik como se ele fosse uma boneca de pano.
Nik não resistiu.
— Você fica bonitinho assim. — Loki zombou, dando um tapa leve na bochecha dele. — Agora vamos, hora de trabalhar.
Loki pegou uma cadeira alta da cozinha, arrastou-a até a pia e colocou Nik sentado nela, deixando-o de frente para a montanha de pratos sujos acumulados.
— Você agora é a empregadinha da casa. Vai lavar cada prato, cada colher, cada copo. Entendeu?
Nik ficou em silêncio.
Seu olhar perdido fixo em algum ponto além da pia.
Loki se inclinou, seus dedos cravando no queixo de Nik, forçando-o a olhar para ele.
— Eu disse, entendeu?
Nenhuma resposta.
O silêncio de Nik parecia ecoar ainda mais alto do que qualquer grito.
Loki soltou o queixo dele, irritado, mas ao mesmo tempo… havia uma sensação estranha crescendo dentro dele.
Por que isso me incomoda tanto?
Loki deu um passo para trás, cruzando os braços e observando Nik.
O garoto vestido de faxineira, sentado naquela cadeira alta, sem vida nos olhos, sem uma única reação.
Ele parecia menos uma pessoa e mais uma casca abandonada.
Mas, mesmo assim, Loki não o matou.
Porque algo em Nik…
Ainda o prendia.
Então seu pau cresceu imediatamente na calça.
—Droga, eu tô sentindo tesão com você com essa roupa garotinho.
Nik então deixa os corpos cair na piá.
— você não sabe lavar prato?. Sério isso?.
Nik apenas tentava lavar os pratos, então a mão de Loki se aproximou sobre a sua.
— Eu vou te ensinar, mas com uma troca justa. Enquanto eu lhe ensino você deve sentar no meu pau estou com muito tesão você com essa roupa.
Nik não respondeu.
— vou aceitar seu silêncio como um sim.
Loki pegou Nik pelo colo tirou a cueca dele, levantou o vestido. E colocou seu pau nele.
Ele se sentou na cadeira e puchava a cintura do garoto para que ele enviasse tudo.
CONTINUA...
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Atualizado até capítulo 20
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