SÍNDROME DE ESTOCOLMO

SÍNDROME DE ESTOCOLMO

jogo começa assim

Loki caminhava pelas ruas iluminadas da cidade, suas mãos enterradas nos bolsos do casaco enquanto seus olhos escaneavam o ambiente à procura de sua próxima presa. Com 1,89m de altura e pesando 90kg, sua presença era intimidadora. Os ombros largos e a postura confiante faziam com que as pessoas desviassem o olhar ao cruzarem seu caminho. Mas ele não se importava. Estava ali para caçar.

O jogo era sempre o mesmo: encontrar alguém vulnerável, alguém fácil de dobrar, manipular, destruir. Até agora, ele sempre escolhera mulheres—presas delicadas, facilmente enredadas em sua teia. Mas naquela noite, algo diferente capturou sua atenção.

Ele parou diante de uma cafeteria luxuosa, daquelas que apenas milionários e socialites frequentavam. O aroma de café gourmet misturado ao murmúrio das conversas refinadas era quase enjoativo para ele. Mas o que realmente prendeu seu olhar foi o jovem sentado em uma das cadeiras do lado de dentro.

Nik Laurent.

O nome lhe veio à mente antes mesmo de precisar buscá-lo. Ele já ouvira falar dele antes, herdeiro de uma das maiores fortunas do mundo. Um garoto problemático, sempre envolvido em escândalos ou desaparecendo por longos períodos antes de ressurgir com uma expressão cada vez mais distante.

Naquela noite, Nik vestia um macacão rosa—algo ridiculamente chamativo para alguém de sua posição. Ele era pequeno, quase frágil, com seus 1,71m de altura e pesando apenas 50kg. Os cabelos negros estavam levemente bagunçados, e seu olhar parecia perdido na tela do celular, que era decorado com inúmeros detalhes brilhantes e pequenos acessórios pendurados. Apesar do ambiente requintado ao seu redor, ele parecia completamente alheio ao luxo.

Loki riu baixo, um sorriso enviesado se formando em seus lábios.

— Bom... vamos tentar com um homem dessa vez. Já estou cansado de mulheres.

Ele empurrou a porta da cafeteria e entrou, sentindo o calor do ambiente contrastar com o frio lá fora. Seus passos foram lentos, controlados, enquanto se aproximava da mesa de Nik. A excitação familiar de um novo jogo começava a correr por suas veias.

Ele não sabia ainda que, dessa vez, o caçador estava prestes a se tornar presa.

Mas isso só tornava tudo mais interessante.

Loki deslizou pela cafeteria com a confiança de quem sabe exatamente o que está fazendo. Ele não pediu permissão, não hesitou—simplesmente puxou a cadeira à frente de Nik e se sentou, apoiando um dos braços na mesa de mármore polido enquanto observava o jovem à sua frente com um sorriso divertido.

Nik sequer levantou os olhos do celular. Continuou jogando, os dedos longos e delicados deslizando pela tela como se Loki não existisse.

— Um café tão sofisticado para alguém que parece entediado — Loki quebrou o silêncio, sua voz grave e macia como veludo. — Será que nada te diverte, príncipe?

Nik finalmente ergueu os olhos, e Loki foi atingido pela intensidade do olhar vazio e desinteressado do menor. Não era medo, não era curiosidade. Era como se Nik estivesse olhando para algo descartável.

— Quem diabos te deu permissão pra sentar aqui? — A voz de Nik era fria, carregada de arrogância. Ele cruzou os braços, o celular pousado sobre a mesa. — Você acha que porque tem um rosto bonito pode simplesmente invadir meu espaço?

Loki riu, jogando a cabeça um pouco para trás antes de apoiar o queixo na mão.

— Eu não diria “invadir”, mas sim… aceitar o convite silencioso.

— Convite? — Nik arqueou uma sobrancelha, o desprezo evidente em cada linha do seu rosto delicado. — Ah, entendi. Você achou que eu estava aqui esperando por algum cafajeste aleatório chegar e despejar cantadas baratas? Você deve ser um daqueles caras que acham que só porque são grandes e têm uma voz bonita, podem conquistar qualquer um.

Loki sorriu, apreciando o desafio. Ele esperava resistência, mas não aquela petulância arrogante. A maioria das pessoas recuava sob seu olhar, mas Nik parecia apenas se divertir com a situação.

— Eu diria que ser grande e ter uma voz bonita ajuda — Loki brincou, inclinando-se levemente sobre a mesa. — Mas a verdade é que estou interessado. Você é diferente, Nik.

O menor bufou, revirando os olhos.

— Oh, que original. “Você é diferente.” Qual será a próxima? “Nunca conheci alguém como você”? Se for pra usar frases prontas, pelo menos tente algo que eu nunca ouvi antes.

Loki mordeu o lábio, contendo a risada. Ele adorava aquilo.

— Certo. Que tal essa? — Ele se inclinou ainda mais, sua voz baixa e hipnotizante. — Desde que entrei aqui, fiquei completamente preso à sua presença. Seu olhar parece esconder segredos que eu daria tudo para desvendar. E quando você fala, sua arrogância me desafia de um jeito que me faz querer conhecê-lo mais.

Nik o analisou por um momento, seus olhos escuros brilhando com algo entre o desprezo e a diversão.

— Nossa. Isso foi tão cafona que quase me deu calafrios — ele riu, pegando o celular novamente. — Mas parabéns pelo esforço. Agora, saia da minha mesa antes que eu mande alguém te tirar daqui.

Loki não se moveu. Pelo contrário, sua expressão tornou-se ainda mais interessada.

— Se você quisesse realmente que eu fosse embora, já teria feito isso.

Nik parou por um momento, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios antes que ele voltasse a olhar para a tela do celular.

— Talvez eu só goste de humilhar gente metida a galanteador.

Loki sorriu de volta.

— Ótimo. Porque eu adoro um desafio.

Nik continuou mexendo no celular por mais alguns segundos antes de finalmente desviar o olhar para Loki, como se decidisse que valia a pena dedicar um pouco mais de atenção ao homem sentado à sua frente.

— Então… você é gay? — A pergunta veio de forma casual, mas seu olhar era calculista, como se analisasse cada movimento de Loki.

Loki sorriu, inclinado na cadeira como se estivesse completamente confortável com a conversa.

— Sim, gosto de homens. Já fiquei com vários. Você parece surpreso.

Nik deu de ombros.

— Não exatamente. Mas você tem aquela vibe de cafajeste que pode ir para qualquer lado, dependendo da situação.

— E você? — Loki retrucou, seus olhos fixos em Nik. — Qual é a sua história?

Nik sorriu, mas dessa vez havia algo mais sombrio por trás do gesto.

— Minha história? Eu gosto do que me diverte. Pessoas são passageiras. Sexo é só um passatempo.

Loki arqueou uma sobrancelha, curioso.

— E homens?

Nik brincou com uma das alças do macacão rosa antes de responder.

— Já tive minhas experiências. Mas prefiro que as pessoas me impressionem antes de eu decidir o que quero delas.

Loki percebeu que, pela primeira vez desde que se sentara ali, Nik parecia realmente interessado na conversa. O brilho divertido em seus olhos, o jeito que ele relaxou a postura... Ele estava engajado, e isso só atiçava ainda mais a curiosidade de Loki.

Mas havia algo mais. Algo que Loki percebeu além da arrogância e do desdém ensaiado.

— Você estava internado, não estava? — Loki soltou a pergunta sem rodeios, observando atentamente a reação de Nik.

O menor paralisou por um segundo, e seu sorriso se apagou ligeiramente. Mas ao invés de negar, ele soltou uma risada curta.

— Interessante. Como chegou a essa conclusão?

Loki sorriu de lado.

— Você não sabe esconder. Seu olhar, a maneira como fala… Parece alguém que já desistiu de muita coisa, mas ainda quer brincar antes de sumir de vez.

Nik o encarou por alguns segundos, como se estivesse analisando se valia a pena continuar a conversa ou simplesmente se levantar e sair. Então, ele relaxou novamente e sorriu.

— Nada mal, detetive. Mas eu sou um jogo que você não consegue ganhar.

Loki riu baixo e se inclinou um pouco mais, seu olhar fixo em Nik.

— Para a minha casa.

Nik arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo com a proposta repentina.

— Ah, é? E por que eu deveria?

Loki manteve seu sorriso confiante.

— Porque você precisa de uma noite comigo para esquecer esses problemas familiares.

Nik piscou lentamente, seus lábios se curvando em um sorriso provocador.

— E como você sabe que eu tenho problemas familiares?

Loki riu.

— Você também não sabe esconder isso.

Nik mordeu o lábio, como se ponderasse por um segundo, antes de finalmente erguer o olhar desafiador para Loki.

— Certo. Eu vou. Espero que você seja mais na cama do que nas palavras.

Loki soltou uma risada baixa, passando a língua pelos lábios antes de responder:

— Aposto que sou melhor na prática do que na teoria.

Ele se levantou e estendeu a mão para Nik, que, após um breve segundo de hesitação, pegou-a sem dizer nada.

Eles caminharam por horas, o silêncio entre eles sendo preenchido apenas pelo som dos passos contra o asfalto e o vento cortante que soprava pelas ruas vazias. No início, Nik não se importou. Estava acostumado a se jogar em situações arriscadas, buscando qualquer coisa que o fizesse sentir algo. Mas conforme avançavam, ele começou a notar a mudança no ambiente.

As luzes da cidade foram ficando para trás, dando lugar a ruas mal iluminadas e becos estreitos. As poucas casas que encontraram pelo caminho pareciam abandonadas, e o silêncio ali era diferente—pesado, quase sufocante.

Nik encolheu os ombros, cruzando os braços para afastar o frio que, de repente, sentiu na pele.

— Cara... que tipo de caminho é esse? — Ele tentou disfarçar o desconforto, mas sua voz saiu mais hesitante do que gostaria.

Loki, ao seu lado, manteve o ritmo tranquilo e confiante. Seu porte alto e imponente fazia com que parecesse ainda mais confortável naquele cenário sombrio. Ele notou a inquietação de Nik e sorriu.

— Está tudo bem. Já estamos chegando.

Nik apenas bufou, lançando um olhar desconfiado ao redor.

Eles caminharam por mais alguns minutos até finalmente chegarem a uma casa de dois andares, com uma estrutura antiga e levemente desgastada pelo tempo. As janelas estavam fechadas, e a iluminação fraca da rua mal conseguia revelar os detalhes da fachada.

Loki parou em frente à porta, observando Nik, que analisava a casa com um sorriso nervoso.

— Essa é sua casa? — A voz de Nik saiu quase trêmula.

— Sim — Loki respondeu casualmente. — Bem-vindo.

Nik forçou um sorriso e cruzou os braços.

— Você mora muito longe de tudo... Isso é meio assustador.

Loki soltou uma risada baixa, se divertindo com o receio do menor.

— Essa é a casa da minha falecida vovozinha — ele disse, um brilho misterioso nos olhos.

Nik arregalou levemente os olhos e olhou para a casa novamente. Agora, a estrutura antiga parecia ainda mais sinistra. Por um momento, ele sentiu um aperto no peito.

Mas, ao olhar para Loki novamente, percebeu algo diferente.

O homem diante dele, tão grande e seguro de si, havia perdido parte daquela expressão de pura confiança. Havia algo mais ali, algo que Nik não esperava ver: um resquício de saudade, talvez até de dor.

Por um segundo, ele sentiu pena.

Nik suspirou, tentando ignorar o arrepio que subia por sua espinha.

— Certo... Vamos entrar, então.

Loki sorriu de canto, abriu a porta e deu espaço para Nik passar.

— Boa escolha.

Nik respirou fundo antes de atravessar a entrada, sem perceber que, naquele momento, havia acabado de cruzar um limite invisível.

E talvez não houvesse volta.

Assim que Nik entrou na casa, uma sensação estranha percorreu seu corpo. O ar ali dentro parecia pesado, sufocante, e um cheiro forte de água sanitária impregnava o ambiente. Ele franziu o nariz, sentindo o incômodo crescer.

— Que cheiro forte de água sanitária é esse? — perguntou, tentando disfarçar sua inquietação.

Loki riu baixinho, fechando a porta atrás de si.

— É que quando eu limpo a casa, gosto de usar bastante. Quero deixar tudo... impecável.

Nik observou Loki passar por ele e caminhar em direção à cozinha. A postura do homem era relaxada, casual, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

— Quer um copo de água? A cozinha é por aqui.

Nik hesitou por um momento antes de assentir.

— Tá... Claro.

Enquanto Loki desaparecia pela entrada da cozinha, Nik se virou instintivamente para a porta da frente. Seu coração apertou ao perceber que ela estava trancada. E a chave? Não estava na fechadura.

Um arrepio subiu por sua espinha.

Ele desviou o olhar e reparou em uma mesa no canto da sala. Sobre ela, uma fileira de porta-retratos descansava sob uma camada grossa de pó.

Nik sentiu um nó se formar em sua garganta.

Se ele limpa a casa tão bem, por que a mesa está cheia de pó?

Antes que pudesse refletir mais sobre aquilo, Loki apareceu na porta da cozinha, segurando um copo d'água.

— Aqui está — disse ele, com um sorriso tranquilo.

Nik engoliu seco, pegando o copo hesitante.

— Eu tenho que ir embora agora... — sua voz saiu um pouco apressada. — Lembrei de um compromisso.

Loki arqueou uma sobrancelha e inclinou a cabeça levemente para o lado, como se estivesse analisando sua reação.

— Ah, é mesmo? Que pena — ele suspirou, sua expressão parecendo desapontada. — Mas tudo bem, podemos nos encontrar depois.

Nik forçou um sorriso, querendo apenas sair dali.

— Sim, depois saímos pra um encontro.

O sorriso de Loki se alargou um pouco.

— Antes de ir, tome um gole d'água. Deve estar cansado depois da caminhada.

Nik segurou o copo com firmeza, sentindo o líquido balançar lá dentro. Algo dentro dele gritava para não beber. Mas Loki o observava com um olhar sereno, paciente, sem nenhum sinal de urgência.

Talvez eu só esteja exagerando...

Ele respirou fundo e virou o copo, engolindo a água rapidamente. Assim que abaixou o copo, encontrou o olhar de Loki fixo nele. Um sorriso estranho, quase satisfeito, brincava nos lábios do homem.

— Eu sou bom na prática... — Loki murmurou, antes de soltar uma risada baixa.

Nik tentou responder, mas algo estava errado. Sua língua não se mexia. Seu corpo começou a ficar pesado, e, em segundos, suas pernas falharam. Ele caiu sentado no chão, encostando-se à parede, seu corpo inteiro paralisado.

Seu peito subia e descia em uma respiração ofegante, mas ele não conseguia se mexer. Apenas seus olhos ainda respondiam.

O pânico tomou conta dele.

Loki se aproximou lentamente, agachando-se ao seu lado. Seus dedos frios deslizaram pelo rosto de Nik, traçando seu maxilar imóvel.

— Vamos brincar um pouquinho... — ele murmurou, sua voz suave, quase afetuosa.

Nik tentou gritar, mas nenhum som saiu.

E naquele momento, ele soube que havia cometido um erro fatal.

CONTINUA...➡️

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Comments

Isah Uchiha

Isah Uchiha

muito bom

2025-02-21

1

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