salvação

A porta estava aberta.

Nik não sabia por quê. Mas não ia desperdiçar a oportunidade.

Seu coração disparou no peito. Era agora ou nunca.

Ele estava sozinho na sala de estar, Loki havia saído para algum cômodo da casa e a noite começava a cair, tornando o lado de fora um breu silencioso. O vento frio soprava pelas árvores, e a floresta densa ao redor da propriedade parecia infinita.

Nik respirou fundo. Três segundos.

Três segundos para decidir.

Ele não pensou mais. Correu.

Os pés descalços bateram no assoalho de madeira, depois contra a terra fria quando ele cruzou a porta e mergulhou na escuridão. O chão úmido e irregular machucava seus pés, galhos cortavam sua pele enquanto ele se embrenhava na floresta.

Mas ele não parou.

Seus pulmões queimavam. Sua perna ferida latejava com cada passo, mas ele ignorou a dor. Ele só precisava correr.

Mas então…

Um segundo de silêncio absoluto.

E, logo depois, o som de algo muito pior:

Passos pesados atrás dele.

Loki estava correndo.

Nik sabia que ele viria. Mas não sabia que seria tão rápido.

O desespero subiu como fogo. Ele forçou o corpo a ir mais rápido, desviando das árvores, dos galhos, das sombras ameaçadoras que cercavam seu caminho. Mas os passos atrás dele ficavam mais próximos.

E então…

Loki saltou.

O impacto foi brutal. O peso de Loki derrubou Nik no chão, a força do tombo arrancando o ar de seus pulmões. Ele mal teve tempo de reagir.

O primeiro soco veio com violência.

Depois o segundo.

E o terceiro.

Os punhos de Loki acertaram seu rosto, seu peito, seus braços, qualquer parte que ele conseguisse alcançar. Nik tentou se defender, ergueu os braços, chutou, mas Loki era mais forte.

Era como se ele estivesse punindo Nik.

Como se ele estivesse tentando enterrá-lo no chão.

— Você realmente achou que ia fugir?! — Loki gritou entre os golpes, a voz misturada com um riso insano. — Você não aprende?! Você nunca aprende?!

O sangue quente escorria pelo rosto de Nik, a boca cortada, os olhos marejados de dor. Seu corpo inteiro gritava por socorro, mas não havia ninguém ali para ouvir.

Só ele e Loki.

Loki parou, ofegante, os punhos sujos de sangue. Ele segurou Nik pelo cabelo, puxando seu rosto ensanguentado para cima.

— Você é burro ou só gosta de me irritar? — Loki rosnou, seu olhar fervendo de fúria e algo mais sombrio… algo possuído.

Nik cuspiu sangue.

Loki riu.

— Isso foi patético, Nik. Patético. Você realmente acha que pode fugir de mim?

Nik ofegava, tentando respirar.

— Eu preferia morrer do que viver com você. — Ele sussurrou, a voz fraca, mas cheia de ódio.

Os olhos de Loki brilharam com algo perigoso.

Ele puxou Nik mais para perto, seu nariz quase tocando o dele.

— Eu não vou te deixar morrer, Nik. Nunca.

E então, Loki o beijou.

Não foi um beijo gentil. Foi um selo de posse. Um castigo.

Nik sentiu gosto de sangue e desespero, sentiu os lábios de Loki dominando os seus com força, sentiu o peso dele esmagando-o contra a terra.

E ele chorou.

Não pelo beijo.

Mas porque, pela primeira vez, ele sentiu que nunca ia escapar.

Nunca.

Loki afastou-se lentamente, seu sorriso manchado de sangue.

Ele passou a língua pelos lábios, saboreando Nik.

— Agora vamos pra casa, príncipe.

E Nik, quebrado, sem forças, não teve escolha a não ser ser arrastado de volta.

Chegando em casa loki colocou Nik embaixo de chaveiro gelado. A água escória pelas feridas do seu corpo.

— É Bom você está limpo. Eu lhe disse que se saísse da casa teria consequências.

Nik olhou para ele assuntando.

— o que você vai fazer comigo?

— Eu acabar com você hoje. Não vou nem que você esteja desmaiado. Vou fazer isso até você nuca mais querer sair de casa.

No quarto Loki jogar Nik na cama, pega alguma cordas e amarram os braços e pernas dele.

— o que você vai fazer?

Loki apensa ria

Nik então nú sobre a cama com os braços e penas arrumando em casa canto da cama.

Loki pegou um chicote que era usando no tempo da escravidão então deu uma chicotada na barriga de nik. Abrindo vários cortes.

Nik encolheu assim que sentiu a dor. E Loki deu outra em seguinta.

A manhã chegou, mas para Nik, não significava nada.

O sol entrava fracamente pelas cortinas do quarto, iluminando o cenário de destruição. O cheiro forte de ferro e suor impregnava o ar.

Nik piscou lentamente, sua visão turva pelo inchaço ao redor dos olhos. Seu corpo estava dormente, mas conforme tentava se mover, a dor veio como uma onda brutal.

Seu rosto latejava. Seus lábios estavam cortados e secos. Cada respiração ardia como se seus pulmões estivessem rasgados por dentro.

E então ele percebeu.

A cama estava coberta de sangue.

Lençóis brancos manchados de vermelho. Travesseiros sujos. Seu corpo inteiro coberto de cortes e hematomas.

A lembrança da noite anterior voltou como uma avalanche.

A corrida desesperada.

O impacto.

Os socos.

O gosto metálico do próprio sangue misturado com o beijo violento de Loki.

Nik fechou os olhos com força, tentando bloquear tudo, mas o corpo não deixava esquecer.

Ele tentou se mexer, mas uma dor aguda em sua costela o fez soltar um gemido fraco. Provavelmente estava quebrada.

E então, ele ouviu.

O som de passos no corredor.

A maçaneta girando.

A porta se abriu devagar.

Loki entrou.

Impecável.

Usava calça social escura, os cabelos alinhados, como se nada tivesse acontecido. Como se ele não tivesse espancado Nik até o limite na noite anterior.

Os olhos dele pousaram sobre a cama ensanguentada. Sobre Nik, destruído.

E ele sorriu.

— Você dormiu bem, príncipe?

Nik não respondeu. Só o olhou.

O olhar de alguém que já não esperava mais nada.

Loki suspirou, caminhando até a cama, sentando-se na beira.

— Você me dá tanto trabalho. — Ele murmurou, pegando um pano limpo de uma bandeja e molhando-o em uma bacia de água morna.

Nik ainda não conseguia processar.

Loki ia… limpar ele?

Ele queria gritar. Ele queria bater em Loki. Ele queria morrer.

Mas quando Loki tocou seu rosto com o pano quente, limpando o sangue seco de seus lábios, Nik fechou os olhos.

E não resistiu.

Porque estava cansado demais para lutar.

Porque, mesmo depois de tudo, Loki ainda controlava seu corpo.

Loki limpou cada marca, sem pressa, sem culpa. Como se fosse normal.

Como se Nik fosse uma boneca quebrada que ele precisava remendar.

E então, Loki segurou seu rosto com uma mão e o obrigou a encará-lo.

— Foi isso que você conseguiu ao tentar fugir.

Nik engoliu seco.

Loki passou o polegar pelo seu lábio cortado, os olhos frios como lâminas afiadas.

— Espero que tenha aprendido a lição.

Nik não respondeu.

Mas dentro dele…

Algo queimava.

Algo escuro.

Algo que Loki não percebia.

Não ainda.

Mas quando percebesse…

Seria tarde demais.

A manhã se arrastava lentamente. O cheiro de sangue impregnava o quarto, misturado com o perfume amadeirado de Loki. A dor em cada centímetro do corpo de Nik era uma lembrança constante da noite anterior.

Ele estava sentado na cama, a cabeça apoiada contra a cabeceira, o olhar perdido. Não pensava em nada.

Ou talvez pensasse em tudo ao mesmo tempo.

Loki estava sentado em uma poltrona perto da janela, observando.

Sempre observando.

Nik sentia os olhos dele cravados em sua pele como uma corrente invisível, segurando-o no lugar, garantindo que ele não se movesse demais.

A campainha tocou.

Nik piscou lentamente, virando o rosto em direção ao som.

Quem diabos viria até aqui?

Ele não recebia visitas. Loki não permitia.

Loki se levantou da poltrona, ajeitando as mangas da camisa antes de caminhar calmamente até a porta do quarto.

— Vou ver quem é.

Nik permaneceu imóvel, mas por dentro… algo nele se acendeu.

A primeira pessoa que veio à sua mente foi sua mãe.

Eleanor Laurent.

Será que ela finalmente se importou o suficiente para vir?

Seu coração acelerou, mas ele se recusou a ter esperança. Ela nunca esteve realmente ao seu lado.

Loki saiu, fechando a porta atrás de si, e Nik ficou sozinho.

Por alguns minutos, tudo o que ele pôde fazer foi esperar.

Então, passos no corredor.

A maçaneta girou.

E então…

Sua mãe entrou.

Nik sentiu um aperto no peito.

Eleanor Laurent estava ali, em carne e osso.

Ela estava impecável como sempre, vestindo um vestido elegante azul-marinho, um casaco de cashmere jogado sobre os ombros. Os cabelos loiros estavam perfeitamente arrumados, e o perfume caro preencheu o quarto no instante em que ela entrou.

Mas algo em seu rosto…

Algo em seu rosto não estava certo.

Havia preocupação. Algo que Nik não via nela há anos.

Seus olhos analisaram Nik rapidamente. O rosto ainda marcado, o corpo visivelmente mais magro, os dedos tremendo sobre o lençol branco.

O sangue ainda manchava os travesseiros.

Eleanor apertou os lábios.

Ela se virou para Loki, que entrou atrás dela, um sorriso educado no rosto.

— Ele não está muito bem hoje. — Loki disse, como se estivesse explicando a um médico o estado de um paciente. — A adaptação tem sido difícil.

Eleanor não respondeu.

Ela apenas olhou para Nik.

Por longos segundos.

Até que, finalmente, falou.

— Nik… querido.

A voz dela era baixa, quase delicada.

Nik não sabia o que sentir. Ele queria gritar, queria mandá-la embora, queria perguntar por que só agora ela decidiu aparecer.

Mas tudo o que conseguiu fazer foi encará-la.

Os olhos de Eleanor encontraram os dele.

E naquele momento, Nik viu.

Ela sabia.

Ela sabia que algo estava errado.

Seus olhos deslizaram pelo quarto, pelos lençóis manchados, pelo corpo magro e marcado do próprio filho.

E então, pela primeira vez em sua vida, Eleanor Laurent pareceu verdadeiramente assustada.

Mas a grande questão era: ela faria alguma coisa a respeito?

Nik queria acreditar que sim.

Mas já havia sido decepcionado demais para acreditar nisso.

Loki quebrou o silêncio.

— Quer que eu lhes dê um momento a sós?

Eleanor olhou para Loki, seus olhos azuis analisando cada detalhe dele.

Loki não era um homem fácil de ler.

Mas Eleanor também não era uma mulher fácil de enganar.

Houve um momento de tensão no ar. Algo não dito.

E então, Eleanor forçou um pequeno sorriso.

— Sim, obrigada. Eu gostaria de falar com meu filho em particular.

Loki sorriu de volta, aquele mesmo sorriso ensaiado.

— Claro.

Ele saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

Assim que a porta se fechou, Eleanor virou-se para Nik novamente.

Dessa vez, o olhar dela era puro choque e preocupação.

— Nik… — Ela deu um passo à frente, a voz um pouco trêmula. — O que ele fez com você?

Nik queria responder.

Queria dizer tudo.

Mas antes que pudesse falar, uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

Ele nem sabia que ainda conseguia chorar.

Eleanor se aproximou e se ajoelhou ao lado da cama, segurando o rosto dele entre as mãos.

— Meu Deus…

Os olhos dela estavam cheios de emoções conflitantes.

Nik sentiu ódio.

— Agora você se importa? — Ele sussurrou, a voz fraca e carregada de amargura.

Eleanor piscou algumas vezes, como se estivesse tentando absorver aquilo.

— Eu não sabia… — Ela tentou dizer, mas Nik riu.

Um riso curto, quebrado.

— Você nunca soube, mãe. Porque nunca quis saber.

O silêncio se instalou.

Eleanor fechou os olhos por um momento, antes de falar novamente.

— Eu estou aqui agora.

Nik riu de novo.

— E o que você vai fazer?

A pergunta pairou no ar como um desafio.

Eleanor abriu a boca, mas não respondeu de imediato.

Nik viu a hesitação nela.

E aquilo doeu mais do que qualquer coisa.

Porque, mesmo agora, ele não tinha certeza se Eleanor Laurent realmente o salvaria.

E então, uma batida na porta.

Loki abriu devagar e sorriu.

— Tudo certo por aqui?

Eleanor se levantou lentamente.

Nik observou seu momento de escolha.

A escolha entre fingir que não viu nada ou enfrentar Loki.

Eleanor sorriu.

— Sim, querido. Estávamos apenas conversando.

Nik sentiu algo morrer dentro dele.

E então ele entendeu.

Eleanor Laurent não salvaria ninguém.

Porque Eleanor Laurent também era uma prisioneira do próprio mundo.

CONTINUA.....

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Comments

Mikaela Agostinho dos Santos

Mikaela Agostinho dos Santos

de todas as fanfics que eu já li,a sua é a que eu mais estou gostando,meu aniversário esta chegando e eu gostaria de te pedir para fazer um hot do nik e do loki,se não for pedir e exigir demais,admiro muito a sua criatividade,tenha um sono maravilhoso,que deus te abençoe e te proteja,boa noite.

2025-03-09

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