O beijo terminou, mas o mundo de Nik ainda girava.
Ele sentia os lábios formigando, a respiração entrecortada, o coração batendo contra as costelas como um animal enjaulado.
Loki ainda estava ali, tão perto.
Os olhos escuros e predadores analisando cada movimento, cada respiração, cada mínima reação.
Nik queria falar. Mas não conseguia.
Ele ainda estava tentando entender o que diabos havia acabado de acontecer.
Foi quando Loki deu um passo para trás, passando a língua pelos próprios lábios antes de sorrir de lado.
— Se você realmente gosta de mim, então prove.
Nik franziu o cenho, ainda tentando processar.
— O quê?
Loki inclinou a cabeça como se estivesse diante de um jogo interessante.
— Se você realmente gosta de mim, então volte para casa sozinho.
Nik sentiu um arrepio subir por sua espinha.
Ele estava falando sério?
Loki continuou:
— Não vou te buscar. Não vou te seguir. Você vai sair dessa festa, pegar um carro e voltar para casa. Sozinho. Porque quer.
Nik abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu.
Loki sorriu mais amplo.
— O que foi, príncipe? Está com medo de fazer isso?
Nik sentiu o estômago revirar.
Era um jogo. Claro que era um jogo.
Loki queria ver se ele realmente voltaria.
Queria ver se Nik realmente estava preso a ele.
Nik poderia fugir.
Poderia nunca mais voltar.
Loki estava abrindo a porta para que ele saísse por conta própria.
Mas…
Era isso mesmo?
Ou Loki já sabia qual seria a resposta?
Nik sentiu o peito apertar.
Se ele fosse embora e não voltasse, Loki nunca mais o procuraria?
Ele queria isso?
Queria mesmo?
Loki percebeu a hesitação e riu.
— Você não vai.
Nik sentiu os olhos queimarem.
— Não vai, porque você já é meu. Você pode fingir que tem uma escolha, Nik. Mas no final…
Ele se inclinou, os lábios roçando de leve a orelha de Nik.
— Você sempre volta.
Nik cerrou os punhos.
Ele não podia estar certo.
Ele não podia!
Mas…
E se estivesse?
Loki passou por ele, indo até a porta e abrindo-a lentamente.
O corredor do salão se estendia à sua frente.
A saída estava ali.
A decisão estava ali.
Nik sentiu o corpo inteiro tremendo.
Loki deu um passo para trás, como se o estivesse libertando.
— Vai.
O coração de Nik disparava no peito.
Suas pernas estavam travadas.
Ele deveria correr.
Deveria aproveitar a chance.
Mas seus pés…
Não se moviam.
Por quê?!
Ele fechou os olhos com força.
Respirou fundo.
E então…
Começou a andar.
Passou pela porta.
Passou pelo corredor.
Passou pelos convidados.
Cada passo era um choque elétrico dentro dele.
Mas ele não parou.
Não olhou para trás.
Saiu pela entrada principal, entrou em um carro e pediu para ser levado para casa.
A casa de Loki.
O silêncio dentro do veículo era ensurdecedor.
A estrada passava pela janela, mas tudo parecia um borrão.
Seu peito estava pesado.
Sua mente… confusa.
Ele estava indo até ele por conta própria.
Não porque foi arrastado.
Não porque foi sequestrado.
Mas porque…
Queria?
Nik sentiu um gosto amargo na boca.
Ele não sabia mais o que era verdade e o que era manipulação.
Ele não sabia mais onde terminava o controle de Loki e começava sua própria vontade.
Mas uma coisa ele sabia:
Quando entrou na casa e encontrou Loki esperando por ele…
Loki estava sorrindo.
A porta da casa se fechou atrás de Nik com um som surdo e definitivo.
Ele permaneceu parado no corredor por um momento, os pés enraizados no chão. O ar dentro da casa parecia mais pesado.
Como se o simples ato de voltar por conta própria tivesse selado algo muito pior.
E então…
Loki apareceu.
Ele estava encostado na parede da sala, os braços cruzados sobre o peito, os olhos fixos em Nik.
E ele sorria.
Um sorriso preguiçoso, mas cheio de algo perigoso.
— Eu sabia.
Nik engoliu em seco.
Loki se afastou da parede e caminhou em direção a ele, devagar.
Sem pressa.
Ele parou diante de Nik, perto demais.
— Você sempre volta, príncipe.
Nik sentiu o peito apertar.
Ele não queria estar ali.
Ou queria?
Já não sabia mais.
Loki inclinou a cabeça, analisando cada detalhe de Nik.
Ele ergueu uma mão e deslizou os dedos pelo pescoço dele.
— Agora que você voltou por conta própria… isso significa que aceitou.
Nik sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
— Aceitei o quê? — Sua voz saiu baixa, hesitante.
Loki sorriu mais.
— Que você é meu.
Nik apertou os punhos.
— Eu nunca disse isso.
Loki riu. Baixo, divertido.
— Você não precisava.
Ele se virou e começou a andar pela casa, como se estivesse no meio de uma conversa qualquer.
Mas então… ele parou.
E olhou para Nik por cima do ombro.
— Agora que você voltou, temos novas regras.
Nik trincou os dentes.
Mais regras.
Loki virou-se completamente e cruzou os braços.
— Primeiro. Você não sai dessa casa sem a minha permissão. Nunca.
Nik sentiu o estômago revirar.
— Segundo. Você não fala com ninguém sem que eu saiba. Se eu perguntar quem foi, você responde.
Nik sentiu um nó na garganta.
Loki deu um passo à frente.
— Terceiro. Você não veste nada que esconda seu corpo demais. Quero você de cueca e camisa o tempo todo aqui dentro.
A raiva subiu pelo peito de Nik, queimando como fogo.
Mas Loki não terminou.
Ele deu mais um passo.
Agora, eles estavam perto o suficiente para Nik sentir o calor do corpo dele.
— Quarto. Se eu te chamar, você vem. Não importa o que esteja fazendo.
Nik sentiu os olhos arderem.
Mas Loki não parou.
— E quinto.
Ele ergueu uma mão e segurou o queixo de Nik.
Os olhos dele brilhavam com algo sombrio.
— Você não diz ‘não’ para mim.
O ar deixou os pulmões de Nik.
Ele tentou recuar, mas Loki segurou mais firme.
— Eu estou deixando tudo claro, não estou?
Nik sentiu o estômago revirar.
Cada parte dele gritava para correr.
Mas ele já estava preso.
Correntes invisíveis o seguravam no lugar.
E Loki sabia disso.
Loki sempre soube.
Ele soltou o queixo de Nik devagar, arrastando os dedos pelo rosto dele antes de se afastar com calma.
— Seja um bom garoto e siga as regras, príncipe.
Nik não disse nada.
Porque… ele sabia que não tinha escolha.
E Loki sabia que ele obedeceria.
Porque Nik sempre voltava.
Os dias seguintes foram um inferno silencioso.
Nik tentava seguir as regras. Tentava.
Mas sempre errava em alguma coisa.
E Loki nunca deixava passar.
Primeiro erro: não responder quando foi chamado.
Nik estava no quarto, deitado na cama, perdido em pensamentos.
Por um momento, ele esqueceu que estava naquela casa.
Esqueceu das regras.
— Nik!
A voz de Loki ecoou pelo corredor.
Nik não se moveu de imediato.
E então, os passos.
O som pesado e controlado de Loki subindo as escadas.
A porta do quarto se abriu com um estrondo.
— O que eu disse sobre vir quando eu chamar?
Nik sentou-se na cama, o coração acelerado.
— Eu… não ouvi.
Loki riu.
Mas não havia humor em sua risada.
Ele se aproximou, devagar, parando na frente de Nik.
— Se esqueceu das regras tão rápido?
Nik não respondeu.
Loki segurou seu queixo, forçando-o a olhar para ele.
— Se eu chamar, você vem.
O olhar de Nik queimava de raiva, mas ele assentiu.
Loki sorriu.
— Bom garoto.
E então, ele saiu do quarto, como se nada tivesse acontecido.
Mas Nik sabia que aquilo era um aviso.
Um aviso de que ele não erraria duas vezes sem consequências.
Segundo erro: Vestindo algo além do permitido.
Nik odiava aquela regra.
Mas o que podia fazer?
Loki queria vê-lo de camisa e cueca o tempo todo.
Era humilhante. Era uma forma de posse.
Mas naquele dia, estava frio.
Então, ele colocou um moletom.
Só um moletom. Nada demais.
Mas para Loki…
Foi imperdoável.
Ele entrou na sala e imediatamente percebeu.
Nik estava sentado no sofá, coberto pelo tecido.
Loki parou na porta.
Os olhos escureceram.
— O que é isso?
Nik olhou para ele, confuso.
— O quê?
Loki deu um passo à frente.
— Eu perguntei o que é isso. — Ele apontou para a roupa.
Nik sentiu o estômago revirar.
— Está frio.
Loki riu.
— Eu disse que você pode usar isso?
O silêncio.
Nik trincou os dentes, mas tirou o moletom.
Ficou apenas de cueca e camisa.
Exposto.
Loki sorriu.
— Boa escolha.
Mas ele ainda não havia terminado.
Ele se aproximou.
Lentamente.
E então, segurou o queixo de Nik.
Os olhos dele estavam selvagens.
— Se eu fizer uma regra, é para ser seguida.
Nik cerrou os punhos.
Mas não respondeu.
Porque sabia que, se falasse algo, as coisas só ficariam piores.
Loki soltou seu queixo devagar.
— Você aprende rápido, príncipe.
E então, ele se afastou.
Mas Nik sabia.
Isso não acabava ali.
Porque Loki sempre voltava para testar seus limites.
Sempre.
Terceiro erro: tentar sair sem permissão.
Foi instintivo.
Nik não queria fugir.
Mas só queria respirar.
A casa era sufocante.
Então, ele abriu a porta da frente.
Apenas para sentir uma mão forte fechando a porta de volta.
Loki.
Ele estava atrás dele, segurando a porta com uma força absurda.
Nik sentiu o coração parar.
Ele sabia que havia feito merda.
Loki sabia que ele sabia.
O silêncio entre eles era insuportável.
Então, Loki sorriu.
Mas não era um sorriso bonito.
Era um aviso.
— Para onde você ia?
Nik não respondeu.
Loki apertou o ombro dele com força.
— Responda, Nik.
Nik sentiu os olhos arderem.
— Só queria um pouco de ar.
Loki riu.
Ele passou os dedos pelos cabelos de Nik, como se fosse carinho.
Mas Nik sabia.
Aquilo não era carinho.
— Quer respirar, príncipe?
Nik engoliu em seco.
Loki se inclinou, seus lábios quase tocando o ouvido de Nik.
— Se eu quiser, você nem isso faz.
Nik fechou os olhos.
Ele não ia ganhar essa.
Não ia ganhar nenhuma.
Porque as regras de Loki não eram sobre comportamento.
Eram sobre poder.
E Nik sabia disso.
A tarde estava silenciosa.
Loki estava sentado na poltrona do escritório, um copo de uísque repousando em sua mão. O gelo derretia lentamente no líquido âmbar, mas ele não bebia.
Seus olhos estavam fixos em outra coisa.
Ou melhor, em outra pessoa.
Nik estava no sofá da sala, lendo um livro.
A luz do fim da tarde entrava pela janela, iluminando seus cabelos escuros e a pele pálida. Ele estava descalço, apenas com a camisa larga e a cueca, como Loki havia ordenado.
Mas, pela primeira vez, Loki não estava olhando para o corpo dele.
Ele estava olhando para Nik.
Observando cada pequena reação enquanto ele lia.
O jeito que ele franzia as sobrancelhas quando algo o intrigava.
O jeito que seus lábios se moviam sutilmente enquanto lia alguma passagem silenciosamente.
O jeito que ele parecia… em paz.
Loki apertou o copo em sua mão.
O que diabos era aquilo?
Por que estava olhando assim?
Ele deveria estar pensando em outra coisa.
Deveria estar satisfeito, afinal, Nik estava ali, na casa dele.
Preso a ele.
Deveria estar satisfeito porque tinha controle.
Mas, naquele momento, não era controle que sentia.
Era algo estranho.
Algo perigoso.
Algo que não deveria existir dentro dele.
Loki passou a língua pelos próprios lábios, desviando o olhar.
Ele nunca se permitiu sentir coisas assim.
Porque sentimentos significavam fraqueza.
E ele não era fraco.
Mas então… por que ele sentia isso?
Por que Nik parecia tão distante, tão inalcançável, mesmo estando ali, tão perto?
Loki voltou a olhar para ele.
Nik virou a página do livro, completamente alheio ao fato de que estava sendo observado.
Loki sentiu um aperto no peito.
Isso não podia estar acontecendo.
Ele não podia estar sentindo isso.
Então, sem pensar, ele se levantou.
A cadeira arrastou-se contra o chão com um barulho alto.
Nik olhou para cima, confuso.
Seus olhos encontraram os de Loki.
Loki congelou.
Ele deveria dizer algo.
Deveria fazer algo.
Mas não soube o que.
Nik o encarou por um momento.
Depois, voltou para seu livro.
E aquele simples gesto…
Fez algo se contorcer dentro de Loki.
Porque, naquele momento, pela primeira vez…
Loki percebeu que não sabia o que Nik pensava dele.
E isso o aterrorizou.
CONTINUA.....
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 20
Comments
Mikaela Agostinho dos Santos
obrigada,eu gostaria de dar uma sugestão para sua fanfic,a minha ideia é fazer com que o nik aja com total submissão ao loki,só que o nik não demonstraria nenhum sentimento,sem ódio,sem amor,sem desobediência,sem nada,igual uma marionete,nisso tudo,o loki ia se sentir frustrado,mas ao mesmo tempo,triste,pois de certa forma,ver o nik desse jeito faria seu coração doer.
2025-03-10
0