agente não tem nada

Sofia narrando

Depois do nosso beijo, achei que ele viria atrás... Mas nada. O tempo passou e eu continuei ali, deitada, pensando. Sentia meu coração bater mais forte toda vez que lembrava daquele momento. Eu já estava sentindo algo por ele, e isso me assustava.

Virei para um lado, depois para o outro, tentando dormir, mas minha mente não me deixava em paz. Suspiro, frustrada, e resolvo me levantar para pegar um copo d’água.

Desço as escadas devagar, ainda meio sonolenta, e é nesse momento que ele chega. Assim que entra, os olhos dele vão direto para o meu corpo. O olhar dele queima, escorrendo por cada detalhe do meu babydoll, e eu vejo o desejo estampado ali. Meu corpo reage no mesmo instante, um arrepio subindo pela minha pele.

Ele vem até mim e me puxa, sem hesitar. Mas assim que nossos rostos ficam próximos, meu olhar desce para o pescoço dele... E lá está. Uma marca de batom.

Meu peito aperta na hora. O estômago revira. Não sei se é raiva ou decepção, mas algo dentro de mim grita para me afastar.

Respiro fundo, ignorando a forma como meu coração acelera. Me afasto um pouco e olho direto nos olhos dele.

— Você não precisa me explicar nada. A gente não tem nada... e nunca vamos ter. — Solto, firme, sem deixar transparecer o que sinto por dentro.

Os olhos dele escurecem na hora. O desejo que vi antes dá lugar a algo mais intenso. Ódio. Raiva. Ele me encara de um jeito que faz um arrepio percorrer minha espinha, mas não recuo.

Viro as costas e subo as escadas, indo direto pro meu quarto. Meu peito está pesado, minha mente confusa. Só quero ficar sozinha. Mas antes que eu possa fechar a porta, sinto a presença dele atrás de mim.

Ele entrou. Ele veio atrás.

Entro no quarto e tento fechar a porta, mas ele impede, segurando-a com firmeza. Meu corpo congela por um segundo, sentindo a presença dele cada vez mais forte atrás de mim.

— Acha que pode me dar as costas assim? — A voz dele sai grave, carregada de algo que não sei decifrar.

Viro devagar e o encaro. Lobo está ali, parado na minha frente, com os punhos cerrados ao lado do corpo. Seu olhar queima, como se eu tivesse mexido com algo dentro dele que ele não queria sentir. Mas eu mantenho minha postura, sem desviar.

— O que você quer? — Pergunto, tentando soar firme.

— Você. — A resposta vem rápida, sem hesitação, mas os olhos dele dizem outra coisa. Existe desejo ali, sim, mas também fúria.

Solto um riso seco, cruzando os braços.

— Engraçado. Você me quer, mas estava com outra agora há pouco. Tá marcado, Lobo. Não sou cega.

Ele passa a língua pelos lábios, como se estivesse tentando controlar alguma coisa dentro dele.

— Isso te incomoda? — Ele se aproxima, diminuindo a distância entre nós.

Minha respiração falha, mas me mantenho firme.

— Não. Só deixa claro que você pode ficar com quem quiser... e eu também.

Os olhos dele se estreitam na hora.

— Não. Você não pode.

— Ah, não? — Provoco, erguendo o queixo.

O maxilar dele trava. Em um movimento rápido, ele me encurrala contra a parede, uma mão firme ao lado do meu rosto. Meu corpo inteiro reage, mas me recuso a demonstrar fraqueza.

— Você pode brincar com as palavras o quanto quiser, Sofia... mas a gente sabe a verdade. — A voz dele sai baixa, rouca, carregada de tensão.

Engulo em seco.

— Que verdade? — Minha voz sai mais baixa do que eu gostaria.

Ele me encara por um longo tempo, e naquele instante, sinto que ele está lutando contra algo dentro dele. Como se não quisesse admitir o que sente. Como se eu fosse um problema que ele não sabe resolver.

— Que você é minha. — Ele diz, firme.

Meu coração para. Minha mente grita que isso é errado, que ele não é o tipo de homem que pode me fazer bem. Mas meu corpo não escuta. Meu corpo sente.

E quando ele se inclina mais perto, quase roçando nossos lábios, sinto que estou prestes a cruzar uma linha da qual não vou conseguir voltar.

Tento me soltar, mas ele aperta ainda mais o corpo contra o meu, me prendendo entre ele e a parede. Meu coração bate forte, minha respiração acelerada.

— Me solta... — minha voz sai baixa, mas firme. Tento empurrá-lo, mas ele nem se move.

Ele continua me olhando, os olhos intensos, dominadores, cheios de algo que não sei explicar. Mas eu sei o que ele quer. Sei o que ele veio buscar aqui.

— Não me beija. — Digo, virando o rosto. Sinto sua respiração quente contra minha pele, e isso me faz fechar os olhos por um segundo. Mas logo abro de novo e o encaro. — Você se deitou, beijou, usou outra... e agora quer vir aqui, me beijar?

Minha voz sai carregada de mágoa, de algo que eu não queria sentir, mas está ali. Algo que está me corroendo por dentro.

— Me solta. — Exijo, mas ele não se move.

A mandíbula dele trava, os olhos escurecem. Ele solta um suspiro pesado, mas não recua.

— Por que tá tão incomodada? — A voz dele sai baixa, rouca, me desafiando.

Sinto meu peito se apertar. Raiva, frustração, desejo... tudo se mistura dentro de mim. Mas não vou deixar ele ver isso.

— Não tô incomodada. Só não sou igual às mulheres que você usa e descarta. Eu tenho amor-próprio.

Vejo algo mudar no olhar dele. Como se minhas palavras tivessem o atingido de verdade.

— É mesmo? — Ele se aproxima mais, e meu corpo todo se contrai. — Então por que ainda tá aqui, me olhando desse jeito?

Prendo a respiração. Ele está tão perto que posso sentir o cheiro dele, a mistura de cigarro, álcool e algo que é só dele. E isso me afeta mais do que deveria.

Mas não vou ceder. Não posso.

— Porque estou esperando você me soltar. — Digo, o encarando nos olhos.

Por um segundo, acho que ele vai me desafiar mais, mas então, sem aviso, ele me solta.

O choque do afastamento me faz piscar rápido. Ele me observa por alguns segundos, como se tentasse entender algo dentro de si mesmo. Então, sem dizer nada, ele dá um passo para trás e vira as costas encostando a cabeça na parede.

Meu peito sobe e desce rápido, o coração descompassado. Não sei se estou aliviada ou decepcionada

— Eu não beijo mulher... Desse tempo todo, só foi você. — Ele diz, a voz firme, mas algo em seu olhar vacila por um segundo.

Meu peito aperta, mas não deixo isso me abalar. Cruzo os braços e o encaro com frieza.

— Sai do meu quarto. — Digo, minha voz carregada de firmeza. — Você já é homem feito, sabe muito bem como usar uma mulher. Essas meninas daqui todas já passaram pela sua mão.

Ele me encara, o maxilar travado. Mas eu continuo.

— Lobo... Eu não tô preparada. Muito menos pra ser usada.

Vejo algo mudar no olhar dele, algo que não sei decifrar. Mas ele não recua. Em vez disso, dá um passo à frente.

— Usada? — Ele solta uma risada seca, sem humor. — Então é isso que você acha?

— O que mais seria? — Ergo o queixo, me recusando a recuar.

— Você acha que se fosse só isso eu já não teria te pegado? — Ele rebate, a voz carregada de raiva. — Eu posso ter qualquer mulher que eu quiser, Sofia. Mas você... você me tira do sério.

— E eu não quero ser só mais uma! — Minha voz se eleva, e sinto minha respiração acelerar.

— Você não é! — Ele praticamente rosna, os olhos pegando fogo.

— Então por que faz questão de me machucar? Por que vem aqui com cheiro de outra e ainda quer que eu caia na sua conversa?

Ele passa a mão no rosto, irritado.

— Eu não sou um cara bom, Sofia! Eu não sou homem pra você. Mas você me provoca, me faz querer coisas que eu nunca quis antes.

— Eu não te provoquei, Lobo. Você que não aceita que não pode ter tudo que quer.

Os olhos dele queimam nos meus. O clima no quarto está carregado, como se uma explosão estivesse prestes a acontecer.

— Para de bancar a santinha, Sofia. — Ele diz, a voz baixa, mas cheia de fúria. — Você também me quer.

— E daí? Isso não significa que vou me jogar nos seus braços e esquecer quem você é.

A tensão entre nós é palpável. Estamos ali, frente a frente, discutindo, mas ao mesmo tempo, há algo mais forte entre nós, algo que nos puxa um para o outro.

Ele aperta os punhos ao lado do corpo, respirando fundo, como se estivesse se segurando.

— Você não tem ideia do que faz comigo.

— E você não tem ideia do quanto me confunde...

continuação

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