será que ele tá com ciúmes

Sofia narrando

Eu sei que ele tá bravo, mas o que mais me assusta é o quanto eu não sei mais o que sinto por ele.

A raiva dele não faz sentido pra mim, mas eu sei que ela é real. E eu fico ali, em pé, tentando entender o que passou na minha cabeça, tentando processar a situação toda. Ele se aproxima, e eu sinto o ar ficando mais denso.

"Tu tava dando moral pra ele dançando?" A pergunta sai como uma acusação, e eu nem sei o que responder. Na verdade, o que aconteceu foi bem simples: eu tava tentando relaxar, esquecer da pressão, da vida no morro, dos olhares, de tudo... e ele aparece e me joga essa pergunta na cara. Eu olho pra ele, sinto a raiva dele queimando no meu peito, mas me mantenho firme.

Eu não vou admitir que me sinto nervosa ou assustada, porque não é isso. Não é medo dele. É o peso da sua presença, a intensidade com que ele me olha, o modo como ele me trata como se fosse dele... Isso me cansa, mas também me atrai de uma forma que eu não consigo controlar.

Eu me viro pra ele, olho fundo nos olhos dele. Ele é uma força da natureza, e eu sei que ele é capaz de destruir qualquer coisa — até a mim, se quiser. Mas o que me surpreende é que, no fundo, ele não vai fazer isso. Ele só se perde em si mesmo, como se não soubesse como lidar com o que sente por mim.

— Eu não tava dando moral pra ninguém, Lobo. Só tava dançando, curtindo, nada mais.

Eu sei que ele não vai acreditar, mas preciso que ele ouça. Eu não sou ninguém pra ser possuída ou pra ser tratada como uma mercadoria. E, ao mesmo tempo, me sinto... estranha, porque quando ele fala daquele jeito, algo dentro de mim quer ceder.

Ele pergunta de novo, e é como se o silêncio de antes não tivesse existido. Ele precisa de uma resposta, mas eu não tenho nada a dizer que faça sentido.

— Eu não sou sua mulher, Lobo — minha voz sai mais firme do que eu imaginava. Eu preciso disso. Preciso que ele saiba que eu sou mais do que esse jogo que ele tá tentando me colocar.

Ele não gosta da resposta, claro, e me encara com uma intensidade tão grande que sinto meu corpo esquentar. E eu sei que ele percebe isso.

— Então me diz por que eu sou o único que você deixa chegar perto? — Ele pergunta, e eu não sei o que responder. A verdade é que, mesmo querendo me afastar, eu acabo me aproximando de alguma forma. O que ele tem? Por que estou tão envolvida com esse homem?

Eu engulo em seco, mas não recuo.

— Eu não sou de ninguém, Lobo — tento, mais uma vez, me firmar.

Mas ele não me deixa, não me dá tempo de escapar. Ele não quer que eu seja livre.

Ele me diz, com um tom que me arrepia, que eu sou dele e que eu ainda não percebi. E isso me desconcerta de um jeito que eu não consigo explicar.

Eu não sou dele. Não sou.

Mas por que sinto esse aperto no peito quando ele diz isso?

"Vamos embora", ele diz, e eu sou obrigada a concordar. Nada vai mudar por agora. Eu não posso mais ficar ali, com ele me olhando daquele jeito, com a cidade inteira como cenário pra esse jogo doentio que ele tenta fazer.

Entro na moto, me agarro na sua cintura, e mais uma vez sinto que estou à deriva. Ele acelera, e eu fico ali, em silêncio, pensando em como uma simples noite pode virar o caos dentro de mim. Eu não sei mais o que fazer com ele... e, de algum jeito, ele sabe disso.

Chegamos em casa, e eu desço da moto. Antes que eu consiga dar um passo, ele me pega pela cintura, me fazendo colar no seu corpo de uma forma que me deixa sem ar. O calor que ele emana parece me envolver, mas é o toque dele que me deixa desconfortável, como se ele tivesse todo o direito de me tocar.

— Não quero ver tu perto de macho — ele diz, com uma voz carregada de raiva, como se estivesse me dando uma ordem.

Eu fico ali, parada por um segundo, tentando processar o que ele acabou de dizer. Ele age como se fosse meu dono, e isso me irrita profundamente. Mas ao mesmo tempo, algo dentro de mim quer ceder, quer ser tocada, quer que ele me queira de alguma forma, ainda que seja de um jeito possessivo e insano.

Eu não sou nada dele, e não entendo por que ele se sente no direito de falar assim. Ele não tem esse poder sobre mim. Não deveria ter.

— Eu não sou sua, Lobo — minha voz sai mais firme do que eu esperava. Tento me afastar, mas ele mantém a mão na minha cintura, como se fosse natural.

Olho nos olhos dele e vejo uma fúria controlada, mas também vejo algo mais... uma necessidade. Uma possessividade que me prende. Ele me olha com intensidade, e, por um momento, fico em silêncio, sem saber como reagir.

Eu tento me afastar, dar um passo para trás, mas ele não me deixa. Seu olhar se fixa no meu, e eu sinto um calafrio percorrer minha espinha. Ele é tão imprevisível, tão... possessivo. Ele acha que tem direito de me controlar, mas eu sei que não é assim que as coisas funcionam.

— Não sou sua, Lobo — repito, agora com mais convicção.

Mas, mesmo dizendo isso, uma parte de mim sabe que ele não vai simplesmente deixar de me tocar, de me controlar. Ele vai continuar, e talvez eu continue também, mesmo sabendo que ele está jogando esse jogo de poder com a minha cabeça.

Eu sou forte, mas nesse momento, me sinto fraca. Fraca porque ele tem o poder de me afetar dessa maneira.

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