Um toque diferente.

Desde que Sofia saiu, algo dentro de mim ficou inquieto. Tentei ignorar, tentei disfarçar, mas era inútil. Até Matheu parecia notar minha agitação, me encarando com aqueles olhos curiosos, franzindo a testa como se tentasse entender o que estava acontecendo.

— Também está com saudade dela, não é, campeão? — murmurei, passando a mão pelo seu cabelo macio.

Ele piscou algumas vezes e fez uma careta, parecendo concordar.

— Eu também, Matheu... Vou dar um jeito nisso. Acho que está na hora de parar de ser tão teimoso, você acha que sua mãe me perdoaria? — me questionei e ele não deu muita atenção brincando com o botão da minha camisa.

— Acho que sim filho, você tem razão — falei chamando sua atenção.

Matheu fez outra careta engraçada, como se entendesse exatamente o que eu queria dizer, e soltou um pequeno resmungo antes de ser levado pela governanta para o jardim.

Fiquei ali, no escritório, tentando colocar minha mente no lugar. Mas a verdade é que cada minuto que passava só me deixava mais impaciente. Já era tarde quando decidi sair dali, e, ao caminhar pelo corredor, o cheiro suave de algo doce no ar me chamou a atenção.

Meus passos me levaram automaticamente até a cozinha. A luz acesa revelava Sofia, de costas para mim, distraída enquanto mexia o chá. Mas não foi isso que prendeu minha atenção.

O pequeno hobby de seda que cobria seu corpo mal escondia as curvas delicadas. As pernas nuas, o jeito relaxado enquanto apreciava o momento... O fato de parecer tão leve, tão feliz, me incomodou de um jeito que eu não queria admitir.

— Foi bom o passeio, Sofia? — Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia.

Ela se sobressaltou com o susto, e antes que pudesse reagir, a xícara escorregou de seus dedos. O líquido quente caiu sobre sua pele, e ela soltou um pequeno gemido de dor.

Antes que ela pudesse recuar, eu já estava ali. Meus braços envolveram sua cintura, erguendo-a no colo sem dar chance de protesto. A pele dela estava quente, o contato fez um arrepio percorrer seu corpo, e, no mesmo instante, algo primitivo acordou dentro de mim.

Os olhos dela se fixaram nos meus, arregalados, cheios de surpresa e algo mais que ela tentava esconder. Minha respiração pesou quando senti seu cheiro doce se misturando ao perfume que já impregnava o ar.

Com esforço, me forcei a manter o controle. Caminhei até a bancada, onde sabia que havia um pequeno kit de emergência. Peguei um frasco de gel calmante e despejei um pouco na ponta dos dedos.

— Isso vai aliviar a queimadura — murmurei, concentrado em espalhar o gel sobre sua pele avermelhada.

O simples toque foi o suficiente para incendiar o que já estava prestes a explodir.

Quando terminei de passar o gel sobre sua pele, me afastei, lutando contra o impulso avassalador de puxá-la para mais perto. Eu precisava sair dali antes que perdesse completamente o controle.

Sofia prendeu a respiração. Meu olhar encontrou o dela, e ali estava a faísca. A vontade de jogar tudo para o alto e simplesmente tomar o que eu já não podia negar que queria.

A tensão era palpável. O ar ao nosso redor parecia carregar eletricidade pura.

Se eu não saísse dali agora, não responderia por mim.

Virei de costas, pronto para deixá-la sozinha, mas sua voz cortou o ar como um estalo.

— Qual é o seu problema, Luigi?

Parei no mesmo instante. Lentamente, me virei para encará-la. Sofia me olhava com fúria, os olhos brilhando como duas brasas vivas.

— Você me toca, depois me expulsa — ela continuou, sem medo. — Se aproxima e depois se reprime. Você impõe limites e é o primeiro a quebrá-los! Afinal me diga, o que quer de mim?

Respirei fundo, sentindo a tensão me consumir. Ela não fazia ideia do quanto eu estava me segurando. Dei um passo à frente, depois outro, até que estivesse a meros centímetros de distância.

— Você não tem noção da força descomunal que estou fazendo para não te levar agora para um quarto — confessei, minha voz baixa, carregada de desejo e frustração.

Ela arregalou os olhos, mas não recuou, as bochechas vermelhas era uma pólvora que ela jogava na minha gasolina, nunca imaginei que doçura e timidez me atraíssem, mas aconteceu, a vontade de agarrar e proteger ela veio com força para mim.

— Eu não sou dessas que vai para o quarto — retrucou, desafiadora.

Um sorriso torto puxou o canto da minha boca. Meu polegar deslizou devagar pelo seu rosto, traçando um caminho lento e perigoso sobre sua pele quente.

— Eu sei — murmurei, segurando seu olhar. — E é exatamente por isso, Sofia. Porque sei quem você é. E nunca faria isso com você.

Seus lábios entreabriram como se quisesse dizer algo, mas nenhum som saiu. Eu sabia que, se ficasse ali por mais um segundo, não resistiria.

Então, pela segunda vez naquela noite, virei as costas e iria embora.

Subi dois degraus da escada, minha mente lutando para manter o controle, mas era inútil. O desejo, a frustração, a necessidade de tê-la… tudo transbordava dentro de mim.

Mandei qualquer resquício de noção para o inferno.

Girei nos calcanhares e voltei para a cozinha, sem hesitar. Sofia ainda estava sentada no mesmo lugar, a respiração levemente acelerada, como se ainda processasse tudo o que tinha acontecido.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, me inclinei e tomei seus lábios nos meus.

O choque durou apenas um segundo. Ela soltou um pequeno suspiro contra minha boca, mas não recuou. Pelo contrário.

Sofia me queria tanto quanto eu a queria.

O beijo foi intenso, urgente, cheio da fome reprimida que eu segurava há tanto tempo. Minha mão deslizou por sua nuca, puxando-a para mais perto enquanto seus dedos se agarravam à minha camisa, como se temesse que eu fugisse outra vez.

Mas agora era tarde demais.

Eu não fugiria mais.

— Por que fez isso? — Ela me perguntou quando buscava o ar.

— Porque você bagunçou minha mente, minha cabeça e meus sentimentos, não sei dizer o que é, mas é inegável que algo está rolando e vou descobrir com você — falei respirando de forma pesada, não poderia correr, não assim, não com ela, Sofia merecia coisas mais intensas e faria tudo do jeito certo dessa vez.

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Comments

Ana Lúcia De Oliveira

Ana Lúcia De Oliveira

Sofia já gosta dele, falta só ele aceitar que também gosta dela

2025-03-26

0

Kellyla Nunes

Kellyla Nunes

Que tudooooo! O soldado enfim se rendeu, amando esse livro.

2025-03-10

0

Euridice Neta

Euridice Neta

Ufa até que enfim aceitou que tem o direito de ser feliz...

2025-02-23

0

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Atualizado até capítulo 62

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