O dia anterior havia sido muito longo. Matheu dormia tranquilo ao meu lado, sim na cama, abraçado a mim como quem segura alguém para não ir embora, sua respiração suave me embalando como uma melodia silenciosa. Meu coração doía com a proximidade que eu sabia não ser definitiva. Eu não deveria me apegar. Não deveria me permitir sentir tanto. Mas ali estava eu, traçando a linha delicada do seu rosto com a ponta dos dedos, sentindo o calor de sua pele e desejando, no fundo, que aquele instante pudesse durar para sempre.
O cansaço me venceu e, sem perceber, adormeci ao seu lado.
O som de batidas suaves na porta me despertou. Pisquei algumas vezes antes de ver a governanta parada na entrada do quarto, a expressão cuidadosa, mas firme.
— Senhorita Sofia… Não é apropriado que ele durma na cama. O berço de Matheu é para isso.
Sentei-me rapidamente, ajeitando o pequeno nos braços.
— Me desculpe, ele teve febre à noite, eu… achei que ficaria melhor assim.
Ela suavizou o semblante, como se compreendesse.
— Eu entendo, mas ele não pode adoecer agora. Hoje é um dia especial.
Franzi a testa.
— Um dia especial? Por quê?
— Hoje é o aniversário dele, senhorita. Matheu completa um ano.
Aquelas palavras foram como um choque. Meu olhar correu para o pequeno em meus braços. Um ano. Um bebê que já havia passado por tanto. Um bebê que merecia mais do que apenas mais um dia qualquer.
O pensamento seguinte me atingiu com um peso ainda maior: Luigi não estava ali.
— Mas é aniversário dele… e Luigi? Ele não vai estar aqui hoje?
A governanta hesitou por um instante antes de responder:
— O senhor Luigi viajou a negócios. Não retornará nesta semana.
A tristeza me atingiu de imediato. Matheu passaria seu primeiro aniversário sem os pais. Sem a mãe… e sem o pai.
Não hoje. Não enquanto eu estivesse ali.
Respirei fundo e ajeitei Matheu no colo, sentindo meu coração bater acelerado com a decisão que se formava dentro de mim.
— Então vamos fazer um aniversário para ele. Algo simples, mas especial. Ele não pode passar esse dia sem nada.
A governanta arqueou as sobrancelhas, parecendo surpresa com minha determinação.
— O senhor Luigi pode não gostar disso…
Ergui o olhar para ela.
— Eu acho que ele não vai se importar.
Ela me observou por um instante antes de, enfim, assentir.
Com um suspiro profundo, me levantei e olhei para Matheu. Ele sorriu ao me ver de pé, alheio a tudo, inocente como apenas uma criança poderia ser.
— Vamos tomar banho, mocinho. Temos uma festa para preparar.
E naquele momento, decidi que Matheu teria um aniversário. Simples, mas cheio de amor. Porque, mesmo que o mundo lhe negasse essa felicidade, eu não negaria.
Tudo estava pronto. A mesa, ainda que simples, estava adornada com um pequeno bolo, algumas velas e enfeites singelos que consegui encontrar pela casa. Matheu, vestindo roupas limpas e com o rostinho iluminado pela expectativa, batia as mãozinhas sobre a mesa, animado com a movimentação ao seu redor.
A governanta e alguns empregados estavam presentes, criando um ambiente acolhedor, ainda que improvisado. O pequeno não deveria passar seu primeiro aniversário sozinho, e me empenhei em garantir que, pelo menos naquele dia, ele se sentisse amado.
Estávamos prestes a começar a cantar quando o som da porta se abrindo bruscamente interrompeu a comemoração. Meu coração parou por um instante quando vi Luigi parado ali. Seu olhar percorreu a cena à sua frente, e a expressão em seu rosto fez o ar na sala pesar.
Engoli em seco ao ver a rigidez em sua postura. Ele não parecia feliz. Sem dizer nada ali, ele apenas lançou-me um olhar firme e ordenou:
— No meu escritório. Agora.
Meu coração acelerou, e um frio na barriga me acompanhou enquanto caminhava pelo corredor até o escritório dele. Assim que entrei, Luigi fechou a porta atrás de mim, cruzando os braços com impaciência.
— Quem te deu autoridade para fazer isso? — A voz dele era fria e cortante.
— Eu só… Matheu não deveria passar seu aniversário sozinho — respondi, tentando manter a calma.
— Você não é mãe dele, Sofia. É apenas uma babá em teste. — Suas palavras caíram sobre mim como um golpe.
Senti meu rosto arder, a humilhação crescendo em minha garganta como um nó difícil de engolir. Meus dedos se apertaram contra a barra do vestido, e, sem discutir, apenas assenti. Qualquer resposta pareceria insignificante diante da dureza de Luigi.
— Desculpe senhor, não voltarei a fazer nada sem sua autorização — falei constrangida.
— Pode sair agora e voltar a sua função e se limite apenas a ela — falou e abriu a porta sem encarar meus olhos.
Saindo do escritório, me esforcei para manter a compostura ao voltar para a sala, onde os empregados ainda aguardavam. Matheu me olhava com seus olhos inocentes, sem entender o motivo da pausa na comemoração. Forcei um sorriso e me aproximei dele, segurando sua mãozinha para que ainda aproveitasse o momento.
Mas Luigi não voltou. E, por mais que eu tentasse esconder a decepção, o vazio deixado por sua ausência foi impossível de ignorar.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Eva Eunice
Meu Deus como ele é chato, ele não pensa no bem do filho dele, não estou gostando dele, pensei que ele estivesse mudando mais não, a Sofia não pode ir embora porque ela já ama o menino, mais ele merecia ficar sozinho, não sabe dar amor ao filho que decepção
2025-04-01
4
Anonymous
Eu iria amar a mãe do Matheus estivesse viva e ter saído de perto desse escroto que deveria era agradecer pela atitude da babá em fazer algo de bom pela criança.
2025-04-07
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leyde
aí é um cavalo kkk de agradecer por n passar em bco, em ter uma pessoa,q se importou de fazer esse dia especial p o filho dele. Aí retribui com com essa humilhação
2025-04-04
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