Sou Sofia Martins, tenho 20 anos, e minha vida sempre foi de simplicidade.
Nascida em uma família humilde, desde cedo aprendi que a verdadeira riqueza está nas pequenas coisas — como a gratidão por uma refeição simples, o sorriso de um amigo e a paz que encontramos em nossa família.
Cresci em uma casa onde o amor era abundante, mas os recursos eram limitados. Tenho quatro irmãos mais novos, e meus pais fizeram o impossível para nos dar o melhor que puderam.
Meu irmão mais velho tem 28 anos, eu era a segunda mais velha, então sempre que podia ajudava em casa, nós ainda moramos com nossos pais, antes de trabalhar fora ajudava cuidando dos meus irmãos, hoje com minha mãe de uma idade maior assumimos esse papel de provedores e ela cuida dos dois mais novos.
Na escola, estudei com muito empenho e terminei o ensino médio com a certeza de que a educação seria minha única chance de algo melhor.
Após a formatura, consegui meu primeiro emprego como secretária em uma pequena empresa. Era um trabalho modesto, mas me dava dignidade e me permitia ajudar em casa. O salário não era grande coisa, mas como estava acostumada com a luta, isso não me desanimava. Cada centavo que ganhava era uma conquista, e todo o esforço valia a pena.
Morava com meus pais porque teria que escolher arrumar uma casa para mim ou ajudar, e não teria como ser diferente, pois sabia que eles carregavam o peso de ainda criar meus irmãos e fizeram com amor tudo por nós.
Minha vida era simples, mas estava em paz. Eu não preciso de muito. Sonhava com um futuro onde teria uma família para chamar de minha, onde o casamento e a maternidade seriam um reflexo do amor que sempre teve em meu coração.
Mas, por enquanto, eu era solteira, com uma rotina simples de trabalho e dedicação a minha casa.
Às vezes, olhava para minha vida e via que os sonhos ainda estavam distantes, mas sabia que, no tempo de Deus, tudo aconteceria.
Foi então que vi uma vaga de emprego. Uma oportunidade para ser babá em uma casa, com salário 5 vezes maior do que o que eu recebia. E não era apenas o salário que me chamava atenção. O trabalho descrevia que quem fosse escolhida morasse no local, eu poderia ter um lar fixo, e, ao mesmo tempo, poderia ajudar minha família significativamente.
Não hesitei mesmo sem saber muito sobre a família que estava contratando, sinto no fundo do meu coração que deveria me inscrever. A vaga dizia que era para cuidar de uma criança, e, embora eu nunca tivesse trabalhado diretamente com crianças, sempre soube que poderia ser uma boa influência, oferecendo carinho e cuidado, liguei para o número e pedi mais informações, a senhora do outro lado era gentil e educada, ela me passou muitas informações e agendou um horário para mim.
Eu sabia que não seria fácil. Era um trabalho que proporcionasse uma entrega total, e eu teria que deixar minha vida simples de lado, pelo menos por um tempo.
Me inscrevi sem medo, sabendo que, se fosse o momento certo, o propósito se cumpriria.
A entrevista foi mais difícil do que eu esperava. Luigi Bellini não parecia uma pessoa fácil de agradar. Ele me observou com um olhar atento e sério, sem demonstrar emoção.
Fui até o final com confiança, respondendo a todas as perguntas com o máximo de sinceridade possível. A cada palavra, senti uma pontada de nervosismo, mas tentei não demonstrar.
Ele estava mais preocupado com minha experiência e com o quanto eu estava interessado em me dedicar ao trabalho.
— O que faz você acreditar que é capaz de ser contratada para este trabalho? — ele falou, olhando-me diretamente nos olhos. Eu sabia que a resposta tinha que ser algo mais profundo do que simplesmente listar minhas habilidades. Eu precisava tocar no que realmente importava para ele, algo que fosse mais que uma função simples.
— Porque cuidar de uma criança vai além de atender às necessidades básicas. É estar presente, ouvir, apoiar, ser uma figura de estabilidade e amor. Eu que acredito que todos precisam de carinho, especialmente uma criança. E para mim, esse trabalho não é só um emprego, porque isso eu já tenho, mas uma oportunidade de fazer algo que me traga paz, saber que posso fazer diferença na vida de alguém. — Falei com o coração, sem medir as palavras.
Ele me avaliou por alguns segundos e fiquei tenso, aguardando sua resposta. O silêncio parecia eterno, até que ele finalmente falou.
A palavra foi um golpe, mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim se acendeu. Não sei o que foi, mas senti uma conexão momentânea. Eu queria acreditar que isso fosse algo mais, um sinal, talvez.
— Está contratada. — Ele disse, com uma frieza que eu não sabia como interpretar.
Fiquei surpresa, sem saber se o tom de voz dele era um sinal de que ele estava apenas sendo pragmático ou se havia alguma satisfação na decisão. Mas não pude questionar naquele momento. Apenas assenti.
— Obrigada. — Respondi, tentando conter a emoção, sentindo um peso sair dos meus ombros. Tive finalmente a oportunidade que tanto desejava.
Quando saí da sala, a governanta me abordou.
— Você começa na segunda-feira, senhorita Sofia. — Ela disse, sorrindo, e eu agradeci com um sorriso tímido, ainda um pouco atônita.
O sol já começou a se pôr quando saí da mansão, sentindo uma felicidade sincera invadiu meu peito. Eu tinha conseguido!
A cada passo que dava até o ponto de ônibus, uma sensação de leveza e gratidão tomava conta de mim. Eu sabia que teria o fim da semana para organizar minha vida, para me preparar para a mudança que estava por vir, mas algo dentro de mim dizia que tudo estava se encaixando.
Não sabia o que aquele homem tinha vívido, mas ao olhar para o aquele senhor sério e fechado que conheci na sala de entrevista, pude sentir a amargura em seus olhos.
Não sabia se ele queria ajuda, ou estava apenas tentando sobreviver. Mas, de alguma forma, eu senti que meu propósito ali seria algo mais profundo.
Esperei meu irmão e meu pai chegar e avisei que havia conseguido um bom emprego, que cuidaria de uma criança para uma família rica, um bebê que perdeu a mãe, meu irmão disse que eles estavam pagando um salário muito acima da média e que se eu estava feliz isso valia.
Minha mãe chorou dizendo que sentiria muito minha falta, avisei ela que deveria buscar no final da próxima semana meu salário e que viria visitar sempre que possível.
Meus irmãos se agarraram a mim achando que eu iria embora agora, mas neguei acariciando seus cabelos, avisei que ficaríamos juntos esse final de semana e que iria somente na segunda-feira, meu pai se aproximou e me abraçou, disse que deveríamos fazer uma despedida, meu irmão assentiu e saíram juntos, fiquei ali com minha mãe e os dois pequenos sem entender, voltaram uma hora depois com refrigerante, bolo e salgadinho, achei aquilo demais e nós rimos como uma família que não tinha tantos problemas.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Marileiva Rocha
Cadê os outros dois irmãos mais novos? No início do capítulo a Sophia falou que tinha quatro irmãos mais novos.
2025-03-06
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Maria Angelica Costa
tive que voltar só início da leitura quando ela diz que tem 4 irmãos mais novos e depois diz que o irmão mais velho tem 28 anos, vou prosseguir lendo e vê onde aparecerão os outros 2 irmãos
2025-04-11
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Leonice Gonsalves
meu pai, sinceramente não vejo esta sapiência em uma adolescente de 20 anos, não nos tempos atuais. mudarei a idade na minha cabeça pra poder imaginar toda a história /Grin/
2025-04-01
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