...Léo....
Acordei com o toque insistente do telefone cortando o silêncio do quarto. A luz matinal escorria pelas frestas das cortinas, pintando o ambiente de um dourado quase cruel.
Cada vibração do aparelho soava como uma lâmina afiada no vácuo.
Arranquei-me da cama, jogando as cobertas de lado como se estivesse despindo um cadáver. Desci as escadas - cada degrau rangia sob meus pés descalços, o mesmo som que, na infância, me alertava quando meu velho chegava bêbado em casa.
Ironia do destino: agora era eu quem descia para encarar o monstro de frente. Eu sabia. Algo estava errado.
Telefonemas de manhã nunca trazem boas notícias.
E na casa dos Montenegro, não haveria exceção. Esse tipo de coisa só dava certo nos filmes que meu pai adorava.
A mansão grande, imponente, perfeita respirava luxo por todos os poros. Paredes brancas, mármore, cristais... a porra toda que qualquer garoto acharia o máximo.
Mas não valia nada. Naquela manhã, o frio do desespero espreitava os corredores, banhados por um sol mentiroso.
Assim como eu. Tornei-me um mestre na arte de fingir.Tanto que até a música irritante de Frozen virou meu mantra:
"Esconder, não mostrar." Bom menino. Sempre. Um passo em falso, e todos saberiam.
Meu pensamento foi interrompido por uma sentença:
- Três dias... é só isso?
A voz do meu pai rachou no meio, e eu soube. Era som se um império demorando. Seu rosto estava pálido,as mãos trêmulas segurando o telefone como uma tábua de salvação. Parte de mim queria abraca-lo. Só que a outra a mais obscura, a que eu trancara no porão da minha mente e nem sabia onde estava a chave. Queria gritar.
- Viu só no que deu sua arrogância?
Em vez disso,fiquei parado por um momento.
- O que aconteceu, pai? - Minha voz saiu mais aguda do que eu queria.
- Você tá com cara de quem viu o diabo.Que história é essa de "três dias"?
Ele respirou fundo, aquela tomada de ar que faz o peito queimar. Observei no seu rosto medo puro e cru, junto com a vergonha. As mãos se contorciam na barra da camisa, como se quisesse estrangular alguém.
- O Albuquerque... já começou agir.
- A voz saiu quebrada - O banco quer o pagamento total da dívida. Temos três dias. Senão, tomam até a casa.
Um gelo desceu minha espinha e se alojou no estômago. Meu coração fez os cálculos antes do cérebro:setenta e duas horas. Era o mesmo tempo que um condenado no corredor da morte tinha para esgotar seus recursos. Eu sabia que aquela promessa viria .Mas ouvir as palavras em voz alta foi como levar chute nas bolas.
- Puta que pariu! Mas que porra...
O palavriado explodiu da minha boca antes que eu pudesse parar. Como se salva um império que levou anos para ser conhecido em míseros três dias? Qual era formula secreta para provar que ainda éramos alguém nesta cidade?
— Não começa, Leo — Ele virou de costas, mas eu já tinha visto no seus olhos. O fracasso... Nas mãos trémulas, que finalmente entedeu o preso da arrogância.
Nos dois dias que se seguiram, meu pai virou um morto-vivo.
Entrava e saía de casa como um zumbi. A cada retorno, parecia se decompor um pouco mais. Seus olhos, antes inflados de arrogância, agora só refletiam portas batidas e telefonemas ignorados.Ninguém em Vale Azul mexeria um dedo para ajudar um Montenegro. Afinal, quem seria o louco de se arriscar contra Otávio Albuquerque?
Na manhã de segunda-feira, me arrastei até a cozinha. Ele estava lá, quase espectral, mexendo uma xícara de café frio como se a solução dos problemas estivesse afundada no fundo da xícara. O rosto, marcado por noites sem dormir, parecia ter envelhecido uma década em quarenta e oito horas.
Meu pai sempre foi maior que a vida ou, pelo menos, achava que era.
Agora, encolhido naquela cadeira, era só um velho derrotado. E eu? Um covarde parado na porta, engolindo palavras que não serviam pra porra nenhuma.
"Vamos resolver isso juntos" que merda de frase vazia.
Ele nem notou minha presença.
Peguei minha mochila e vazei.
O metrô, como sempre, estava lotado.
Mas eu não via ninguém. No colégio, as vozes dos professores viraram ruído branco. Matemática, literatura, geografia... toda aquela merda parecia ainda mais inútil diante do relógio que batia dentro do meu crânio:
O banco. O prazo. A casa. O fim.
Enquanto o professor de História discursava sobre revoluções do passado, tudo que eu pensava era:
em menos de vinte e quatro horas, ou a gente dava um jeito... ou estávamos fodidos.
Só voltei à realidade quando levei um tranco no ombro do Ruan .O jeito desengonçado dele de dizer "Ei, você tá mofando no mundo da lua?"
— E aí, monstro? Tá parecendo zumbi pós-apocalipse. Que que tá pegando?
Respirei fundo, tentando colar os cacos da minha sanidade.
— O banco... — a palavra grudou na garganta como pigarro de ressaca. — O prazo termina amanhã.
Ruan assobiou baixo.O rosto fechou naquele misto de pena e alarme que eu conhecia bem.
— Poxa, cara, que tenso... É o seu velho?
Chutei uma pedra na calçada com força o suficiente pra doer no pé.
Ele merecia?Merecia pra caralho.
Mas eu...
— É meu pai, porra. — A voz saiu mais esganiçada do que eu queria. — Ele tá péssimo. Mas se a casa for pro caralho, eu vou junto... E com o Albuquerque por trás, nem vaga de gari eu consigo.
Ruan ficou quieto por um instante.
Até ele, que nunca levava nada a sério, entendeu o tamanho da merda.
Otávio não era só um inimigo era um decreto de exílio assinado em notas promissórias de ódio.
— Tem um cara no centro... — ele começou, cauteloso. — Sabe, faz uns trabalhos... não oficiais. Talvez...
— Não. — Cortei seco. A última coisa que eu precisava era mais dívidas ou virar traficante juvenil. Olhei pra ele, exausto. — Você sabe que nenhum trampo pagaria trezentos mil em vinte e quatro horas, né, Ruan?
— É, cara... você tem razão. — Ele mordeu os lábios, os dedos tamborilando na mochila.
Saco. Era isso. A única pessoa que me tratava como gente agora me olhava como se eu fosse um coitado. Até amizade tinha virado caridade.
Andamos meio quarteirão em um silêncio mortal, até que algo ou melhor, alguém fisgou meu olhar.
No estacionamento, encostado num Porsche Panamera preto aquele monstro de aço polido que valia mais do que três casas como a que eu ainda morava. Meu coração deu um salto contra as costelas antes mesmo do meu cérebro processar: era ele.
Nem pensei. Saí correndo como um maluco, ouvindo o Ruan gritar atrás de mim:
— Leo, que caralho você tá fazendo!?
O mundo entrou em câmera lenta. Meus tênis surrados batiam no asfalto, a mochila pesada balançando nas costas. O gosto metálico na boca denunciava que eu tinha mordido a bochecha sem nem perceber.
— ESPERA...!
Ele se virou lentamente. A mão na maçaneta do Porsche, com a calma de quem nunca precisou se apressar pra nada. Até a droga do moletom cinza-claro dele parecia um insulto: era claramente de boutique cara, fino até no corte. Meus olhos queimaram quando vi seus tênis brancos imaculados. Meus All Stars rachados na lateral pareciam gritar:
“Olha a diferença, seu trouxa.”
— Talvez você não se lembre de mim — engoli o ar em pedaços, a voz saindo em farrapos — mas meu pai foi o idiota que insultou sua mãe. Pelo amor de Deus, nos deixa em paz.
Ele ergueu as sobrancelhas com uma calma que irritava. Me olhava como quem observa um pedinte no drive-thru de um restaurante fino.
— Que me lembro, seu pai já foi perdoado — a voz dele era lisa, sem culpa, sem pressa. — Não tô metido no que quer que esteja acontecendo.
Aquilo me pegou de surpresa. Mas ao olhar pra expressão dele, percebi: ele realmente parecia não saber da pressão que Otávio tava jogando nas nossas costas. Expliquei, entre frases entrecortadas, sobre o banco, o prazo, a casa. Vi o momento exato em que ele entendeu. Os olhos estreitaram. A mão pousou no queixo.
E quando soltou aquele suspiro... eu soube. Otávio tinha transformado nossas vidas num jogo.E esse cara aqui? Era a peça-chave.
— É... bem o estilo dele — o sorriso que ele soltou foi quase de pena. — Bora. Você precisa falar com o Otávio pessoalmente.
A maneira como ele se virou para abrir a porta do carro fez meu estômago embrulhar. Era surreal. Eu estava prestes a entrar num veículo que valia milhões... só pra implorar por misericórdia a um homem que já tinha decidido a nossa ruína.
— E aí, como você se chama, garoto? — perguntou como se eu fosse um cachorro de rua que ele tivesse resolvido adotar por pena.
Engoli meu orgulho junto com a saliva ácida que se acumulava na boca.
— Leonardo Montenegro. Mas... pode me chamar de Leo. E você? — (Porque, claro, o príncipe herdeiro não se apresenta sozinho, né?)
— Matheus Cavalcante. — O nome saiu como se fosse óbvio que eu deveria reconhecê-lo. — Otávio tá no Hotel Mayson Royal...
— Aquele antro de ostentação que ele chama de "hotelzinho"? — soltei antes de conseguir filtrar a ironia. — Um dos trinta que ele tem pelo país, né?
Matheus deu um meio-sorriso, enquanto ajustava o volante.
— Você sabe demais pra um garoto do ensino médio. — (E o tom deixava claro: perigoso.) — Mas sim, é o menor deles. Otávio gosta da cobertura. Discreta.
"Discreta como um tiro na nuca," pensei.
Virei o rosto pra janela, fingindo interesse nos prédios que passavam, enquanto minhas mãos suadas entregavam o pânico. Cada curva do carro era um passo rumo ao abismo.
E eu? Eu me jogava. Voluntário. De olhos abertos.
Quando finalmente avistei o hotel, percebi: não era um prédio. Era um monumento ao poder. Vidros fumê refletindo um céu que não pertencia a pessoas como eu, concreto armado disfarçado de fortaleza.
Meu queixo quase doeu de tanto cair — não de admiração, mas de puro choque. Era como descobrir que certos lugares realmente existiam fora da novela das nove.
Matheus estacionou o Porsche como se o carro fosse uma extensão do próprio corpo. Nem precisou olhar. Já estava no elevador quando eu mal tinha fechado a porta. Corri atrás dele como um cachorrinho atrás do dono, sentindo o suor escorrer entre as omoplatas.
— Desculpa aí. O Otávio prefere discrição. Então, nada de sair espalhando esse encontro — disse enquanto digitava um código no painel. O tom era um aviso. Não um pedido.
— Guardo segredos melhor que sua secretária — retruquei, a língua solta tentando esconder o medo.
O elevador era uma caixa de aço polido que refletia cada falha minha em ultra-HD. Meus tênis, já surrados, pareciam implorar por aposentadoria contra o brilho absurdo do piso.
Meus olhos aqueles mesmos que minha mãe, quando viva, dizia serem “bonitos” agora eram dois poços fundos de olheiras roxas. Até meu cabelo loiro, minha única vaidade, estava espetado, parecendo que levei um choque. E talvez tivesse levado.
E o perfume. A droga do perfume no ar. Floral, caro, desses que deveriam acalmar. Mas só piorava a náusea.
"Lavanda de burguês", pensei.
Quando as portas se fecharam, o ar pareceu sumir. Não era claustrofobia.
Era o peso. O peso de entrar, de livre e espontânea vontade, na jaula do leão.
A mão de Matheus pousou no meu ombro.
— Relaxa. Vou fazer o Otávio te ouvir.
"Claro, moleza pra você, Matheus," pensei, engolindo o ácido que subia pela garganta. "Teu nome não tá na lista de inadimplentes do Banco Central."
O elevador pingou os andares como um contador regressivo.
8... 9... 10... Cada número um passo a menos até o inevitável.
Quando as portas se abriram, foi como entrar na barriga do monstro.
Silêncio de hotel cinco estrelas. Aquele tipo de silêncio que custa caro e pesa. O corredor parecia mais longo do que deveria, e a porta no fim era uma muralha de madeira nobre, esculpida com detalhes que sussurravam: até o batente vale mais que sua vida.
Matheus entrou sem hesitar. Eu segui, com a dignidade de um mendigo na sarjeta.
— Otávio! — a voz dele cortou o ar, ecoando nas paredes como se anunciasse um rei.
A suíte foi um soco no estômago.
Sofás brancos que pareciam nunca ter sentido um corpo humano. Tapete tão fofo que engoliu meus tênis como areia movediça. O ar cheirava a notas novas. Tinha um quadro na parede... Fiz o cálculo rápido: aquilo ali valia mais que meu fígado no mercado negro. E talvez meu rim de brinde.
E então ele apareceu. Otávio.
Descalço. De pijama de seda, a peça caía sobre o corpo como uma bandeira de vitória. Ele esfregava os olhos com uma lentidão quase ofensiva. Como se o simples ato de acordar já fosse um sacrifício digno de aplausos.
— Amor, que gritaria é essa?
Matheus apontou pra mim como quem exibe um cachorro abandonado:
— Olha quem veio te visitar.
Otávio piscou devagar. Os lábios se curvaram num quase-sorriso que não alcançou os olhos.
— Leonardo Montenegro. — Meu nome saiu da boca dele como uma acusação — Que honra... inesperada.
Ele sabia. Claro que sabia. Cada centímetro daquele rosto perfeito gritava:
“Eu destruí seu pai. E você veio pedir bis?”
Matheus cruzou os braços, o olhar pesado como um juiz que já condenou o réu antes do julgamento.
— Vamos fingir que não sei a resposta. Você tá mesmo acabando com os Montenegros? Tomando até a casa deles? Poxa vida, amor...
— Sim, Matheus.
A palavra soou simples. Mas cortou o ar como faca. Meu pulso começou a doer. Só então percebi que estava cravando as unhas na própria pele.
Fiquei em silêncio por um segundo. Tentando processar o que já sabia, mas doía ouvir em voz alta. Mesmo assim, cansado de ser espectador da própria ruína, respirei fundo e falei com uma coragem que não era minha, mas precisava ser.
— Senhor Albuquerque — minha voz saiu mais firme do que eu sentia — meu pai já pagou pelo que fez. Por favor... ele tá... ele tá se matando.
Otávio me olhou com aquele sorriso. Não um sorriso gentil. Um sorriso sádico. De vilão. De filme de terror.
— Claro, garoto, está perdoado.
O alívio foi um banho quente nas minhas costas. Eu ia agradecer, mas então ele ergueu um dedo.
— Mas tem um detalhe. Acho que você pode me ajudar com algo... em troca.
O estômago deu um nó. O sorriso dele nunca significava coisa boa.
— Qualquer coisa — menti. A boca tava tão seca que engolir parecia engolir areia.
Otávio deu dois passos calculados, ficando a um palmo de mim. O cheiro amadeirado dele me atingiu como uma droga. Enjoativa. Viciante. Perigosa.
— Você se forma este ano, né?
Engoli seco.
— Sim.
— Perfeito. — Os olhos brilharam. Não de alegria, mas de expectativa. Como um gato olhando um rato aleijado. — Então você vai passar dois anos na Faculdade Rainbow.
Meu mundo desabou. A visão escureceu. Rainbow. A universidade que meu pai chama de “antro de viadagem” entre risos escarnecedores no jantar.
— O quê?
Matheus fez um movimento quase imperceptível, como se quisesse interferir. Mas Otávio nem olhou. O sorriso agora era o de um predador que já saboreia a presa antes de morder.
— É simples, Montenegro. Dois anos lá, e seu velho fica livre. — Pausa. — Ou se recusa... e vejo vocês na rua amanhã antes do almoço.
Meu corpo todo tremia. Isso significava humilhação. Desespero.
Talvez até sangue o meu escorrendo de um nariz quebrado por mãos que tinham motivo de sobra pra me odiar.
— Tá... — A palavra saiu como um cuspe.
— Mas você vai parar de perseguir meu pai agora?
Otávio riu. O som ecoou pela sala como o badalar de um sino fúnebre.
— Ótimo! Vou preparar seus documentos. Ah, e Leo... — ele se inclinou, o hálito quente no meu ouvido — é melhor ficar nas sombras.
Matheus desviou o olhar. Sai do apartamento sem dizer nada. Minhas pernas me levaram sozinhas. Como se já soubessem o caminho da derrota.
Parei atrás de uma árvore, um pouco distante do hotel, e vomitei. Minha mente era um turbilhão de números.
Dois anos. Vinte e quatro meses.
Setecentos e trinta dias naquele inferno rosa.
E meu pai? Nunca entenderia.
Nem eu, se tentasse explicar com todas as letras que a culpa era dele.
Daquela tarde estúpida em que resolveu desafiar Otávio Albuquerque num restaurante.
Limpei a boca com a manga da camisa. O contrato que assinei em meio segundo pesava no meu bolso como um tijolo. Faculdade Rainbow.
Onde garotos como eu com histórico de piadas homofóbicas no colégio, e com um pai que soltava um "viadagem" no café da manhã só por ver alguém segurar uma xícara com o dedo esticado iam direto pra lista de caça.
Otávio não queria só a minha humilhação. Queria me jogar no fogo e assistir meu pai me odiar por sobreviver.
E, pela primeira vez, eu entendi o que significa ser um peão: Você só descobre que tá no jogo quando não tem mais como sair.
Queridos leitores,
Gostaria de compartilhar o significado de dois elementos importantes que aparecem neste capítulo:
LGBTQIA+: Essa sigla representa diferentes orientações sexuais e identidades de gênero:
L: Lésbicas
G: Gays
B: Bissexuais
T: Transgêneros
Q: Queer ou Questionando
I: Intersexuais
A + abrange outras identidades e orientações, como pansexuais e assexuais, promovendo inclusão e diversidade.
Rainbow (Arco-Íris): Um símbolo universal da diversidade, esperança e inclusão. Ele representa a pluralidade de identidades e a beleza de viver em um mundo cheio de cores e diferenças.
Espero que esses significados tornem a leitura ainda mais especial e inspiradora!
Com carinho,Deinha.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 51
Comments
Laura Roberta
a gente já tá acostumado com essa sigla querida
2025-03-14
1
Ana Lúcia
bem feito agora vai lá bancar o homofóbico denovo
2025-03-30
1
Andréia Marinho
coloquei pq pedi pra amigo ler um capítulo ele falou que significava
2025-03-15
1