...Leo ....
Me despedi rapidamente do Nathan e saí da cafeteria americana, apressando o passo como se o chão queimasse sob meus pés. A cada esquina, lançava olhares furtivos por cima do ombro, tentando me certificar de que Lourenço não estava me seguindo. Meu coração batia acelerado, não apenas pela pressa, mas pela tensão que parecia corroer meus pensamentos.
Quando finalmente cheguei, Lyan estava parado a poucos metros da entrada da lanchonete. Ele terminava de fumar, e com um gesto casual, jogou a bituca no lixo. Seus lábios se curvaram em um sorriso largo enquanto colocava uma bala na boca, o movimento simples parecendo hipnotizante.
Soltei o ar que nem percebia estar prendendo, sentindo-me, por um breve momento, paralisado. Ele estava lindo naquela manhã. O estilo casual, uma camiseta polo vermelha que abraçava seu torso de forma impecável, destacava os músculos definidos de seus braços.
— Você demorou, achei que ia me dar um bolo, poxa — falou , seu olhar carregado daquela familiar mistura de provocação e charme.
Sem responder, o puxei pelo braço, começando a andar rapidamente para evitar que Lourenço pudesse nos ver juntos.
— Leo, calma! Tem que andar mais devagar, poxa! — Lyan reclamou, tentando acompanhar meu ritmo. — O que você tem? Por que correr desse jeito?
— Foi mal... Alguém viu a gente ontem — respondi, recuperando o fôlego. — Só não viu meu rosto, graças aos céus, porque eu estava sem meu disfarce.
Lyan arqueou uma sobrancelha e me lançou um olhar que beirava a diversão.
— Primeiro, e daí? Você se preocupa demais com o que os outros pensam, sabia? — Ele deu de ombros, como se o assunto fosse irrelevante. — Segundo, tô morto de fome. Eu vou desmaiar, não comi nada ainda, ao contrário de você.
O tom casual dele me irritou, como sempre.
— Você nunca leva nada a sério, né, Lyan? É tudo sua culpa! — falei, apontando para ele.
— Minha culpa? Por quê? Até onde eu sei, não fiz nada — respondeu, dando-me um olhar de relance, claramente desinteressado no meu drama.
Eu sabia que a culpa não era dele. Na verdade, foi minha. Saí sem o disfarce e nem me preocupei em voltar de forma discreta depois do passeio. Minha mente estava uma bagunça depois do beijo no lago.
— E por que... esqueci? — murmurei, mais para mim mesmo do que para ele.
— Você tá falando sozinho agora? — Lyan perguntou, rindo de leve e dando de ombros. — Começa a falar e para no meio, que doido.
— Você é insuportável, sabia? — rebati, tentando mudar de assunto. — O que pretende fazer agora sobre a gente?
— Um insuportável que você adora o óbvio, Leonardo. Agir como casal — afirmou , enfatizando a palavra "casal" como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Tentei manter um tom firme, mesmo que estivesse longe de me sentir assim por dentro.
— Já te disse, eu e você não somos um casal. Só estou fingindo para você me ajudar com o André.
Foi então que ele se aproximou de mim de forma abrupta, reduzindo a distância entre nós a meros centímetros. Seu rosto estava perto demais. Aqueles olhos brilhavam com uma confiança irritante, e o sorriso de lado, que só ele sabia fazer,meu coração martelar no peito.
— Você pode estar fingindo, mas eu não — disse, a voz baixa e carregada de uma intensidade que me fez engolir em seco.
— Dá pra falar sério pelo menos uma vez na vida, Lyan? — Rebati , perplexo, parecia que Lyan não estava sendo nada irônico.
— Nunca falei tão sério como agora, amor.
"Amor." Ele só me chamava assim para provocar. Era o mesmo apelido que usei quando menti para o André sobre sermos namorados. Eu sabia disso... ou será que não era apenas provocação?
— Então você tá falando sério sobre a gente? Como assim, Lyan? — Indaguei, minha voz saindo mais hesitante do que gostaria.
— Estou falando sério sobre isso virar algo real, e você, querido, você vai gostar de mim de verdade. Se é que já não tá gostando — respondeu, o sorriso no rosto deixando claro que sabia exatamente o que estava fazendo comigo.
A presunção dele era insuportável. Esse deveria ser o verdadeiro apelido dele, não "Coringa". Já disse mil vezes que não sou gay, mas minha mente insistia em me contrariar. A verdade era que parte de mim estava começando a duvidar.
— Nunca vou gostar de você — falei, sentindo minha voz fraquejar enquanto a insegurança transbordava. — E sobre falar da nossa relação, nem tem necessidade. O único que precisa saber é o André, e ele já sabe.
As palavras mal saíram da minha boca, e vi a expressão de Lyan endurecer. Um frio percorreu meu estômago, e arrependimento imediato tomou conta de mim. Por que eu tinha dito isso?
— Chega, Leo. Eu tô aqui sendo sincero com você. Não sou seu brinquedinho, não, cara. Tô ficando de saco cheio. Sei que você tá confuso aí na sua cabeça — ele respirou fundo, tentando se controlar —, posso até ser compreensivo, porque já passei por isso um dia, mas não sou um segredo obscuro seu, não, porra. E já disse: pra mim é real, e quero que todos saibam que estou com você.
Ele cruzou os braços, o olhar firme, deixando claro que falava sério. Sua postura impunha uma autoridade inesperada, e eu me senti ainda menor diante dele.
— Desculpa — murmurei, baixando o olhar. Minha voz saiu quase um sussurro, carregada de vergonha. —Não quis te magoar. Eu que pedi sua ajuda, agora tô sendo mala falando isso.
— Esquece isso, Leo. Vamos só seguir juntos. Por que senão ficamos perto? Como você vai gostar de mim, afinal de contas? Não mesmo.
A mudança em seu tom, agora leve e divertido, me pegou de surpresa. Ele tentou aliviar o clima, e eu fiquei estático, observando o sorriso sutil que brincava em seus lábios.
— Lyan, eu...
— Você, nada, Leo. Vamos entrar pra comer logo. Se você continuar enrolando e não se mover, vou te beijar — ele disse, com um tom ameaçador que soava mais provocativo do que sério.
Por mais que ele brincasse, algo na sua intensidade fazia meu coração disparar. Balancei a cabeça, tentando afastar o estado de choque.
— O que quer dizer com gostar de você? Você tá falando bobagens. Isso nunca vai acontecer. Eu nunca iria gostar de alguém como você de forma romântica — rebati, quase gritando, mas sentindo que estava tentando convencer mais a mim mesmo do que a ele.
Lyan se inclinou para mais perto, seu olhar brilhando com um desafio perigoso.
— Você gostaria de fazer uma aposta?
A memória do que aconteceu no lago veio à tona, e minha confiança, que já era frágil, desmoronou de vez.
— Não — respondi rapidamente, agarrando o braço dele e o puxando para dentro da lanchonete, na esperança de mudar o rumo da conversa. — Você não disse que tava morrendo de fome?
— Você é um gato assustado, isso sim — provocou, enquanto se sentava em uma das mesas com um sorriso travesso nos lábios.
Assim que nos acomodamos, ouvi alguém murmurar ao longe:
— Que diabos eles estão fazendo juntos?
Lyan, completamente alheio ao burburinho, pegou o cardápio com calma e disse:
— Ignora eles. Eu sempre faço isso.
Era fácil falar para ele. Lyan era o popular, enquanto eu era o nerd deslocado que todos olhavam de cima. Observei algumas expressões de choque ao nosso redor, tentando absorver o conselho dele. Respirei fundo, endireitando os ombros, e forcei minha atenção para o cardápio.
Meu estômago roncou ao lembrar que eu mal tinha tocado na comida enquanto conversava com Nathan. Agora, sentia a fome me atingir com força.
Pedi um lanche natural com suco de abacaxi, enquanto Lyan escolheu um croissant com café preto. Tentei me concentrar nos movimentos do garçom anotando os pedidos, repetindo mentalmente como um mantra: "Ignora os olhares." Mas, inevitavelmente, meus olhos desviaram, captando algumas pessoas nos observando. Assim que perceberam, disfarçaram rapidamente, mas o desconforto ficou comigo.
Por sorte, a comida chegou rápido. O garçom, visivelmente nervoso, se aproximou de mim antes de colocar os pratos na mesa.
— Senhor, seu suco de abacaxi vai demorar um pouco. Me atrapalhei no seu pedido por ser novato e só percebi meu erro quando o lanche já estava pronto. Lamento o ocorrido. Se quiser reclamar com o gerente, eu vou entender.
Ele parecia tão arrependido que, por um instante, esqueci dos olhares.
— Tá tudo bem, acontece. Obrigado por me avisar. Não vou reclamar, pode ficar tranquilo — respondi, tentando soar o mais sincero possível.
O garçom abriu um sorriso aliviado e agradeceu várias vezes antes de voltar ao trabalho. Quando dei a primeira mordida no lanche , não consegui conter um gemido baixo de satisfação.
— Isso tá realmente delicioso — murmurei, entre uma mordida e outra.
Lyan parou de mexer no café e tremeu levemente ao ouvir minha reação. Com um sorriso que só ele tinha, comentou casualmente:
— Sabe, Leo, há algo mais delicioso do que isso.
As palavras dele me pegaram de surpresa, e meus olhos se arregalaram. Engasguei levemente com o lanche, tossindo para disfarçar. Quando recuperei o fôlego, percebi o brilho de desejo nos olhos dele. Aquilo fez algo dentro de mim aquecer, um calor familiar e perturbador que eu tentava ignorar.
Sem perceber, meus olhos se fixaram nos lábios de Lyan, levemente avermelhados e carnudos, que eu já havia provado em três momentos. Agora, tudo em mim gritava para repetir aquilo, ali mesmo, sem pensar nas consequências.
— Se você quiser, Leo, posso te dar uma amostra. Não precisa ficar encarando assim — seus dedos escorreram pela minha face, acariciando a lateral da minha bochecha de maneira íntima. Com seus olhos verdes, ele analisou cada reação minha.
Pisco meus cílios rapidamente, ainda perplexo pela reação do meu corpo. Minha vontade estava prestes a ceder ao impulso, meu corpo agindo quase sem controle, quando a voz do garçom irrompeu no ar.
— Aqui está seu suco, senhor. E desculpa novamente pelo engano.
Agradeci com um aceno apressado, sem olhar para o garçom, e me forcei a voltar ao meu lanche. Comi e bebi meu suco em um ritmo quase frenético, tentando distrair minha mente e acalmar o turbilhão de sentimentos que Lyan despertava.
Assim que terminei, levantei abruptamente, pegando ele de surpresa.
— Já vou indo na frente — anunciei, evitando olhar para Lyan . Não esperei por uma resposta e saí apressado da lanchonete, sentindo meu coração martelar no peito.
— Leonardo, espera! — ouvi a voz de Lyan me chamar, mas continuei andando. Meus passos, no entanto, começaram a diminuir de ritmo.
Não queria fugir dele, não exatamente. Estava fugindo de mim mesmo, dos sentimentos que me confundiam e me assustavam. Mesmo assim, enquanto andava mais devagar, deixei uma pequena parte de mim torcer para que ele viesse atrás. Não queria ficar longe, ainda que não fosse capaz de admitir isso em voz alta.
Continuei caminhando, já fora do campus, até chegar a um parque próximo. Era um lugar tranquilo, com árvores altas que filtravam a luz do sol e um lago onde patos nadavam preguiçosamente. Meus olhos foram atraídos pelas pequenas ondas na água, criadas pelo movimento deles. Por um momento, tentei focar naquela cena calma, na esperança de que meu coração seguisse o exemplo.
Mas a paz que eu buscava não vinha. Dentro de mim, havia uma tempestade. Era uma luta constante entre duas vontades opostas: agarrar com todas as forças o que eu sentia perto do Lyan e, ao mesmo tempo, rejeitar esse sentimento com todo o meu ser.
O medo me consumia. Sabia o que aceitar isso significava: perder meu pai, minha única família. Já podia imaginar a decepção no rosto dele, os olhares de julgamento, as palavras duras que certamente viriam. Era como se uma parte de mim estivesse presa em uma jaula, sem saída.
Por mais que eu quisesse acreditar que isso era apenas uma fase, algo que passaria com o tempo, já sabia a verdade. Esse sentimento não ia desaparecer, nem mesmo se tentasse fugir de Lyan. Não tinha a ver com proximidade física. Era ele, o jeito dele, o calor que trazia à minha vida. E isso me apavorava.
Enquanto mergulhava nesses pensamentos, ouvindo apenas o som suave da água, passos atrás de mim quebraram o silêncio. No começo, pensei que fosse Lyan, me seguindo como sempre fazia. Me virei, já planejando uma resposta breve, talvez até um pouco defensiva.
Mas não era ele.
Ao invés disso, vi três rostos desconhecidos. Homens altos, com expressões frias e intenções que pareciam bem longe de algo amistoso. Eles pararam a poucos metros de mim, seus olhos me avaliando de forma desconfortável. Meu estômago revirou.
— Que vocês querem?— murmurei em tom baixo e calmo enquanto esperava aqueles caras estranhos se aproximarem de mim.
— Queremos saber por que você incomoda tanto o Lyan, afinal de contas — um deles, o de camiseta mostarda, disse quando os três finalmente se aproximaram.
— Eu não estava incomodando o Lyan — respondi friamente. Ele tinha me chamado para o café da manhã, então era pura verdade. Fora que quem enchia minha paciência eram ele, e não ao contrário.
— Como se atreve a negar?— o cara de camiseta mostarda disse enquanto os outros me cercavam.— Vi você até ter a audácia de se sentar junto com ele para comer.
Balancei a cabeça, irritado. Ele nem me conhecia e, pelo visto, também não sabia nada sobre o Lyan. Era só papo furado. O fato de um popular andar comigo parecia ser um problema para eles. Suspirei, tentando me acalmar.
— Se você não acredita, tanto faz. Não tô nem aí e poderia estar me lixando menos para sua opinião sobre isso. Eu já disse a verdade — afirmei firmemente .
— Estou avisando pela última vez: fica longe do Lyan! — gritou o cara de camisa mostarda, como se isso fosse me assustar.
— Ah, que peninha — respondi revirando os olhos .— Lamento muito te decepcionar, mas, infelizmente,não posso fazer isso.
— Ué, por que não pode? — ele perguntou, arqueando as sobrancelhas.
— Porque, meu caro, o Lyan é meu namorado — disse, sorrindo mais largo.
Não sei por que falei isso, mas, ao fazê-lo em voz alta, foi como se uma das barreiras que tenho em volta do meu coração desmoronasse ali mesmo. Senti uma sensação de alívio, como se um peso saísse do meus ombros...
Os três caras ficaram momentaneamente em silêncio, encarando-me como se eu tivesse acabado de falar algo absurdo demais para processarem. A surpresa foi instantânea , mas logo deu lugar à raiva evidente no rosto do cara da camiseta mostarda.
— Namorado?— ele repetiu, como se a palavra fosse um insulto. — Tá de brincadeira, né?
Mantive o sorriso no rosto, mesmo sentindo meu coração acelerar. Se é para provocar, que seja direito.
— Não estou brincando — respondi com firmeza, cruzando os braços.—
Lyan e eu estamos juntos. Ele me chamou aqui hoje, e acredite, Lyan gosta da minha companhia mais do que vocês imaginam.
— Você tá mentindo!— o cara de camiseta mostarda deu um passo à frente, mas os outros dois o seguraram. Ele parecia prestes a explodir. — O Lyan jamais sairia com alguém como você!
Antes que eu pudesse responder, uma voz familiar cortou o ar como uma lâmina:
— E por que não sairia?
Todos viramos ao mesmo tempo para ver Lyan parado a poucos metros de distância. Ele tinha os braços cruzados e um olhar que misturava diversão e frieza. Aquele olhar que só ele sabe dar quando quer intimidar alguém.
— L-Lyan... — o cara de camiseta mostarda começou, agora visivelmente menos confiante.
— Eu realmente quero ouvir essa resposta — Lyan continuou, aproximando-se lentamente. — O que faz você pensar que eu não sairia com ele? Hein?
Os três ficaram em silêncio, e Lyan parou ao meu lado, colocando uma mão no meu ombro. Senti o calor da sua presença, e meu coração, que antes estava disparado por nervosismo, começou a se acalmar.
— Escutem bem— Lyan disse, a voz baixa e ameaçadora.— Leonardo é meu. Se vocês têm algum problema com isso, então têm um problema comigo.
Os caras trocaram olhares nervosos, mas, antes que dissessem algo, Lyan deu um passo à frente, obrigando-os a recuar.
— Estamos entendidos? — ele perguntou, inclinando ligeiramente a cabeça.
— Sim... entendi — o da camiseta mostarda murmurou, olhando para os outros dois, que acenaram em concordância.
— Ótimo— Lyan respondeu, um sorriso satisfeito no rosto. —
Agora, sumam da nossa frente antes que eu perca a paciência.
Eles não precisaram ouvir duas vezes. Em segundos, os três estavam longe, correndo apressados e lançando olhares nervosos por cima do ombro.
Quando eles desapareceram, Lyan voltou-se para mim, os olhos brilhando com diversão.
— "Namorado", hein? — provocou, arqueando uma sobrancelha.— Quem diria que você falaria isso primeiro. Jurava que seria somente eu a dizer isso.
Senti meu rosto arder intataneamemente e desviei o olhar, tentando não demonstrar a enxurrada de emoções que me inundavam.
— Só disse isso para eles pararem de encher o saco não significa que mudou alguma coisa — murmurei, incapaz de encará-lo.
— Hmm, sei...— Lyan disse, dando um passo mais perto. Sua voz era suave, mas carregava aquela nota de provocação que fazia meu coração disparar. — Então foi só para se livrar deles? Nada mais?
— Exatamente. — Cruzei os braços e fingi indiferença, mas sabia que meu rosto estava vermelho como um tomate.
Lyan riu baixo, aquele som rouco que me deixava desconcertado.
— Tudo bem, Leo.Posso fingir acreditar. Mas só para deixar claro...
— Ele se inclinou mais perto, até que nossos rostos estivessem a poucos centímetros de distância.— Aceita que doi menos você é a meu.
Meu coração pulou no peito, e antes que eu pudesse responder, ele se afastou com um sorriso satisfeito e começou a caminhar de volta em direção ao campus .
— Vamos, "namorado". O dia ainda não acabou.
Fiquei parado por alguns segundos, tentando recuperar o fôlego e o controle das minhas emoções. Lyan sabia exatamente como me desarmar, e, naquele momento, eu não sabia se o odiava por isso... ou se estava começando a ceder ao que mais temia. Gostar dele de verdade.
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Atualizado até capítulo 52
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