Forbidden Secrets - Livro 1
[ Le Suquet, Cannes - França ]
Camila Vasquez | 6:20 AM
Estava sentada em minha cadeira giratória de couro branco, com o som abafado da cidade ao fundo, filtrado pelas janelas panorâmicas que ocupavam toda a parede do meu apartamento. O relógio no canto do monitor marcava 6:20 da manhã, e o céu ainda tingido em tons de azul claro e dourado parecia quase calmo, um contraste gritante com a inquietação que tomava conta de mim.
Minha mesa, organizada até de forma obsessiva, era um reflexo do controle que eu precisava manter. Pastas alinhadas em um canto, o brilho suave de uma luminária de design moderno iluminando os papéis que espalhei sobre a superfície de madeira clara. Cada relatório financeiro da Stark Motors estava ali, esperando minha atenção.
Tinha passado a noite revisando os números, procurando incongruências ou algo que pudesse justificar a estranha movimentação que apareceu na última semana. Não era apenas uma questão profissional, era um instinto. Algo estava errado, e eu sabia que Nicolas Stark estava envolvido, de alguma forma.
Respirei fundo, tentando ignorar o desconforto crescente. Peguei minha caneca de café — a terceira da noite — e encarei a vista lá fora. A cidade já começava a despertar, os prédios ao longe acendendo suas luzes como uma orquestra sincronizada. Era bonito, quase reconfortante, mas o peso que carregava me impedia de apreciar.
Minha atenção voltou aos papéis quando uma notificação surgiu no celular. Era um e-mail da assistente de Nicolas, relembrando a reunião daquela manhã. Pontualidade será essencial, dizia. Claro que seria. Ele gostava de deixar claro que todos estavam sob seu controle.
Passei a mão pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais, e olhei para o reflexo no vidro da janela. Eu parecia exausta, mas não tinha tempo para pensar nisso. Tinha que provar que era mais do que capaz. Não só para ele, mas para mim mesma.
Quando o relógio marcou 6:45, levantei-me e caminhei até o quarto. O traje escolhido — um conjunto sóbrio, mas elegante — estava pendurado na porta do closet. Não era apenas uma questão de estilo, mas de armadura. Trabalhar na Stark Motors exigia mais do que habilidade: exigia presença.
Enquanto me preparava, meus pensamentos continuavam voltando para Nicolas. Seu olhar frio e calculista, a maneira como ele parecia perceber tudo sem dizer uma palavra. Algo nele sempre me irritou, mas agora... agora havia algo mais. Um mistério que eu precisava desvendar.
O dia estava só começando, e eu sabia que, ao final dele, estaria ainda mais perto de descobrir a verdade — ou de me perder no meio dela.
[ Stark Motors, Cannes - França ]
Nicolas Stark | 7:30 AM
Se há algo que aprendi ao longo dos anos, é que controle é tudo. Na Stark Motors, nada, absolutamente nada, acontece sem que eu saiba. Não há espaço para erros, distrações ou desculpas. E era exatamente isso que fazia daquela manhã particularmente irritante.
Estava em minha sala, no topo do prédio da empresa, cercado por vidro e aço. A vista dali era tão grandiosa quanto fria, exatamente como eu preferia. Barueri se estendia à minha frente, o sol refletindo nos prédios de linhas modernas. Um lembrete constante do que eu havia construído e do que ainda estava por vir.
Passei os olhos pela tela do computador, analisando os relatórios do último trimestre. Tudo estava perfeitamente alinhado — ao menos à primeira vista. Mas havia algo fora do lugar, algo que escapava dos olhos treinados da maioria. E, infelizmente, Camila Vasquez parecia estar a um passo de descobrir.
Camila.
Só de pensar nela, um misto de irritação e fascínio tomava conta de mim. Desde o momento em que ela entrou para a equipe jurídica da Stark Motors, soube que seria um problema. Não só pela competência inquestionável, mas pela obstinação que ela carregava. Era como se ela não soubesse quando parar. Uma qualidade admirável em teoria, mas que, no meu mundo, era perigosa.
Passei a mão pelo queixo, sentindo a leve aspereza da barba que não tive tempo de fazer. Não era a primeira vez que um funcionário tentava se meter onde não devia, mas Camila... ela era diferente. Não apenas uma peça no tabuleiro, mas uma jogadora.
Uma notificação soou no celular, e meu olhar se estreitou ao ler o lembrete da reunião com ela. Ótimo. Mais uma oportunidade para testá-la, para avaliar até onde ela estaria disposta a ir.
Levantei-me e caminhei até a janela, as mãos nos bolsos do paletó. A cidade abaixo parecia tão pequena, tão insignificante, mas cada detalhe importava. Assim como cada decisão minha.
Camila achava que estava se aproximando da verdade, mas o que ela ainda não sabia era que eu já tinha um plano. Sempre tenho.
E, se ela insistir em seguir por esse caminho perigoso, terei que decidir se é mais interessante deixá-la cair... ou trazê-la para mais perto.
Porque, no fundo, há algo nela que me intriga. Algo que desafia a lógica e o controle que tanto prezo.
Mas isso não importa. Não pode importar.
O relógio marcava 7:30. Hora de jogar.
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Atualizado até capítulo 40
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