[Chateau Du Soleil, Cannes – França]
Camila Vasquez | 22:30 PM
Minha mente trabalhava em um ritmo meticuloso enquanto observava Giovanna Lacroix se afastar de Nicolas. Ela caminhava como uma rainha em seu reino, mas havia algo em sua postura que me dizia que a confiança dela era calculada, quase ensaiada.
Se ela quer jogar, estou pronta, pensei, ajustando a postura e respirando fundo. Era minha chance de me aproximar e, quem sabe, arrancar alguma informação. Sabia que lidar com alguém como Giovanna era como pisar em gelo fino: um movimento em falso, e eu poderia afundar.
Vi quando ela parou perto de uma pequena mesa, onde um garçom acabava de servir uma taça de vinho tinto. O sorriso em seu rosto era uma máscara, e o modo como seus olhos varreram o salão demonstrava que ela estava tão atenta quanto eu.
Peguei minha taça de champanhe e caminhei até ela com passos calculados, cada movimento pensado para exalar confiança. Giovanna notou minha aproximação antes mesmo que eu dissesse algo, sua expressão permanecendo tão impecável quanto seu vestido preto de alta costura.
Camila: Giovanna, eu estava pensando... já que Nicolas parece ocupado, talvez você possa me ajudar com algo.
Seu olhar, frio e avaliador, me analisou como quem observa uma peça de xadrez. Ela sorriu, mas era um sorriso de advertência, não de acolhimento.
Giovanna: Claro, querida. Mas espero que não esteja prestes a me fazer perder tempo. Eu detesto isso.
Ignorei a provocação e mantive o tom leve, como se não tivesse percebido sua tentativa de me intimidar.
Camila: Você conhece todos por aqui, certo? Estou tentando entender melhor como essas... festas funcionam. Sempre achei fascinante como algumas pessoas conseguem transformar um simples evento em um verdadeiro espetáculo de poder.
Ela inclinou a cabeça, o sorriso se alargando. Giovanna era esperta e sabia que eu estava tentando extrair algo, mas também parecia intrigada com minha abordagem.
Giovanna: Ah, Camila, você é tão ingênua. Esses eventos não são sobre poder. Pelo menos, não no sentido óbvio.
Camila: Então, me ilumine. Parece que você tem bastante experiência com isso.
Giovanna: Digamos que eu entendo como as peças se movem nesse tabuleiro. Mas vou te dar um conselho gratuito: não se envolva com algo que você não pode controlar.
Havia algo em sua voz que era ao mesmo tempo um aviso e um desafio. Meu instinto dizia para insistir, mas precisava ser cuidadosa.
Camila: Controlar é uma palavra interessante. Suponho que seja por isso que você e Nicolas trabalham tão bem juntos.
Ela riu, e por um segundo, quase acreditei que ela achava graça genuína no que eu disse.
Giovanna: Ah, Nicolas e eu somos como duas forças da natureza. Nós nos complementamos, mas também sabemos o que cada um precisa fazer para manter as coisas... equilibradas.
A mensagem era clara: ela estava no controle, e eu era apenas uma espectadora. Mas eu não estava pronta para recuar.
Camila: Equilíbrio é essencial, especialmente quando se está lidando com algo tão... delicado.
Ela parou de sorrir por um instante, os olhos se estreitando. Percebi que tinha tocado em algo, mas antes que pudesse explorar mais, Giovanna se aproximou de mim, a distância entre nós diminuindo.
Giovanna: Deixa eu te explicar uma coisa, Camila. Você é esperta, mas está jogando um jogo para o qual talvez ainda não esteja preparada. Pessoas como você têm a tendência de achar que podem descobrir tudo, mas algumas portas, querida, não devem ser abertas.
O tom dela era cortante, como se cada palavra fosse uma lâmina.
Camila: E quem decide quais portas devem permanecer fechadas?
Giovanna: As pessoas que têm a chave.
Com isso, ela deu um sorriso triunfante e se afastou, me deixando sozinha com minha taça de champanhe e um amargo gosto de derrota.
Eu queria acreditar que tinha tirado algo daquela interação, mas a verdade era que Giovanna tinha me deixado exatamente onde queria: no escuro.
Observei enquanto ela se juntava a um pequeno grupo perto da varanda, sua risada ecoando pelo salão. Respirei fundo, tentando reorganizar meus pensamentos. Aquela mulher era uma adversária formidável, mas se ela achava que eu desistiria tão fácil, estava subestimando quem eu era.
Ainda havia muito a descobrir, e, apesar de tudo, eu sabia que aquele era apenas o começo.
[Chateau Du Soleil, Cannes – França]
Nicolas Stark | 23:05 PM
O brilho do salão parecia ofuscar os sentidos, mas minha mente estava focada em outro lugar. A conversa superficial entre os presentes me irritava. Palavras vazias, sorrisos ensaiados, todos tentando impressionar uns aos outros. Eu sabia jogar esse jogo, mas nem sempre tinha paciência para ele.
Me afastei para um canto mais discreto, próximo a uma mesa de bebidas. Era ali que os verdadeiros negócios aconteciam, longe das luzes e dos olhares curiosos. Um pequeno círculo de homens se formou rapidamente ao meu redor. Cada um deles com taças cheias e intenções bem mais obscuras do que qualquer um no salão imaginaria.
Antoine Roux, um empresário parisiense conhecido por sua paixão por adrenalina e apostas altas, foi o primeiro a quebrar o silêncio.
Antoine: Stark, você sumiu da última corrida. Achei que tivesse perdido o gosto pela emoção.
Ri baixo, ajustando o relógio no pulso. Antoine era um bom provocador, mas sabia o momento certo de parar.
Nicolas: O gosto não desapareceu, Roux. Só escolho minhas batalhas com mais cuidado.
Javier Delgado, um magnata espanhol que parecia mais interessado em competir do que em ganhar, inclinou-se para frente, sua voz baixa e cheia de intenção.
Javier: Dizem que uma nova corrida está sendo planejada. Algo grande, como há muito tempo não vemos. Você está dentro, Stark?
O brilho em seus olhos denunciava a ansiedade, mas mantive minha expressão neutra. Eu sabia como esses homens funcionavam: qualquer sinal de entusiasmo e eles tentariam usar isso contra você.
Nicolas: Depende. Onde e quando?
Antoine: A Riviera. Semana que vem. Uma pista particular perto de Saint-Tropez. O prêmio? Dez milhões para o vencedor.
Minha mente começou a calcular os riscos e as recompensas. Saint-Tropez era um local perigoso para uma corrida clandestina, mas dez milhões eram o suficiente para atrair os melhores – e os mais imprudentes.
Nicolas: Dez milhões é um bom incentivo. Mas e a segurança? A última coisa que precisamos é de autoridades francesas arruinando a festa.
Javier: Já cuidamos disso. As rotas foram escolhidas a dedo, e temos pessoas no lugar certo para garantir que ninguém nos incomode.
Houve uma pausa enquanto eu os observava. Esses homens eram confiáveis apenas até certo ponto. Todos tinham segundas intenções, e eu sabia que confiar cegamente em qualquer um deles seria um erro fatal.
Antoine: O que me diz, Stark? Ouvi rumores de que seu novo carro está pronto. Seria um desperdício não testá-lo.
Sorri de lado, o tipo de sorriso que não entregava nada, mas deixava claro que eu não era um homem fácil de pressionar.
Nicolas: Eu digo que estarei lá. Mas só se o prêmio for garantido. Não quero correr para ouvir desculpas no final.
Javier: Você me conhece. Eu sou um homem de palavra.
Assenti, embora soubesse que as palavras dele valiam menos do que o vinho barato que ele segurava.
Enquanto a conversa continuava, minha atenção foi brevemente desviada para o salão principal. Meus olhos captaram Camila novamente, parada perto de uma mesa, com uma expressão pensativa. Havia algo nela que eu não conseguia ignorar, mesmo quando tentava.
Antoine seguiu meu olhar e riu baixo, inclinando-se na minha direção.
Antoine: Camila Vasquez, não é? Bonita, mas... perigosa. Mulheres assim sempre têm segundas intenções.
Voltei meu olhar para ele, com um ar mais sério do que pretendia.
Nicolas: Todos nós temos segundas intenções, Antoine. Não é isso que nos mantém no jogo?
Ele ergueu a taça em um brinde silencioso, mas meu foco já havia voltado para Camila. Eu não sabia exatamente qual era o jogo dela, mas algo me dizia que não seria fácil sair ileso dessa história.
A corrida clandestina poderia esperar. Antes disso, havia outras batalhas para lutar – e Camila Vasquez parecia ser a mais intrigante de todas.
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Atualizado até capítulo 40
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