[ Villefranche-sur-Mer, Cannes – França ]
Camila Vasquez | 03:00 PM
A conversa com meus pais ainda martelava na minha cabeça, mas eu precisava de um tempo para processar tudo. A pressão que sentia estava se tornando insuportável. Olhei para o mar novamente, mas a vista, que antes parecia tranquilizadora, agora me parecia distante e fria.
Com um suspiro profundo, decidi que era hora de voltar para casa. Já havia sido o suficiente por hoje. Algo em mim dizia que eu precisava afastar tudo o que aconteceu e simplesmente respirar.
Entrei rapidamente na casa, peguei minhas coisas e fechei a porta com um leve estalo. Minha mente estava a mil, mas não era o momento de lidar com mais perguntas ou revelações. Eu estava exausta. O calor do dia parecia ter se infiltrado em cada parte de mim, e eu só queria encontrar algum refúgio.
Fui até o carro, o silêncio da estrada me acolhendo enquanto eu dirigia de volta para minha casa. A brisa fria que vinha pela janela aberta parecia me trazer um pouco de alívio, mas meus pensamentos não paravam de voltar àquelas palavras.
As palavras dos meus pais. O jeito que eles se referiram a Nicholas. Algo não estava certo, e eu sentia isso em cada fibra do meu ser.
Quando cheguei em casa, o ambiente parecia mais familiar, mais acolhedor. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que minha mente ainda estava longe, buscando respostas que nem eu sabia se estava pronta para encontrar.
Dei uma olhada ao redor, ainda tentando me acostumar com a ideia de que, de algum jeito, minha vida estava prestes a mudar. E por mais que eu tentasse negar, não podia ignorar a sensação de que Nicholas Stark era uma parte dessa mudança.
Eu entrei em casa, fechei a porta com um suspiro pesado e me deixei cair no sofá. A cabeça estava a mil. Como é que ele fazia isso? Como alguém podia ser tão... esquivo? Nicolás era, sem dúvida, um enigma, e eu estava cada vez mais convencida de que ele estava escondendo algo. Algo grande. Algo que, se eu soubesse, poderia me dar as respostas que eu tanto buscava.
O pensamento me assombrava há dias: eu precisava de mais informações. Só os meus métodos não seriam suficientes. Eu poderia até tentar, de novo, uma abordagem mais direta com ele, mas estava começando a entender que, com Nicolás, isso nunca seria o suficiente. Ele tinha uma habilidade impressionante de se manter longe das minhas perguntas. O que, definitivamente, não era normal.
Eu me levantei e fui até a mesa, pegando o celular com firmeza. Havia uma pessoa que poderia me ajudar a obter o que eu queria, uma pessoa que fazia o tipo de trabalho sujo que eu não queria admitir precisar. Mas, no final das contas, quando a situação se tornava pessoal, é necessário ir até os limites. E eu estava disposta a ir.
"Preciso de um raker. Alguém com habilidade para acessar arquivos privados. Urgente."
A mensagem foi enviada, e, de alguma forma, eu me senti aliviada, mas também suja, como se estivesse cruzando uma linha da qual não. pudesse voltar atrás. Mas, por mais que minha consciência batesse, eu sabia: eu precisava saber. Eu precisava entender o que estava acontecendo com Nicolás. E, mais importante, o que ele estava tentando esconder de mim.
A resposta, quando chegasse, não seria mais do que uma confirmação do que eu já sentia. Eu só esperava que, ao final, valesse a pena.
[Bar Cannes, Cannes – França]
Nicolas Stark | 23: 45 PM
A noite já tinha caído, mas a pressão ainda estava ali, como um peso nas minhas costas. O bar estava lotado, o som da música misturado ao burburinho de vozes criando uma atmosfera tensa, quase sufocante. Tyler e Kaleb estavam comigo, bebendo, rindo e conversando sobre as trivialidades do mundo. Eu não estava nem um pouco interessado. Minhas mãos apertavam o copo de whisky, mas minha mente estava em outro lugar.
Camila. Sua imagem não saía da minha cabeça. Desde aquele encontro em Villefranche-sur-Mer, a coisa tinha tomado uma proporção que eu não sabia como controlar. Ela estava diferente, mais alerta, mais... curiosa. Como se soubesse que eu estava escondendo algo. Algo que, se ela descobrisse, não poderia voltar atrás.
Kaleb: Você está bem, mano? — Kaleb perguntou, quebrando meu transe. Sua voz rouca se destacava entre a música alta. Ele me olhava com um sorriso de quem estava vendo mais do que eu queria que vissem.
Nicolas: Claro — respondi, sem sequer pensar. Levantei o copo e dei mais um gole, tentando disfarçar a sensação de desconforto que me apertava o peito. — Só... pensando.
Tyler, ao meu lado, balançou a cabeça.
Tyler: Você tem uma cara de quem está pensando demais, cara. Não é bom. — Ele riu, mas eu sabia que ele tinha visto algo. Sabia que, de alguma forma, todos os meus amigos estavam começando a perceber que algo estava errado. E, se eu continuasse assim, não ia conseguir esconder por muito mais tempo.
Nicolas: Não é nada — falei, tentando afastar o assunto. — Vamos deixar isso pra lá.
Kaleb inclinou-se para frente, olhando-me com um sorriso de canto.
Kaleb: Você já pensou em parar de fugir, Nicholas? — Ele sabia que eu sempre fugia, que sempre deixava as coisas mais complicadas para depois. Mas eu não estava pronto para encarar a verdade. Não agora. — A garota está mexendo com sua cabeça, certo?
Não consegui evitar.
Nicolas: Ela sabe. Sabe algo. E está começando a me perguntar coisas que... não quero responder.
Ambos ficaram em silêncio por um momento, apenas observando. Kaleb deu de ombros, como se não fosse grande coisa.
Nicolas: Você sabe o que fazer, certo? Só precisa decidir se vale a pena.— Ele parecia tranquilo demais para alguém que sabia o que estava acontecendo.
Nicolas: Vale a pena o quê? — Perguntei, não conseguindo disfarçar o tom de frustração na minha voz. — Deixar que ela me descubra? Deixar que ela veja tudo? Eu não posso fazer isso.
Tyler, que estava mais calmo, recostou-se na cadeira e falou com um tom mais sério.
Tyler: Às vezes, a gente não tem escolha. E, pelo visto, Camila não vai deixar você se esconder por muito mais tempo.
Eu olhei para os dois, a verdade começando a se formar na minha cabeça. Eles estavam certos, mas, mesmo assim, a ideia de que ela estivesse cada vez mais perto de entender o que estava acontecendo, de me ver por completo, me aterrorizava. Havia coisas que eu não podia deixar que ela soubesse. Coisas que poderiam destruir o que estava começando a crescer entre nós.
Mas, de alguma forma, eu sabia que, se fosse mesmo o que eu pensava, seria inevitável. E, quando a hora chegasse, eu teria que enfrentar as consequências.
O bar estava ficando mais barulhento, e as conversas ao meu redor começavam a se fundir em um caos indistinto. Mas minha mente estava longe dali. Pensando nela. Pensando em como seria quando Camila finalmente descobrisse o que eu estava escondendo. E se seria possível salvar algo depois disso.
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Atualizado até capítulo 40
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