[ Le Suquet, Cannes – França ]
Camila Vasquez | 08:15 AM
A luz da manhã atravessava as janelas do escritório, banhando os corredores em um brilho dourado. Eu ainda sentia o peso da noite anterior em meus ombros. O encontro com Giovanna e os homens com quem Nicolas conspirava rondava minha mente como uma sombra incômoda. Mas, como sempre, o trabalho chamava, e eu não tinha o luxo de me perder em devaneios.
Entrei no prédio da Stark Motors com passos firmes, tentando projetar a confiança que, naquele momento, estava em falta. Meus sapatos batiam ritmicamente contra o piso de mármore, ecoando no saguão silencioso.
— "Bom dia, Camila."
A voz de Sophie, a recepcionista, me tirou dos pensamentos. Respondi com um sorriso rápido antes de apertar o botão do elevador.
Cheguei à minha mesa e comecei a organizar os papéis que Nicolas havia deixado espalhados no dia anterior. Ele era meticuloso nos negócios, mas caótico em tudo que envolvia organização.
Eu estava revisando um contrato quando ouvi a porta do escritório dele se abrir. Como sempre, o som de seus passos firmes enviou um arrepio pela minha espinha antes mesmo de ele aparecer.
Nicolas: Camila — sua voz soou baixa e controlada, — precisamos conversar. Agora.
Levantei os olhos, encontrando o olhar sério dele. Ele estava com as mangas da camisa arregaçadas, o cabelo impecavelmente arrumado, mas os olhos revelavam algo além do habitual controle — um misto de curiosidade e algo que eu não conseguia definir.
Camila: O que posso fazer por você, Nicolas? — perguntei, tentando manter o tom profissional enquanto seguia para a sala dele.
Ele esperou que eu entrasse antes de fechar a porta. Algo sobre o gesto parecia deliberado, como se quisesse garantir privacidade.
Nicolas: Você parecia distraída ontem à noite — ele começou, sentando-se na cadeira de couro e me observando com atenção. — Algo incomodou você?
Camila: Distraída? Não vejo como isso importa para o trabalho — respondi, cruzando os braços defensivamente.
Nicolas: Importa para mim — ele rebateu, sem hesitar. — Você está escondendo algo, Camila? Ou será que foi a conversa com Giovanna que mexeu tanto com você?
A menção dela fez meu coração acelerar. Era claro que ele estava tentando me provocar, mas a intensidade no olhar dele era desconcertante.
Camila: Nicolas, se me chamou aqui para me interrogar sobre minha vida pessoal, talvez devêssemos voltar a discutir o contrato de Saint-Tropez — sugeri, tentando desviar o foco.
Ele inclinou a cabeça, avaliando-me como um predador avaliaria sua presa.
Nicolas: Interessante — disse ele, ignorando minha tentativa de mudar o assunto. — Você sempre tem essa barreira, como se estivesse tentando proteger algo. Me pergunto o quê.
Camila: Todos têm algo que querem proteger — respondi, mantendo minha voz calma. — Incluindo você.
Um sorriso lento surgiu em seus lábios, como se eu tivesse tocado em um ponto sensível.
Nicolas: Eu não estou acostumado a ser questionado, Camila. Mas você... tem uma maneira única de fazer isso. Por que veio trabalhar aqui? De verdade. Não me diga que foi apenas pelo salário.
Eu inspirei fundo, sabendo que ele estava me desafiando. Nicolas tinha um talento especial para desestabilizar as pessoas, e eu não queria dar a ele o prazer de me ver ceder.
Camila: Por que a pergunta, Nicolas? Está preocupado com minha motivação ou apenas curioso demais?
Ele se inclinou para frente, os cotovelos apoiados na mesa, os olhos fixos nos meus.
Nicolas: Estou tentando entender você, Camila. Só isso.
Camila: Então talvez você devesse começar entendendo que algumas perguntas não precisam de respostas — retruquei, levantando-me.
Nicolas se recostou na cadeira, o sorriso ainda nos lábios, mas algo em seus olhos parecia mais sério agora.
Nicolas: Você tem razão. Algumas perguntas não precisam de respostas... ainda.
Enquanto eu me virava para sair, ouvi sua voz novamente, baixa e quase imperceptível:
Mas vou descobrir tudo eventualmente.
[ Stark Motors, Cannes – França]
Nicolas Stark | 08:45 AM
Ela entrou no escritório como fazia todas as manhãs: altiva, profissional, mas com uma pontada de desafio nos olhos. Camila Vasquez era um mistério cuidadosamente embalado, e eu não gostava de mistérios.
Desde o momento em que coloquei os olhos nela, algo não fazia sentido. Ela era boa demais, eficiente demais, segura demais. Não era o tipo de pessoa que simplesmente se contentava em trabalhar como Advogada corporativa Ela tinha um objetivo maior, mas não fazia questão de me revelar qual.
E eu estava decidido a descobrir.
Afinal, se ela estava escondendo algo, eu tinha minhas próprias armas para fazê-la falar. E não eram contratos ou interrogatórios formais. Não, eu preferia um método mais... sutil.
Nicolas: Camila — chamei, da porta do meu escritório. Ela ergueu os olhos de sua mesa, com aquele olhar que sempre me desafiava, como se dissesse que não tinha tempo para meus jogos. Perfeito. — Preciso de você na minha sala.
Ela hesitou por um segundo — o bastante para me indicar que estava tentando medir minhas intenções. Interessante. Ela não era apenas competente; era esperta. Isso tornava tudo ainda mais... instigante.
Esperei que ela entrasse antes de fechar a porta. Meus movimentos eram deliberados, cada passo uma peça de um jogo que eu sabia jogar melhor do que ninguém.
Camila: Sobre o que é a reunião? — ela perguntou, direta como sempre.
Inclinei-me contra a borda da mesa, cruzando os braços.
Nicolas: Quero falar sobre ontem à noite.
Ela congelou por um instante, quase imperceptível. Mas eu notei. Ah, sim, ela tinha algo a esconder.
Camila: Ontem à noite? — repetiu, como se não soubesse do que eu estava falando.
Nicolas: Você parecia desconfortável. Distraída. Algo aconteceu?
Camila: Não vejo como isso importa para o trabalho, Nicolas.
A resposta veio rápida, mas havia algo no tom dela — algo defensivo. Isso apenas confirmava minhas suspeitas.
Nicolas: Importa para mim — respondi, deixando minha voz cair em um tom mais baixo, mais pessoal. Dei um passo em sua direção, diminuindo a distância entre nós. Eu sabia como usar minha presença para desestabilizar, e Camila não era exceção. — Você sempre se mantém tão... fechada — continuei. — Por quê? O que está tentando proteger?
Ela me olhou, os olhos Verdes brilhando com determinação. Ela era boa em mascarar suas emoções, mas eu era melhor em lê-las.
Camila: Todos têm algo que querem proteger — disse ela, firme. — Inclusive você.
Um sorriso lento curvou meus lábios. Ela era ousada. Eu gostava disso.
Camila: Você está certa. Mas eu não sou o foco dessa conversa, Camila. Você é.
Dei mais um passo, ficando perto o suficiente para sentir a tensão no ar. Ela não recuou, mas eu podia ver a rigidez em sua postura. Eu estava ganhando terreno.
Nicolas: Por que veio trabalhar aqui? Não me diga que foi apenas pelo salário — perguntei, inclinando a cabeça, como se estivesse verdadeiramente interessado.
Camila: Por que a pergunta, Nicolas? Está preocupado com minha motivação ou apenas curioso demais?
O tom dela era desafiador, mas eu vi algo mais ali — uma leve quebra em sua máscara. Ela não estava tão inabalável quanto queria parecer.
Nicolas: Estou tentando entender você, Camila. Só isso.
Ela riu, mas foi um riso curto, vazio.
Camila: Então talvez você devesse começar entendendo que algumas perguntas não precisam de respostas.
Ela se levantou, pronta para sair, mas eu não estava disposto a deixá-la escapar tão facilmente.
Nicolas: Algumas perguntas não precisam de respostas... ainda — murmurei, observando enquanto ela colocava a mão na maçaneta.
Ela hesitou, apenas por um segundo, antes de sair sem olhar para trás.
Sozinho na sala, passei uma mão pelos cabelos, sorrindo para mim mesmo.
Camila Vasquez era um quebra-cabeça. Mas não havia mistério que eu não pudesse resolver.
Se a chave para isso era seduzi-la, entrar em sua mente e fazê-la baixar a guarda, então que assim fosse. Eu era paciente, metódico. E, acima de tudo, sabia jogar esse jogo melhor do que ninguém.
O que quer que Camila estivesse tramando, ela não tinha ideia de com quem estava lidando.
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Atualizado até capítulo 40
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