[ Le Suquet, Cannes - França ]
Camila Vasquez | 16:30 PM
Era uma tarde ensolarada de sábado, e a casa estava envolta em um clima de tranquilidade. Nossa pequena sala, com paredes pintadas de tons pastel e decorada com fotografias antigas que eu adorava colecionar, parecia ainda mais aconchegante com o aroma de café recém-passado que Yara tinha preparado.
Sasha estava deitada no sofá, as pernas penduradas no braço do móvel enquanto assistia a um filme qualquer que passava na televisão. Yara estava sentada na poltrona ao lado, equilibrando uma xícara de café na mão e um livro de capa dura no colo. Eu, por outro lado, tentava encontrar paz para organizar meus pensamentos, mas algo sempre me puxava de volta ao turbilhão que minha vida tinha se tornado.
Sasha: Camila, você não vai nem tentar relaxar? — perguntou Sasha, virando a cabeça para me olhar.
Sorri sem humor.
Camila: Relaxar é um luxo que eu não posso me dar agora.
Yara franziu a testa, fechando o livro com delicadeza.
Yara: Você anda tão tensa, Mila. Alguma coisa está acontecendo, não está?
Suspirei, sabendo que não seria capaz de esconder muito por mais tempo. Elas eram minhas amigas mais próximas, quase irmãs, e podiam ler minhas expressões como um livro aberto.
Camila: É complicado — respondi, pegando minha própria xícara de café. O calor do líquido parecia acalmar minha mente, mesmo que por poucos segundos.
Sasha: Complicado como? — insistiu Sasha, sentando-se no sofá e cruzando as pernas. — Do tipo "problemas no trabalho" ou "estou envolvida em algo perigoso"?
Camila: Eu não estou envolvida em nada perigoso — menti, tentando soar convincente. — Só... tentando juntar algumas peças.
Yara: Peças de quê? — Yara estreitou os olhos, claramente cética.
Antes que pudesse responder, meu celular vibrou sobre a mesa. A tela acendeu com uma notificação que fez meu coração acelerar. Uma mensagem do hacker.
"Encontrei algo. Endereço anexado. Nice. Verifique imediatamente."
Sasha: Quem é? — perguntou Sasha, inclinando-se para espiar meu celular.
Rapidamente bloqueei a tela. — Nada importante.
Yara: Camila... — Yara colocou a xícara na mesa de centro, o tom sério em sua voz. — Se você está escondendo algo, precisa confiar na gente. Somos suas amigas, lembra?
Olhei para elas, sentindo o peso da preocupação em seus olhos. Elas mereciam saber mais, mas não tudo. Não agora.
Camila: É só uma investigação que estou fazendo por conta própria. Não quero que vocês se preocupem.
Sasha: Investigar o quê? — insistiu Sasha. — Isso soa muito... perigoso.
Camila: Não é perigoso. Eu prometo. Só preciso verificar uma coisa.
Yara bufou, cruzando os braços.
Yara: Você nunca foi boa em mentir, sabia?
Sasha: É verdade — concordou Sasha. — Mas se você insiste em sair para resolver isso sozinha, pelo menos avise a gente se precisar de ajuda.
Sorri levemente, grata pelo apoio delas, mesmo que não compreendessem completamente o que estava acontecendo.
Camila: Vocês são as melhores.
Yara revirou os olhos.
Yara: Não me venha com charme agora. Só volte inteira, por favor.
Assenti, levantando-me para pegar meu casaco. O clima descontraído da casa contrastava com a tensão que eu sentia ao olhar novamente para a mensagem no celular. Alguma coisa me dizia que aquele endereço não era apenas uma pista qualquer.
Antes de sair, olhei para trás, vendo Yara e Sasha me observando com preocupação. Saber que eu tinha elas ao meu lado era um alívio, mas também me fazia querer proteger as duas de qualquer coisa que estivesse por vir.
Camila: Eu volto logo — prometi, mesmo sem saber ao certo no que estava me metendo.
A viagem até Nice foi silenciosa. O som do motor do carro preenchia o espaço vazio enquanto eu revisava mentalmente as informações que tinha. O endereço enviado pelo hacker era vago, mas suficiente para me levar a um galpão localizado em uma área industrial isolada.
Estacionei em uma rua deserta, tentando parecer o mais discreta possível. O lugar era estranho, com armazéns alinhados lado a lado, todos com portões de ferro corroídos pelo tempo. Um vento gelado soprava, levantando poeira e me fazendo apertar o casaco ao redor do corpo.
O endereço me levou a um galpão específico, marcado com o número 42 pintado em letras desbotadas na lateral. Dei uma volta ao redor do prédio, analisando as janelas e portas. Tudo parecia quieto, mas a sensação de estar sendo observada não me abandonava.
Parei em frente à entrada principal, um portão de ferro enferrujado que parecia selado há anos. Toquei a superfície fria, tentando determinar se havia alguma maneira de entrar. Então, ouvi passos.
— Camila, eu não acredito nisso.
A voz grave fez meu corpo congelar. Virei-me rapidamente, encontrando Nicolas parado a poucos metros de mim, com a expressão endurecida.
Camila: Nicolas? O que está fazendo aqui? — perguntei, surpresa e um pouco defensiva.
Nicolas: A pergunta é: o que você está fazendo aqui? — Ele se aproximou, os olhos fixos nos meus. — Como você encontrou este lugar?
Camila: Isso não é da sua conta.
Ele bufou, balançando a cabeça.
Nicolas: Você não tem ideia do que está fazendo, tem?
Antes que eu pudesse responder, um ruído vindo do interior do galpão nos interrompeu. Era um som metálico, como se algo pesado tivesse sido arrastado. Olhei para Nicolas, cuja expressão se tornou imediatamente mais séria.
Nicolas: Precisamos sair daqui — ele disse em um tom baixo, mas firme.
Camila: Não até eu descobrir o que está acontecendo — respondi, desafiadora.
Ele segurou meu braço, seus olhos intensos fixos nos meus.
Nicolas: Escute, isso não é um jogo. As pessoas envolvidas aqui não pensariam duas vezes antes de arrancar sua cabeça fora.
Eu queria argumentar, mas antes que pudesse abrir a boca, dois homens saíram de uma porta lateral do galpão. Eles pareciam armados e atentos, conversando entre si em um tom baixo, mas sua postura denunciava que não estavam ali por acaso.
Nicolas: Venha comigo — Nicolas murmurou, puxando-me para trás de uma pilha de pallets empilhados no canto do estacionamento.
Camila: O que você sabe sobre isso, Nicolas? — sussurrei, tentando conter o medo crescente.
Ele olhou para mim, mas não respondeu. Em vez disso, tirou algo do bolso — parecia um pequeno dispositivo eletrônico. Ele digitou rapidamente, e um som baixo de notificação foi emitido.
Camila: O que você fez?
Nicolas: Pedi reforço — ele respondeu sem rodeios.
Eu não sabia se sentia raiva ou alívio. Antes que pudesse dizer algo, os dois homens começaram a se mover na nossa direção.
Nicolas: Fique aqui — Nicolas ordenou, mas eu o segurei pelo braço.
Camila: Você não vai enfrentar esses homens sozinho.
Nicolas: Não vou discutir com você, Camila. Confie em mim.
Eu hesitei, mas finalmente o soltei. Enquanto ele avançava furtivamente, minha mente estava a mil. O que exatamente estava acontecendo ali? E por que Nicolas parecia saber tanto?
O som abafado de uma luta me trouxe de volta ao presente. Os dois homens estavam no chão quando Nicolas voltou para onde eu estava.
Nicolas: Vamos. Não há tempo para mais perguntas.
Camila: Mas...
Nicolas: Camila, por favor.
Havia algo na maneira como ele falou que me fez calar. Apesar de tudo, senti que ele realmente estava tentando me proteger.
Seguimos até o carro, o coração martelando em meu peito. Quando finalmente nos afastamos daquele lugar, o silêncio entre nós era pesado, cheio de perguntas não respondidas.
Finalmente, decidi romper o silêncio.
Camila: O que está acontecendo, Nicolas? Por que eu sinto que você sabe mais do que está dizendo?
Ele suspirou, os olhos fixos na estrada.
Nicolas: Porque eu sei.
Camila: Então me explique.
Nicolas: Não agora. Ainda não.
Eu queria insistir, mas algo na voz dele me fez parar. Ele parecia genuinamente preocupado — e isso me assustava tanto quanto o que eu tinha acabado de presenciar.
A noite envolvia o carro enquanto seguíamos pela estrada, cada quilômetro nos afastando mais do mistério do galpão, mas não das respostas que eu sabia que precisaria encontrar.
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Atualizado até capítulo 40
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