[ Stark Motors, Cannes - França ]
Camila Vasquez | 11:00 AM
A caminhada até o escritório de Nicolas foi um reflexo das minhas emoções internas: rápidas, incertas, e com uma tensão crescente a cada passo. Eu sentia o peso das palavras não ditas, as verdades ocultas e a necessidade urgente de encontrar respostas para tudo aquilo. O que Nicolas estava escondendo? Por que ele estava me tratando assim? Eu precisava saber, e mais do que isso, eu não permitiria que ele me manipulasse ou me controlasse.
Bati na porta do escritório dele com mais força do que imaginava. Não era só a formalidade de um simples toque, era uma exigência que transparecia em minha atitude. Eu queria que ele soubesse, antes mesmo de abrir a porta, que eu estava ali para confrontá-lo.
Quando ele me deu permissão para entrar, sua expressão era fria, distante, mas havia algo em seus olhos. Um misto de irritação e... algo que eu não conseguia entender completamente. Aquele mistério só aumentava minha necessidade de descobrir a verdade.
Camila: Nicolas, precisamos conversar. — Minha voz não era suave, nem cordial. Era direta e cheia de determinação.
Ele se recostou na cadeira, olhando-me como se estivesse avaliando minhas palavras, como se tentasse decifrar qual seria a minha próxima jogada. Eu podia sentir o silêncio entre nós, pesado e carregado de tensão. Não era só sobre documentos ou acesso a relatórios. Era sobre o poder, a confiança e, talvez, o controle.
Nicolas: Sobre o que, exatamente, Camila? — Ele falou com a calma característica, mas algo em sua voz denunciava que ele estava começando a perder a paciência.
Eu não ia ceder. Não dessa vez.
Camila: Eu sei que você está escondendo algo de mim. — Falei sem rodeios, a frustração evidente em cada palavra. — E eu não vou mais ficar à margem, esperando por explicações que nunca chegam.
Ele levantou uma sobrancelha, quase surpreso pela minha ousadia. Mas sua reação apenas me incitou a continuar.
Camila: Desde quando você começa a tomar decisões sem me consultar? Desde quando você decide quem tem acesso a informações e quem não tem, sem sequer me dar uma justificativa? Eu sempre fui sua assistente, fui sua confiança. O que aconteceu? O que mudou, Nicolas?
O ambiente entre nós se tornou ainda mais carregado. Eu podia ver que ele estava lutando contra algo dentro de si. Não era apenas a necessidade de manter sua autoridade, mas havia um desconforto claro em suas expressões. Talvez ele não esperasse que eu fosse tão direta, tão audaz.
Nicolas: Você está perdendo o controle, Camila. — Ele disse com uma voz baixa, quase como um rosnado, enquanto se levantava da cadeira. — Eu não preciso dar explicações para ninguém, especialmente para você. Se eu disse que o acesso está bloqueado, é porque eu tenho meus motivos. Não preciso te justificar.
Camila: Isso não é mais sobre a sua autoridade, Nicolas. — Falei, já quase sem conseguir esconder a raiva que queimava dentro de mim. — Isso é sobre respeito. E você, pelo visto, esqueceu o que isso significa.
Ele deu um passo em direção a mim, e eu senti meu corpo se tensionar, como se algo perigoso estivesse prestes a acontecer. Sua presença impositiva, aquele olhar fixo, era como uma parede contra a qual eu estava batendo. Mas não importava o quão alto fosse o muro que ele construíra, eu não ia me calar.
Nicolas: Eu te dei tudo o que você tem, Camila. Não me venha com lições de respeito. — Ele disse, suas palavras como facas afiadas, cortando o ar entre nós. — Você sabe o seu lugar, e se eu decidi que não pode mais acessar os documentos, é porque você ainda não entende o que está em jogo aqui.
Camila: Eu sei muito bem o que está em jogo, Nicolas. — Minha voz tremia, não de medo, mas de raiva pura. — E se você acha que vai me manter à margem, fazendo o que bem entende, você está muito enganado. Eu tenho os meus próprios limites.
Havia algo nos olhos dele que eu não sabia identificar: uma raiva, uma frustração, mas também um toque de... desespero? Era impossível ignorar a tensão crescente, o silêncio ensurdecedor, e o fato de que essa batalha entre nós estava apenas começando.
Nicolas: Você não sabe quem está desafiando, Camila. — Ele falou com um tom mais grave, e pela primeira vez, eu vi uma rachadura em sua máscara de controle. — Eu te dou tudo o que você precisa, e você tem a audácia de me desafiar? Você não sabe com quem está lidando.
Camila: Talvez seja você quem não saiba com quem está lidando, Nicolas. — Falei, mais firme do que nunca, encarando-o diretamente nos olhos. — Porque eu não vou me curvar à sua vontade. Você pode tentar me controlar, me intimidar, mas eu não sou uma marionete.
Eu sabia que o momento de nos enfrentarmos finalmente havia chegado. Eu estava exausta de viver sob a sombra dele, sob o peso das suas decisões sem explicações. Ele podia ser poderoso, mas eu também tinha minha força, minha coragem.
Ele se aproximou, quase com raiva, mas eu mantive a postura. Não iria me afastar. Não mais. O que quer que acontecesse, eu estava pronta para lidar com as consequências.
[ Stark Motors, Cannes - França ]
Nicolas Stark | 11:15 AM
Eu poderia ver a determinação em seus olhos, mas, em meu mundo, determinação sem compreensão era uma fraqueza disfarçada. Camila, com sua vontade de desafiar, estava cavando sua própria cova. Eu não ia permitir que ela destruísse tudo o que eu estava tentando proteger. Ela precisava entender o peso das consequências antes que fosse tarde demais.
A cada palavra que saía de sua boca, a pressão dentro de mim aumentava. A raiva, a frustração, o desejo de controlar a situação de forma absoluta... Eu não sabia como lidar com aquilo. Havia algo nela que fazia minha mente girar, algo que desafiava minhas convicções, que me forçava a confrontar partes de mim mesmo que eu preferia ignorar. Mas não era hora para isso. Eu precisava ser implacável. Camila precisava entender.
Nicolas: Você acha que pode me desafiar assim, sem saber o que está realmente em jogo? Você tem ideia do que está acontecendo por trás de todas essas decisões? Eu não sou seu amigo, Camila. Eu sou o seu chefe. E até agora, você tem se esquivado de entender isso.
Minha voz saiu mais baixa, mas ainda com um tom de autoridade inegável
Ela não parecia intimidada. Seu olhar, mais penetrante do que nunca, me atravessava. Ela não sabia o que estava mexendo, não sabia o que estava tentando descobrir. E, no fundo, isso me incomodava de uma maneira que eu não conseguia controlar.
Camila: Eu só quero saber a verdade, Nicolas. O que você está tentando esconder de mim? Você acha que pode me calar com suas ameaças e manipulações, mas não vou recuar. Não mais.
Ela disse, a voz agora mais firme, a raiva crescendo como um fogo que não podia ser apagado.
Eu respirei fundo, tentando manter o controle, mas a tensão estava tomando conta. Eu sabia que essa conversa não terminaria de forma simples. Eu não queria que ela soubesse, mas ao mesmo tempo, não conseguia mais evitar a sensação de que algo precisava ser resolvido. Estávamos em um ponto sem volta.
Nicolas: Se você continuar com essa história de questionar tudo, vai descobrir coisas que talvez não queira saber. Eu te avisei, Camila. Agora, escolha bem os próximos passos.
Minha voz soou mais dura, mais calculada.
Ela não se intimidou. E, apesar da frustração, algo dentro de mim sentiu uma pontada de respeito. Camila não recuava, não importava o quanto eu tentasse afastá-la. Ela estava jogando o jogo que eu mesmo propus, mas não sabia se estava preparada para as regras que estavam prestes a ser reveladas.
Camila: Eu não vou parar, Nicolas. Não vou deixar você me esconder a verdade. Não importa o quanto você tente me afastar, eu vou descobrir o que está acontecendo aqui. E você não vai me fazer calar.
Ela se aproximou ainda mais, sem mostrar sinais de medo.
Eu olhei para ela, e pela primeira vez, algo diferente passou pela minha mente. A força dela, a coragem de desafiar não só a mim, mas o sistema inteiro, de enfrentar o que quer que fosse sem hesitar... Isso me desestabilizava de uma maneira que eu não sabia como lidar.
Era isso o que me atraía. E ao mesmo tempo, era isso o que me afastava.
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Atualizado até capítulo 40
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