[ Nice, Cannes - França ]
Nicolas Stark | 18:30 PM
Eu não deveria ter seguido Camila. Era óbvio que ela estava se metendo onde não devia, mas algo dentro de mim não me permitiu deixá-la sozinha. Ela era teimosa, imprudente e tinha o péssimo hábito de desafiar os limites — os meus, inclusive.
Agora estávamos no meu carro, o silêncio preenchendo o espaço como uma bomba prestes a explodir. Eu sabia que ela tinha perguntas, e eu não estava pronto para respondê-las.
Camila: Você acha que pode controlar tudo, não é? — Camila finalmente disse, quebrando o silêncio.
Suspirei, tentando manter o foco na estrada.
Nicolas: Não comece, Camila.
Camila: Não comece? — ela riu, uma risada amarga que me fez apertar o volante com mais força. — Você aparece do nada, age como se soubesse mais sobre minha vida do que eu mesma, e depois espera que eu fique quieta?
Nicolas: Estou tentando proteger você! — As palavras saíram mais alto do que eu esperava, mas não me importei.
Ela se virou para mim, os olhos brilhando de raiva.
Camila: Eu não preciso que você me proteja, Nicolas. Eu sei me cuidar.
Nicolas: Sabe? Foi por isso que você entrou sozinha em um galpão cheio de criminosos? Isso é o que você chama de cuidar de si mesma?
Camila: Eu não pedi sua ajuda!
Nicolas: Não, mas precisou dela! — Parei o carro abruptamente na beira da estrada, virando-me para encará-la. — Você tem ideia do quão perigoso foi o que fez hoje? Essas pessoas não brincam, Camila. Se eu não estivesse lá, você...
Eu parei, incapaz de terminar a frase. A ideia de algo acontecendo com ela era insuportável.
Camila: Eu não sou uma criança, Nicolas — ela rebateu, os olhos fixos nos meus. — Você não pode simplesmente aparecer e decidir o que é melhor para mim.
Nicolas: E você não pode continuar agindo como se fosse invencível!
O silêncio caiu entre nós, pesado e sufocante. O peito dela subia e descia rapidamente, e percebi que o meu fazia o mesmo. A tensão no ar era quase palpável, misturando raiva, frustração e... algo mais. Algo que eu não queria admitir, mas que estava ali, inegável.
Nicolas: Por que você sempre tem que ser tão difícil? — perguntei, a voz mais baixa agora.
Camila: Porque você me trata como se eu fosse incapaz de lidar com a verdade.
Nicolas: Talvez porque você não está pronta para a verdade!
Ela abriu a boca para responder, mas em vez disso, fechou-a de novo, olhando para mim com algo que parecia uma mistura de desafio e curiosidade. E foi então que aconteceu.
Antes que eu pudesse pensar, antes que pudesse racionalizar, me inclinei para ela. E para minha surpresa, ela fez o mesmo. Quando nossos lábios se tocaram, foi como se todas as palavras não ditas, toda a raiva e frustração, explodissem em um beijo carregado de urgência.
Era errado, eu sabia disso. Mas, no momento, não me importei.
O gosto dela era uma mistura de doçura e fogo, exatamente como eu imaginava. Minhas mãos encontraram seu rosto, puxando-a para mais perto, enquanto ela segurava meu casaco com força, como se tentasse se ancorar em algo.
Quando finalmente nos separamos, ofegantes, nossos rostos ainda estavam tão próximos que eu podia sentir sua respiração contra minha pele.
Nicolas: Isso não deveria ter acontecido — ela sussurrou, mas sua voz estava fraca, quase hesitante.
Camila: Não deveria — concordei, mas nem por um segundo quis dizer isso.
Ela recuou um pouco, passando a mão pelos cabelos e desviando o olhar.
Camila: Isso não muda nada, Nicolas.
Nicolas: Não, mas talvez mude o suficiente.
Ela me olhou novamente, os olhos cheios de confusão. E naquele momento, eu soube que estava perdido. Camila não era só um problema para resolver. Ela era muito mais do que isso. E eu não sabia se estava preparado para lidar com o que isso significava.
[ Nice, Cannes- França ]
Camila Vasquez | 22:45 PM
O ar estava pesado na cabana isolada. O silêncio entre nós era quase sufocante, preenchido apenas pelo som das chamas crepitando na lareira. Nicolas estava sentado à minha frente, mas seus olhos pareciam perdidos em um lugar distante.
Camila: Você vai me dizer o que está acontecendo ou vai continuar fingindo que nada disso é estranho?
Ele me olhou, mas não disse nada. Era um olhar carregado de algo que eu não conseguia decifrar: culpa, talvez? Ou apenas cansaço?
Camila: Você me tira de lá, me traz para o meio do nada e espera que eu simplesmente confie em você? Sem nenhuma explicação?
Nicolas: Eu já disse, Camila. Você está segura agora. É tudo o que importa.
Camila: Não, Nicolas. Não é tudo o que importa! O que está acontecendo com você? E não me venha com meia verdade.
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos. Por um momento, achei que ele fosse continuar com suas respostas evasivas. Mas então ele falou.
Nicolas: Você quer a verdade? Tudo bem. Mas não toda.
Isso me fez recuar um pouco. Eu sabia que ele tinha segredos, mas ouvir isso em voz alta era... diferente.
Nicolas: Minha família, os Stark, têm um legado. Uma empresa construída com suor, inteligência e... — ele hesitou, os olhos desviando brevemente —
... algumas concessões.
Eu franzi o cenho.
Camila: Concessões?
Nicolas: O mundo dos negócios não é tão limpo quanto parece. Às vezes, para sobreviver, você precisa fazer escolhas difíceis. E é isso que tenho feito. Escolhas para proteger tudo o que meu pai construiu.
Havia algo na forma como ele falou que me fez estremecer. Ele estava tentando ser vago, mas o peso das palavras era claro.
Camila: Isso é o que você chama de proteger? Mentir, manipular, arriscar a própria vida e a dos outros?
Nicolas: Eu não espero que você entenda.
Camila: Então me faça entender!
Ele se levantou, a frustração evidente.
Nicolas: Você não pode saber, Camila! Quanto menos você souber, melhor para você. Melhor para nós dois.
Camila: Isso é só uma desculpa. Você não confia em mim.
Ele se virou bruscamente, os olhos encontrando os meus com uma intensidade que fez meu coração acelerar.
Nicolas: Não se trata de confiança. Se você soubesse a verdade, tudo o que construímos desmoronaria. Você não tem ideia de quantas pessoas estão de olho nessa empresa, esperando por uma falha, um erro. Não posso deixar isso acontecer.
Havia algo mais nas palavras dele, algo que ele não estava dizendo, mas que me atingiu como um soco no estômago.
Camila: Você tem medo de que eu destrua tudo, Nicolas? Ou de que eu veja quem você realmente é?
Ele ficou em silêncio por um longo momento, e quando finalmente respondeu, sua voz era baixa, quase um sussurro.
Nicolas: Eu só quero proteger você, Camila. Mesmo que isso signifique mentir.
As palavras pairaram no ar, cheias de uma sinceridade que me deixou sem fôlego. Ele estava escondendo algo grande, algo que poderia mudar tudo. E, mesmo assim, não consegui me afastar.
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Atualizado até capítulo 40
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