[ Le Suquet, Cannes – França ]
Camila Vasquez | 20:30 PM
Cinco dias passaram como um borrão, mas minha mente permaneceu focada. A cada amanhecer, o nome de Giovanna Lacroix me rondava como um fantasma, e o evento no Chateau Du Soleil se tornou meu único objetivo. Era a oportunidade perfeita para encontrar respostas e, talvez, provocar algumas reações.
Enquanto a noite caía sobre Cannes, eu me preparava em frente ao espelho, cada detalhe meticulosamente calculado. O vestido que escolhi — um longo de cetim azul-escuro — realçava minha silhueta sem exageros. O tecido fluía com uma elegância que se equilibrava entre o sofisticado e o sutilmente provocante. As alças delicadas revelavam os ombros, enquanto o decote discreto mantinha a seriedade que a noite exigia.
Minhas mãos, ágeis e firmes, ajustavam o brinco de brilhantes que reluzia à luz suave do quarto. Meu olhar se fixou no espelho novamente, como se buscasse uma confirmação. Não era só aparência; era uma armadura. Para enfrentar Giovanna, para encarar Nicolás, eu precisava ser mais do que apenas Camila Vasquez.
Puxei uma mecha solta de cabelo para trás, prendendo-a estrategicamente. O penteado era simples, mas deixava meu rosto à mostra. Não havia nada que eles pudessem interpretar como hesitação. O que quer que acontecesse naquela noite, eu precisava estar no controle.
Respirei fundo, passando as mãos pelo vestido para alisar o tecido. "Você consegue, Camila. Não importa o que aconteça, ninguém pode saber o que realmente passa pela sua mente." O mantra repetia-se silenciosamente, um lembrete de que emoções eram luxos que eu não podia me permitir naquela noite.
Peguei minha clutch preta sobre a cama, onde tudo estava pronto: o celular, o convite, e o pequeno gravador escondido entre os itens. H havia sido claro em suas instruções. "Observe. Registre. Espere o momento certo." Ele confiava em mim, e eu precisava estar à altura.
O carro que contratei me esperava na entrada do hotel. Lá fora, a brisa noturna de Cannes carregava o cheiro salgado do mar misturado com o aroma das flores de inverno. Havia uma calmaria traiçoeira no ar, como se a cidade não percebesse os jogos que se desenrolavam em seus bastidores.
Enquanto descia os degraus do lobby, notei os olhares. Alguns admiravam, outros avaliavam. Era inevitável, mas, naquela noite, serviriam ao meu favor. Se Giovanna gostava de atenção, eu poderia dar um pouco disso a ela — de uma forma que a fizesse baixar a guarda.
Quando entrei no carro, olhei pela janela e vi as luzes cintilantes de Cannes passando rapidamente. Minha mente vagava pelas possibilidades: o que Nicolas e Giovanna escondiam? O que ele via nela? E o que ela sabia sobre mim?
Cada movimento naquela noite seria calculado. O vestido, a postura, até mesmo os sorrisos que eu ofereceria seriam armas no meu arsenal. Giovanna seria o primeiro passo para desvendar Nicolas
Fechei os olhos por um momento, preparando-me para a batalha. O caminho até o Chateau Du Soleil não era longo, mas senti como se cada quilômetro me empurrasse para mais perto do desconhecido.
A verdade era clara: eu não estava apenas indo a um evento beneficente. Eu estava entrando em território inimigo, onde cada olhar seria uma declaração, cada palavra, um jogo de poder.
E eu estava pronta para jogar.
[ Chateau Du Soleil, Cannes – França ]
Nicolas Stark | 21:45 PM
O salão principal do Chateau Du Soleil estava repleto de figuras que conheciam bem o significado da palavra "poder". Champanhe fluía como água, enquanto risos suaves e conversas discretas enchiam o ar. A fachada de filantropia era impecável, mas todos sabíamos que aquelas paredes abrigavam algo muito além de boas intenções.
Eu estava lá, cumprindo meu papel. O terno sob medida me ajustava como uma segunda pele, e o relógio suíço no pulso era um lembrete silencioso da precisão necessária para lidar com pessoas como Giovanna Lacroix.
Ela se aproximou com o mesmo ar confiante de sempre, um sorriso que parecia tão convidativo quanto venenoso. O vestido vermelho ajustado ao corpo deixava claro que ela queria ser notada. E era.
Giovanna: Nicolas — ela começou, estendendo uma taça de champanhe na minha direção. — Achei que talvez tivesse mudado de ideia sobre vir.
Peguei a taça, analisando-a por um segundo antes de levar o líquido ao lábio. Não era sobre a bebida; era sobre ganhar tempo, observar. Giovanna tinha o talento de transformar uma conversa casual em uma negociação silenciosa.
Nicolas: Perder um evento como esse? — respondi, mantendo o tom descontraído. — Você sabe que não gosto de desperdiçar oportunidades.
Ela riu suavemente, inclinando a cabeça para o lado. O gesto calculado. A maneira como ela se colocava sempre deixava claro que acreditava estar no controle.
Giovanna: É exatamente por isso que gosto de trabalhar com você. Sempre tão... estratégico. — Seus olhos fixaram-se nos meus, e havia algo ali, uma faísca de desafio.
Pensei em responder com algo igualmente ambíguo, mas me limitei a um leve sorriso. Havia muito em jogo naquela noite para perder tempo com jogos triviais.
Nicolas: O que realmente trouxe você aqui, Giovanna? — perguntei, finalmente quebrando o silêncio.
Ela arqueou uma sobrancelha, surpresa pela minha objetividade. Gostava de brincar, mas sabia quando levar algo a sério.
Giovanna: Negócios, como sempre. Você sabe que essas festas são perfeitas para estabelecer alianças... e testar lealdades. — Suas palavras eram suaves, mas carregadas de intenção.
Nicolas: Testar lealdades? — repeti, fingindo desinteresse enquanto analisava cada expressão dela.
Giovanna se aproximou, baixando a voz.
Giovanna: Você pode achar que controla tudo, Nicolás, mas sempre há variáveis inesperadas. — Ela fez uma pausa, um sorriso surgindo lentamente em seus lábios. — Como, por exemplo, aquela mulher que acabou de entrar.
Segui seu olhar. E lá estava ela. Camila Vasquez.
O vestido azul destacava-se contra o brilho do salão, mas não era a roupa que chamava atenção. Era a postura dela. Erguida, confiante, com um ar de mistério que parecia atrair olhares sem esforço. Ela era como uma peça deslocada em um tabuleiro onde cada jogador acreditava conhecer as regras.
Meu peito apertou por um instante. Não esperava vê-la aqui. Na verdade, não sabia o que esperar. Mas uma coisa era certa: ela estava jogando, e eu não sabia de que lado ela estava.
Nicolas: Reconhece? — Giovanna perguntou, a voz carregada de curiosidade e provocação.
Voltei a olhar para ela, escondendo qualquer sinal de surpresa.
Giovanna: Talvez. E você? — devolvi, observando suas reações.
Giovanna deu de ombros, mas havia algo em seu sorriso que me irritava. Ela sabia mais do que estava disposta a dizer, e isso me colocava em alerta.
Giovanna: Apenas uma impressão. Algo nela me intriga, mas... talvez seja só impressão. — Ela ergueu a taça, olhando para mim por cima da borda.
Meus olhos voltaram para Camila, que conversava com alguém próximo à entrada. Cada movimento parecia calculado, mas não forçado. Era como se ela pertencesse àquele ambiente, mas ao mesmo tempo, estivesse fora dele.
Giovanna deu um passo para mais perto, sua voz quase um sussurro.
Giovanna: Cuidado, Nicolas. Às vezes, o maior risco não vem dos nossos inimigos, mas daqueles que fingem não saber jogar.
Ela se afastou, deixando-me sozinho com meus pensamentos. Enquanto observava Camila, algo ficou claro: aquela noite seria muito mais complicada do que eu havia previsto.
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Atualizado até capítulo 40
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