Capítulo 14

Ronald estava no terraço do bloco em que tinha aulas na universidade acompanhado de Jeremy, um dos amigos que fez assim que entrou na Juiliard. Sempre que podiam subiam até lá para aproveitar a vista de uma parte bonita das redondezas do campus, não era algo permitido aos alunos, mas sempre davam um jeito de burlar a regra.

- Não estou a fim de pegar uma gripe, Ronald. Vamos descer já estou sentindo minha garganta doer com esse vento direto na minha cara.

- Estava demorando para começar a reclamar! A intenção em vir aqui sempre é curtir esse vento no rosto e essa sensação, cara! Deitou com parte no corpo na mureta de proteção do prédio sem ligar para o risco. Esticou os braços e recebia com prazer o vento forte no rosto.

Enquanto estava calor no Brasil, eles passavam frio em Nova Iorque, mas Ronald já tinha se acostumado, gostava muito da cidade e isso não incomodava como ao amigo Jeremy. Ele era um negro alto e forte que chamava a atenção pela beleza, veio da África e estava acostumado a muito calor.

Aproveitou e fez um pequeno vídeo para mandar mais tarde para Christina, a amiga pedia sempre e com essas pequenas coisas ele também matava a saudade dela e dos outros. Se sentia sozinho, mas todo o sacrifício era para o futuro, sempre teve essa certeza e esse objetivo na vida. Sabia do seu potencial e iria atrás dos seus sonhos, o pouco não era para ele. Sempre foi intenso nos seus sentimentos e nas suas ações.

Na música sempre deu tudo de si, aproveitou todas as oportunidades que surgiam desde criança, sempre com o apoio dos pais. Como filho sempre muito amoroso, os pais enfrentaram dificuldades para tê-lo já que a mãe não conseguia engravidar, ele foi um filho muito esperado.

Teve seu período de rebeldia, como era muito intenso gostava de aventuras e quase se perdeu com más companhias, mas assim que conheceu Christina tudo mudou. Se tornaram melhores amigos e assim eram até hoje. Daniele, Antony e Samira vieram por consequência. Assim começou com outro tipo de aventuras, descobriu que era um rostinho bonito entre as garotas da escola tratou de aproveitar o que ele podia trazer. Um conquistador sutil e destruidor de corações, até que as colegas perderam a graça e quis mais emoção partindo para as mais velhas. O caso que teve com uma professora quase rendeu uma expulsão o que arruinaria seus planos para a Juiliard, tinha que ter um currículo impecável. Foi a primeira vez que sofreu por alguém, achou que estava apaixonado, mas depois de um tempo viu que era a cabeça de baixo que estava apaixonada. Isso não tinha vivido ainda.

- Ronald! Estou descendo! Jeremy chamou virando as costas.

- Tá certo, estou indo! Correu para alcançar o amigo.

Quando abriram a porta deram de cara com Anna, uma das colegas de turma. Era a única mulher do grupo e Ronald sabia muito bem por que ela se esforçou para estar entre eles. Primeiro porque eram os melhores e porque ela era apaixonada por ele, mas ela não fazia o seu tipo. Ficaram algumas vezes, mas não funcionou, ele não sentia nada além de amizade, mas sabia que da parte dela existia algo mais. Sempre foi claro que era só amizade e ela aceitou isso.

- Ah, já estão descendo! Queria passar um frio junto com vocês. Disse olhando para Ronald que continuou atrás de Jeremy.

- Hoje não será possível, o nosso amigo está com dorzinha na garganta. Disse tirando sarro.

- Não estou afim, e preciso repassar uma partitura toda que o Clark pediu. Se eu quiser entrar no projeto dele preciso estar duzentos por cento. Apressou o passo com Ronald no seu encalço.

- Tá bom, vejo vocês mais tarde? Ela perguntou ficando para trás.

- Não vai dar, Anna! Ronald gritou sem olhar para trás.

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Jeremy tirou os sapatos e jogou no canto dentro quarto que dividia com Ronald nos dormitórios da faculdade. Se davam bem e tiveram a sorte de conseguir dividir o quarto.

- Olha, não queria voltar nesse assunto, mas acho que vai ter que dar uma situada na Anna. Ela está com aquele olhar de novo!

- Que olhar? Ronald pegou a roupa para tomar um banho.

- Você sabe exatamente que olhar! Não seja fingido. Ele deu risada. – Faz tempo que está celibatário, deve ser por isso que ela está esperançosa de novo.

- Preciso me concentrar, Jeremy. Não quero perder o foco no concerto de Portugal, isso é muito importante, vamos ter muitos créditos e sabe como essas garotas são grudentas! Não tô a fim de me estressar por enquanto.

- Grudam em você que é o galã! Gargalhou. – Se você fica no celibato eu também fico, me ajude cara! Tem aquelas calouras gostosinhas que moram no outro prédio. O que acha de ir no barzinho no sábado? Chamamos os caras, extravasamos fodendo as calouras e a Anna se situa no movimento, quem sabe arruma um namorado. Piscou para Ronald.

- Isso seria o ideal! Fechado! Chame os caras então! Entrou no banheiro.

Jeremy não perdeu tempo e mandou uma mensagem no grupo que tinha dos amigos. Anna estava nele, mas ia mandar mesmo assim, precisava dar um choque de realidade nela.

📱 Fala galera! Sábado vamos sair, não quero não como resposta! Precisamos extravasar se é que me entendem!

📱 Opa! Por mim ok!

📱 Por mim também...

Os outros dois amigos responderam na hora. Anna visualizou as mensagens, mas demorou para escrever alguma coisa, por fim mandou sua resposta.

📱Vocês são nojentos!

📱Foi mal, Anna! Às vezes, esqueço que tem mulher no grupo.

📱Eu vou também, preciso extravasar se é que me entendem.

Jeremy leu a mensagem e deu risada, conseguiu atingir o ego da amiga e essa era a intenção. Anna precisava olhar para os lados, para ele especificamente, que sempre esteve de olho nela, mas nunca teve abertura por causa da fixação dela em Ronald que nunca devolveu o interesse.