A lembrança ainda queimava em minha mente. O rosto da mulher que se parecia comigo, a traição que ela encenou, o momento em que Draven foi assassinado. Eu não podia mais ficar em silêncio. Ele precisava saber a verdade.
Levantei-me rapidamente da cama, ajustando o vestido que vesti assim que terminei de tomar banho. Minha cabeça latejava, mas minha determinação era maior do que qualquer desconforto. Caminhei até o escritório de Draven, onde sabia que ele estaria.
Abri a porta sem bater.
Ele estava sentado em sua mesa, com uma taça de vidro em mãos, preenchida com aquele líquido vermelho que eu sabia muito bem o que era. Seus olhos dourados se ergueram para mim, carregados de frieza.
— A porta é invisível? — indagou com sarcasmo, olhando para a porta
— Precisamos conversar, é importante!
— Estou ocupado — disse ele, sem paciência.
— Isso não pode esperar — retruquei, cruzando os braços.
— Então fale e vá embora — respondeu, inclinando-se na cadeira, como se estivesse me desafiando.
Respirei fundo, tentando organizar as palavras em minha mente.
— Eu tive um sonho... não, uma lembrança. Algo que aconteceu na noite em que você morreu.
Os olhos dele estreitaram, mas ele não disse nada, então continuei.
— Eu vi uma mulher. Ela tinha meu rosto, mas não era eu. Ela foi quem te matou, Draven. Enquanto você estava naquele quarto, eu estava desmaiada no jardim. Ela estava se passando por mim.
A expressão de Draven mudou por um breve segundo, mas ele rapidamente a endureceu novamente.
— E você espera que eu acredite nisso? — perguntou, levantando-se da cadeira. — Que conveniente. Uma ‘lembrança’ que te absolve de tudo.
— Eu não estou mentindo! — exclamei, dando um passo à frente. — Ela usou minha aparência para te enganar. Eu vi isso.
— Chega! — rosnou ele, sua voz ecoando pelo escritório. — Você é boa em mentir, mas isso não vai funcionar comigo.
— Por que você não pode simplesmente ouvir? — perguntei, minha voz cheia de frustração. — Eu não te matei, Draven. Você está me odiando por algo que eu não fiz.
Ele riu, mas não havia humor em seu riso.
— Claro, a culpa é sempre de outra pessoa. Você não tem coragem nem mesmo de admitir seus erros. É tão descarada como sempre foi.
— Eu não tenho nada a admitir porque não fui eu! — gritei, sentindo as lágrimas começarem a escorrer. — Eu nunca te machucaria, Draven. Não naquela época e nem agora. Você sabe disso.
Ele caminhou até mim, seus passos lentos e ameaçadores.
— Eu sei o que vi. E eu vi você. Você estava lá, com aquela estaca. Você acabou com tudo.
— Você viu o que ela queria que você visse — murmurei, recuando um passo. — Mas, no fundo, você sabe que não era eu. Diga a verdade, Draven. Você realmente acredita que fui eu quem fez isso? Ou é mais fácil me odiar do que encarar o fato de que foi enganado?
Ele parou, seus olhos fixos nos meus, mas não respondeu.
— Você se lembra do que costumava sentir por mim? — perguntei, minha voz mais baixa agora, quase um sussurro. — Você realmente esqueceu? Ou ainda há algo aí, escondido sob todo esse ódio?
Ele balançou a cabeça, rindo amargamente.
— O que eu sinto por você? — repetiu ele, aproximando-se até estar a poucos centímetros de mim. — Eu sinto asco. Ódio. Nojo. É isso o que sinto.
Aquelas palavras foram como uma faca atravessando meu peito. Eu recuei, engolindo o nó que subia em minha garganta.
— Será que é só porque sou uma humana? — Indaguei, ele nada disse — Ótimo — murmurei, virando-me para a porta. — Então vamos provar isso.
Sai do escritório, e subi as escadas com passos rápidos, sentindo o peso de suas palavras a cada passo. Mas minha mente estava clara, focada. Se ele não se importava comigo, então não haveria problema com o que eu estava prestes a fazer.
Parei no topo da escadaria principal, subi no balaustrada enquanto olhava para baixo. A distância não era pequena, e a queda seria suficiente para me machucar gravemente, talvez até morrer.
— Draven! — chamei, minha voz ecoando pela mansão.
Ele apareceu na base da escada, com os olhos fixos em mim.
— Você não se importa, não é mesmo? — perguntei, minha voz desafiadora. — Então vamos ver.
Sem esperar sua resposta, pulei da balaustrada e me joguei.
O tempo pareceu desacelerar enquanto o chão se aproximava, mas, antes que eu o atingisse, senti braços fortes me segurarem no ar. Tudo aconteceu em um piscar de olhos, rápido demais para qualquer humano.
Quando percebi, estava nos braços de Draven. Ele me segurava com firmeza, seus olhos dourados brilhando com raiva e algo que eu não conseguia decifrar.
Ficamos assim por um momento, sem dizer nada. Meu coração estava acelerado, por simplesmente estar em seus braços.
— Você é louca — ele murmurou finalmente, sua voz baixa.
— Você se importa — retruquei, minha voz desafiadora, mas suave.
A proximidade era demais para mim. Antes que ele pudesse me soltar, inclinei-me e pressionei meus lábios contra os dele.
Por um momento, ele congelou. Mas, em um segundo, ele se afastou bruscamente, jogando-me contra o sofá mais próximo. O impacto me fez cair do sofá sob o tapete no chão.
— Aí ... — Reclamei, mas acabei caindo em gargalhada.
— O que você pensa que está fazendo? — ele rosnou, passando a mão pelos cabelos, claramente irritado.
— Provando que você ainda sente algo — respondi, olhando diretamente para ele enquanto me levanto do chão e me sento no sofá.
Draven me encarou, mas em vez de responder, virou-se e saiu pela porta do escritório sem olhar para trás.
— Você é uma humana, bem irritante — murmurou antes de desaparecer.
Fiquei ali, sozinha, meu coração ainda acelerado, mas com uma estranha sensação de vitória.
Ele podia dizer que me odiava, mas eu sabia que havia algo mais.
Algo que ele estava lutando para esconder. Tudo bem que arrisquei a minha vida, só para provar isso, mas não tive outra opção. Se bem que pela forma como ele ficou, todo abalado e irritado, acho que ainda sente alguma coisa por mim.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Lucilene Palheta
não entendo pq ela não fala da tal mulher no banheiro e ali na casa TB , tá estranho isso
2025-01-24
0
Dulce Tavares
faltou vc falar que a Luciana também foi morta
2025-01-20
0
Rosemare Araujo
Esse soldado já tá abatido😍😍😍
2025-01-17
1