Meus olhos abriram-se lentamente, piscando contra a luz tênue que iluminava o ambiente. O teto de madeira acima de mim parecia velho, as vigas escuras e rústicas, e o cheiro de madeira impregnava o quarto. Eu olhei ao redor, ainda atordoada, tentando entender onde estava. O quarto era pequeno, quase simples demais. Tudo parecia feito de madeira: as paredes, o teto e até os poucos móveis dispostos ao redor. A única exceção era o chão, feito de pedra fria, e a lareira apagada no canto.
Virei-me na cama, deslizando a mão pelo colchão ao meu lado. Um sorriso apareceu em meus lábios, imaginando que Draven estaria ali, dormindo ao meu lado como marido e mulher.
Mas ele não estava.
Sentei-me de repente, o sorriso desaparecendo, substituído por uma sensação de vazio. Olhei para meu corpo, percebendo que ainda estava vestida com o vestido de casamento, agora um pouco amassado. Minha mente corria, tentando entender. Onde eu estava? Por que ainda estava vestida assim?
Levantei-me rapidamente e fui até a porta do quarto. Girei a maçaneta, mas ela não se moveu. Estava trancada.
— Draven! — chamei, minha voz tremendo. — Draven, você está aí?
Bati na porta várias vezes, minha mão começando a doer com o esforço. O som ecoou pelo quarto, mas não houve resposta.
Continuei batendo, ignorando a dor que começava a se intensificar. E para piorar, eu tenho pavor de escuro, e lugares fechados.
— Draven! — gritei novamente, mas o silêncio foi minha única resposta.
Sentei-me na cama, segurando minha mão machucada, tentando manter a calma. Meu coração batia descontroladamente, e minha mente estava uma confusão de perguntas. Nada fazia sentido.
Horas pareciam ter se passado quando finalmente ouvi o som da fechadura sendo destrancada. Levantei-me rapidamente, esperando ver o homem que eu achava conhecer.
Draven entrou, sua expressão era neutra, quase fria. Ele carregava uma bandeja com o que parecia ser café da manhã e a colocou no criado-mudo ao lado da cama sem dizer uma palavra.
— Draven! O que está acontecendo? — perguntei, aproximando-me dele.
Ele não respondeu imediatamente, apenas ajustou a bandeja e virou-se para me encarar. Seus olhos estavam impassíveis, como se eu fosse uma desconhecida.
— Coma — foi tudo o que ele disse, a voz baixa e controlada.
— Comer? Draven, eu preciso de respostas! — falei, minha voz subindo em tom. — Onde estamos? Por que a porta estava trancada? O que você está fazendo?
Ele suspirou, esfregando as têmporas como se estivesse lidando com uma criança teimosa.
— Não complique as coisas — ele disse, finalmente me olhando. — Coma. Descanse. Você vai precisar de energia.
— Energia para o quê? — perguntei, minha voz tremendo.
— Para viver comigo, longe de tudo — respondeu ele, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Esse é seu castigo.
Minhas mãos tremiam enquanto o encarava, tentando entender o que ele estava dizendo.
— Longe de tudo? Draven, isso não faz sentido! Eu quero voltar para casa! Quero ver meus pais! O que está fazendo?
Ele riu, mas não havia humor em seu riso.
— Seus pais? Eles não estão pensando em você. Eles acreditam que você está perfeitamente feliz ao meu lado. Você é apenas uma lembrança para eles agora. Ou melhor, eles estão mortos para você, e você para eles.
Suas palavras cortaram como uma faca.
— Isso... isso não pode ser verdade — sussurrei, minha voz fraca.
— É verdade — ele afirmou, sua voz fria como gelo.
Minha raiva cresceu, e, em um ímpeto, empurrei a bandeja de café da manhã, derrubando-a no chão. A porcelana se quebrou em pedaços, e o som ecoou pelo quarto.
— Não quero comer, prefiro morrer de fome.
Draven congelou por um momento, e então sua expressão mudou. Seus olhos ficaram sombrios, sua mandíbula se contraiu, e ele deu um passo na minha direção.
— Você não deveria ter feito isso — ele disse, sua voz baixa, carregada de ameaça. — Você não vai morrer, não agora. Vai sofrer primeiro, então está proibida de falar em morte.
Antes que eu pudesse reagir, ele me segurou pelos ombros e me empurrou contra a parede. A força dele era assustadora, e o impacto fez minha respiração engasgar.
— O que você está fazendo? — perguntei, a voz tremendo de pavor, por vê-lo tão violento.
Ele não respondeu imediatamente. Seus olhos, antes de um dourado profundo, começaram a mudar. Tornaram-se vermelhos, brilhantes como brasas, enquanto suas presas apareciam lentamente. E então, eu acabei por descobrir, que Draven é um vampiro. Achei que tudo isso, só veria nos livros de histórias que eu lia para meus alunos, mas não. Eu estou vendo tudo diante dos meus olhos.
— Draven...
— Não me irrita, humana — ele rosnou, sua voz mais grave do que nunca. — Minha convivência com você já será complicada e difícil. Para me livrar de você, não seria nada complicado nesse momento. Minha paciência é bem curtinha.
Minha respiração estava ofegante, e eu sentia o aperto de sua mão no meu pescoço, não forte o suficiente para machucar, mas suficiente para me imobilizar.
— Draven, por favor... você está me assustando — implorei, tentando me soltar, mas era inútil.
Ele inclinou a cabeça, seus olhos vermelhos brilhando enquanto me encarava.
— Assustando? Você ainda não viu nada — ele disse, um sorriso sombrio curvando seus lábios.
Minhas lágrimas começaram a escorrer, e eu mal conseguia respirar. Era estranho, eu não conseguia odiar ele, mas amar. Mesmo ele fazendo tudo aquilo, eu não conseguia sentir ódio.
— Por quê? Por que está fazendo isso comigo? — indaguei, minha voz quase inaudível. — Porque fazer isso com nós dois?
Por um momento, vi algo cruzar o olhar dele, algo que parecia quase... humano. Mas desapareceu tão rápido quanto veio.
— Porque você merece — ele respondeu, finalmente soltando meu pescoço e dando um passo para trás.
Caí no chão, ofegante, segurando minha garganta enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto. Ele ficou ali, me observando como um predador que acabava de demonstrar seu domínio.
— Você nunca deveria ter confiado em mim, mas não se preocupe. Você ainda tem um propósito. Só não me desafie novamente, e me obedeça. — rosnou.
Ele virou-se e saiu do quarto, trancando a porta atrás de si.
Fiquei no chão, tremendo, tentando processar o que havia acabado de acontecer. O Draven que estava comigo agora era um estranho, um monstro.
Mas, no fundo, uma pergunta me queimava: por que ele estava fazendo isso? E, mais importante, o que ele planejava fazer comigo? Será que o casamento, a aproximação dele foi só para me submeter a toda essa tristeza?
A única certeza que eu tinha era que precisava fugir daqui, o mais rápido possível. Em um momento de distração, eu daria um jeito de fugir daqui.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Anonyamor
Quanta tristeza, ela não está entendendo nada do que está acontecendo !!!
2025-04-01
0
Maria Sena
Esse vampirex mequetrefe acha que tá por cima da carne seca, mas essa marra dele vai acabar quando se apaixonar, aí o castigo dele vai chegar a galope.
2025-02-12
1
Rosilene Narciso Lourenco Lourenco
não tem como você fugir Luci, ainda por cima tem uma bruxa querendo matar você.
2025-01-18
4