Capítulo 4

O dia amanheceu com uma sensação tão boa de nostalgia. Era o último dia de aula, e, embora eu estivesse animada para as férias, sempre sinto um vazio ao me despedir dos meus alunos. A escola, com seus corredores cheios de risadas e dramas adolescentes, é o lugar onde me sinto mais viva. Claro, sem mencionar o quanto estou feliz com o acontecimento do meu casamento com Draven. Eu me sinto tão bem, tão amada quando estou em sua companhia, que parece que estou vivendo um sonho.

Naquela manhã, escolhi uma roupa especial para a festa de encerramento: um vestido azul-claro de tecido leve, com mangas bufantes discretas e cintura ajustada, que combinava com o clima quente do final de ano. Meu cabelo estava preso em um coque baixo, com algumas mechas soltas que combina com o meu rosto. Nos pés, sandálias simples de salto médio. Sempre optei por algo confortável, mas hoje queria um toque a mais, talvez pelo simbolismo do dia.

A escola estava decorada com guirlandas de luzes, balões coloridos e faixas comemorativas. A festa era realizada no salão principal, que costumava ser usado para apresentações e reuniões importantes. Naquela noite, porém, estava irreconhecível: mesas com toalhas brancas e arranjos de flores estavam dispostas ao redor, enquanto um espaço central era reservado para a pista de dança. Um DJ já animava os adolescentes com músicas vibrantes, e o som das risadas preenchia aquele lugar.

Passei boa parte da noite observando meus alunos. Eles dançavam desajeitadamente, tiravam selfies e riam de coisas que só faziam sentido em suas cabeças. Aquilo me fazia sorrir. A adolescência é uma fase única, e saber que eu, de alguma forma, fiz parte desse momento da vida deles me trazia uma satisfação profunda.

— Luci, venha brindar conosco! — Chamou minha amiga, Ana, uma professora de Biologia com quem eu sempre compartilhava confidências e risadas. Ela estava na companhia da diretora.

Caminhei até elas, que estavam ao redor da mesa onde alguns professores também estavam reunidos. Um garçom passou com uma bandeja cheia de taças de vinho, e a própria diretora Véronique me entregou uma.

— Só um brinde, pelo menos! — Véronique insistiu.

— Tudo bem, sem problemas — respondi com um sorriso. Levantei a taça com os outros e brindamos ao fim de mais um ano.

Dei um pequeno gole e senti o sabor leve do vinho. Enquanto bebia, continuei observando os alunos, agora com uma mistura de nostalgia e curiosidade sobre seus futuros. Eles se divertiam, dançando e cantando como se o mundo inteiro estivesse ali, naquele salão.

Então, algo estranho aconteceu.

O chão parecia balançar sob meus pés, e minha visão começou a embaçar. Minha cabeça latejava, como se algo estivesse tentando invadir meus pensamentos.

— Com licença. Vou ao toalete — murmurei, colocando a taça na mesa e me afastando.

Caminhei com dificuldade pelos corredores até o banheiro feminino. Assim que entrei, apoiei-me na pia, olhando para o espelho. Minha imagem parecia distorcida, como se estivesse observando outra pessoa.

— O que está acontecendo? — sussurrei para mim mesma, lavando o rosto e piscando várias vezes, tentando ajustar minha visão.

De repente, ouvi a porta se abrir atrás de mim. Uma mulher entrou, alta, com cabelos negros que brilhavam como seda. Ela caminhou lentamente até a pia ao meu lado, lavando as mãos com movimentos deliberados e um sorriso tranquilo nos lábios. Era estranho ver ela naquele ambiente, parecia que ela não combinava com aquele lugar.

— Parece que não está bem, Lucianna.

Virei-me para encará-la, confusa. Lucianna? Meu nome é Luci. Quem era essa mulher?

— Lucianna? — perguntei, sentindo minha língua pesada. — Olha, se está falando comigo, eu me chamo Luci…

A mulher sorriu de um jeito que fez meu coração disparar. Seu olhar era gélido, e sua presença exalava algo sombrio e ameaçador.

— Sabe — ela começou, olhando para mim com desprezo — eu sempre observo você e vejo o quanto fraca se tornou. É inacreditável e chega a ser engraçado. Agora é fácil, é muito fácil acabar com você de uma vez, para que não nasça nunca mais. Porque você renasceu sendo uma humana sem graça, aposto que não sabia disso?

— O quê, eu…

— Você era uma vampira, poderosa, tinha tudo que queria, um marido que te adorava, e de repente você morreu, e quando pensei que renasceria sendo uma vampira, a vida me fez uma bela surpresa, fazendo você vir a esse mundo como uma humana maldita. E para que você não renasça novamente, só tem um jeito. Matá-la. — Seus olhos eram cheios de ódio.

Ela ergueu as mãos para o cabelo e, com um gesto suave, soltou um coque elegante. Mechas negras caíram como uma cascata sobre seus ombros, mas não era isso que chamou minha atenção.

Foi a adaga.

Uma lâmina fina e brilhante, com detalhes em dourado, que estava escondida no pente que prendia seus cabelos. Ela a segurava com naturalidade.

— O que está fazendo? Quem é você? — perguntei, minha voz tremendo enquanto minhas pernas fraquejavam.

— Até sua maldita voz me irrita, sua voz não mudou, é a mesma — ela sibilou, dando passos lentos na minha direção enquanto brincava com a adaga. Os seus olhos brilhando com uma malícia que eu não conseguia compreender.

Meu corpo congelou. Não conseguia me mover. O mundo parecia estar se fechando ao meu redor, e minha mente gritava em alerta.

Ela se aproximava, cada passo ecoando na minha cabeça como um martelo. Quando estava a poucos centímetros de mim, senti o toque frio da parede em minhas costas. Eu estava encurralada.

— Você não vai escapar desta vez — ela murmurou, erguendo a adaga. — Porque vou acabar com você, de uma vez por todas. — Disse, erguendo as mãos para o alto, e eu tinha a absoluta certeza, de que com aquela posição de sua mão, ela acertaria o meu coração com aquele objeto.

Foi então que a porta se abriu de repente. O som de vozes femininas invadiu o ambiente, e minhas colegas, Ana e mais duas professoras, entraram no banheiro, rindo de algo.

A mulher desapareceu rapidamente.

Não havia som de passos, nem rastro de sua presença. Apenas o vazio.

Eu perdi as forças e escorreguei até o chão, sentando-me abruptamente enquanto tentava processar o que acabara de acontecer.

— Luci, você está bem? — Ana correu até mim, sua expressão mudando de preocupação para alarme.

— Vocês… vocês viram a mulher? — Perguntei, com a respiração ofegante, enquanto minhas mãos tremiam ligeiramente.

— Que mulher? Você estava aqui sozinha — uma delas respondeu, olhando ao redor.

— Não! — protestei, tentando me levantar. — Ela estava aqui. Ela… ela tinha uma adaga, uma adaga antiga! Ela queria me matar! Vocês têm que acreditar em mim! Ela estava aqui, eu vi. — expliquei, sem pausa para respirar.

As três se olharam, claramente céticas, mas ainda assim me ajudaram a levantar.

— Luci, acho que você bebeu mais do que devia. Vamos levá-la para casa — Ana sugeriu gentilmente.

Antes que pudesse responder, tudo ficou escuro, e eu acabei desmaiando ali mesmo.

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Comments

Adriana Pessanha

Adriana Pessanha

Tô achando que quem matou o vampiro não foi a luc

2025-01-15

6

Maria Sena

Maria Sena

Tô falando que essa diretora veio do passado do Draven, acho que ela era apaixonada por ele e foi trocada pela Luciana. Ela rejeitada e despeitada armou tudo pra matar o Draven e ele pensar que foi a Luciana.

2025-02-12

0

Anonyamor

Anonyamor

Foi armação das grandes quem feriu mortalmente o Draven, fez para parecer que teria sido a Luciana a causadora da morte dele, fazendo a culpa cair sobre ela

2025-04-01

0

Ver todos

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