Acordei na manhã seguinte no meu quarto. O sol já estava alto e a minha cabeça latejava. As memórias da noite anterior estavam borradas, eu simplesmente não me lembrava de nada, nada mesmo, nem como vim parar em casa.
Sentei-me na cama, ainda com a cabeça rodando, os eventos da noite anterior pairando sobre mim como uma névoa densa. Minhas mãos tremiam enquanto as levava à cabeça, tentando aliviar a sensação de que o mundo estava girando. Respirei fundo, mas a dor não desaparecia. Olhei para o meu corpo, estava vestida em uma camisola de seda, o que me levou a questionar, se minha mãe que havia me trocado, ou eu cheguei totalmente bêbada e ainda tive tempo de me vestir?
Estava tentando organizar meus pensamentos quando a porta do quarto se abriu abruptamente. Meus pais entraram, seguidos por uma das funcionárias da casa, que carregava uma bandeja com café da manhã. A expressão de ambos era grave, o que fez meu coração disparar, e eu sabia que eles brigariam comigo, só pela forma como me olhavam.
— Bom dia, Luci — meu pai começou, a voz pesada de desaprovação. — Precisamos conversar sobre o que aconteceu ontem.
Minha mãe, Claire, cruzou os braços, olhando para mim como se eu fosse uma adolescente problemática.
— Luci Mellius, o que você tem na cabeça? Chegar em casa desmaiada de tanto que encheu a cara. E para piorar, nos braços do seu noivo? Que vergonha, Luci! Que vergonha!
Pisquei, confusa.
— Nos braços de Draven? — indaguei sem acreditar.
— Sim, e tem outro noivo que não seja o senhor Draven? Não se atreva a agir como se não soubesse do que estamos falando — ela continuou, ignorando minha pergunta. — Você foi vista por várias pessoas, desacordada, sendo carregada como um fardo! E tudo isso na véspera do seu casamento, e na festa da escola. O que deu em você?
— Eu… eu não estava bêbada — comecei a dizer, mas minha mãe ergueu a mão, interrompendo-me.
Ela é sempre assim, me enchia de perguntas, e quando eu ia responder, ela me interrompia para não falar.
— Não quero ouvir desculpas. Você acha que isso é aceitável? Que imagem você está passando para o seu noivo? Para a nossa família? Para seus alunos?
— Claire, deixe-a falar — meu pai tentou intervir, mas sua voz não tinha tanta firmeza quanto a de minha mãe.
— Não, Edward. Ela precisa ouvir. Estamos a poucas horas de um casamento e, ao invés de acordar animada, Luci está aqui, com essa cara de desleixo. Eu nunca me senti tão envergonhada — minha mãe disparou, a voz cheia de frustração.
Olhei para ela, tentando processar o que estava acontecendo. As memórias da noite anterior vinham em flashes confusos: o brinde, tudo começou a rodar quando tomei o vinho, o desmaio… Draven me trouxe para casa?
— Como… como Draven me trouxe? Eu não me lembro — murmurei, mas ela ignorou novamente.
— Não importa como. O que importa é que você foi irresponsável. Tome este café bem forte — disse minha mãe, apontando para a bandeja que a funcionária havia deixado sobre a mesinha ao lado da cama. — E se recomponha imediatamente. Temos um casamento essa manhã, e não podemos nos dar ao luxo de mais embaraços.
— Mas, mãe, eu…
— Chega, Luci! — sua voz foi cortante. — Tome o café, tome um banho e vista-se. O casamento é hoje. Não me faça perder mais tempo com isso.
Com essas palavras, ela saiu do quarto, deixando-me sozinha com meu pai. Ele hesitou por um momento, como se quisesse dizer algo, mas acabou suspirando e seguindo minha mãe.
A porta se fechou, e o silêncio voltou ao quarto, exceto pelo som do meu coração batendo rápido demais.
Eu me senti perdida. Peguei a xícara de café e segurei-a nas mãos, tentando acalmar o tremor. Tomei um gole do café forte, mas minha mente estava longe. Como tudo havia chegado a esse ponto?
Fechei os olhos, tentando lembrar com mais clareza o que havia acontecido na noite anterior. A festa… o vinho… E… mais o quê? Eu não me lembro. Meu estômago revirou enquanto eu tentava lembrar o que realmente havia acontecido depois.
— Isso não faz sentido — murmurei para mim mesma.
Levantei-me lentamente e fui até o banheiro, onde a luz fria do espelho refletia uma imagem que mal reconhecia. Meu rosto estava pálido, os olhos levemente inchados, e meu cabelo, que havia sido cuidadosamente arrumado para a festa, agora estava um emaranhado de fios soltos. Parecia que eu havia tomado um choque elétrico.
Abri a torneira e lavei o rosto, tentando despertar totalmente. Minha mãe tinha razão em uma coisa: o casamento estava há poucas horas, e eu precisava me preparar, mas minha mente estava longe disso.
Enquanto tomava banho, a água quente escorrendo sobre minha pele, continuei a tentar organizar as peças do quebra-cabeça. Draven tinha me trazido para casa. Será que ele sabia algo sobre o que havia acontecido? Eu precisava falar com ele imediatamente, precisava entender o que estava acontecendo.
Quando saí do banho, já me sentia mais lúcida, mas a inquietação persistia. Vesti-me com o robe de cetim branco, que estava separado para o dia do casamento e sentei-me novamente na cama, observando o vestido de noiva pendurado no canto do quarto. Era lindo, uma obra-prima de rendas e bordados delicados, mas naquele momento parecia um peso.
O dia que deveria ser um dos mais felizes da minha vida agora estava cercado de dúvidas e medo.
A porta do quarto se abriu novamente, e desta vez foi a funcionária que entrou para recolher a bandeja.
— Senhorita Luci, os preparativos estão em andamento. Sua mãe pediu para avisar que o cabeleireiro estará aqui em poucos minutos.
Assenti lentamente, forçando um sorriso.
— Obrigada, Marta.
Assim que ela saiu, levantei-me e fui até o espelho, encarando meu reflexo. Eu precisava focar no meu casamento, não posso deixar que isso me distraia.
Caminhei até a janela do meu quarto, observando os jardineiros organizando as rosas no jardim, como faziam todas as manhãs.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Anonyamor
Tudo muito estranho, mistérios e mais mistérios: que mulher é essa que aparece e desaparece, a amiga Ana tem alguma coisa em relação a isso? até que ponto a diretora está envolvida com esse desmaio e como o noivo a trouxe pra casa se ele não estava na festa da escola ??? Mistérios.....
2025-04-01
0
Maria Das Neves
que mulher foi essa que tem ódio dela
2025-01-15
3
Tânia Campos
Um copo de vinho e apagou?
Colocaram algo dentro, batizaram seu vinho.
2025-01-17
2