Onde fui deixada, lá eu fiquei. Encolhi-me no canto do quarto, abraçando minhas pernas e mantendo os olhos fixos na porta à minha frente. Minha mente estava uma confusão, misturando medo, fome e uma sensação esmagadora de solidão e tristeza.
O tempo parecia se arrastar, e com o passar das horas, o quarto foi escurecendo. A luz fraca que entrava pela janela única desapareceu gradualmente, deixando-me cercada pela penumbra. Sabia que a noite havia chegado, mas nada mudou. Draven não voltou desde nossa última discussão, e minha fome se tornava insuportável.
Meu estômago roncava, e eu me arrependeria pelo resto da vida de ter jogado aquela comida fora. Não importava o que estava acontecendo, eu deveria ter comido. Agora, minha fraqueza me fazia sentir ainda mais vulnerável.
— Eu preciso ser forte — murmurei para mim mesma, tentando agarrar qualquer resquício de coragem que ainda existisse dentro de mim. Eu até tentaria ligar para meus pais, e mentir que está tudo bem para que não se preocupem, mas meu celular sumiu. Tenho quase certeza de que Draven se livrou dele.
Enquanto o silêncio absoluto reinava no quarto, meus pensamentos vagaram para coisas que eu lia em livros. Histórias sobre vampiros e monstros, seres que se escondiam nas sombras e manipulavam suas vítimas com beleza e poder. Draven… ele não era diferente disso. Apesar de ele ser alto e bonito, é atraente, mas do que os livros descreviam os vampiros.
Esses pensamentos continuaram rodopiando em minha mente até que, sem perceber, meus olhos se fecharam. A fome e o cansaço me puxaram para um abismo de escuridão.
Foi então que ouvi.
— Ah, Lucianna, seus pecados são muitos. Assassina... assassina, maldita...
A voz era feminina, baixa e ameaçadora, mas ecoava como se estivesse em um grande salão.
Meu coração disparou, e lutei para abrir os olhos, mas eles pareciam selados. Eu estava presa entre o sono e o mundo real, e a voz continuava.
— Assassina... Terá que morrer...
Minha respiração estava ofegante, meu corpo incapaz de se mover, até que de repente senti algo. Como se mãos invisíveis estivessem me puxando para cima. Meu corpo levitou, e o peso que sentia no peito desapareceu por um momento.
— Não! — tentei gritar, mas nenhum som saiu.
E então, com uma força brutal, fui jogada de volta ao chão. A dor percorreu meu corpo como uma corrente elétrica, e meus olhos finalmente se abriram.
Tudo era real.
Olhei ao redor, tentando entender onde estava. O quarto onde Draven me deixou, havia desaparecido. Agora eu estava cercada pela mais completa escuridão. Era impossível ver qualquer coisa ao meu redor, exceto uma única luz, como um holofote, que me iluminava no centro.
Meus olhos tentavam se ajustar, mas o vazio ao redor era opressor. Minha respiração ecoava como se estivesse em um espaço infinito.
— Quem está aí? — perguntei, minha voz soando pequena e frágil.
Um riso macabro respondeu. Era uma risada feminina, cruel e sarcástica, que me fez arrepiar.
Então, ela apareceu.
A mulher do banheiro estava ali, parada na borda da luz. Seus cabelos negros caíam como uma cortina ao redor de seu rosto, e seu sorriso era torcido, quase animal.
— O que foi? Achou que ele te amaria novamente? — perguntou ela, dando um passo à frente. Sua voz era como veneno, gotejando com desprezo. — Achou mesmo que Draven Valerius faria de você a mulher mais feliz do mundo? Óbvio que não, ele quer que você pague por tudo antes de morrer. E parece que não vou matar você, vou deixar que o destino siga o seu curso.
Fiquei paralisada, minha mente lutando para entender o que estava acontecendo.
Antes que eu pudesse responder, ela desapareceu. Meu coração pulou no peito, mas então senti sua presença atrás de mim.
— Coitadinha... — ela sussurrou em meu ouvido, a proximidade de sua voz me fazendo gelar.
Girei rapidamente, mas não havia ninguém lá.
— Quem é você? O que você quer de mim? — gritei, minha voz saindo em um tom mais alto do que eu pretendia.
Ela reapareceu diante de mim, a poucos passos de distância, seus olhos brilhando com uma luz sobrenatural.
— Você realmente não sabe, não é? — ela zombou, inclinando a cabeça enquanto me observava como se eu fosse uma piada. — Você é tão patética quanto eu me lembrava.
— Eu não sei do que você está falando! — rebati, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair.
— Ah, Lucianna... — ela disse, prolongando o nome como se fosse uma melodia maldita. — Você deveria saber. Afinal, seus pecados são muitos.
— Meu nome é Luci, não Lucianna! — interrompi, minha voz trêmula, mas firme.
Ela riu novamente, aquele som cortante que parecia perfurar minha alma.
— Não se preocupe. Logo, logo, você vai lembrar. Vai lembrar de tudo: do que fez, de quem foi e, principalmente, de por que está aqui.
Eu recuei um passo, mas ela se aproximou, seus olhos fixos nos meus.
— Por que você está me dizendo isso? — perguntei.
— Porque quero que você saiba, Lucianna. Quero que você entenda que nada disso é coincidência. Nada. Nem Draven, nem o casamento, nem o lugar onde está. Tudo isso é o reflexo do que você merece.
— Eu não fiz nada de errado! — gritei, minha voz ecoando na escuridão.
Ela parou, seu sorriso diminuindo, mas sua presença ainda opressiva.
— É o que todos dizem, não é? — respondeu, seus olhos ardendo com uma intensidade que parecia penetrar minha mente. — Mas o passado sempre volta.
E, antes que eu pudesse reagir, ela desapareceu novamente, como se nunca tivesse estado ali.
A escuridão ao meu redor começou a se fechar, e a luz que me iluminava começou a enfraquecer. Meu coração batia acelerado, e eu caí de joelhos, ofegante, tentando entender o que acabara de acontecer.
Abri os olhos, e eu estava deitada no chão frio. Me levantei, acendi a luz e fui até o banheiro para tomar banho. As lágrimas se misturavam com a água fria que caía do chuveiro. Não sei por quanto tempo fiquei ali, só sei que minhas unhas estavam roxas e os dedos enrugados.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Anonyamor
Caracassss !!! Que situação mais exdrúxula, ela sem entender não se lembrar de nada, como ela pode se defender de algo ruim que está ameacando a todo instante !!!
2025-04-01
0
Maria Das Neves
Ansiosa pra ver ele se arrepender do que está fazendo com ela e descobri que não foi ela que matou ele
2025-01-17
2
Dulce Tavares
quando ele souber a verdade porque eu tenho certeza de que a Luci não matou ele na vida passada
2025-01-20
1