Capítulo 12

Eu estava sentada na cama, olhando para a porta como se, a qualquer momento, ela fosse se abrir e as respostas que eu precisava entrassem junto com Draven. A noite anterior havia sido longa. Não consegui dormir, e mesmo que tentasse, os sonhos voltariam. Aqueles flashes de outra vida, os momentos com Draven que pareciam tão reais, tão cheios de carinho e amor... era impossível apagar aquilo da mente. Se bem que agora, eu estava preferindo viver no passado, e me apagar de uma vez da vida real.

Assim que o sol começou a aparecer pelas frestas da janela, levantei-me para fazer minha higiene matinal. A água fria no rosto ajudou a afastar o cansaço, mas não a inquietação. Escolhi um vestido casual que estava entre minhas roupas, simples, mas confortável. Sentei-me novamente na cama, com as mãos no colo, decidida a esperar.

Se Draven fosse o único que podia me dar respostas, então eu falaria com ele. Precisava entender o que estava acontecendo comigo e por que parecia haver uma história entre nós que ele não queria que eu conhecesse logo.

O dia passou devagar. As horas se arrastavam, e o silêncio do quarto me fazia sentir como se o tempo estivesse parado. Quando a tarde chegou, ouvi o som da fechadura girando, e a porta finalmente se abriu, e eu estava lá, sentada no mesmo lugar.

Draven entrou. Ele estava impecável como sempre, vestindo uma camisa preta ajustada que acentuava sua figura e um olhar calmo que parecia cuidadosamente calculado. Ele me fitou, mas seus olhos não demonstravam nenhuma emoção.

— Precisa comer alguma coisa — ele disse, sem rodeios. — Venha comigo, seu castigo deve ter te ensinado alguma coisa.

Levantei-me devagar, não porque confiava nele, mas porque minha fome falava mais alto. Minhas pernas estavam um pouco bambas pela falta de comida, mas me esforcei para parecer firme enquanto o seguia. Ele não olhou para mim enquanto caminhava, e eu aproveitei o silêncio para organizar as perguntas que queria fazer.

Draven me levou até uma sala enorme e bonita, mesmo sendo antiga, com uma mesa enorme no centro. Ele colocou a bandeja sobre a mesa e indicou que eu me sentasse.

— Coma — ele ordenou, sem sequer olhar para mim.

Ignorei a comida por um momento e me virei para ele. Depois de ter observado bem o lugar ao redor, e me lembrado de que aquela mansão, foi a mesma que vi em meus sonhos.

— Eu quero respostas.

Ele parou, mas não se virou imediatamente. Quando finalmente olhou para mim, havia algo em seus olhos que eu não consegui entender.

— Respostas para o quê? — perguntou ele, o tom frio e controlado.

— O que está acontecendo comigo — comecei, tentando manter minha voz firme. — Eu tive sonhos... ou memórias, não sei. Mas vi coisas. Vi você e eu, juntos. Aqui, em em outro lugar. Nós estávamos felizes. Você me olhava de um jeito que... que não tem nada a ver com o que você sente agora, Draven.

Ele permaneceu em silêncio, mas sua expressão endureceu.

— Você sabe do que estou falando, não sabe? — insisti, levantando-me da cadeira.

— Coma — ele repetiu, ignorando minha pergunta.

— Eu não vou comer até que você me diga o que está acontecendo! — exclamei, minha voz subindo involuntariamente. — Eu tenho direito de saber, se Lucianna e eu somos a mesma pessoa, eu tenho todo o direito, caramba.

Draven suspirou e passou a mão pelos cabelos, claramente impaciente.

— Você está se desgastando à toa — ele disse, cruzando os braços. — O que quer que tenha sonhado não importa. Você errou no passado e reencarnou para pagar o seu erro, então foque nisso e esqueça o romantismo.

— Não importa? — retruquei, dando um passo em sua direção. — Eu vi você, Draven! Vi você sorrindo para mim, me tratando como se eu fosse... importante. Como se me amasse. Isso é real? Isso aconteceu? Como pode me falar tudo isso?

Por um breve momento, algo passou por seus olhos. Uma lembrança, talvez. Mas ele rapidamente recuou para sua postura rígida.

— Você está confundindo sonhos com realidade — ele disse, desviando o olhar.

— Então por que tudo parece tão... tão real? — perguntei, a voz começando a falhar. — Você disse para mim, que me amaria sempre, para sempre e não importava o que aconteceria. — minha voz saiu embargada. — Me fez uma promessa no passado, e porque estou pagando por algo, que nem sei o que é?

Ele não respondeu. Em vez disso, caminhou até a porta, claramente decidido a encerrar a conversa.

— Draven, por favor! — implorei, minha voz cheia de frustração. — Eu só quero entender! Se esses sonhos são apenas isso, por que eu sinto como se conhecesse você de outra vida? Por que parece que há algo entre nós que você está escondendo? Porque me trouxe até aqui? Porque você é assim, um canalha, cretino, sem coração?

Ele parou na porta, mas não se virou.

— Algumas coisas devem permanecer enterradas. Para o nosso próprio bem. Já falei a você, não me irrite, não faça perguntas e só obedeça.

Minhas mãos se fecharam em punhos.

— Para o nosso próprio bem? Você me tranca aqui, me mantém longe de tudo e ainda tem a audácia de dizer que é para o bem? Isso tudo é triste, onde uma pessoa não pode sair, não pode ver a família, não pode ver ninguém, isso é um cárcere privado. Eu gosto de você, e por esse motivo me casei, e você nem se importa. Tive uma vida com você no passado, e por mais que me diga que não, que não queira falar sobre o assunto, eu vou descobrir sozinha. Porque mereço saber.

Finalmente, ele se virou para me encarar, os olhos mais frios do que nunca.

— Eu estou lhe dando mais do que você merece. Porque merece mais do que isso, tudo que é de pior em mim. — rosnou.

Suas palavras me atingiram como um golpe, mas eu não recuei.

— Se é assim que você pensa, então por que ainda estou aqui? Por que você não se livrou de mim?

Draven ficou em silêncio por alguns segundos. Parecia que ele estava lutando com algo dentro de si. Mas, em vez de responder, ele abriu a porta.

— Coma, e depois volte para o seu quarto — disse ele novamente, antes de desaparecer.

Fiquei parada, encarando a porta fechada. As lágrimas ameaçavam cair, mas eu me recusei a deixar que isso acontecesse. Ele não me daria as respostas que eu precisava.

Sentei-me novamente à mesa, olhando para a comida. Meu estômago roncava, e eu sabia que precisava me alimentar, mas cada mordida parecia uma rendição. Ainda assim, comi, porque precisava de forças.

Enquanto comia, minha mente trabalhava. Draven não me diria o que eu queria saber, mas isso não significava que eu desistiria. Algo estava errado, e eu precisava descobrir o que era.

Se ele não falaria, eu encontraria as respostas por conta própria.

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Comments

Anonyamor

Anonyamor

Ela está certa em querer saber o que realmente é presente ou o que é do passado!
As aparições da mulher que quer lhe fazer mal e fica acusando de uma coisa que ela não sabe.... não lembra, mas a própria bruxa disse que ela iria se lembrar !!!

2025-04-01

0

Katia Sousa

Katia Sousa

ela precisa falar para ele sobre a bruxa que queria matar ela

2025-03-24

0

Leoneide Alvez

Leoneide Alvez

ele tem que saber da bruxa

2025-01-21

1

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