Capítulo 11

Saí do banho sentindo a frieza da água ainda em minha pele, mas a sensação de alívio foi passageira. Minha mente ainda estava cheia de dúvidas, e um desconforto persistente parecia pesar em meus ombros. Peguei a camisola de seda azul-clara que havia encontrado em minha mala e vesti-a devagar. O tecido era macio e reconfortante, mas não o suficiente para afastar o frio que parecia vir de dentro de mim.

Ajeitei o travesseiro e me deitei, puxando o lençol até o peito. O quarto estava iluminado pelas luzes que decidi deixar acesas. Depois dos sonhos estranhos e daquela mulher que parecia assombrar meus pensamentos, a ideia de dormir no escuro era insuportável.

Mesmo com o cansaço pesando em meu corpo, lutei contra o sono. Não queria sonhar. Não queria voltar àquela escuridão que parecia me engolir. Mas o cansaço venceu, e meus olhos se fecharam antes que eu pudesse evitar.

E lá estava eu, sonhando novamente, mas estava em outro lugar.

O ar era fresco, e a luz do sol iluminava um jardim florido. As cores ao meu redor eram vibrantes, quase irreais, e o perfume das flores parecia me envolver como uma lembrança familiar. Usava um vestido branco leve e antigo, meu cabelo estava solto, balançando com o vento.

Olhei para o lado e vi Draven, vestido em trajes antigos, mas ainda assim, tinha aquele ar sexy e bonito.

Ele caminhou até mim, com aquele lindo sorriso, e parou ao meu lado, e segurou minha mão. Seus olhos dourados brilhavam com uma doçura que eu nunca havia visto antes, e o sorriso em seu rosto era tão sincero que fez meu coração acelerar. Ele parecia diferente. Não havia frieza ou a tensão que carregava hoje.

— Vim ver você, e avisar que hoje será nosso baile. Você está feliz? — ele perguntou, com um tom leve e natural, como se estivéssemos compartilhando uma conversa comum.

— Sim, muito — ouvi minha própria voz responder, embora não me lembrasse de ter dito essas palavras.

Ele se aproximou e tocou meu rosto com delicadeza, como se eu fosse algo precioso. Meu peito se apertou com aquela demonstração de carinho. Não parecia um sonho. Parecia real. Observei ele esticar o braço, e pegar uma rosa das roseiras, colocando a mesma atrás da minha orelha.

— Linda!

— Eu, ou a rosa?— ousei perguntar, as bochechas corando.

Ele sorriu.

— As duas, mas você é mais.

Ele me abraçou, e de repente já estávamos em um salão iluminado por velas, e usava um vestido de casamento deslumbrante. O tecido brilhava sob a luz suave, e o véu caía delicadamente sobre meus ombros. O vestido era antigo, mas bonito.

Olhei para o altar e vi Draven. Ele estava me esperando, vestido com um terno elegante, seus olhos fixos em mim. Ele sorria, um sorriso que transmitia amor, muito amor e ternura.

Dei um passo à frente, e meu coração parecia pulsar em harmonia com os sinos que soavam ao fundo. A cada passo que eu dava, sentia como se estivesse caminhando para algo eterno, algo que transcenderia o tempo.

Quando finalmente cheguei ao altar, ele segurou minha mão com firmeza, mas também com um toque de ternura. Seus olhos encontraram os meus, e naquele momento, o mundo ao nosso redor parecia desaparecer.

— Você é a mulher que escolhi para minha eternidade — ele disse, e as palavras ressoaram dentro de mim como uma promessa. — Eu vou te amar, independente do que aconteça, Lucianna. Eu prometo te amar sempre, para sempre.

Sem perceber, eu estava chorando, e ele enxugou minhas lágrimas com a ponta do dedo.

Naquele momento, o sonho mudou, agora estávamos numa sala aconchegante, decorada com móveis antigos e uma lareira crepitando. Estávamos sentados juntos em um sofá, e Draven lia em voz alta um livro de poesias enquanto eu repousava minha cabeça em seu ombro.

Senti uma paz que nunca havia experimentado antes. Ele colocou o livro de lado e olhou para mim, seus dedos brincando com uma mecha do meu cabelo.

— Eu faria qualquer coisa para proteger você — ele disse, e a sinceridade em sua voz me fez sorrir.

Eu acreditei nele.

— Eu te amo, Draven. — confessei, me ajeitando em seus braços.

Acordei de repente, com o coração disparado e a respiração ofegante. O quarto estava exatamente como eu o deixei, mas o calor e a serenidade daqueles momentos ainda estavam comigo.

Sentei-me na cama, apertando os lençóis contra o peito enquanto tentava processar o que havia acontecido. Aquilo não foi um sonho comum. Era como se eu estivesse vivendo memórias que não sabia que tinha.

— Eu nunca vivi isso — murmurei para mim mesma, mas as imagens ainda estavam tão claras na minha mente, e as lágrimas caiam dos meus olhos livremente.

A forma como Draven me olhou, o toque suave de suas mãos, o tom de sua voz... ele parecia uma pessoa completamente diferente. Não era o homem frio que agora me mantinha presa, mas alguém que me amava, que me via como algo importante.

Levantei-me e caminhei até a janela, olhando para a escuridão lá fora. O silêncio da noite era quase ensurdecedor, mas meu coração continuava batendo forte.

— Quem era você, Draven? — sussurrei, sentindo uma mistura de saudade daquela memória que nunca vivi.

Havia algo que eu não estava entendendo, algo que estava faltando. O homem que vi no sonho parecia impossível de se conectar ao homem que conheci agora. Mas, de alguma forma, eu sabia que era o mesmo.

E o mais perturbador era a sensação de que eu também era a mesma, mas diferente.

Passei a mão pelo rosto, tentando afastar os pensamentos. Não fazia sentido, mas era impossível ignorar a conexão que sentia com aquelas memórias.

Algo estava acontecendo. Algo que estava fora do meu controle, mas que parecia querer me puxar para um lugar que eu ainda não conseguia alcançar.

Voltei para a cama, mas sabia que não dormiria mais naquela noite. O que quer que estivesse acontecendo, eu precisava de respostas.

E só havia uma pessoa que podia me dar essas respostas: Draven. Eu o confrontaria no dia seguinte.

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