Alec se mantinha firme, os olhos fixos em Elena, como se procurasse penetrar sua alma e entender suas intenções. A tensão entre eles ainda estava no ar, espessa e desconfortável, um jogo invisível que ambos sabiam que estavam jogando, mas que nenhum deles queria admitir completamente. Elena o observava com a mesma intensidade, mas havia algo em seu olhar que desafiava a intensidade com que ele a encarava, como se soubesse mais do que ele gostaria de admitir. E isso o incomodava.
Ele podia sentir a urgência crescente em seu peito, algo que não conseguia ignorar. A maneira como ela parecia manipulá-lo sem dizer uma palavra, sua confiança e o desafio que emanava de seu comportamento, tudo isso só aumentava a pressão sobre ele. Ele precisava se concentrar, mas seus pensamentos estavam cada vez mais dispersos.
Ele precisava de uma coisa, e só uma: a data do duelo. Não podia esperar mais. O tempo estava se esgotando, e ele precisava dessa informação para repassá-la a Felipe e Galen, seus aliados, se quisesse se preparar adequadamente.
Por fim, quebrando o silêncio que se estendia entre eles, Alec fez uma pergunta direta, sua voz grave, mas com uma leve tensão, como se a impaciência estivesse começando a transparecer.
— Quando será o duelo? — ele perguntou, a necessidade de uma resposta clara evidente.
Ele sabia que ela estava no controle da situação, mas ele precisava dessa informação mais que tudo.
Elena o encarou por um momento, um sorriso pequeno, quase enigmático, aparecendo em seus lábios. Ela parecia saber o que ele queria, sabia que essa pergunta estava prestes a ser feita. E, de alguma forma, isso o incomodava ainda mais.
— Em um mês — ela respondeu, a voz calma e confiante, sem a menor hesitação.
A certeza em suas palavras fez Alec ficar mais atento. Um mês… Tinta dias seriam suficientes para ele cumprir sua parte e manter seu plano intacto, mas também significava que ele precisaria estar pronto para agir caso fosse necessário. Ele não podia perder tempo com distrações, e Elena, apesar de sua confiança, ainda era um mistério.
Ele a observou, os olhos fixos nela, tentando ler sua expressão. Não sabia se a calma dela era um truque ou se ela realmente acreditava na vitória dele. Havia algo em sua postura, algo no modo como ela se comportava, que dizia que ela não estava apenas envolvida na ideia de ter Alec como aliado. Ela tinha seus próprios motivos, e Alec não confiava nela o suficiente para acreditar que seus interesses coincidiam totalmente com os dele.
— Um mês… — Alec murmurou, mais para si mesmo do que para ela, ponderando sobre a resposta.
Ele sentiu que ela o estava observando, esperando algo, mas não sabia o quê. Algo nela o fazia pensar que, se não fosse cuidadoso, poderia ser pego de surpresa.
Ele finalmente a encarou, com um olhar impassível, mas ainda curioso. Ela havia dado o que ele precisava, mas algo em seu olhar sugeria que havia mais a ser dito — ou, talvez, mais a ser feito. Algo que ele não entendia ainda.
— Então, nos vemos em breve — Alec disse, a voz tensa, sem querer prolongar mais a conversa.
Ele se virou, já começando a se afastar, os passos firmes e rápidos. Sua mente estava correndo, planejando os próximos movimentos, calculando as jogadas a serem feitas. Um mês era tempo suficiente, mas sabia que ele e Elena ainda estavam longe de se entender completamente. Ela tinha suas próprias intenções, e Alec não estava disposto a confiar nela — não ainda.
Alec sentiu os olhos de Elena nas suas costas enquanto ele se afastava, mas não olhou para trás. Precisava de espaço, de tempo para pensar e se preparar. Os dias até o duelo eram o tempo necessário para ajustar os detalhes, mas isso não significava que ele pudesse relaxar. O duelo com Oscar era apenas uma parte do plano, e ele tinha muito mais a fazer antes que o dia chegasse.
No entanto, como se ela tivesse lido sua mente, Elena o seguiu. Quando ele chegou ao campo de treino, ela já estava lá, esperando, com um olhar determinado. Alec não a subestimava — ela sabia o que queria e não parecia ser do tipo que ficava parada, esperando que as coisas acontecessem.
— Vou treinar você — Elena disse, sem rodeios, como se fosse uma declaração óbvia.
Alec a olhou com ceticismo. Ela estava ali para ajudá-lo, ou para garantir que ele seguisse sua estratégia? Ele não sabia e não confiava, mas ainda assim, ela tinha dado a entender que queria que ele vencesse — e isso era o suficiente por enquanto.
— Você? — Alec não conseguiu esconder o tom de desdém. Não era exatamente o que ele tinha em mente, mas ela parecia disposta a fazer isso, então talvez ele fosse forçado a aceitar. Ele não tinha tempo para discutir.
Elena não se deixou afetar pela dúvida em sua voz. Ela simplesmente deu um passo à frente, seus olhos fixos nos dele, sem hesitação.
— Sim. Tenho algo em mente para você. Mas para isso, precisamos começar agora.
Ela lhe entregou uma espada simples, mas afiada. Alec a pegou com uma expressão cética, ainda desconfiado. Elena sabia que ele podia lutar, sabia que ele tinha habilidades, mas o que exatamente ela esperava dele? O que estava por trás daquela confiança silenciosa?
Enquanto ele se posicionava, esperando que ela o dirigisse, Elena começou a explicar sua estratégia.
— Oscar é forte, mas é impulsivo. Ele vai querer impressionar a plateia, atacar com força bruta. Isso é bom para nós, porque isso significa que ele não será tão estratégico. Sua falha vai ser a falta de controle. Você precisa usar isso contra ele.
Alec ouviu com atenção, mas não deixava transparecer nada em seu rosto. Ele ainda estava cauteloso, absorvendo as palavras dela. A estratégia era simples, mas ela sabia o que estava dizendo. Talvez.
— Você precisa ser mais rápido, mais preciso — ela continuou, dando-lhe instruções sobre os movimentos. — A vitória não será apenas pela força, mas pela agilidade. Oscar vai subestimar sua habilidade de esquivar. Isso é o que ele espera de você.
Alec fez um movimento de ataque para testar a espada, sem muita força, mas com precisão. Elena observou com seu olhar calculador.
— Não pense que é só sobre os golpes — ela disse, interrompendo os movimentos de Alec com um sinal de mãos. — Você precisa controlar a luta, não a deixar controlá-lo. Se você se deixar levar pela raiva ou pelo orgulho, vai cair nas armadilhas que Oscar prepara. Lembre-se, tudo é questão de paciência e controle.
Ela se aproximou dele, ajustando sua posição, corrigindo os detalhes do que ele fazia errado com gestos ágeis e delicados. O contato físico não aconteceu, mas Alec não pôde deixar de notar a proximidade dela. Algo na maneira como ela o olhava, sem hesitar, sem medo, fez sua respiração acelerar, mas ele se forçou a manter o foco.
— Agora, tente novamente — Elena disse, com a calma de quem sabia exatamente o que estava fazendo.
Alec a olhou, o olhar mais sério agora. Não podia se dar ao luxo de falhar, e algo naquela mulher — algo em seu jeito — fazia com que ele não a ignorasse. Ela tinha a confiança de quem sabia que suas palavras eram mais do que simples conselhos.
Ele respirou fundo e começou a treinar, cada movimento mais focado, cada golpe mais preciso, como Elena havia sugerido. O som da lâmina cortando o ar era o único som entre eles, o peso das palavras dela ecoando em sua mente. Ao longe, outros cavaleiros assistiam de relance, mas Alec só podia se concentrar no movimento, na tensão entre os músculos e na estratégia que Elena havia lhe dado.
Por mais que ele não quisesse admitir, ela estava certa. Ele tinha que ser mais rápido, mais inteligente. Oscar não estava apenas sendo desafiado pelo duelo — ele estava sendo desafiado por Alec de uma maneira que o cavaleiro de Orinis não imaginava. E aquela estratégia, ainda que simples, poderia ser o que traria a vitória e o espetáculo que todos esperavam.
Alec continuou a treinar, repetindo os movimentos que Elena havia sugerido, mas sua mente não conseguia se afastar dela. Ele sentia a presença da garota a cada movimento, como se ela estivesse sempre observando, ajustando, corrigindo-o, sem dizer uma palavra a mais do que o necessário. Sua voz estava calma, mas seu olhar era afiado, como uma lâmina. Ele odiava admitir, mas ela estava o desafiando de maneiras que ele não podia ignorar.
Enquanto ele praticava, Elena o observava com a atenção de alguém que sabia o que queria. Sua estratégia não era apenas para o duelo, mas para algo maior. Alec não sabia o que exatamente ela planejava, mas algo dentro dele dizia que, por mais que não gostasse de admitir, ela tinha razão. A paciência e o controle que ela sugeria, o ritmo mais cadenciado e preciso, eram vitais.
Ele fez mais um movimento, sua espada cortando o ar com rapidez. Elena acenou com a cabeça, aprovando, mas logo corrigiu a posição de seu punho com uma demonstração.
— Tente manter a base mais firme — ela disse, com a voz séria. — Oscar vai tentar te desequilibrar. Não se deixe levar pelo impulso. Ele espera que você reaja, que siga a velocidade dele. Mas se você se controlar, se não cair na provocação, vai forçar ele a cometer erros.
Alec a olhou, seus olhos se estreitando. Ele odiava ser guiado, odiava que alguém soubesse mais sobre si do que ele mesmo. Mas, por agora, não tinha outra escolha. Ele não podia falhar. Não com o duelo, não com o que estava em jogo. Então, com uma respiração profunda, ele se concentrou, tentando se lembrar das instruções dela, enquanto se preparava para o próximo movimento.
Ele deu um passo à frente, e antes que pudesse fazer qualquer coisa, Elena se moveu rapidamente, interrompendo-o ao se colocar na frente. Ele parou, surpreso com a rapidez dela.
— O que foi? — ele perguntou, um tom de frustração na voz.
Ela não respondeu imediatamente, apenas deu um passo para trás, permitindo que ele se reposicionasse.
— O que você está pensando quando ataca? — ela perguntou, desafiadora. Alec a olhou, confuso.
— O que você quer dizer? — ele respondeu, impaciente.
Elena deu um sorriso curto, como se tivesse previsto a pergunta.
— Não se concentre no golpe, Alec. Concentre-se na reação dele. O ataque deve ser uma consequência do que ele fizer, não uma reação ao que você quer fazer. Se você esperar que ele se mova primeiro, vai conseguir se antecipar. Você está reagindo demais. Você precisa ser o iniciador da luta, mas de maneira estratégica.
Alec hesitou, absorvendo suas palavras. Ele sabia que ela tinha razão, mas algo sobre ela, sua calma e autoridade, fazia com que ele se questionasse mais do que deveria. Elena estava, sem dúvida, fazendo sua parte, guiando-o de maneira que ele não esperava. Mas ainda havia algo ali que o incomodava. Ela não estava fazendo isso apenas por ele. O que ela realmente queria?
— Eu vou tentar de novo — Alec disse, a voz mais grave. Ele sabia que a resposta estava em suas mãos, mas sentia como se estivesse sendo puxado para algo maior do que apenas a luta com Oscar e seu plano de invasão.
Ele ajustou sua postura, desta vez mais atento, mais controlado. Ele não estava apenas se preparando para o duelo, estava se preparando para a batalha que se desenrolava em sua mente.
Ao ver isso, Elena chamou um dos cavaleiros que observavam a cena próxima a eles. O instruiu a ser o oponente de Alec, e se pôs em um lugar onde poderia observá-los sem atrapalhar.
Quando a espada de Alec encontrou a lâmina do cavaleiro, o som do impacto parecia mais forte, mais preciso. Era um lembrete de que ele estava no controle — ou, pelo menos, deveria estar.
Elena o encarava, os olhos fixos nele, como se estivesse tentando enxergar além do que ele permitia mostrar. O silêncio entre eles era denso, quase palpável, e cada olhar trocado parecia carregar mais significados do que qualquer palavra poderia expressar. Por um instante, Alec percebeu que sua luta não seria apenas contra Oscar, mas contra tudo o que acreditava sobre si mesmo — suas limitações, seus objetivos, e, talvez, sobre a mulher que o desafiava com aquele olhar.
Ela não era mais apenas a jovem que ele deveria destruir ou usar como peça em um jogo de vingança. Havia algo mais nela, algo que ele não queria admitir, mas que se tornava cada vez mais difícil de ignorar.
E, por mais que tentasse afastar aqueles pensamentos, Alec sabia, no fundo, que a batalha não se restringiria à arena. Ele teria que lutar contra si mesmo, contra o sentimento indesejado que começava a despontar e contra o vínculo sutil, porém crescente, que Elena estava criando sem que ele conseguisse evitar.
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Atualizado até capítulo 142
Comments
Débora Rodrigues
Já está ficando apaixonadinho! 🥰
2025-01-22
2
Kamila Castro
O Alec ainda será cadelinha da Elena
2025-01-05
9
Souza França
ele sabe o que está sendo duelado entre ela e o Oscar?!🤔
2025-01-05
4