O escritório de Magnus estava mergulhado em uma penumbra inquietante, com apenas a luz do candelabro central para dissipar as sombras que se acumulavam nos cantos.
Pelas janelas altas, apenas o brilho prateado da lua escapava pelas cortinas pesadas, iluminando fracamente o chão de madeira escura. Elena entrou no ambiente, mantendo a postura ereta, mesmo que cada passo parecesse pesar uma tonelada.
Magnus, sentado em sua cadeira de encosto alto, mal ergueu os olhos quando ela fechou a porta atrás de si. Ele estava focado em um pergaminho, a luz tremeluzente das velas projetando sombras inquietas em suas feições. Sua presença era tão opressiva quanto o ar carregado de cheiro de cera derretida e couro antigo.
— Espero que tenha algo útil a dizer — disse ele, finalmente, sem desviar os olhos do documento.
Elena respirou fundo antes de falar, escolhendo as palavras com cuidado.
— Tenho uma proposta que pode resolver o impasse com o ducado de Orinis.
Magnus ergueu uma sobrancelha, mas continuou fingindo desinteresse.
— Proposta? É melhor do que sua relutância em cumprir o casamento?
Ela ignorou o sarcasmo, dando um passo à frente.
— Melhor. É uma solução que nos dará todos os benefícios do casamento sem que eu precise me casar.
Ao ouvir isso, ele largou o pergaminho, fixando nela um olhar frio e calculista.
— Estou ouvindo.
Elena engoliu em seco, lutando para manter a expressão neutra.
— Propus um duelo à Oscar, contra Alec.
A resposta imediata de Magnus foi uma risada baixa e descrente.
— Um duelo? Isso é tudo que você consegue oferecer?
— Não é só isso — disse ela rapidamente, antes que ele pudesse descartá-la. — Se Alec vencer, Orinis concordará em honrar todos os termos do acordo matrimonial: apoio militar, rotas comerciais exclusivas, alianças estratégicas. Tudo, sem que haja um casamento.
Magnus inclinou-se na cadeira, os olhos estreitando-se em suspeita.
— E se Alec perder?
Elena sustentou o olhar dele, mesmo que sentisse seu coração acelerar.
— Então eu me casarei com Oscar. Sem resistência.
O silêncio que se seguiu parecia esmagá-la. Magnus estudou-a com uma intensidade que fazia seus nervos gritarem. Ele era um homem que não confiava nem mesmo em sua sombra, e ela sabia que qualquer hesitação poderia ser fatal.
— E por que Oscar aceitaria algo assim? — perguntou ele, finalmente, sua voz carregada de desconfiança.
Ela tinha antecipado essa pergunta e se preparou para respondê-la.
— Porque ele acredita que pode vencer Alec. É uma chance de reforçar a posição de Orinis sem precisar recorrer a um casamento.
Magnus se levantou lentamente, caminhando até a janela para observar a lua. As mãos cruzadas atrás das costas revelavam mais de sua mente do que suas palavras. Ele estava ponderando as possibilidades, mas ainda não estava convencido.
— Parece arriscado demais — disse ele, sem se virar. — Por que eu deveria concordar com isso?
Elena apertou os dedos contra a lateral do vestido, escondendo sua tensão.
— Porque, se Alec vencer, o ducado de Orinis será nosso aliado sem que eu esteja presa a eles. Isso me permitirá… estar disponível para outro acordo de casamento que possa ser mais vantajoso para o senhor.
Ela viu quando ele parou, a ideia se infiltrando em sua mente como uma serpente. Magnus girou devagar, seus olhos agora brilhando com algo mais perigoso que desconfiança: interesse.
— Outro casamento, é? — perguntou ele, inclinando a cabeça. — E você se comprometeria com isso?
— Completamente — respondeu ela, sem hesitar. Mesmo que isso significasse vender outra mentira.
Magnus caminhou até a mesa, pegando o cálice de vinho. Ele deu um gole longo, sem desviar o olhar dela, antes de finalmente sorrir.
— Isso é interessante. Um duelo resolveria o conflito com Orinis e pouparia recursos. E, se Alec vencer, terei liberdade para usá-la em outro acordo.
Elena assentiu, o alívio ameaçando quebrar sua fachada.
— Exatamente, pai.
Ele deu uma risada curta, gesticulando com o cálice.
— Muito bem, então. Que o duelo seja marcado. Mas, lembre-se, Elena… — Ele inclinou-se, os olhos fixando-se nos dela como garras. — Se isso for uma falha, ou se estiver escondendo algo de mim, será você quem pagará o preço.
— Não há nada a esconder — mentiu ela, sua voz firme.
Magnus voltou a sentar-se, acenando com a mão para dispensá-la.
— Pode ir. Mas certifique-se de que Alec esteja preparado. Não aceito derrotas em meu nome.
Elena curvou-se levemente antes de sair do escritório. Assim que a porta se fechou atrás dela, soltou o ar que não percebera estar segurando. Magnus aceitara a proposta, mas o perigo ainda não havia passado. Cada passo desse plano era um jogo mortal, e ela era apenas uma peça tentando sobreviver no tabuleiro.
Agora, pensou, só resta garantir que Alec vença.
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Atualizado até capítulo 142
Comments
Débora Rodrigues
Elena e suas propostas. No final, todo mundo ameaça ela. 😅
2025-01-22
2
Souza França
o que poderia tornar esse homem em alguém domado!!!!
2025-01-04
3
Kamila Castro
Eu odeio o pai dela
2025-01-04
6