Alec retornou ao ducado ao anoitecer do dia seguinte, com a poeira da estrada marcada em suas botas e o cansaço latejando nos ombros. Seus olhos analisavam o entorno de forma automática enquanto guiava o cavalo até os estábulos. O som rítmico dos cascos parecia mais alto no silêncio do lugar, um lembrete constante de sua exaustão.
Ele não esperava encontrar ninguém ali, mas quando entrou, viu uma figura já conhecida à sua espera. Elena.
A luz trêmula das lanternas a envolvia, lançando sombras que pareciam dançar em suas feições. Algo em sua postura chamou sua atenção. Não era apenas determinação — ele estava acostumado a isso. Era algo mais... calculado.
Ele não disse nada, mas parou, observando-a com cautela enquanto desmontava do cavalo.
— Você demorou — disse ela, sua voz clara, cortando o ar.
Alec estreitou os olhos, sua expressão fechada.
— O que você quer? — perguntou, continuando a tirar a sela do cavalo, sem disfarçar o desinteresse.
— Quero falar com você. — Elena deu um passo à frente, mas parou antes de entrar no espaço dele. — Tenho uma proposta.
Alec parou, os dedos ainda segurando as correias da sela. Aquilo definitivamente não era o que esperava ouvir.
— Continue. — O tom era seco, mas havia um leve traço de curiosidade.
— Após sua saída sem permissão, percebi algo importante. — A voz dela estava firme, mas Alec notou a tensão sutil em seus ombros. — Você quer liberdade. E estou disposta a lhe dar isso.
Ele ergueu a cabeça, encarando-a.
— Liberdade? — repetiu, a incredulidade marcando seu tom. — E você acha que pode me dar isso?
Ela não hesitou.
— Sim. Mas há uma condição.
Alec largou a sela, cruzando os braços enquanto a encarava.
— Claro que há uma condição. E qual seria?
— Um duelo. Entre você e Oscar. — As palavras vieram rápidas, sem rodeios. — Se vencer, terá a liberdade que deseja. Poderá ir e vir como quiser. E poderá usar meu nome, sem precisar me reportar ou ao meu pai.
Por um momento, Alec ficou em silêncio. A ideia de um duelo não o assustava — ele sabia que tinha habilidade suficiente para enfrentar Oscar. Mas a proposta era inesperada e cheirava a manipulação.
— Um duelo? — replicou, a voz carregada de ironia, um sorriso zombeteiro curvando seus lábios. — E o que você ganha com isso?
— Sua confiança. — A resposta de Elena veio firme, quase desafiadora. — Mesmo livre, você será meu aliado. — Ela fez uma pausa breve, suficiente para que sua próxima frase carregasse mais peso. — Preciso de alguém em quem possa confiar para lidar com os desafios que estão por vir, Alec.
Ele estreitou os olhos, estudando-a com atenção. Algo no tom dela estava diferente, uma convicção que o fez hesitar por um instante. Isso não era um simples jogo.
— E acha que essa pessoa pode ser eu, depois de tudo o que fiz? — Sua pergunta soou cética, quase como um teste.
Elena sustentou o olhar dele, mas quando respondeu, sua voz carregava uma nota inesperada de vulnerabilidade:
— Eu não tenho ninguém a quem recorrer. — O sussurro quase passou despercebido, mas havia uma franqueza crua em suas palavras que cortou o ar entre eles. — Além disso... — ela continuou, endireitando os ombros, tentando recuperar a firmeza — foi você quem causou todo esse caos, então nada mais justo do que ser você a resolvê-lo.
Alec ergueu uma sobrancelha, a surpresa passando brevemente por sua expressão antes de ser substituída por desconfiança.
— E por que eu deveria acreditar em você? — retrucou, suas palavras afiadas como uma lâmina, desafiando-a a provar que não era uma armadilha.
Por um instante, ele viu uma sombra de vulnerabilidade cruzar o rosto dela.
— Porque eu sei o que é estar preso. Sei o que é ser usado como uma peça em um jogo maior. — Ela inclinou a cabeça, os olhos encontrando os dele com algo que parecia sincero. — E porque, Alec, a única maneira de vencermos é confiando um no outro, mesmo que por um breve momento.
Houve um silêncio pesado enquanto ele a observava, analisando cada detalhe de sua postura, suas palavras, até mesmo sua respiração. Era uma jogada arriscada. Mas ele sabia reconhecer quando alguém falava a verdade... ou acreditava estar falando.
Finalmente, ele deixou escapar um sorriso. Não era de aceitação completa, mas algo calculado, como quem aceita um desafio.
— Está bem. Aceito o duelo. Mas, senhorita Elena... — Ele inclinou a cabeça ligeiramente, um brilho perigoso no olhar. — Se isso for algum tipo de truque, você não terá outra chance de me enganar.
Ela não vacilou. Apenas assentiu, mantendo o olhar firme.
Alec voltou sua atenção ao cavalo, mas sua mente estava a mil. Um duelo com Oscar era uma oportunidade perfeita, mas também levantava mais perguntas. Qual era o verdadeiro jogo dela?
Quando Elena finalmente saiu, com o som de seus passos ecoando no estábulo, ele relaxou os ombros, mas apenas por um momento.
— Um duelo... — murmurou para si mesmo, com um sorriso sombrio surgindo em seus lábios.
Elena estava jogando, isso era óbvio. Mas os dois podiam jogar o mesmo jogo. E Alec sabia que, no fim, seria ele quem ditaria as regras.
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Atualizado até capítulo 142
Comments
Débora Rodrigues
Vai sonhando gato. Ainda vai comer na mão da Elena. 😂😂😂
2025-01-22
3
Débora Rodrigues
Caramba, ela conseguiu convencer ele a lutar. Que inteligente!
2025-01-22
2
Débora Rodrigues
Alec meu lindão, quais informações você conseguiu contra o Magnus? Compartilha com a gente, homem. 🤭
2025-01-22
2