— Está satisfeito agora? — Elena exigiu, o rosto ruborizado e os olhos brilhando de fúria.
Alec inclinou a cabeça levemente, um sorriso quase imperceptível curvando seus lábios enquanto arqueava uma sobrancelha. Seu olhar inocente parecia calculado, como se quisesse provocá-la ainda mais.
— Não faço ideia do que está falando, senhorita.
— Não se faça de bobo! — disparou, a voz carregada de indignação. — Acha mesmo que não percebi o seu plano? Você... Você queria...
Elena parou, a respiração curta e entrecortada, como se as palavras que precisavam ser ditas fossem difíceis de arrancar.
Alec permaneceu em silêncio por um momento, os olhos analisando-a com uma calma perturbadora, como se estivesse admirando uma pintura cheia de mistérios. Por fim, quebrou o silêncio, com a voz baixa e desafiadora:
— O que exatamente eu queria?
Ele sustentou o olhar dela, uma pontada de diversão passando por seus pensamentos enquanto Elena se debatia entre a raiva e a hesitação. Era fascinante observar como ela oscilava entre tentar confrontá-lo e recuar, presa em sua própria indignação.
— Você sabe exatamente do que estou falando! — Elena finalmente explodiu, mas Alec notou um breve tremor em sua voz. Ela estava tentando ser firme, mas ele podia sentir que a raiva mascarava algo mais profundo: insegurança, talvez?
Ele cruzou os braços de maneira descontraída, deixando que o silêncio pairasse entre eles; o tipo de silêncio que fazia os outros tropeçarem nas próprias palavras. Com paciência meticulosa, ele inclinou a cabeça, como se a estivesse desafiando a continuar.
Vamos lá, Elena, pensou, a curiosidade agora misturada com algo mais denso. Mostre até onde está disposta a ir.
— Diga-me, então, senhorita — disse ele, a voz soando quase gentil, mas carregada de provocação. — Que plano seria esse?
Ele sabia que estava no caminho certo. A maneira como ela apertou os punhos e como seus olhos faiscaram… Tudo isso era um espetáculo para ele. Não era só sobre irritá-la, mas entender até que ponto poderia empurrá-la antes que ela quebrasse.
E, no fundo, havia algo que o intrigava. A raiva dela, por mais direcionada que fosse, parecia ter raízes mais profundas do que apenas o momento. Alec sentiu uma pontada de desconforto ao perceber que talvez houvesse algo mais por trás de tudo isso, algo que ele não estava enxergando ainda.
Alec manteve-se imóvel, os olhos fixos nela, esperando. Ele percebeu o movimento sutil de Elena — a forma como seus ombros subiam e desciam em um ritmo irregular, como se estivesse tentando recuperar o controle.
Ela o odiava naquele momento, e isso era evidente, mas Alec não se importava. Na verdade, havia algo inegavelmente cativante na intensidade de sua raiva. Não era a reação típica de uma dama da nobreza; era crua, visceral.
— Você queria humilhá-lo — ela finalmente disse, a voz cortante, mas ainda assim vacilante. — Sabia o que estava fazendo desde o início.
Alec arqueou uma sobrancelha, o canto da boca se curvando em um sorriso sutil.
— Humilhá-lo? — repetiu, como se a ideia o divertisse. — Que acusação terrível, senhorita. Espero que tenha algo mais sólido para basear tamanha suposição.
Elena estreitou os olhos, dando um passo à frente.
— Não se faça de desentendido! Vi o modo como você o manipulou, como usou suas palavras para transformá-lo em motivo de piada.
Alec permaneceu impassível, mas por dentro sua mente trabalhava rápido. Ele poderia negar, é claro, mas onde estava a diversão nisso?
— E se eu o fiz? — perguntou, sua voz baixa, quase um sussurro. — Isso seria realmente tão errado? Afinal, não foi ele quem veio aqui para barganhar sua honra como se fosse uma moeda de troca?
Ela o encarou, os lábios entreabertos, sem resposta imediata. Alec aproveitou o momento para dar um passo à frente, reduzindo a distância entre eles.
— Você parece muito preocupada com ele, Elena — continuou, seu tom agora quase provocador. — Por acaso, ele importa tanto assim?
Ela hesitou, e Alec viu a chama da raiva oscilar. Por um instante, algo mais suave passou pelos olhos dela, mas foi rápido demais para que ele pudesse entender. Quando ela finalmente respondeu, a força em sua voz havia retornado.
— Não se trata dele, Alec. Trata-se de você. De como age, de como manipula tudo ao seu redor.
Essas palavras o atingiram mais do que ele esperava, mas Alec escondeu sua reação atrás de um sorriso frio. Ele inclinou a cabeça, como se estivesse considerando o que ela dissera.
— Manipulo tudo ao meu redor? — repetiu, o tom carregado de ironia. — Talvez, senhorita, você esteja confundindo manipulação com a verdade.
Alec percebeu que algo mudou na expressão de Elena. Ela não era apenas uma jovem furiosa. Havia algo nos olhos dela que o fez pausar por um instante, um brilho de entendimento que ele não esperava.
— Ah, então será assim — ela disse, cruzando os braços e assumindo uma postura firme. — Isso não tem nada a ver com Oscar, tem? Isso é sobre você tentar jogar Ilhéus contra Orinis.
Alec ficou em silêncio por um momento, avaliando suas opções. Ele não era homem de negar acusações quando poderia usá-las a seu favor. E, claramente, ela sabia mais do que deveria.
— Você fala como se tivesse alguma prova disso, senhorita — respondeu ele, um sorriso letal curvando seus lábios. — O que exatamente acha que eu fiz?
Elena avançou mais um passo, desafiando sua proximidade.
— Você usou um mago para ocultar aquele envelope, não foi? — Ela apontou um dedo para ele, a voz carregada de confiança. — E quando percebeu que eu sabia disso, mudou de plano. Resolveu usar palavras para atacar Oscar e assim garantir que os dois ducados se tornassem inimigos jurados de uma vez por todas.
Alec estreitou os olhos. Ela estava mais afiada do que ele imaginara. Ainda assim, ele manteve a máscara de despreocupação.
— Se tem tanta certeza assim, por que não me denuncia a Magnus? Ou me força a falar a verdade com o poder da marca? — perguntou, a voz suave, mas carregada de veneno. — Ou será que não quer arriscar a ira dele? Seu pai não parece do tipo que aceita incompetência com facilidade.
— Você sabe o porquê. Eu…
Ela hesitou, e Alec viu a oportunidade. Ele deu um passo à frente, reduzindo ainda mais a distância entre eles, a ponto dela ter que erguer o queixo para encará-lo.
— É um jogo perigoso, senhorita — murmurou, a voz baixa o suficiente para ser quase um sussurro. — Você pode tentar salvar Ilhéus, mas será que consegue salvar a si mesma?
Diferente do que Alec pensou, Elena não recuou. Em vez disso, inclinou-se ligeiramente para frente, enfrentando-o de igual para igual.
— Talvez seja perigoso para mim, Alec. Mas sabe o que eu percebi? — Ela deixou a pergunta pairar por um momento antes de continuar, com a voz firme: — Você está sozinho. Tudo o que tem é sua manipulação, suas mentiras. E, no fim, isso nunca será o bastante.
Alec riu, um som baixo e frio.
— Você acha que me conhece, Elena? — perguntou, um brilho de algo indeterminado passando por seus olhos. — Deixe-me esclarecer algo: eu não preciso de ninguém para vencer este jogo.
— Então tente. — Ela deu um passo para trás, criando espaço entre eles, mas sua postura continuava firme. — Continue jogando, Alec. Eu estarei aqui para impedir cada movimento seu.
Por um momento, o sorriso de Alec desapareceu, substituído por algo mais sério, quase calculista. Ele não respondeu de imediato, apenas a encarou, como se tentasse decifrar cada pedaço de sua determinação.
Finalmente, ele quebrou o silêncio, o sorriso voltando aos poucos, agora mais perigoso do que nunca.
— Vamos ver quem será o último a rir, então, senhorita.
A tensão entre eles era palpável, mas antes que qualquer um dissesse mais alguma coisa, o som de passos no jardim anunciou a chegada de um criado, interrompendo o duelo verbal. Alec lançou um último olhar a Elena antes de se virar com um sorriso controlado, pronto para sair dali — ou adaptar-se ao que viesse a seguir.
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Atualizado até capítulo 142
Comments
Débora Rodrigues
Hum... quem vai vencer esse jogo? Só espero que no final o Magnus caia.
2025-01-22
2
Jaquerds
/Smile/
2025-01-09
2
Souza França
manda mais capítulos....
2024-12-31
2