4. Muitas dúvidas e poucas respostas

Mais tarde naquela noite, Ethan bateu na porta do quarto de Emma, o som baixo para não despertar os outros da casa. Emma, já deitada, mas sem conseguir dormir profundamente, levantou-se rapidamente e abriu a porta, notando a expressão preocupada dele.

— O que aconteceu, Ethan? — perguntou, franzindo o cenho.

— Algo sério — respondeu ele, entrando sem esperar convite. — Chame a Lydia. Precisamos conversar.

Emma hesitou por um momento, mas acenou com a cabeça. Ela foi até o quarto ao lado, batendo suavemente na porta. Lydia, sonolenta, abriu a porta com o rosto marcado pelo sono.

— É melhor que isso seja importante — murmurou, mas seguiu Emma até o quarto.

Quando os três estavam reunidos, Ethan fechou a porta e abaixou a voz.

— Não façam barulho. Eles acordam muito cedo por aqui, e não quero causar alarde — alertou ele.

Emma cruzou os braços, impaciente.

— Agora fala, Ethan. O que foi tão grave assim?

Ethan respirou fundo, organizando os pensamentos.

— Eu estava no meu quarto, tentando relaxar, mas me senti inquieto. Decidi olhar pela janela, e foi quando vi algo. Um animal passando pelo campo, mas... eu tenho certeza de que não era um animal comum. Ele tentou me atacar.

— Ethan, estamos no Brasil. É normal ter animais diferentes, exóticos até — argumentou Emma, tentando manter a calma.

— Eu sei disso, Emma. Sei que o Cerrado tem espécies que nunca vimos antes, mas isso era diferente. Era um lobo. Um lobo de outra espécie, e não estou falando de lobos normais. Estou falando de um metamorfo. Eu sinto isso.

Emma e Lydia se entreolharam. Lydia suspirou, tirando o celular do bolso.

— Aqui não tem internet boa, mas vou tentar usar meu roaming. Talvez eu consiga buscar algo para comparar. Vamos descrever como ele era — sugeriu.

Enquanto a conexão carregava lentamente, Ethan começou a descrever.

— Ele tinha pernas longas, a pelagem avermelhada e o focinho negro. Era muito maior do que os lobos comuns que conhecemos. E a maneira como se movia... era ágil demais, rápido demais. Isso não era um animal comum.

Finalmente, após uma longa espera, Lydia conseguiu carregar uma imagem na tela do celular. Mostrou para Ethan e Emma.

— Esse aqui? — perguntou Lydia, exibindo a imagem de um lobo-guará.

Ethan analisou a imagem por um momento antes de balançar a cabeça.

— É parecido. As pernas longas, o pelo vermelho, o focinho... Mas não é exatamente isso. Ele era maior. Muito maior. E havia algo nos olhos dele, algo... inteligente. Não era só um animal. Eu tenho certeza que era um metamorfo.

Emma revirou os olhos, tentando ser racional.

— Ethan, pode ser que você tenha se confundido. Lobos-guarás são comuns no Cerrado, e estamos em uma região com influência desse bioma. Alguns podem ter migrado para cá.

Ethan, no entanto, não cedia.

— Não. Eu sei o que vi. Ele não era um animal qualquer. Ele é como nós.

O silêncio caiu sobre o quarto, pesado. Lydia olhou para Emma, depois para Ethan.

— Se você está certo, isso significa que há outros metamorfos por aqui. E se são como nós... por que ele estava tentando atacar você?

Ethan balançou a cabeça, pensativo.

— Não sei. Mas precisamos descobrir. Se existem outros aqui, eles podem ser uma ameaça ou uma oportunidade. E, pelo que vi, ele não estava aqui por acaso.

Emma assentiu lentamente, sentindo o peso das palavras de Ethan. Algo maior estava em jogo, e eles precisariam de respostas.

Na mesma noite, Dimas foi acordado pelo som de batidas urgentes na porta. Ele levantou-se, abriu a porta. Era Pedro Lobo, o capataz, com uma expressão séria.

— O que houve, Pedro? — perguntou Dimas, ainda esfregando os olhos.

— Precisamos conversar. Não quis alarmar ninguém, mas acho que é importante o senhor saber — respondeu Pedro, com o tom grave.

Dimas pegou um casaco e seguiu o capataz até o lado de fora da casa. A noite estava fria, e o silêncio do Cerrado parecia ainda mais profundo.

— Barulhos — começou Pedro, olhando para o horizonte escuro. — Barulhos e cheiros. Algo diferente hoje.

Dimas arqueou as sobrancelhas, confuso.

— Barulhos, cheiros? Que tipo de barulhos e cheiros?

Pedro respirou fundo, tentando organizar os pensamentos.

— Cheiro de lobo. Mas não dos guarás comuns, sabe? Esse cheiro... É dos nossos, e outro era de uma outra espécie.

— Dos nossos? — Dimas repetiu, a voz cautelosa.

Pedro assentiu, o olhar fixo no vazio, como se revivesse a cena.

— Não só um dos nossos. É próximo, mas ao mesmo tempo tão distante... Uma coisa, eu sei, Alguém se transformou em lobisomem , tinha dois de cada espécie, um dos nossos, e um de algum outro lugar.

Dimas ficou em silêncio, tentando processar.

— Pedro, o que você está dizendo? Está me dizendo que há outro metamorfo aqui?

Pedro cruzou os braços, claramente desconfortável com a resposta que precisava dar.

— Sim, senhor. Mas isso não é tudo. Um dos nossos estava tentando atacar um dos seus convidados, o rapaz estrangeiro que andava perambulando pela noite. Não sei o que ele fazia lá fora, mas estava à mercê do ataque.

— E o que aconteceu? — perguntou Dimas, agora mais alerta.

— Eu avancei com a espingarda. E ele fugiu. Mas, pelos olhos dele, senhor... Me lembrou alguém. Não quero fazer acusações precipitadas, mas se eu não estiver enganado, era Julião.

Dimas franziu o rosto, como se tivesse levado um golpe.

— Julião? Você tem certeza?

Pedro balançou a cabeça, hesitante.

— Não posso dizer com certeza, mas conheço como ele se transforma. O cheiro, o jeito que ele rodeia... E Julião já andava inquieto, rodopiando por aqui. Isso me preocupa.

Dimas fechou os olhos por um momento, tentando manter a calma. Ele conhecia Julião, sabia de suas falhas, mas a ideia de ele estar rondando a fazenda naquela noite era perturbadora.

— Ele sabe das tradições — murmurou Dimas, mais para si mesmo. — Se for ele, por que atacaria?

— Não sei, senhor. Mas é algo que precisamos resolver logo. Se há mais lobos como nós rondando, e com intenções duvidosas... Isso não vai acabar bem.

Dimas assentiu, o peso da responsabilidade caindo sobre seus ombros. Ele sabia que algo estava acontecendo, algo que ia além do que ele podia ver. A noite ficava cada vez mais longa, e as respostas pareciam cada vez mais distantes.

— Quero que você investigue isso Pedro.

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Comments

Maria Fabiana

Maria Fabiana

demorei um pouco pra começar a história mais agora a partir do cap. 4 é que as coisas vão começar a esquentar

2024-12-30

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