Assim que Gusta estacionou o carro na garagem do colégio, Niel abriu a porta e saiu. Ele olhou para trás e percebeu que Gusta ainda estava no carro, com uma expressão pensativa.
— Você não vai sair? — perguntou Niel, hesitante.
Gusta ergueu os olhos para ele e respondeu:
— Vou sim, pode ir na frente. Só preciso fazer um telefonema.
Niel acenou com a cabeça, embora algo dentro dele dissesse que havia mais naquela resposta. Ele começou a caminhar em direção à entrada do colégio, ainda perdido em pensamentos. Ele está estranho desde que eu acordei... será que o pai dele disse alguma coisa?
Enquanto Niel andava distraído, foi surpreendido por Deymon, que apareceu na sua frente com um sorriso aberto.
— Bom dia, querido!
Niel deu um passo para trás, surpreso. — Bom dia, Deymon. Como você está? E o machucado?
— Está bem melhor, graças a você — respondeu Deymon, ainda sorrindo. — Muito obrigado por ontem.
Então, ele tirou uma sacola branca de trás de si e a estendeu para Niel.
— O que é isso? — perguntou Niel, olhando para a sacola com curiosidade.
— É pra você. Eu comprei por ontem — respondeu Deymon.
Niel hesitou, pegando a sacola com cuidado. — Não precisava... mas muito obrigado. O que é?
Ele abriu a sacola e ficou boquiaberto ao ver o que havia dentro.
— Um celular novo? — disse Niel, chocado.
— Sim! — respondeu Deymon, animado. — Eu vi que o seu era bem antigo, então achei que precisava de um novo.
— Eu não posso aceitar isso, é demais! Um celular? — disse Niel, tentando devolver a sacola.
Deymon cruzou os braços, fingindo estar ofendido. — Não vou aceitar de volta. Se você não quiser, pode jogar no lixo.
— Eu jamais jogaria no lixo! — respondeu Niel rapidamente. — Isso foi muito caro. Muito obrigado, de verdade.
Deymon sorriu e se inclinou ligeiramente, colocando a mão no rosto de Niel. — Me dá licença, tem um fio de cabelo no seu rosto.
Niel ficou vermelho na hora, totalmente envergonhado, enquanto Deymon tirava o tal fio de cabelo.
— Vamos para a aula, já vai começar! — disse Niel apressadamente, desviando o olhar e começando a andar na direção da entrada.
— Por que você ficou vermelho? E por que tanta pressa? — perguntou Deymon, rindo enquanto o seguia.
Niel não respondeu, continuando seu caminho com o rosto ainda quente. Quando chegaram à porta de vidro da universidade, Deymon se aproximou dele e passou a mão pelos cabelos de Niel, com um sorriso cheio de charme.
— Você é muito fofo, sabia?
Niel parou por um momento, encarando-o com os olhos arregalados antes de murmurar:
— Vamos logo pra aula...
Ele entrou rapidamente, tentando controlar as emoções confusas que cresciam dentro dele.
Niel, andando pelos corredores, virou-se para Deymon e disse:
— Tenho que ir a um lugar, depois a gente se fala.
— Tá bom, então, mais tarde — respondeu Deymon com um sorriso.
— Muito obrigado pelo presente. Nunca vou esquecer disso — acrescentou Niel antes de se afastar, acenando.
Ele seguiu direto para a biblioteca, abrindo a porta e caminhando para o fundo. Lá, sentada sozinha, estava Lia. Assim que ela o viu, abaixou a cabeça, claramente ainda magoada. Niel se aproximou, sentou-se à frente dela e começou a falar, a voz cheia de arrependimento:
— Amiga, me desculpa por ontem. Eu errei. Acabei descontando minha frustração e raiva em você.
Ele segurou a mão dela, os olhos cheios de emoção.
— De todo mundo que está nesse colégio, você é a única que realmente me conhece. E eu nunca deveria ter te tratado daquele jeito. Não levei seus sentimentos em consideração. Por favor, me desculpa.
Uma lágrima escorreu pelo rosto de Niel enquanto ele falava. Lia levantou a cabeça, olhando para ele, e viu o arrependimento sincero em seus olhos.
— Você sabe que eu sempre vou te perdoar — disse Lia suavemente. — Mas, por favor, nunca mais faça aquilo. Achei que você estava se afastando de mim por eu ser... quem eu sou.
Niel balançou a cabeça, negando rapidamente.
— Eu amo quando você conta suas histórias e teorias, que na maioria das vezes são verdadeiras. Aprendi a gostar de ler livros graças a você. Sou um dos melhores alunos por sua causa, porque você me ensinou as matérias. Você sabe que eu era péssimo em tudo. Foi graças a você, Lia, que eu não desisti.
Lia olhou para ele, as emoções claras em seu rosto. — Eu te perdoo.
Ela fez uma pausa e, com um tom mais leve, perguntou: — Agora me conta, o que é esse celular aí? Não me diga que um dos dois garotos mais importantes do país está dando em cima de você.
Niel ficou sem jeito, mas respondeu:
— Foi o Deymon que me deu.
Lia arregalou os olhos. — Amigo, você está no meio de um grande conflito. Você sabe que, de um lado, tem o Gusta, que é uma bomba prestes a explodir, e, do outro, o Deymon, que é um veneno ácido. Não importa qual lado você escolha, no final, os dois podem te machucar.
Niel abaixou a cabeça, suspirando. — Eu sei que vão me machucar. Mas já estou acostumado com isso. E, também, não sabemos quanto tempo temos no mundo. Seria bom aproveitar as pequenas oportunidades que a vida nos dá.
Lia ficou paralisada por um momento antes de perguntar, a voz hesitante:
— Amigo... não me diga que o câncer ele...
Niel desviou o olhar. — Sim, amiga.
Lia ficou surpresa e preocupada. — O que você vai fazer? Nós precisamos tratar isso.
— Não precisa se preocupar. Eu já estou indo para o tratamento — mentiu ele, tentando parecer convincente.
— E quantas sessões de fisioterapia você já fez? — perguntou ela, desconfiada.
— Três já — respondeu Niel.
Lia suspirou, claramente aliviada. — Tá bom. Qualquer coisa, me avisa, ok? Eu estarei aqui por você.
— Esse dias mesmo estarei indo para lá mais tarde, e ficarei ocupado à tarde, então vai ser difícil responder às mensagens — acrescentou Niel rapidamente.
— Tudo bem, o importante é você se cuidar, amigo.
Enquanto Lia falava, Niel pensou consigo mesmo: Por que estou mentindo para ela? Ela sempre sabe de tudo... mas, dessa vez, não tenho coragem de contar a verdade. Por que estou fazendo isso?
O peso da mentira o consumia, mas ele não sabia como encarar a realidade sem ferir ainda mais quem o amava.
Na sala de aula, Niel se sentou em seu lugar habitual, mas sua mente estava dispersa. Enquanto o professor começava a aula, ele olhou para a cadeira vazia de Gusta e se perguntou por que ele ainda não tinha chegado.
Pegou o celular discretamente e enviou uma mensagem para Gusta:
— Aconteceu alguma coisa?
A resposta veio quase imediatamente:
— Um pequeno problema na empresa do meu pai. Tive que me ausentar. Até mais tarde. Que horas você estará em casa?
Niel digitou rapidamente:
— Às 23 horas.
Logo em seguida, Gusta respondeu com um simples:
— Ok.
Niel suspirou, ainda inquieto com a ausência e o comportamento de Gusta naquela manhã.
Deymon, sentado ao lado dele, percebeu a expressão distraída de Niel e inclinou-se levemente.
— Aconteceu alguma coisa, Niel?
Niel virou-se para ele, tentando sorrir. — Nada, só... problemas pessoais.
Deymon olhou para ele com preocupação. — Se precisar de ajuda, eu estou aqui, ok?
— Ok. Muito obrigado, Deymon — respondeu Niel, tentando parecer mais tranquilo do que realmente estava.
Enquanto a aula continuava, Niel não conseguia afastar os pensamentos sobre Gusta e a manhã estranha que tinham passado. Algo parecia diferente nele, mas Niel não conseguia identificar exatamente o quê. Ele olhou para o celular mais uma vez, como se esperasse outra mensagem, mas a tela permaneceu em silêncio.
"Por que estou tão inquieto?" pensou Niel, perdido em suas próprias emoções.
O dia passou lentamente para Niel, sua mente sempre voltando para Gusta e para o comportamento estranho dele pela manhã. Ele não conseguia afastar a inquietação, como se algo estivesse errado.
Ao chegar em casa, ele tomou um banho rápido, vestiu outra roupa e, antes de sair para o trabalho, pegou o celular novamente. Mandou uma mensagem para Gusta:
— Você almoçou? Está tudo bem?
Ele esperou por alguns minutos, olhando para a tela, mas nenhuma resposta veio. Com um suspiro pesado, colocou o celular no bolso e desceu as escadas de casa.
Enquanto caminhava em direção à loja onde começaria seu turno, Niel não conseguia evitar a sensação de que algo estava fora do lugar. Por que ele não responde? Será que o problema com o pai dele é mais sério do que disse?
Ao chegar na loja, tentou afastar esses pensamentos. Sabia que precisava focar no trabalho, mas, no fundo, a preocupação com Gusta continuava a crescer, silenciosa e persistente.
CONTINUA...
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Atualizado até capítulo 63
Comments
yara vitória ~🏴☠️🏳️🌈
ok eu não sei porque mais não gostei desse perdido de desculpa acho que realmente sou egoista...
2025-01-15
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