0.12

Assim que Gusta estacionou o carro na garagem do colégio, Niel abriu a porta e saiu. Ele olhou para trás e percebeu que Gusta ainda estava no carro, com uma expressão pensativa.

— Você não vai sair? — perguntou Niel, hesitante.

Gusta ergueu os olhos para ele e respondeu:

— Vou sim, pode ir na frente. Só preciso fazer um telefonema.

Niel acenou com a cabeça, embora algo dentro dele dissesse que havia mais naquela resposta. Ele começou a caminhar em direção à entrada do colégio, ainda perdido em pensamentos. Ele está estranho desde que eu acordei... será que o pai dele disse alguma coisa?

Enquanto Niel andava distraído, foi surpreendido por Deymon, que apareceu na sua frente com um sorriso aberto.

— Bom dia, querido!

Niel deu um passo para trás, surpreso. — Bom dia, Deymon. Como você está? E o machucado?

— Está bem melhor, graças a você — respondeu Deymon, ainda sorrindo. — Muito obrigado por ontem.

Então, ele tirou uma sacola branca de trás de si e a estendeu para Niel.

— O que é isso? — perguntou Niel, olhando para a sacola com curiosidade.

— É pra você. Eu comprei por ontem — respondeu Deymon.

Niel hesitou, pegando a sacola com cuidado. — Não precisava... mas muito obrigado. O que é?

Ele abriu a sacola e ficou boquiaberto ao ver o que havia dentro.

— Um celular novo? — disse Niel, chocado.

— Sim! — respondeu Deymon, animado. — Eu vi que o seu era bem antigo, então achei que precisava de um novo.

— Eu não posso aceitar isso, é demais! Um celular? — disse Niel, tentando devolver a sacola.

Deymon cruzou os braços, fingindo estar ofendido. — Não vou aceitar de volta. Se você não quiser, pode jogar no lixo.

— Eu jamais jogaria no lixo! — respondeu Niel rapidamente. — Isso foi muito caro. Muito obrigado, de verdade.

Deymon sorriu e se inclinou ligeiramente, colocando a mão no rosto de Niel. — Me dá licença, tem um fio de cabelo no seu rosto.

Niel ficou vermelho na hora, totalmente envergonhado, enquanto Deymon tirava o tal fio de cabelo.

— Vamos para a aula, já vai começar! — disse Niel apressadamente, desviando o olhar e começando a andar na direção da entrada.

— Por que você ficou vermelho? E por que tanta pressa? — perguntou Deymon, rindo enquanto o seguia.

Niel não respondeu, continuando seu caminho com o rosto ainda quente. Quando chegaram à porta de vidro da universidade, Deymon se aproximou dele e passou a mão pelos cabelos de Niel, com um sorriso cheio de charme.

— Você é muito fofo, sabia?

Niel parou por um momento, encarando-o com os olhos arregalados antes de murmurar:

— Vamos logo pra aula...

Ele entrou rapidamente, tentando controlar as emoções confusas que cresciam dentro dele.

Niel, andando pelos corredores, virou-se para Deymon e disse:

— Tenho que ir a um lugar, depois a gente se fala.

— Tá bom, então, mais tarde — respondeu Deymon com um sorriso.

— Muito obrigado pelo presente. Nunca vou esquecer disso — acrescentou Niel antes de se afastar, acenando.

Ele seguiu direto para a biblioteca, abrindo a porta e caminhando para o fundo. Lá, sentada sozinha, estava Lia. Assim que ela o viu, abaixou a cabeça, claramente ainda magoada. Niel se aproximou, sentou-se à frente dela e começou a falar, a voz cheia de arrependimento:

— Amiga, me desculpa por ontem. Eu errei. Acabei descontando minha frustração e raiva em você.

Ele segurou a mão dela, os olhos cheios de emoção.

— De todo mundo que está nesse colégio, você é a única que realmente me conhece. E eu nunca deveria ter te tratado daquele jeito. Não levei seus sentimentos em consideração. Por favor, me desculpa.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Niel enquanto ele falava. Lia levantou a cabeça, olhando para ele, e viu o arrependimento sincero em seus olhos.

— Você sabe que eu sempre vou te perdoar — disse Lia suavemente. — Mas, por favor, nunca mais faça aquilo. Achei que você estava se afastando de mim por eu ser... quem eu sou.

Niel balançou a cabeça, negando rapidamente.

— Eu amo quando você conta suas histórias e teorias, que na maioria das vezes são verdadeiras. Aprendi a gostar de ler livros graças a você. Sou um dos melhores alunos por sua causa, porque você me ensinou as matérias. Você sabe que eu era péssimo em tudo. Foi graças a você, Lia, que eu não desisti.

Lia olhou para ele, as emoções claras em seu rosto. — Eu te perdoo.

Ela fez uma pausa e, com um tom mais leve, perguntou: — Agora me conta, o que é esse celular aí? Não me diga que um dos dois garotos mais importantes do país está dando em cima de você.

Niel ficou sem jeito, mas respondeu:

— Foi o Deymon que me deu.

Lia arregalou os olhos. — Amigo, você está no meio de um grande conflito. Você sabe que, de um lado, tem o Gusta, que é uma bomba prestes a explodir, e, do outro, o Deymon, que é um veneno ácido. Não importa qual lado você escolha, no final, os dois podem te machucar.

Niel abaixou a cabeça, suspirando. — Eu sei que vão me machucar. Mas já estou acostumado com isso. E, também, não sabemos quanto tempo temos no mundo. Seria bom aproveitar as pequenas oportunidades que a vida nos dá.

Lia ficou paralisada por um momento antes de perguntar, a voz hesitante:

— Amigo... não me diga que o câncer ele...

Niel desviou o olhar. — Sim, amiga.

Lia ficou surpresa e preocupada. — O que você vai fazer? Nós precisamos tratar isso.

— Não precisa se preocupar. Eu já estou indo para o tratamento — mentiu ele, tentando parecer convincente.

— E quantas sessões de fisioterapia você já fez? — perguntou ela, desconfiada.

— Três já — respondeu Niel.

Lia suspirou, claramente aliviada. — Tá bom. Qualquer coisa, me avisa, ok? Eu estarei aqui por você.

— Esse dias mesmo estarei indo para lá mais tarde, e ficarei ocupado à tarde, então vai ser difícil responder às mensagens — acrescentou Niel rapidamente.

— Tudo bem, o importante é você se cuidar, amigo.

Enquanto Lia falava, Niel pensou consigo mesmo: Por que estou mentindo para ela? Ela sempre sabe de tudo... mas, dessa vez, não tenho coragem de contar a verdade. Por que estou fazendo isso?

O peso da mentira o consumia, mas ele não sabia como encarar a realidade sem ferir ainda mais quem o amava.

Na sala de aula, Niel se sentou em seu lugar habitual, mas sua mente estava dispersa. Enquanto o professor começava a aula, ele olhou para a cadeira vazia de Gusta e se perguntou por que ele ainda não tinha chegado.

Pegou o celular discretamente e enviou uma mensagem para Gusta:

— Aconteceu alguma coisa?

A resposta veio quase imediatamente:

— Um pequeno problema na empresa do meu pai. Tive que me ausentar. Até mais tarde. Que horas você estará em casa?

Niel digitou rapidamente:

— Às 23 horas.

Logo em seguida, Gusta respondeu com um simples:

— Ok.

Niel suspirou, ainda inquieto com a ausência e o comportamento de Gusta naquela manhã.

Deymon, sentado ao lado dele, percebeu a expressão distraída de Niel e inclinou-se levemente.

— Aconteceu alguma coisa, Niel?

Niel virou-se para ele, tentando sorrir. — Nada, só... problemas pessoais.

Deymon olhou para ele com preocupação. — Se precisar de ajuda, eu estou aqui, ok?

— Ok. Muito obrigado, Deymon — respondeu Niel, tentando parecer mais tranquilo do que realmente estava.

Enquanto a aula continuava, Niel não conseguia afastar os pensamentos sobre Gusta e a manhã estranha que tinham passado. Algo parecia diferente nele, mas Niel não conseguia identificar exatamente o quê. Ele olhou para o celular mais uma vez, como se esperasse outra mensagem, mas a tela permaneceu em silêncio.

"Por que estou tão inquieto?" pensou Niel, perdido em suas próprias emoções.

O dia passou lentamente para Niel, sua mente sempre voltando para Gusta e para o comportamento estranho dele pela manhã. Ele não conseguia afastar a inquietação, como se algo estivesse errado.

Ao chegar em casa, ele tomou um banho rápido, vestiu outra roupa e, antes de sair para o trabalho, pegou o celular novamente. Mandou uma mensagem para Gusta:

— Você almoçou? Está tudo bem?

Ele esperou por alguns minutos, olhando para a tela, mas nenhuma resposta veio. Com um suspiro pesado, colocou o celular no bolso e desceu as escadas de casa.

Enquanto caminhava em direção à loja onde começaria seu turno, Niel não conseguia evitar a sensação de que algo estava fora do lugar. Por que ele não responde? Será que o problema com o pai dele é mais sério do que disse?

Ao chegar na loja, tentou afastar esses pensamentos. Sabia que precisava focar no trabalho, mas, no fundo, a preocupação com Gusta continuava a crescer, silenciosa e persistente.

CONTINUA...

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Comments

yara vitória ~🏴‍☠️🏳️‍🌈

yara vitória ~🏴‍☠️🏳️‍🌈

ok eu não sei porque mais não gostei desse perdido de desculpa acho que realmente sou egoista...

2025-01-15

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