A aula passou devagar, e Niel finalmente se sentiu aliviado ao perceber que Gusta havia ido embora. Sem a presença intimidadora dele, era como se o peso em seus ombros tivesse diminuído. Quando o sinal tocou, ele pegou suas coisas e decidiu sair rapidamente do colégio, ansiando por um momento de paz.
Mas ao dobrar uma esquina, ele sentiu o ar mudar. Um grupo familiar de garotos bloqueou seu caminho, e Niel reconheceu imediatamente os rostos daqueles que haviam feito do ensino médio um inferno para ele.
— Niel, quanto tempo! — disse o líder, um sorriso debochado no rosto. — Parece que você ainda continua pequeno.
O coração de Niel disparou, e ele tentou recuar, mas não havia para onde fugir. — O que vocês estão fazendo aqui? — perguntou, tentando manter a calma.
O líder deu um tapinha no rosto de Niel, o gesto carregado de desprezo. — Eu não te dei autorização para falar.
Antes que Niel pudesse responder, o garoto continuou. — Você tem dinheiro aí? Passa pra gente.
— Eu não tenho nada! — Niel respondeu rapidamente, mas sua voz era tremida.
O líder riu, pegando a mochila de Niel e jogando todo o conteúdo no chão. Niel tentou impedir, mas foi agarrado pelo pescoço e levantado contra a parede. A dor foi imediata, e antes que pudesse reagir, o soco veio diretamente em sua barriga, arrancando o ar de seus pulmões.
Ele caiu no chão, gemendo de dor, o corpo se curvando involuntariamente.
— Vamos ensinar uma lição pra esse idiota — o líder disse, fazendo sinal para um dos garotos pegar um pedaço de madeira próximo.
Mas antes que qualquer golpe fosse desferido, uma voz ecoou pelo beco, fria e carregada de autoridade.
— Você realmente vai bater nele?
O líder parou, se virando na direção da voz. Ele estreitou os olhos, tentando identificar a figura que surgia das sombras.
— Quem é você? — perguntou, a voz já mostrando um toque de nervosismo.
Quando o grupo viu que era Gusta, todos começaram a recuar, claramente reconhecendo quem ele era.
— Só estávamos dando uma lição nesse idiota — o líder murmurou, tentando disfarçar o medo.
Gusta não respondeu. Em vez disso, sua expressão se tornou sombria, e antes que os garotos pudessem fugir, ele os alcançou. Em um movimento rápido, agarrou o líder e o jogou no chão, a força de seus golpes ecoando no beco. Os outros tentaram ajudar, mas Gusta, tomado por uma fúria avassaladora, começou a lutar contra todos, desferindo socos e chutes com precisão brutal.
De repente, vozes surgiram ao longe, e um grupo de homens vestidos de preto apareceu correndo.
— Jovem mestre, não! — gritou um deles, enquanto os outros corriam para segurá-lo.
Foram necessários vários deles para conter Gusta, que parecia ter perdido completamente o controle. Ele lutou contra os homens da máfia, o sangue dos garotos manchando suas roupas e mãos.
Quando finalmente parou, a respiração pesada e os olhos ainda carregados de fúria, ele olhou para Niel, que ainda estava no chão, gemendo de dor. Algo em sua expressão suavizou, e ele caminhou até o garoto.
Sem dizer nada, Gusta se abaixou, pegou Niel nos braços com cuidado e começou a carregá-lo para fora do beco.
Gusta colocou Niel cuidadosamente no banco de trás do carro, fechando a porta com força e virando-se para falar com os homens da máfia que o acompanhavam. Niel, ainda dolorido, começou a observar o grupo do lado de fora. Eram homens altos, de expressão séria e presença intimidadora, vestidos impecavelmente em ternos escuros. Cada movimento deles parecia estudado, como se estivessem sempre prontos para agir.
O coração de Niel disparou. Ele não sabia se era o medo de Gusta ou daqueles homens, mas uma coisa era certa: ele precisava sair dali. Discretamente, virou o rosto para o lado oposto da porta, tentando parecer que apenas descansava, mas sua mente já estava planejando a fuga.
Com cuidado, estendeu a mão para a maçaneta, testando se a porta estava destrancada. Sentiu um leve clique ao pressionar, e o coração bateu mais forte. Olhou por cima do ombro, verificando se alguém o observava. Gusta ainda estava do lado de fora, gesticulando e falando com os homens, distraído.
Sem pensar duas vezes, abriu a porta devagar, tentando evitar qualquer som. Assim que conseguiu um espaço suficiente, saiu do carro e começou a correr, ignorando a dor que ainda pulsava em seu corpo.
As ruas estavam escuras e desertas, mas Niel não parava. Ele corria como se sua vida dependesse disso, os braços balançando ao lado do corpo enquanto os passos ecoavam no asfalto. Ele não sabia para onde estava indo, mas só queria estar o mais longe possível daquele carro, daqueles homens e, principalmente, de Gusta.
Seus pulmões ardiam, e as pernas começaram a fraquejar. Ainda assim, ele continuou, até que o corpo não aguentou mais. Niel parou, ofegante, encostando-se em uma parede de tijolos. O suor escorria por sua testa, e sua respiração era irregular. Ele olhou ao redor, o coração ainda martelando, mas não havia ninguém por perto.
Niel caminhava lentamente pelas ruas desertas, o corpo exausto e a mente sobrecarregada com pensamentos que não o deixavam em paz. Ele não conseguia imaginar como enfrentaria Gusta novamente. A ideia de voltar para a escola parecia impossível; fugir era tudo o que desejava.
Quando chegou em frente ao prédio onde morava, olhou para o terraço improvisado no topo e suspirou. Sua casa, ou melhor, o quartinho que ele chamava de lar, nunca pareceu tão acolhedor e, ao mesmo tempo, tão ameaçador. Subiu as escadas com passos pesados, cada degrau parecendo mais difícil que o anterior.
Ao alcançar a porta, notou algo estranho: a luz estava acesa. Niel parou imediatamente, o coração acelerando. Ele não lembrava de ter deixado a luz ligada. Com o máximo de cuidado, aproximou-se na ponta dos pés, a respiração presa enquanto as mãos tremiam.
Quando finalmente abriu a porta, a visão que teve o fez recuar tão rápido que caiu sentado no chão.
Lá dentro, encostado casualmente na parede, estava Gusta. Ele parecia completamente à vontade, como se aquele fosse o lugar dele. Os olhos de Gusta se levantaram lentamente para encontrar os de Niel, e um sorriso preguiçoso surgiu em seu rosto.
— Finalmente — Gusta murmurou, cruzando os braços.
O pânico tomou conta de Niel, que tentou engatinhar para trás, ainda no chão.
— Como você sabe onde eu moro? — ele gritou, a voz embargada pelo medo. — Seu bandido! Vai embora, por favor! Não faz nada comigo! Não me mata!
As palavras saíram apressadas e confusas, e as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Niel. Ele soluçava, incapaz de controlar o medo que o consumia.
Gusta inclinou a cabeça, o sorriso sumindo por um momento enquanto observava Niel.
— Você acha mesmo que eu vim aqui para te matar? — ele perguntou, a voz baixa, quase calma, mas carregada de algo que Niel não conseguia decifrar.
O silêncio caiu entre os dois, exceto pelos soluços abafados de Niel, que não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Gusta permaneceu encostado na parede, como se esperasse pacientemente que Niel parasse de chorar.
— Se eu quisesse fazer algo com você, já teria feito — Gusta disse finalmente, a voz tão fria quanto sua presença. — Mas eu não vou. Pelo menos, não hoje.
As palavras eram ao mesmo tempo um alívio e uma ameaça. Niel continuava encolhido no chão, sem saber o que fazer. Gusta o observou por mais alguns segundos antes de se levantar, ajeitando o casaco com calma.
— Eu só vim deixar uma coisa clara — ele disse, caminhando até a porta, onde parou por um instante. — Você não vai fugir de mim, Niel. Não importa onde vá, eu sempre vou te encontrar.
Gusta parou na porta, mas antes de sair, olhou para Niel, ainda encolhido no chão, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ele inclinou a cabeça levemente, os olhos brilhando com algo que parecia tanto diversão quanto crueldade.
— Você nunca vai conseguir sumir de minha vista. Sabe por quê?
Niel permaneceu em silêncio, seus lábios tremendo enquanto olhava para Gusta com os olhos lacrimejando, sem forças para responder.
O canto da boca de Gusta se curvou em um sorriso malicioso. Ele deu alguns passos à frente, aproximando-se de Niel novamente.
— Sabe, na máfia, eu sou conhecido como o gato preto. — Ele riu baixinho, um som grave e provocador.
Niel, ainda assustado, arriscou uma pergunta, a voz fraca: — Por que... gato preto?
Gusta riu de verdade dessa vez, inclinando-se ligeiramente como se apreciasse a pergunta.
— Porque eu adoro brincar com os ratos antes de terminar o jogo. — Ele deu um passo ainda mais próximo, o olhar fixo no de Niel, que engoliu em seco. — E você, Niel, será o meu rato.
O sorriso de Gusta se alargou, e ele soltou uma risada baixa e arrepiante, enquanto Niel o observava, congelado, sem saber se aquilo era uma ameaça, uma promessa ou ambos.
— Se acostume, Niel — Gusta murmurou, a voz carregada de algo tão enigmático quanto assustador. — O jogo está só começando.
E com essas palavras, ele finalmente se afastou, deixando Niel sozinho no quartinho, com a respiração pesada e o coração disparado. As palavras de Gusta ecoavam na sua mente, mais pesadas do que qualquer coisa que ele já tinha ouvido. Ele sabia que aquela não era a última vez que o encontraria. Ele sabia que agora estava preso em algo muito maior do que podia imaginar.
Continua...
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Bk Ms
Eu acho q o gusta está carregando muitas coisa nas palavras kkkkkk
2025-01-06
2
Bk Ms
eita essa fala foi brabaaaaa
2025-01-06
3
Bk Ms
"Barndido"gostei desse aposto q o gusta também gostou kkkk
2025-01-06
3