0.1

A manhã estava nublada, mas Niel sentia o coração aquecido de expectativa. O campus da universidade era maior e mais impressionante do que ele imaginava, com prédios antigos misturados a construções modernas. Tudo parecia pulsar com vida nova, cheia de possibilidades que o faziam sorrir de leve enquanto segurava sua mochila.

— Você ouviu? — A voz animada de Lia, sua melhor amiga, rompeu seus pensamentos. Ela puxou Niel pelo braço, os olhos brilhando de curiosidade. — Dizem que o filho do maior mafioso do país vai estudar aqui.

Niel franziu o cenho, confuso. — Filho de mafioso? Isso não é meio absurdo? Por que alguém assim estudaria em uma universidade normal?

Lia deu de ombros, lançando um olhar dramático ao redor, como se o misterioso herdeiro pudesse surgir a qualquer momento. — Quem sabe? Ninguém sabe o curso dele, nem por que ele está aqui. Só sei que ele vai chegar hoje, e metade das pessoas está em pânico, enquanto a outra metade está morrendo de curiosidade.

Niel riu, achando graça do tom exagerado de Lia. — Tenho certeza de que é só um boato. Quem estudaria tranquilo ao lado de alguém assim?

Lia cruzou os braços, fingindo indignação. — Não subestime a fofoca do campus, Niel. Eu sei que ele está vindo. E sabe o que dizem? Ele é perigoso, mas lindo. Tipo um daqueles personagens de filmes que você nunca deve se apaixonar.

— Isso definitivamente não é pra mim — Niel murmurou, ajustando a alça da mochila enquanto se esforçava para não rir mais.

— É o que você diz agora — Lia provocou. — Vamos ver se você consegue resistir quando ele aparecer. Aposto que ele vai ser o centro das atenções.

Niel balançou a cabeça, tentando ignorar o assunto. Ele estava ali para estudar, construir seu futuro, não para se envolver em intrigas. Mas, mesmo enquanto andava ao lado de Lia, algo na conversa dela parecia plantar uma pequena semente de curiosidade em sua mente.

Ele balançou a cabeça novamente, como se tentasse afastar a ideia. Afinal, quem se importa com o filho de um mafioso?

O segundo andar estava movimentado, como era de se esperar no primeiro dia de aula. Niel e Lia caminhavam lado a lado, enquanto ela não parava de falar sobre os rumores misteriosos do herdeiro da máfia. Ele apenas assentia, sem dar muita atenção, mais interessado em se localizar naquele enorme prédio do que em fofocas.

De repente, uma garota de cabelos curtos e expressão nervosa surgiu ao lado de Lia, interrompendo a conversa com um sussurro animado:

— Ele chegou! — disse, quase sem fôlego. — Está lá embaixo, na entrada. Você tem que vir!

Os olhos de Lia se arregalaram de imediato, e ela virou-se para Niel com empolgação.

— Niel, vamos! A gente precisa ver isso! — disse, já o puxando pelo braço.

Niel, no entanto, parou, soltando o braço delicadamente e balançando a cabeça.

— Eu? Lá vou eu atrás dele? — respondeu com um tom divertido, mas firme. — Pode ir, Lia. Eu vou ficar bem. Acho que vou dar uma passada na biblioteca.

Lia fez uma careta de descontentamento, mas logo deu de ombros.

— Certo, do seu jeito, nerd. Mas depois não reclame se perder o evento do século! — brincou, acenando enquanto seguia com a outra garota.

Niel acenou de volta, sorrindo pequeno enquanto a observava se afastar. "Evento do século", ele pensou, balançando a cabeça com um meio sorriso.

A biblioteca estava silenciosa, um refúgio perfeito para Niel. Ele escolheu um livro de capa grossa, encontrou um lugar próximo à janela e se perdeu nas palavras, exatamente como gostava. O vazio ao redor o acalmava; era quase como se o mundo lá fora não existisse.

Enquanto lia, o som inesperado de uma cadeira sendo arrastada ecoou pelo espaço. Ele ergueu o olhar, irritado com a quebra do silêncio, e falou alto, sem pensar:

— Você por acaso é louco? Tá vendo que na biblioteca é proibido fazer barulho?

A voz ressoou, preenchendo o ambiente antes tão calmo. Niel fechou o livro com força, preparando-se para encarar o culpado. No entanto, quando ergueu a cabeça, seu coração quase parou.

Ali, parado diante dele, estava um garoto alto, de cerca de 1,90, com uma postura intimidadora. Ele era incrivelmente forte, os músculos perfeitamente visíveis sob a camisa justa, e tinha uma expressão que mesclava irritação e frieza. O tipo de aluno que qualquer um classificaria como problemático. Mas o que mais chamou a atenção de Niel foi o rosto dele. Ele era... bonito. Não, bonito era pouco. Ele tinha uma beleza quase intimidadora, daquelas que faziam o estômago dar voltas.

Niel engoliu em seco, percebendo o erro de ter gritado. — Desculpa por gritar — disse rapidamente, desviando o olhar e sentindo o rosto queimar de vergonha.

O garoto alto não disse nada. Apenas lançou um olhar carregado, como se estivesse decidindo se valia a pena responder. Em seguida, pegou a cadeira com uma mão só, erguendo-a com facilidade, e saiu da biblioteca sem dizer uma palavra, deixando Niel completamente atordoado.

Quando o silêncio voltou a reinar, Niel soltou um suspiro aliviado, mas ainda nervoso. — Acho que ele ficou irritado... — murmurou para si mesmo, passando a mão pelos cabelos.

Depois de um instante, um pequeno sorriso escapou, junto com um pensamento involuntário. — Mas é muito bonito... e faz meu tipo.

Ele tentou voltar ao livro, mas as palavras já não faziam sentido. Tudo o que conseguia pensar era no garoto e na aura perigosa e irresistível que ele carregava.

A sala de aula estava cheia de conversas e risadas abafadas enquanto os alunos se acomodavam. Niel entrou por último, o nervosismo batendo forte ao perceber que todos os lugares estavam ocupados, exceto um. Ele quase quis voltar para o corredor, mas então o viu novamente: o garoto alto, forte, de expressão enigmática, sentado no canto da sala.

Seu coração deu um salto, e ele tentou ignorar o aperto no estômago. Sem opções, Niel caminhou em direção à única cadeira vazia, que ficava justamente ao lado dele. Ele hesitou por um momento, mas, respirando fundo, colocou a mochila sobre o ombro e sentou-se.

Assim que o fez, sentiu os olhos do garoto sobre ele, como se estivesse sendo analisado. Aquele olhar misterioso, impassível, parecia atravessá-lo, fazendo Niel se mexer desconfortavelmente na cadeira. Quando finalmente olhou para frente, o professor começava a organizar seus papéis, mas Niel não conseguiu se concentrar. Ele precisava dizer algo.

Virando-se levemente para o lado, chamou o garoto em voz baixa: — Oi... — começou, a voz saindo trêmula. — Sobre mais cedo, eu queria pedir desculpas. Não devia ter gritado daquele jeito.

O garoto continuou olhando para frente, como se não tivesse ouvido, mas Niel percebeu um leve movimento de seus olhos, que o encararam de relance.

— Eu sou Niel. Se quiser... bem, se quiser ser meu amigo algum dia, acho que seria legal. Mas de verdade, desculpa mesmo.

O garoto finalmente virou o rosto para ele, o suficiente para que Niel percebesse a intensidade de seu olhar, mas não disse uma única palavra. Ele apenas o observou por alguns segundos e, em seguida, voltou a encarar o professor, como se a conversa não tivesse acontecido.

Niel suspirou, encolhendo-se levemente em seu lugar. — Acho que ele ainda tá irritado... — pensou, sentindo o peso da rejeição.

Niel entrou no banheiro, ainda tentando processar o que tinha acontecido na sala de aula. Ele escolheu um dos mictórios no fundo, aproveitando o silêncio para murmurar algo consigo mesmo enquanto fazia xixi, tentando esquecer a presença enigmática do garoto que parecia estar por toda parte.

O som de passos ecoou pelo banheiro vazio, e Niel, distraído, apenas percebeu a presença de outra pessoa quando alguém parou ao mictório ao lado. Ele ergueu o olhar, curioso, e seu coração parou por um segundo. Lá estava ele, o mesmo garoto. Alto, forte e com aquele olhar que parecia desafiá-lo sem nem precisar falar nada.

Antes que pudesse evitar, seu olhar caiu brevemente para baixo, e a pergunta escapou de seus lábios antes que ele tivesse a chance de pensar:

— Por que é tão grande?

As palavras saíram baixas, mas suficientes para serem ouvidas. O sangue subiu ao rosto de Niel, que imediatamente quis desaparecer. Sentindo a vergonha queimando como fogo, ele tentou agir rápido. Terminou apressadamente, lavou as mãos e foi direto para a porta, desejando nunca mais cruzar com aquele garoto novamente.

Mas antes que pudesse girar a maçaneta, um braço forte surgiu ao seu lado, empurrando a porta para fechá-la com firmeza. Niel ficou estático, o corpo inteiro congelado quando percebeu a proximidade do garoto. Ele estava atrás dele, tão perto que ele podia sentir o calor de sua presença.

"É isso", pensou Niel, o coração disparado. "Entrei morto."

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, sentiu o rosto do garoto se aproximar, a respiração quente roçando contra sua orelha.

— Vamos ter uma conversinha, cachorrinho. — A voz grave e provocativa dele parecia carregar algo entre ameaça e diversão, como se estivesse gostando de vê-lo tão vulnerável.

Niel engoliu em seco, sentindo a parede fria contra suas costas e o garoto a centímetros de distância. Ele não sabia o que estava por vir, mas tinha certeza de uma coisa: estava completamente fora do controle da situação.

Continua...

Mais populares

Comments

Luck-adoro bl❤️🖤🌹

Luck-adoro bl❤️🖤🌹

vc acha que foi um olhar de rejeição? meu filho eu tenho é certeza

2024-12-31

1

타이스 비토리아

타이스 비토리아

mulhe que que é isso??????🥴😁

2025-01-29

1

😶‍🌫️

2025-02-20

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!